20 maio 2007

A minha amiga Aranha

Tenho uma nova amiga.
Uma aranha ( ou aranhiço) acompanha-me literalmente para todo lado. Acho que se afeiçoou e não me larga.
Está comigo de manhá à tarde, à noite, dias de semana, fins de semana, feriados e dias santos.
Deve ser o ser vivo que está mais tempo comigo nos ultimos 3 meses.
Estranho ? se calhar nem tanto !
Uma coisa sei, a dita da aranha é do sexo feminino.
E como sei ?
Simples
Ela escolheu como casa o retrovisor exterior direito do meu carro ( ora para estar sempre em frente ao espelho é do sexo feminino) e aí constroi a sua teia. Já destrui varias teias, nao de proposito, mas com a lavagem do carro, e com a deslocação do ar quando em movimento, e ela pacientemente constroi uma nova.
Vou deixa-la na sua casa e espero que possa sobreviver. Não me incomoda.
Fico satisfeito de ter uma amiga assim, sempre ao meu lado mas sempre silenciosa e nada exigente.
Enfim coisas do nosso quotidiano

JoseSR

19 maio 2007

Até algum dia


Faleceu o Presidente da Amnistia Internacional Portugal

18-May-2007
Na madrugada do dia 18 de Maio, dia do aniversário da AI Portugal, faleceu o seu Presidente, António João Simões Monteiro.Simões Monteiro, foi membro fundador da Amnistia Internacional Portugal. Ao longo dos anos, desempenhou várias funções, nomeadamente Presidente da Direcção, Conselho Fiscal e Presidente da Mesa da Assembleia Geral, entre outros. A sua vida sempre se pautou pelas causas sociais, uma vez que estava ligado a várias organizações.
O corpo estará na Igreja de S. João de Deus, na Praça de Londres a partir das 18 horas de hoje. A missa de corpo presente será amanhã às 14h30 e o funeral seguirá para o cemitério do Alto de São João.
No dia em que se celebra o 26º aniversário da AI Portugal, que fique o lema que tantas vezes professou “Direitos Humanos, sempre!”.
.
O mundo perdeu um Homem e eu perdi um Amigo.
O António João trabalhou durante muitos anos comigo.
Primeiro na APM (Associação Portuguesa de Mecanografia) que passámos para API (Associação Portuguesa de Informática) durante os anos "quentes" (1974/75).
Juntos safámos uma associação profissional que estava prestes a fechar portas e com o entusiasmo e teimosia do António João sobreviveu e conheceu algum do seu tempo de maior e melhor actividade.
Depois na Norma, também abraçando o projecto de recuperar uma empresa de enorme prestígio que a cegueira política e ideológica de 75/76 arrasou.
Foram muitos os projectos em que entrei sob orientação do António.
Incansável, imperturbável, grande, inamovível.
Excepto pela razão final.
Fica o exemplo de fraternidade, humanidade, cidadania que o António João cultivou e mostrou a quem o conheceu, a quem teve a sorte de com ele conviver.
Teve um coração do tamanho do mundo.
Um abraço.
A gente vê-se.
JPSetúbal

18 maio 2007

Gastronomia Maçónica – 8

Ontem à noite cumpriu-se mais uma etapa do “ritual” sobre “Gastronomia Maçónica” !
Em Setembro do ano passado foram “postados” vários textos discorrendo, em lume brando, sobre uma possível, eventual, talvez haja, não… não há, afinal sempre apareceu…, …, …, gastronomia maçónica.
Estas dúvidas terríveis, existenciais e gastronómicais constituíram uma boa desculpa (desculpa, não… ”razão”, uma boa razão era o que eu queria escrever !) para que logo, logo, surgisse uma comissão de estudiosos (os 3 blogueiros mais usuais destas letras e mais o PauloR que também tem ajudado), assim como que uma espécie de um grupo de reflexão, que se atiraram…(“atiraram” parece-me pouco delicado, talvez mais propriamente se dedicaram…, é, parece-me mais apropriado), bem que se dedicaram ao estudo desta matéria com afinco, denodo, esforçadamente, estudando analisando, procurando, … e mais 24 coisas destas assim terminadas em “ando”, concluindo (esta é em “indo” para evitar versos) que, mais uma vez, é no Oriente que se deve ir buscar a sabedoria.
Verdadeiramente, assim !
E como da conhecida e muito divulgada sabedoria oriental vem uma máxima chinesa que diz que:

- Todo o conhecimento genuíno tem origem na experiência directa

pois não teve esse grupo de trabalho (trabalho, sim, não julguem que o pessoal brinca em serviço…) outra solução senão esforçar-se por experimentar, “in loco”, (quero dizer, no prato !) os espécimes gastronómicos que a história medieval (alguma é medieval de anteontem, mas a gente não liga a esses pormenores) trouxe até aos nossos tempos.
Quem leu os textos publicados em Setembro de 2006 (vá, confessem que já não se lembram de nada… seus distraídos, sempre de costas para a cultura do povo !) sabe que foram ali referidas algumas preciosidades, entre elas, “Gigot D'agneau de 7 Heures”, “Pavão com aipo”, “Perdiz trimolette”, “Capão em caldo de canela”, “Pombos estufados” … bem, um nunca mais acabar de pitéus que a curiosidade da “comissão” quer estudar até ao fim, custe o que custar, doa a quem doer.
Estas matérias são muito sérias e chega de deixar comida no prato… ah, não é nada disso, desculpem, estava distraído, chega de deixar os inquéritos em meio, para que o tempo os leve até ao arquivo da impunidade.
Somos responsáveis ! Não queremos ficar impunes !
Prometemos que connosco as coisas irão até às últimas consequências !!!

E assim, depois de um primeiro ensaio, experiência que o JoséSR orientou sabiamente em seu laboratório, por sinal magnificamente apetrechado não ficando nada a dever às cantinas dos nossos laboratórios de investigação, óh…, vejam que disparate de confusão, não fica a dever nada ao equipamento laboratorial, quem se lembrou de falar em cantinas… que confusão imperdoável (!), então ia eu dizendo que num 1º ensaio experimentámos uma tal “sopinha de melão” que óh… óh… parecia saltar sozinha das “bases de ensaio” (designação científica para os vulgares pratos que o povo menos preparado utiliza) para os locais pessoais de experimentação e saboreamento (também designados por “goelas”).

Em segundo lugar procurámos reconhecer os segredos da constituição subcutânea de um belo borrego assado/estufado acompanhado com os preparados químicos batatais convenientemente dispostos de forma a auxiliar o fácil reconhecimento dos constituintes interiores do animal que tivemos de dissecar.
Esta primeira experiência constituiu um êxito científico que superou de tal forma as exigências das revistas científicas mundiais que estas se sentiram incapazes de publicar o relatório respectivo por clara falta de capacidade de entendimento dos seus leitores !!!

Ontem cumpriu-se então o segundo ensaio, desta feita em laboratório independente, e que serviu para esclarecer várias dúvidas que perduravam há vários meses sobre alguns detalhes constituintes de algumas peças de “caca” que se diziam mal encaradas.
Preparado que foi o balcão laboratorial foram-nos entregues as peças para estudo.

Primeiro um “coelhinho medievo” que se anunciava como bravo mas que não pareceu nada, antes pelo contrário, comportou-se com uma mansidão só alterada pelos procedimentos relativos à dissecação que se seguiu.
Pudemos separar da sua estrutura alguns chumbos que atribuímos a alterações químicas de diagnosticadas “pedras no rim” de que, provavelmente, o animal sofreu em vida.
Enfim, é uma explicação possível… atendendo a que estávamos perante uma “caca” !
Finalmente foram-nos entregues as supostas “perdizes trimoletes” (“caca” também !).
A comissão mantinha fundadas dúvidas sobre a origem, datação e percurso histórico destas tais perdizes e, de facto pudemos constatar alterações significativas entre a expectativa histórica e a realidade contemporânea.
Digamos que da expectativa restou apenas… o tacho !!! Não foi mau. Tudo o resto pois… foi outra música, ou por outra forma, foi outro tempero.
Áh … mas eram magníficas, com um enquadramento inesperado.
Correu bem porque os instrumentos de análise têm-se mantido ao longo das épocas, o que quer dizer que já na época “trimolete” se utilizavam os garfos e as facas !.

E assim passámos esta segunda experiência, melhorando significativamente a nossa aprendizagem “maçónico-gastronómica”, dedicados como estamos ao estudo dos hábitos de muitos séculos passados.

A Maçonaria não tem tempo.
Desde sempre… até sempre…
Não há pois pressa na conclusão destes estudos nem na elaboração do respectivo relatório final.
Deixemos estas tarefas em lume brando (ou em “banho-maria” como se usa em algumas regiões).

Nota: Para que se não pense que este texto foi descuidadamente preparado, aqui ficam três “ ,,, “ cedilhas que sobraram.
Devem faltar em algum lugar aí para cima.




JPSetúbal

Ele perguntar-te-á...

Circulam na Rede várias mensagens de conteúdo mais ou menos moral, exortando os leitores a serem melhores, a agirem melhor. A maior parte delas tem um certo tom meio kitsch, com música suave e imagens idílicas. É um estilo que parece ter pegado e que, devo dizer, não aprecio. Mas uma coisa é o estilo, outra é o conteúdo. Este, por vezes, é de molde a, pelo menos, nos fazer parar um pouco e pensar no que é, realmente, importante na vida.

O texto que vou reproduzir traduzido circula na Rede em francês. Designa a Divindade por Deus. Mas o seu ensinamento aproveita por igual a quem não seja cristão: basta substituir a designação de Deus por Javeh, Allah, Grande Arquitecto do Universo, Espírito Criador ou qualquer outra designação que seja confortável para quem lê!

1. Deus não te perguntará a marca do automóvel que conduziste.
Ele perguntar-te-á quantas pessoas transportaste nele.

2. Deus não te perguntará qual era o tamanho da tua casa.
Ele perguntar-te-á quantas pessoas recebeste nela.

3. Deus não te perguntará o que tinhas no teu roupeiro.
Ele perguntar-te-á quantas pessoas ajudaste a vestir.

4. Deus não te perguntará qual foi o teu salário mais elevado.
Ele perguntar-te-á o que deste em troca para o obter.

5. Deus não te perguntará se foste doutor, arquitecto ou engenheiro.
Ele perguntar-te-á se fizeste o teu trabalho o melhor que podias.

6. Deus não te perguntará quantos amigos tiveste.
Ele perguntar-te-á quantos te escolheram para seu amigo.

7. Deus não te perguntará onde tu viveste.
Ele perguntar-te-á como trataste os teus vizinhos.

8. Deus não te perguntará qual a cor da tua pele.
Ele perguntar-te-á pela qualidade dos teus valores.

9. Deus não te perguntará porque demoraste tanto para encontrar o teu Caminho.
Ele perguntar-te-á que fizeste para o encontrar.

10. Deus não te perguntará a quantas pessoas tu divulgaste estes valores.
Ele perguntar-te-á a quem deste o teu exemplo.

Rui Bandeira

17 maio 2007

Caixa de recibos maçónica

Chamam-lhe uma caixa de recibos. Na realidade é uma caixa metálica com as dimensões aproximadas de 6x4 cm e a espessura de cerca de 1 cm, no interior da qual se podem guardar recibos, cartões de visita ou todo o género daqueles pequenos papéis que normalmente deixamos num canto ou no fundo de uma gaveta, antevendo que um dia necessitaremos de os consultar. Claro que, quando efectivamente precisamos do bendito papel, na maior parte das vezes não damos com ele senão ao fim de meia hora de intensas buscas...

É para evitar isso que existe esta caixinha.

Deve ter pertencido a um maçon ou sido feita para um, atento o símbolo que ostenta.

Um pormenor: o metal de que é feita é... ouro!

Está em leilão no e-bay. A base de licitação é de 24 dólares americanos ( cerca de 17,68 Euros) e os custos de expedição para Portugal (o vendedor é de Boston, Estados Unidos) são de 7 dólares (cerca de 5,16 Euros) que, naturalmente, acrescem ao valor da licitação. O arrematante pode pagar através do sistema PayPal (pagamento por via electrónica, método preferido pelo vendedor), em dinheiro ou por transferência bancária. É indicado como prazo de entrega, após o pagamento, o de 4 a 6 dias úteis.

O leilão decorre até às 17,30 h (hora da Costa Oeste dos Estados Unidos, menos oito horas do que em Portugal Continental) do dia 19 de Maio de 2007, sábado (1,30 h da madrugada de 20 de Maio, domingo, em Portugal Continental).

No momento em que escrevo, ainda não existe qualquer lanço apresentado.

Informação obtida através do blogue Freemason's Corner.

Rui Bandeira

16 maio 2007

O Segundo Venerável Mestre

José M.M. foi o segundo Venerável Mestre, mas, na realidade, foi o primeiro a conduzir os destinos da Loja Mestre Affonso Domingues, entre 1990 e o Verão de 1992, primeiro por designação do Grão-Mestre Fernando Teixeira, em virtude da incapacidade do Venerável Mestre fundador e, depois, como seu primeiro Venerável Mestre eleito.

Conheci José M.M. quando ele me telhou. Com efeito, tendo eu sido iniciado e passado a Companheiro na Alemanha, na Loja Miguel Cervantes y Saavedra, ao Oriente de Bonn e tendo iniciado trabalhos uma Obediência Regular em Portugal, diligenciei a minha transferência maçónica para Portugal. Foi-me indicada como Loja mais adequada a Loja Mestre Affonso Domingues e assim me apresentei ao seu Venerável Mestre em exercício, que, para início de conversa, me telhou, isto é, assegurou-se da minha qualidade de Companheiro Maçon, fazendo-me demonstrar perante ele tal facto mediante os meios de reconhecimento do segundo grau da Maçonaria.

José M.M. era, e creio que continua a ser, um homem extremamente afável e, sobretudo, um grande condutor de homens, um excepcional líder de grupos. Penso que muito daquilo que a Loja Mestre Affonso Domingues ainda hoje é resulta da marca que ele lhe imprimiu no seu início.

No período do seu mandato, a Maçonaria Regular em Portugal estava a organizar-se e a implantar-se. Foi na Loja Mestre Affonso Domingues, sob a direcção de José M.M., que se fixaram os primeiros rituais do Rito Escocês Antigo e Aceite em uso na Obediência.

José M.M. já tinha experiência como Venerável Mestre. Orgulhava-se, aliás, de ter sido o mais jovem Venerável Mestre de uma Loja, ainda no GOL. Sob a sua direcção e beneficiando da sua experiência, a Loja Mestre Affonso Domingues dedicou-se à aprendizagem da correcta execução do ritual, em todas as cerimónias maçónicas, de tal forma tendo conseguido atingir esse objectivo que, por decreto do Grão-Mestre Fernando Teixeira, teve, durante algum tempo, o quase exclusivo de iniciar, passar a Companheiro e elevar a Mestre (para além dela, só o próprio Grão-Mestre e a Grande Loja o podiam fazer). Assim, virtualmente durante cerca de dois anos, quase todos os Maçons da Obediência foram iniciados por Oficiais da Loja Mestre Affonso Domingues.

Foram dois anos de arrasar, sempre e só em Iniciações, Passagens e Elevações! A Loja cimentou-se no trabalho ritual, as relações fraternais assentaram na mútua colaboração, na atenção aos lapsos e sua correcção, no esforço de fazer bem e cada vez melhor.

Este legado, esta marca, diria que quase genética, da Loja Mestre Affonso Domingues ainda hoje permanece. A Loja dispõe de vários membros que, sem sequer necessitarem de preparação prévia, estão aptos a dirigir ou executar funções em qualquer cerimónia do Rito Escocês Antigo e Aceite, em qualquer ofício ritual. E continua a estimular os seus membros mais recentes para que aprendam e executem todos os ofícios em Loja, aprendendo a razão de ser de cada frase, de cada movimento, a surpreender o seu significado, a executar sempre bem e procurando fazê-lo melhor. Hoje muitas outras Lojas felizmente também o fazem, tão bem ou melhor que nós, e isso só nos alegra e estimula a procurarmos sempre progredir!

Para além desse legado da atenção ao bom exercício do trabalho ritual, José M.M: deixou um outro importante legado à Loja: a noção de que a função de Venerável Mestre é susceptível de ser exercida por qualquer Mestre maçon e que é a Loja que faz o Venerável Mestre, tanto quanto este faz aquela. Desenvolverei o assunto no texto dedicado ao Venerável Mestre que lhe sucedeu.

José M.M., elemento muito ligado, até afectivamente, a Fernando Teixeira, acompanhou-o na cisão de 1996. Foi essa a primeira vez que a Loja não o seguiu. A partir daí, os nossos caminhos passaram a ser diversos.

Mas isso não impede que se reconheça que muito deve a Loja Mestre Affonso Domingues ao seu segundo Venerável Mestre, primeiro no efectivo exercício de funções, José M.M.. Porque os caminhos podem divergir, mas a Memória permanece.

Rui Bandeira

15 maio 2007

Diálogo (VI)

- Ontem foi a votação sobre se serias admitido à Iniciação ou não...


- Já não era sem tempo! Há meses que apresentei a candidatura... Vocês não encaram a hipótese de fazer um curso de produtividade? São piores que os Tribunais...
- Produtividade é analisar bem as situações, ser prudente e reunir todos os elementos para chegar à melhor solução possível. Produtividade é diminuir os erros.

- Mas porque é que demoram taaaannnto tempo?

- Nem sequer demorámos muito tempo. Para tua informação, só dois meses ficou a tua candidatura exposta no quadro de informações...

- Para quê?

- É o tempo mínimo que uma proposta de candidatura tem de ficar exposta para poder ser vista por todos e poder qualquer maçon, mesmo se de Loja diferente da que a vai votar, colocar objecções.

- E se alguém colocar objecções?

- O Venerável Mestre da Loja onde decorre o processo analisa-as e decide se continua com o processo normalmente, se diligencia a recolha de mais informações (por exemplo, ouvir o visado sobre a objecção exposta) ou se pára o processo.

- Com tantas precauções é milagre uma candidatura ser aceite...

- Não. É simplesmente responsabilidade...

- Mas afinal qual foi o resultado da MINHA votação????

- Foste aprovado para Iniciação com uma votação pura e sem mácula!

- Votação pura e sem mácula?

- Por unanimidade! As votações por voto secreto são realizadas pelo método bola branca - bola preta. Quem concorda, coloca uma bola branca na urna; quem discorda, coloca uma bola preta: Uma votação pura e sem mácula é aquela em que, verificada a urna, só se vêem bolas brancas, que não é maculada por nenhuma bola preta...

- YYYYEEESSSS! Arrasei! Maioria super-hiper-mega absoluta...

- Calma com o entusiasmo. Passaste à justa!

- À justa? Se foi por unanimidade!

-
Pois, isso mesmo. É que uma candidatura só é aprovada se não tiver votos contra, isto é, se for aprovada por unanimidade. Percebes agora porque é que eu disse antes que era vantajoso para o candidato designar-se para o inquirir quem tivesse na votação inicial manifestado objecções... É a melhor forma de verificar se as objecções são ultrapassadas, de forma a que não seja colocada uma bola preta na hora da verdade...

- Mas... Unanimidade? Assim qualquer maçon pode bloquear uma admissão.

- Quase... Há válvulas de escape para prevenir injustiças. Por exemplo, na Loja Mestre Affonso Domingues, se houver três ou mais bolas pretas, a candidatura é rejeitada. Mas se houver, apenas uma ou duas bolas pretas, a decisão final fica adiada para a sessão seguinte.

- Porquê?

- Porque, nessa eventualidade - e só nessa!-, quem colocou a bola preta tem a obrigação de, em privado, explicar ao Venerável Mestre as razões da sua oposição solitária. O Venerável Mestre tem o poder de, em face da explicação recebida, confirmar a bola preta (o que implica a rejeição da candidatura) ou anulá-la, se entender que essas razões são fúteis ou infundamentadas. Se anular o ou os dois votos contrários, então só contam as bolas brancas e a candidatura é aprovada.

- Então e se quem votar contra não for justificar a sua razão?

- É impensável que um maçon não assuma a responsabilidade de justificar um seu voto ao Venerável Mestre. Portanto, se porventura ocorrer uma votação em que haja uma bola preta que não seja justificada, o Venerável Mestre só pode tirar uma conclusão: a bola preta foi colocada por lapso, inadvertidamente, e portanto anula-a.

- E três votos contra? Também precisam de ser justificados?

- Aí já não. Já há três cabeças a declarar oposição, já não há necessidade de mais qualquer explicação. A candidatura fica rejeitada.

- Mas a minha foi aceite! E agora?

- Agora esperas que eu te diga quando serás iniciado. A paciência é, decididamente, uma virtude indispensável aos maçons...

Rui Bandeira

14 maio 2007

Gomes Freire de Andrade

No texto Fundação da Loja e Primeiro Venerável Mestre, menciono os nomes das cinco Lojas com a numeração de 1 a 5 da GLLP/GLRP. Dessas, uma foi dedicada a um maçon patriota e mártir: Gomes Freire de Andrade.

Gomes Freire de Andrade nasceu em Viena de Áustria em 27 de Janeiro de 1757 e passou ao Oriente Eterno executado no Forte de S. Julião da Barra, em 18 de Outubro de 1817.

Era filho de Ambrósio Freire de Andrade, embaixador de Portugal, e de uma senhora, condessa de Schafgoche, vinda de antiga e ilustre família da Boémia.

Teve a educação que na época se costumava dar aos filhos da nobreza. Destinado à carreira militar, assentou praça de cadete no regimento de Peniche, sendo em 1772 promovido a alferes. Passou à Armada Real, embarcando em 1784 na esquadra que foi auxiliar as forças navais espanholas no bombardeamento de Argel.

Regressou a Lisboa em Setembro, promovido a tenente do mar da Armada Real, e em Abril de 1788 voltou ao antigo regimento no posto de sargento-mor. Tendo alcançado licença para servir no exército de Catarina II, em guerra contra a Turquia, partiu para a Rússia. Em São Petersburgo conquistou as maiores simpatias na corte e da própria imperatriz. Na campanha de 1788-1789, comandada pelo príncipe Potemkin, distinguiu-se nas planícies do Danúbio, na Crimeia e sobretudo no cerco de Oczakow, sendo o primeiro a entrar na frente do regimento quando a praça se rendeu em 17 de Outubro de 1788, depois de cerco prolongado. Praticou muitos actos de bravura, sendo aos 26 anos recompensado com o posto de Coronel do exército da imperatriz, que em 1790 lhe foi confirmado no exército português, mesmo ausente.

Em 1816 foi eleito Grão-Mestre da Maçonaria portuguesa e tornou-se a «alma» de uma conspiração liberal contra o Marechal Beresford, oficial que administrava Portugal sob mão de ferro, como se tratasse uma colónia inglesa, despertando grande descontentamento junto dos oficiais e intelectuais portugueses. A 25 de Maio de 1817, em estado avançado dos preparativos da insurreição contra Beresford, Gomes Freire foi preso conjuntamente com outros 11 conspiradores, por denúncia de três maçons (três traidores, como na Lenda do 3.º grau...), José Andrade Corvo de Camões, Morais de Sarmento e João de Sequeira Ferreira Soares.

Gomes Freire de Andrade foi enforcado por ordem do Marechal Beresford no cadafalso na Torre de S. Julião da Barra e os demais no Campo de Santana, hoje denominado, em sua memória, Campo dos Mártires da Pátria.

Narra Borges Grainha que um dia antes da execução um coronel inglês, Robert Haddock, visitou o Grão-Mestre na cadeia e ofereceu-lhe como irmão a oportunidade para a fuga. Gomes Freire recusou a oportunidade!

Em 1853 foi erguido um monumento no sítio onde morreu sendo desde então homenageado como um dos heróis da luta pela instituição da monarquia constitucional em Portugal e um dos mártires mais eminentes da Maçonaria portuguesa.

A execução de Gomes Freire de Andrade é tema de uma das obras relevantes do teatro português do século XX, Felizmente há luar, de Luís de Sttau Monteiro.

Tem o seu nome uma Ordem Honorífica da Maçonaria Regular Portuguesa, a Ordem General Gomes Freire de Andrade, destinada a honrar os que prestam relevantes serviços à Maçonaria Regular.

Rui Bandeira

12 maio 2007

João Vilarett fez anos no dia 10 de Maio




Este rosto aparentemente meio gordinho pertence a um personagem que realmente era mesmo um tanto gordinho, personagem quase completamente esquecido dos portugueses com menos de 50 anos.

E no entanto a João Vilarett devemos em grande parte o conhecimento dos mais importantes poetas de língua portuguesa.

Não foi poeta, mas disse poesia como ninguém até hoje (e recordo Manuel Lereno e Mário Viegas que foram grandes, mesmo muito grandes... só que Vilarett nesta matéria foi enorme !).

Quem o ouve dizer José Régio tem que sentir a pele encrespar-se. Quem o ouve contar a história da "Menina Gorda" tem que sorrir e comover-se.

Por mais simples que fosse o texto, João Vilarett transformava-o num hino aos sentidos, aprofundava-o ao ponto que ninguém imaginaria possível, descobria-lhe uma humanidade muitas vezes insuspeita antes dele a pôr a descoberto. E no entanto não tem direito nem a uma mençãozinha, ranhosa que seja, nos livros escolares do nosso ensino, miserável, da língua portuguesa. Mau grado os responsaveis (?) pela matéria falarem, despudoradamente, alto e bom som, na língua de Camões. Como se Camões alguma vez tivesse escrito ou falado esta língua ! Como se João Vilarett alguma tivesse dito "esta língua"!

Chegou ao meu correio um texto ao qual não há que acrescentar nada e que portanto transcrevo em directo, nesta recordação que, em memória de Portugal, entendi dever fazer. A minha opinião é a de que os mais velhos têm a obrigação de não deixar esquecer o que de melhor este País (800 anos de existência e todas culturas) que se chama PORTUGAL teve (tem !) e que a geração de "responsáveis" (?) actual faz o que pode para apagar.









Ele dizia poesia como ninguém. É sobretudo por isso que é recordado. João Villaret foi actor de teatro e de cinema e apresentou programas de televisão. Morreu aos 48 anos mas, neste quase meio século de vida, fez com que uma nação se apaixonasse pelos poetas nacionais. Sobretudo Fernando Pessoa. Mas não só: “Muita gente ouviu falar pela primeira vez de José Régio através de João Villaret”, afirma o historiador Vítor Pavão dos Santos. Quando, no final da década de 50, a televisão se tornou a nova religião, Villaret surgiu como um profeta. Todos os domingos, religiosamente, prendia as pessoas ao pequeno ecrã.

João Henrique Pereira Villaret nasceu em Lisboa em 10 de Maio de 1913. Viviam-se os anos revoltos da I República, quando Portugal ainda buscava o seu rumo. João, por seu lado, não teve de procurar muito. Já trazia no sangue a vontade e a capacidade de encantar o público em cima de um palco. Foi actor, encenador e declamador. Foi uma fera dos palcos. O seu percurso demonstra que obras superlativas têm poder de reverter expectativas e derrubar barreiras consideradas intransponíveis. Depois de frequentar o Conservatório Nacional, começou por integrar o elenco da companhia de teatro lisboeta Rey Colaço-Robles Monteiro. Mais tarde, fez parte da companhia teatral Os Comediantes de Lisboa, fundada em 1944 por António Lopes Ribeiro e o seu irmão Francisco, mais conhecido por Ribeirinho. A mesma dupla de irmãos já fora responsável pelo êxito do filme “O Pai Tirano” (1941), onde Villaret faz uma breve aparição como pedinte mudo. Seguem-se “Frei Luís de Sousa” (1950) e “O Primo Basílio” (1959). No cinema, João Villaret trabalhou ainda com Leitão de Barros em filmes como “Inês de Castro” (1944) e “Camões” (1946). Ficou também na memória de quem viu a peça “Esta Noite Choveu Prata”. E quem não assistiu, vive hoje das descrições apaixonadas dos que lá estiveram. No extinto Teatro Avenida, em Lisboa. Corria o ano de 1954. Se, nos anos 30, o cinema se tornara “pouco a pouco um vício”, segundo afirmava na época a revista “Ilustração”, no final dos anos 50 é a televisão que vem ocupar o seu lugar. É assim que nascem estrelas como João Villaret. A experiência que adquirira no palco e em cinema, assim como em programas radiofónicos, faz do seu programa de televisão um êxito. Aos domingos era impreterível vê-lo declamar, com graça e paixão, poemas dos maiores autores nacionais. “Na televisão, teve um papel muito importante na divulgação dos grandes poetas portugueses, sobretudo Fernando Pessoa e António Botto, que eram amigos dele”, lembra o historiador Vítor Pavão dos Santos. E acrescenta: “Conseguiu pô-los em contacto com o público.” João Villaret soube ir mais longe e, em conjunto com Aníbal Nazaré e Nelson de Barros, deu origem à canção “Fado Falado”, onde se afirmava: “Se o fado se canta e chora, também se pode falar.” Criava-se um estilo. De mão no peito e olhar fixo na câmara, prendia as famílias ao pequeno ecrã. Era um homem grande, volumoso. Mas maior ainda era a sua arte. “Um grande português é alguém que foi capaz de colocar as suas qualidades intelectuais e morais ao serviço do país onde nasceu”, diz a actriz Maria do Céu Guerra. Não se refere a Villaret, mas a definição adequa-se. João Villaret morreu, aos 48 anos, em 21 de Janeiro de 1961. “Tocam os sinos na torre da igreja”… Ainda era a sua voz que se ouvia, a “cantar” o poema “Procissão” de António Lopes Ribeiro. “Na nossa aldeia, que Deus a proteja, já passou a procissão”, terminava. “Villaret tinha rara capacidade de lidar com o público e fez grande divulgação dos poetas. Isso foi muito importante”, conclui Vítor Pavão dos Santos.

(Texto com origem no programa "Os Grandes Portugueses" da RTP)
.
JPSetúbal







11 maio 2007

Fundação da Loja e Primeiro Venerável Mestre

Há um tempo certo para tudo!

Há muito que eu e outros dos mais antigos obreiros da Loja Mestre Affonso Domingues ocasionalmente falávamos que se devia preservar a memória da Loja, elaborar registo do que se foi passando ao longo do tempo, para além do que fica registado na linguagem seca das actas, para que, mesmo depois do desaparecimento dos mais antigos, os vindouros pudessem ter acesso às raízes e à evolução da Loja. Mas nunca se passou do "pois é", "boa ideia", "temos de tratar disso".

Foi ao elaborar o texto O nome da Grande Loja, uma elaboração em que tive de rememorar eventos que, na época, foram traumáticos e que, por isso mesmo, evitava relembrar, que, subitamente, a evidência se fez clara no meu espírito: de nada vale dizer que é preciso registar a memória da Loja, se nada se fizer. Tenho os meios: vivi quase todo o tempo da Loja até agora e, do que não vivi, ainda pude falar com quem viveu; a minha memória ainda não está irremediavelmente afectada pelo inevitável decurso do tempo; e este blogue e o seu arquivo é um local tão bom como qualquer outro para guardar o registo do que se foi passando. É a hora de me chegar à frente e começar a fazer o relato do que me lembro que se passou. Talvez outros sigam então o exemplo e completem, corrijam, aperfeiçoem o que eu apenas esboçarei.

Vou, pois iniciar mais uma série de textos aqui no blogue, que agruparei sob o marcador "Memória da Loja". Como as demais séries que aqui vão havendo, serão publicados textos na periodicidade de "quando me apetecer". É, como os demais aqui no blogue, um trabalho para se ir fazendo, sem pressas, sem pressões, com gosto e descontraidamente. Espero que a pedra bruta que aqui irei deixando seja, não obstante, suficientemente talhada para que outros, mais hábeis do que eu, a vão polindo e adornando, para que possa vir a ser não totalmente sem mérito.

Uma nota deixo: os textos que aqui deixar não têm a pretensão de constituírem a História da Loja: a História é feita pelos historiadores, que estão cientificamente preparados e detêm as técnicas e os conhecimentos para a registarem; os meros escrevinhadores, mesmo que escrevinhem sobre o que viveram e viram, mais não podem aspirar do que a deixarem meros rascunhos, esperando que porventura úteis para quem efectivamente saiba e queira escrever História.

Uma única limitação me imponho: mesmo despretensiosamente, só se pode registar de uma forma minimamente objectiva o que não está demasiado perto e que, assim não demasiadamente perturbe a busca de uma razoável objectividade na análise e registo de eventos. Consequentemente, o mais perto da actualidade a que chegarei será até ao Veneralato do Venerável Mestre que precedeu o ex-Venerável em exercício. Mas essa é limitação a que só terei de atender daqui a uma não negligenciável quantidade de textos.

E, para que este texto não seja só um manifesto de intenções, comece-se já com breve menção da fundação da Loja e referência ao seu Venerável Mestre fundador.

A Loja Mestre Affonso Domingues foi fundada, ainda antes da formal constituição da Grande Loja Regular de Portugal (GLRP), hoje Grande Loja Legal de Portugal/GLRP, como loja pertencente ao Distrito de Portugal da Grande Loge Nationale Française (GLNF). Foi, na ordem de numeração desse Distrito, ulteriormente mantida na ordem de numeração da GLLP/GLRP, a Loja n.º 5, com a sua criação contemporânea das quatro que a precedem nessa Ordem: Fernando Pessoa, n.º 1, Porto do Graal, n.º2, Europa, n.º 3, e General Gomes Freire de Andrade, n.º 4. Todas agruparam maçons que, oriundos do Grande Oriente Lusitano (GOL), Obediência que se integra na corrente liberal da Maçonaria, desejavam refundar a Maçonaria Regular em Portugal.

A data de constituição oficial da Loja Mestre Affonso Domingues, enquanto Loja nº 5 da GLLP/GLRP é coincidente com a data da fundação da Grande Loja Regular de Portugal, hoje Grande Loja Legal de Portugal/GLRP.

O ano da fundação da Loja Mestre Affonso Domingues é o de 1990. O maçon designado para, em primeiro lugar, exercer a função de seu Venerável Mestre foi Eduardo M. . Não o cheguei a conhecer. E creio que nunca chegou efectivamente a presidir a uma sessão da Loja - pelo menos é a ideia que recordo da consulta que, há anos, fiz do primeiro livro de actas da Loja. Eduardo M., segundo me foi dito, adoeceu e não pôde chegar a assumir o exercício dessa função. Mas o seu lugar como Fundador e designado primeiro Venerável Mestre da Loja Mestre Affonso Domingues merece ficar registado.

Rui Bandeira

10 maio 2007

Os doze mandamentos maçónicos

Já no texto Mais Lojas Baden-Powell tive oportunidade de manifestar o meu desejo de aqui publicar informações relativas à actividade maçónica no Brasil, aliás procurando corresponder ao facto de a maioria das visitas a este blogue ser oriunda deste grande país de língua portuguesa. A maior limitação à realização desse desejo resulta da dificuldade de obtenção de informação que seja susceptível de interessar a generalidade dos visitantes do blogue.

Mas vou procurando...

Dei ontem com um texto publicado por Júlio Capilé em O Progresso, no qual o autor, além do mais, transcreve Os doze mandamentos maçónicos, da autoria de Joaquim Gervásio, que penso ser Joaquim Gervásio de Figueiredo, autor de um popular Dicionário da Maçonaria que, apesar da sua vetustez, continua a ser um livro muito útil para quem quer apreender o significado de muitos conceitos e termos utilizados em Maçonaria e escolas de pensamento que, de algum modo, com ela estiveram historicamente relacionadas.

Eis, pois,

Os doze mandamentos maçónicos

- Deus é Todo-Poderoso, Sabedoria Eterna e Imutável e Inteligência Suprema. Honrá-Lo-ás com a prática das virtudes.

- Tua religião será a de fazeres o Bem pelo prazer de fazê-lo. Jamais por obrigação.

- Tua alma é imortal; nada farás, pois que a degrade.

- Sê amigo do sábio e conserva os seus preceitos. Combate o vício sem descanso. Não faças aos outros, aquilo que não queres que te façam. Conforma-te com tua sorte conservando a luz do sábio.

- Ama tua esposa, teus filhos e tua pátria, cujas leis obedecerás.
Honra teus parentes, respeita os velhos, instrui os jovens e protege a infância.

- Considera teu amigo como se fora outra parte de ti mesmo e jamais te afastes dele em seu infortúnio. Por sua morte, porta-te com ele como se ainda vivesse.

- Foge das falsas amizades para resguardar e justificar a tua boa reputação.

- Não te deixes dominar pela Paixão e sê indulgente para com o erro alheio.

- Escuta mais, fala menos e age bem.

- Esquece as injúrias; ao Mal respondas com o Bem e não abuses de tua superioridade.

- Aprende a conhecer melhor os Homens, para te conheceres melhor a ti mesmo.

- Busca a verdade, sê justo e evita a ociosidade.

Não é preciso ser-se maçon para se perceber que são boas regras de vida!

Rui Bandeira

09 maio 2007

Um cartoon português dedicado à imigração ganha o WORLD PRESS CARTOON 2007

"imigração ilegal" foi o vencedor do primeiro prémio na categoria de cartoon editorial do
Cristina Sampaio nasceu em Lisboa.
Em 1985 licenciou-se em pintura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa.
Ilustra livros infantis desde 1987 e trabalha desde 1986 como ilustradora e cartonista para diversas revistas e jornais em Portugal e no estrangeiro.Trabalhou em cenografia, multimédia e animação.
As suas ilustrações foram apresentadas em várias exposições colectivas e individuais,em Portugal, no Brasil, na Alemanha, em França e na República Checa.
Em 2002 e em 2005 foi-lhe atribuído pela Society of News Design (EUA) o Award of Exellence. Em 2006 recebeu o Prémio Stuart de Desenho de Imprensa para o melhor cartoon da imprensa portuguesa.

Em 2007 recebeu o primeiro prémio do World Press Cartoon, na categoria de cartoon editorial.
.
Esta informação foi recolhida no sítio pessoal da Cristina Sampaio, onde se pode dar uma olhada a muito da Sua bela obra, publicada até agora por esse mundo escrito à volta (www.cristinasampaio.com).
Só não consta do sítio que a Cristina é um coração de oiro e que desde muito novinha o desenho era a Sua habilidade.
Saudemos uma portuguesa ilustre !
JPSetúbal

O nome da Grande Loja

O texto de JPSetúbal Noticiário da capoeira foi objecto de um comentário algo ácido de memorias, questionando a legitimidade do uso da sigla GLRP pela Grande Loja onde se integra a Loja Mestre Affonso Domingues, a Loja em que se enquadram os maçons que escrevem este blogue.

memorias é, manifestamente, um elemento ligado à estrutura que se designa de Grande Loja Regular de Portugal e que, segundo se deduz do que escreveu, reivindica o direito ao uso exclusivo da sigla GLRP.

Não vou aqui criticar nem desmerecer daqueles que, honestamente, então tomaram opção diversa da minha. Nem na altura da cisão havida na Maçonaria Regular Portuguesa dei para esse peditório, não o vou fazer agora.

Entendo que cada pessoa tem o direito de exprimir as suas posições, as suas opiniões e, por isso, de forma alguma critico memorias por ter expressado a sua naquele comentário. E distingo a forma do fundo. Aquela não me agradou: achei-a, como em outros comentários que entretanto li de memorias, desnecessariamente azeda e agressiva, nada ilustrativa de como um maçon deve argumentar. Este, merece a explanação do meu ponto de vista sobre o assunto. Esclarecido isto, vamos então ao assunto.

A Maçonaria Regular Portuguesa nasceu do anseio de um grupo de maçons, então integrando a única estrutura do tipo maçónico existente em Portugal, o Grande Oriente Lusitano, de assumirem o estrito cumprimento dos princípios da Maçonaria Regular e de virem a obter o reconhecimento da Comunidade Maçónica Regular Internacional como tal. Foram então esses maçons liderados por aquele que veio a ser o primeiro Grão-Mestre da Maçonaria Regular, Fernando Teixeira.

Sendo princípio inalienável da Regularidade que a constituição de uma potência Maçónica Regular deriva da transmissão dessa qualidade por uma Potência Regular pré-existente, esses maçons constituíram as suas Lojas (entre as quais a Loja Mestre Affonso Domingues) sob os auspícios da Grande Loge Nationale Française (GLNF), única Potência Maçónica Regular existente em França, agrupando essas Lojas num Distrito daquela Grande Loja.

A Maçonaria que se reclama da regularidade tem como um dos seus princípios enformadores o respeito das leis do Estado em que funciona. A legislação em vigor no Estado Português dispõe que, para uma comunidade de interesses ter relevância jurídica, deve estar constituída em associação (ou, eventualmente, fundação).

Em cumprimento da legislação do Estado Português, esses maçons refundadores da Regularidade em Portugal constituíram uma associação civil de direito privado denominada Grande Loja Regular de Portugal.

A seu tempo, a Grande Loge Nationale Française acedeu ao desejo dos maçons regulares portugueses de autonomizar o seu Distrito em Portugal e consagrá-lo como Grande Loja com autoridade exclusiva sobre a Maçonaria Regular em Portugal, com a designação, similar à da associação profana já existente, de Grande Loja Regular de Portugal.

Esta nova Potência Mónica Regular foi reconhecida como tal pela generalidade das suas congéneres de todo o Mundo, designadamente pela UGLE (United Grand Lodge of England) e pelas potências maçónicas americanas (para além, obviamente, da sua Grande Loja Mãe, a GLNF), reunindo assim o consenso do reconhecimento como Potência Maçónica Regular por todas as Potências Maçónicas Regulares chaves do globo (Grã-Bretanha, Estados Unidos e França).

Assim, e sendo Grão-Mestre Fernando Teixeira e Vice-Grão-Mestre Luís Nandin de Carvalho, ficou institucionalizada a Maçonaria Regular em Portugal com uma associação de direito civil e uma Obediência Maçónica internacionalmente reconhecida, ambas utilizando o nome de Grande Loja Regular de Portugal e a sigla GLRP.

Ocorreram então, em finais de 1996, os acontecimentos que vieram a ficar conhecidos pela cisão da Casa do Sino. Para melhor entendimento das suas consequências quanto ao nome da potência Maçónica Regular Portuguesa, importa ter presente alguns detalhes.

Os calendários eleitorais civil e maçónico não são coincidentes. Normalmente, as eleições nas associações civis ocorrem no primeiro trimestre de cada ano. Na Obediência Maçónica Regular, a eleição do Grão-Mestre sucessor ocorreu no final do segundo trimestre de 1996 e a sua posse no trimestre imediato. Por outro lado, a Casa do Sino, em Cascais, então a sede da Maçonaria Regular Portuguesa, fora arrendada em nome pessoal pelo então Grão-Mestre Fernando Teixeira.

No final do ano de 1996, alguns elementos da GLRP, discordando do Grão-Mestre Luís Nandin de Carvalho, e beneficiando do beneplácito do anterior Grão-Mestre, Fernando Teixeira, ocuparam a Casa do Sino e declararam que consideravam destituído o Grão-Mestre Luís Nandin de Carvalho.

A maioria dos maçons e das Lojas, concordantes ou não com o estilo de Luís Nandin de Carvalho, tendo ou não votado nele na eleição para Grão-Mestre, não acompanhou este pronunciamento, considerando-o violador das regras da Maçonaria Regular (eu permito-me acrescentar: das regras da maçonaria, seja ela Regular ou Liberal...), e, concordando ou discordando de Luís Nandin de Carvalho, tendo ou não votado nele, manifestou o reconhecimento pela sua autoridade de Grão-Mestre da Maçonaria Regular Portuguesa, legítima e regularmente eleito e instalado, e submeteu-se à sua autoridade, rejeitando o pronunciamento.

Os ocupantes e quem os apoiou declararam vago o cargo de Grão-Mestre e vieram a eleger, entre si, outrem a quem passaram a declarar ser o seu Grão-Mestre.

Estava consumada a cisão!

Colocou-se, porém, um problema jurídico: apesar de a maioria dos maçons regulares e das Lojas Regulares se ter mantido sob a autoridade do Grão-Mestre eleito e instalado, devido à falta de sincronismo dos calendários eleitorais civil e maçónico, os dirigentes em funções da associação civil denominada Grande Loja Regular de Portugal eram elementos que tinham apoiado a ocupação da Casa do Sino e se tinham pronunciado pela destituição do Grão-Mestre a que a maioria (concordando ou não com o seu estilo, tendo ou não votado nele) de maçons e de Lojas Regulares manteve a sua lealdade.

Para a maioria dos maçons que se mantiveram fiéis ao Grão-Mestre eleito e instalado, havia duas hipóteses: entabular um longo, desgastante e desprestigiante litígio nos tribunais do Estado sobre quem tinha direito de gerir a associação civil denominada Grande Loja Regular de Portugal ou, pura e simplesmente, não entrar em disputas estéreis e constituir uma outra associação civil que desse o enquadramento institucional civil e legal à Obediência Maçónica Regular que fora posto em crise pelo pronunciamento dos que optaram por rejeitar a autoridade maçónica Regular do Grão-Mestre eleito e instalado.

Optaram por não entrar em dolorosos, desgastantes e inúteis confrontos e criaram a associação civil denominada Grande Loja Legal de Portugal. Esta associação civil passou a enquadrar legalmente a Obediência Maçónica internacionalmente reconhecida, até aí, como Grande Loja Regular de Portugal.

Quer em virtude dessa continuidade, quer pelo peso sentimental do nome que também eles tinham ajudado e habituado a respeitar e a reconhecer, decidiram que a sua designação, enquanto Obediência Maçónica e estritamente nesse âmbito, passaria a ser Grande Loja Legal de Portugal/GLRP, utilizando comummente a sigla GLLP/GLRP.

É esta a Potência Maçónica Regular que manteve o reconhecimento internacional como tal, seja da UGLE, seja da GLNF, seja das Potências Maçónicas Americanas, seja da generalidade das Potências Maçónicas Regulares de todo o Mundo

Resumindo: existe (creio que existe, admito que existe) a associação civil Grande Loja Regular de Portugal, controlada pelos que, em 1996, se subtraíram à autoridade maçónica do Grão-Mestre então eleito e empossado; existe a associação civil Grande Loja Legal de Portugal, que enquadra a Potência Maçónica Regular internacionalmente reconhecida como tal em Portugal. Esta, para evitar confusões, passou a usar a denominação Grande Loja Legal de Portugal/GLRP.

Nunca, em termos civis ou profanos, desde a cisão de 1996, a entidade que enquadra legalmente a Potência Maçónica Regular internacionalmente reconhecida como tal em Portugal usou ou usa outra denominação que não a de Grande Loja Legal de Portugal. Consequentemente, nunca usurpou ou usurpa o nome de outra associação.

Em termos estritamente maçónicos, por definição subtraídos e independentes dos poderes do Estado, a Obediência Maçónica Regular internacionalmente reconhecida como tal passou a designar-se Grande Loja Legal de Portugal/GLRP, abreviadamente GLLP/GLRP, constituindo o último conjunto de quatro letras a homenagem e a ligação à sua designação original, que teve de alterar em virtude de eventos dolorosos protagonizados por elementos que tomaram opções diversas dos que se mantiveram fiéis ao que entenderam ser o espírito e a prática da Regularidade Maçónica.

A Loja Mestre Affonso Domingues e os seus obreiros orgulhosamente enquadram-se na Grande Loja Legal de Portugal/GLRP e aí seguem o seu caminho na busca do seu aperfeiçoamento.

À Loja Mestre Affonso Domingues e aos seus obreiros nenhuma mossa faz, nenhum incómodo traz, que outros, que fizeram opções diferentes das deles, usem, na organização em que se agrupam, o nome que entenderem. Essa é uma contenda que não temos, que não nos interessa, que não nos motiva e que não nos afecta! O que importa não é a designação que se usa, o que interessa é o trabalho que se faz, o projecto que se segue, o caminho que se trilha!

Desejamos sinceramente que ninguém busque criar conflitos, ou levantar contendas, ou simplesmente expressar azedume a propósito de nomes ou designações. Para esse peditório, repito, não demos, não damos e nunca daremos!

E, se alguém tiver dúvidas, pergunte a quem foi da Loja Mestre Affonso Domingues e teve a opção diferente da maioria da Loja o que, então, todos nós, combinámos! E ficará a saber que, para todos, a maioria que ficou e aqueles que se foram, quem foi da Loja Mestre Affonso Domingues é sempre da Loja Mestre Affonso Domingues, esteja onde esteja, esteja com quem esteja, pense como pensar, opte como optar! Foi, é e será sempre um dos nossos! Que fique esclarecido e que ninguém tenha disso dúvidas!

Portanto, não vale a pena quem quer que seja procurar vir a este blogue relançar pretensas rivalidades. Da nossa parte, não terá quem as sustente. O que nós desejamos é, tão simplesmente, que cada um siga o seu caminho e que seja feliz nele. O que pedimos é, tão só, que não nos venham importunar no nosso caminho. E, se algum dia, os nossos caminhos se voltarem a cruzar e a unir, tanto melhor. A isso eu chamo, também, ser maçon!

Rui Bandeira

08 maio 2007

Diálogo (V)

- Ouve lá. há dias, tive uma conversa de duas horas com um Manuel qualquer coisa; ontem, foram mais duas horas, com um Joaquim. Isto da inquirição é eu ser entrevistado quantas vezes?

- Se pões assim a questão... as vezes que forem necessárias!


- Esclarecedor! E que mais diligências tem essa tal de inquirição?

- As que forem necessárias...

-Pareces um disco riscado! A sério, abre-te lá e conta como é isso da inquirição. Com essas evasivas ainda me deixas a pensar que anda alguém, tipo SIS, a seguir a minha vida passo a passo...

-Tipo SIS, não! Tipo SIM!

-Tipo SIM?

-Serviço de Informação Maçónico! Caíste que nem um patinho...

- Lá te caiu mais um dentinho com a piada! Queres esclarecer ou não?

- Já te disse o que havia para dizer, tu é que não quiseste ouvir... Mas eu explico, devagarinho como de costume...

- Para eu entender, já sei. Tens que arranjar piadas novas, que essa já está muito batida...

- Por regra, a inquirição é sempre composta por duas entrevistas feitas por cada um dos inquiridores ao candidato. Mas pode haver mais, pelas mesmas ou por outras pessoas, se for necessário obter mais esclarecimentos. E não, não se investiga, tipo SIS, a vida das pessoas. Mas isso não quer dizer que, discretamente, não se procure obter um conhecimento sobre quem é o candidato através de outras fontes que não ele próprio.

- Como?

- Por exemplo, uma vez que o candidato indica onde trabalha, se existirem maçons nesse local de trabalho é lógico que se lhes pergunte que ideia têm do candidato, como se comporta, se é mesmo de bons costumes, enfim, que nos dê elementos que permitam saber quem é essa pessoa.

- O que me intrigou é que, nas duas conversas, houve perguntas similares, mas essencialmente foram diferentes. Um queria saber o que eu pensava sobre Religião e Sociedade e que interesses eu tinha, como era a minha família, etc.; com o outro, falei de futebol e de viagens e do meu trabalho e dos filmes que gostava e dos livros que ambos líamos...

- Se pensares bem, faz todo o sentido. Há-de haver alguns temas que interessam a ambos os inquiridores, mas o que importa é poder conhecer tantas facetas quanto possível do candidato. Quanto mais diferentes forem os temas, mais ele se dá a conhecer...

-Mais hipóteses ele tem de se espalhar...

-Não é isso que importa! Ao contrário do que pensas, o principal objectivo das inquirições não é saber se o candidato deve entrar ou não. Isso um inquiridor experiente fica a saber em cinco minutos: ou há empatia, ou não há, ou se está perante alguém sincero, ou alguém que soa a falso...

- Essa agora... Então a ideia não é saber se deve ou não entrar?

-È, claro que é! Mas não há inquirições que valham se alguém for hábil a usar uma máscara. Não somos tão ingénuos assim... E a Maçonaria é muito antiga e o Diabo não sabe muito por ser Diabo, é por ser velho! Quem não vier por bem, acabará por se cansar, por ver que não ganha nada em fazer passar-se pelo que não é e silenciosamnete deslizará para o limbo do esquecimento... Nas inquirições, quer-se conhecer tão profundamente quanto possível o candidato, não apenas para decidir quanto à sua entrada, mas também para - se calhar, principalmente para - se saber como deve o grupo auxiliar a sua integração. Não te esqueças que uma entrada de um novo elemento numa Loja é um acto que resulta da conjugação de duas vontades e que tem duas consequências: quem entra, entra porque quer e vai ser influenciado, marcado, pela sua ligação à Maçonaria; mas o grupo que aceita a sua entrada, que, no fundo, coopta mais um elemento, também vai ser modificado por ele. As inquirições ajudam-nos a decidir como podemos vir a ser úteis ao novo maçon, mas também a procurar descobrir que impacto trará ele ao grupo, como o irá influenciar, como o irá modificar. Afinal, como evoluirá o novo maçon através da sua integração na Loja e como evoluirá a Loja através da integração do novo maçon. Porque é isso, afinal, também a Maçonaria: o aperfeiçoamento individual através do grupo e a melhoria do grupo através do indivíduo.

Rui Bandeira

07 maio 2007

Medula - mais uma nota

Registo com agrado que o Governo representado ao mais alto nivel deu hoje um sinal claro que pretende apoiar o desenvolvimento do Banco de Medula Ossea.

Este Blog que desde a primeira hora tem vindo a dar especial atenção a este tema agradece a acção , mesmo que simbolica, que hoje governantes deste país deram.

JoseSR

Ser ou não ser .... Arguido

Vou entrar por um tema que está na MODA. Ser arguido.
O texto terá seguramente imprecisões juridicas mas não sou advogado.

Vou começar por vos confessar que eu já fui arguido uma dezena de vezes em processos crime. Em todos eles o mais longe que cheguei foi à instrução de um deles e fui dado como Não Pronunciado. Os recursos de quem me atribuia a responsabilidade nos "crimes" pelos quais fui constituido arguido foram todos recusados.

A maioria destes processos em que respondi nunca chegaram à instrução tendo sido arquivados, mesmo se num deles e já por gozo "confessei" o crime de que ia acusado pois tratava-se de um processo de falsas declarações no qual eu ia acusado de no inquerito e enquanto testemunha ter dito uma coisa e passados 2ou 3 anos na instrução desse processo e na mesma enquanto testemunha ter dito a mesma coisa mas no singular e não no plural como havia dito anos antes.

Pelo ridiculo da coisa confessei pois de facto a primeira formula no plural estava gramaticalmente errada e a segunda no singular estava certa, confessei porque como disse à senhora Magistrada andava já angustiado há muito tempo por ter vilipendiado de forma tão grosseira a Lingua Pátria e quando pude corrigir o erro cometido corrigi, relatando a situação de forma correcta e expressando-me em bom português. Foi entendido que por isto eu teria prestado falsas declarações e fui então constituido Arguido.

Ser constituido arguido é a coisa mais simples deste mundo. Basta uma queixa, uma referencia em interrogatório de terceiros, uma certidão e é iniciado um processo de averiguações que culmina com a constituição como arguido. Nesse momento não é ainda sequer conhecido o facto que constitui a acusação e se me lembro só depois de ouvido e constituido arguido é que o meu advogado tinha acesso ao processo para saber de que ia eu acusado.

Arguido é como ir ao parque passear. Não tem valor qualquer e não pode prejudicar a honorabilidade das pessoas. Se eu me chatear com um dos meus co-blogueiros e for dar parte deles contando uma historia que possa ser vista pelas autoridades como crime publico, é quase garantido que eles serão constituidos arguidos, e na verdade não fizeram nada.

Entre ser constituido arguido e o processo de acusação ficar concluido pode demorar mais de 1 ano. E depois de formalmente acusado ainda pode demorar mais uma data de tempo até chegar à instrução do processo. Havendo pronuncia há julgamento, mas relembro que neste país existe uma coisa que se chama

PRESUNÇÃO DE INOCENCIA

e que todos somos inocentes até provado o contrário e que a unica prova que vale é a que é produzida em tribunal.

Acho indecente que um cidadão tenha que adiar a sua vida por um periodo de tempo desconhecido apenas por ter sido constituido arguido e formalmente nao ser acusado de nada e nao ter tido sequer a possibilidade de se defender ( a defesa só pode ser feita depois de constituido arguido).

Acho que um cidadão culpado deve ser punido, até à prova da sua culpa não pode perder nenhum direito nem garantia.

Todavia creio que entre a constituição de arguido e a acusaçao formal , a existir, o tempo deveria ser extraordinariamente curto pois a honorabilidade do cidadão está em causa.

Entendam que cada vez que tinha que ir prestar declarações, ser ouvido, etc tinha que apresentar no departamento de pessoal da empresa um documento do tribunal ou da policia para justificar a minha falta. As coisas sabem-se e não é agradavel ser olhado de forma diferente e tal como disse no inicio nunca fui condenado (bem umas multas de transito e outras fiscais mas isso nao conta!!!).

Os média à falta de assunto tornaram o " ser Arguido " em " Culpado para além de qualquer duvida e nem vale a pena ir ao tribunal que nós julgamos já aqui nas noticias e aplicamos a sentença imediatamente"

E fazem isto de forma impune porque o fazem ao abrigo da liberdade de imprensa o que torna dificilimo processá-los por difamação.

Não pretendo ilibar ou defender ninguém mas tendo sido arguido inumeras vezes e nao tendo por isso ficado menos honesto ou honoravel tenho que dar o beneficio da duvida aos arguidos deste mundo e esperar o resultado do respectivo julgamento se este vier a acontecer.

Por ultimo um agradecimento ao advogado que brilhantemente me defendeu e que no que depender de mim me defenderá sempre que necessário.
JoseSR

Esperteza saloia

Os peditórios públicos anuais são uma forma de obtenção de meios por parte das instituições de solidariedade social. São também uma oportunidade de chamar a atenção para as carências dos mais necessitados. Mobilizam muitos voluntários. Mobilizam a boa vontade da generalidade da população. Aprendi no sábado que também são utilizáveis por chicos-espertos para campanhas de marketing de pacotilha.

Sábado de manhã, à entrada da loja Lidl na Av. Coronel Eduardo Galhardo, em Lisboa, deparo com um grupo de voluntários que distribuem sacos de plástico para acondicionar donativos de bens alimentícios destinados ao Banco Alimentar contra a Fome. Aceito um saco, disposto a adquirir naquela loja alguns alimentos não rapidamente perecíveis, para os entregar aos voluntários.

Como habitualmente, registo a boa colaboração que as cadeias de distribuição dão a esta iniciativa e afasto, por mesquinha, a subreptícia suspeita de que essa boa colaboração não é totalmente desinteressada, já que da boa vontade dos que querem contribuir também beneficiam os estabelecimentos onde são adquiridos os bens alimentares doados. Não será essa a principal preocupação dos responsáveis dessas cadeias de distribuição. O negócio não exclui a predisposição para a solidariedade!

Já dentro da loja, deparo com um expositor onde está anunciado que, por cada cinco unidades de diversos produtos (leite ultrapasteurizado meio-gordo, esparguete, salsichas, arroz, etc.) que cada pessoa oferecer ao Banco Alimentar contra a Fome, a Lidl oferecerá mais uma unidade. Bastará para tanto que o cliente adquira cinco unidades do produto da sua escolha e apresente na caixa, no momento do pagamento, um pequeno prospecto onde está um código de barras. Esse prospecto, certamente depois de validado, será entregue aos voluntários.

Penso com os meus botões que os responsáveis da Lidl tiveram uma boa ideia. Assim motivam que se ofereça mais. Se é certo que vende mais, pois levam as pessoas a adquirir cinco e não apenas um ou dois, também a própria cadeia de distribuição contribui, senão com a totalidade, seguramente com grande parte do lucro que isso lhe proporciona, pois de cada cinco unidades vendidas ela própria oferece uma sexta. Se a taxa de lucro de cada mercadoria for de 20 %, oferece todo o seu lucro. Se for superior, oferece uma grande parte dele. É justo e é uma boa ideia e decido corresponder adquirindo cinco litros de leite meio-gordo ultrapasteurizado.

Por acaso, aquilo que eu buscava adquirir no estabelecimento estava esgotado, pelo que me apresentei na caixa só com os cinco litros de leite e o tal prospectozinho. Se não tivesse sido assim e tivesse feito mais compras, como a esmagadora maioria dos clientes do estabelecimento fizeram, não teria possivelmente dado pelo logro, como possivelmente a esmagadora maioria dos clientes não deu...

Cada litro de leite custava 40 cêntinos. Uma simples operação aritmética informa que cinco litros desse leite custavam 2 Euros. Na caixa, o operador passa o código de barras do tal prospecto. Seguidamente passa o código de barras de um pacote de leite e assinala que são cinco os pacotes adquiridos. Pede-me o preço: - São dois euros e quarenta cêntimos.

- Como é? - pergunto eu. Cinco vezes quatro, vinte...

Resposta do operador de caixa: - Mais quarenta cêntimos do prospecto...

Insisto: - Leia lá bem o prospecto, eu ofereço cinco unidades, a Lidl oferece a sexta; se eu pagasse a sexta, quem oferecia era eu e não precisava que a Lidl fosse entregar, entregava logo eu...

O operador de caixa chamou a supervisora. Repito o argumento. A supervisora deita uma olhadela ao prospecto e dispara, no tom automático e displicente de quem repete uma frase pela enésima vez na última hora: Não, não é assim. O senhor paga o produto do papel e por cada cinco papéis que o Banco Alimentar entregar na Lidl, nós oferecemos uma unidade.

É claro que não é isso que a publicidade feita anuncia. Essa é inequívoca: o cliente oferece cinco, a Lidl oferece mais um! Com esta abstrusa interpretação, cada cliente paga 6 e por cada cinco clientes que o façam, isto é, por cada 30 unidades adquiridas e pagas pelos clientes, a Lidl então faria a fineza de acrescentar mais uma...

Ponho a hipótese de ser um engano da supervisora. Mas então porque regista a caixa, para o cliente pagar, o custo do produto representado no prospecto, através do código de barras aí incluso? E a resposta rápida e em tom displicente da tal supervisora inculcam que já deu esta mesma resposta a mais clientes e que esta será a resposta que foi preparada para dar...

Fervo por dentro! Procuro controlar-me, mas, apesar disso, respondo num volume de voz mais alto do que o necessário: - Isso é publicidade enganosa! Fique com o leite, que eu vou comprá-lo a outro lado!

Fiz mal! Devia ter pago o que me pediram e pegado no recibo e no prospecto e tê-los entregue na ASAE (Autoridade de Segurança Alimentar e Económica), acompanhando a respectiva queixa! Para a próxima, não me vou esquecer!

Rui Bandeira

04 maio 2007

O Picapau Amarelo já foi...



Pois é, este mês temos o Pirilampo Mágico.
Estamos em Maio, não esqueçam, é o mês do Pirilampo.

Não, não é Caga-Lume, é mesmo Pirilampo e Mágico, Pirilampo de esperança e de alegria, de força e de bondade, Pirilampo fraterno, solidário, amigo... e liiiindo !!!

Por isso atenção à palavra de ordem deste mês, a partir de àmanhã, Sábado, "TODOS AO SÍTIO DO PIRILAMPO AMARELO".

São 2 euros por um Pirilampo e 1 euro por um pino do Pirilampo Mágico que se multiplicam, e multiplicam, e multiplicam... As "Cerci's" precisam da nossa colaboração e os proveitos da campanha do Pirilampo Mágico vão direitinhos para o bem estar das crianças (míudos e graúdos) que estas organizações acolhem, tratam, educam, em substituição ou em complementaridade de famílias que ou não existem ou não podem de todo tratar convenientemente de seres maravilhosos que só tiveram o azar de nascer diferentes do rebanho geral.

Este fim de semana o tempo estará bom, saiam de casa e procurem uma banca ou um dos muitos locais que dão apoio à campanha.

Vá, não faltem com o V. apoio. Os miúdos agradecem.

JPSetúbal

03 maio 2007

Diálogo (IV)


- Ontem foi votada favoravelmente a tua candidatura...

- Jóia, já vou entrar na próxima reunião?

- Eh, calma, que os gatos apressados são atropelados a meio do caminho! Se não tivesses interrompido e tivesses ouvido até ao fim, ouvirias que ontem foi votada favoravelmente a tua candidatura... para realização de inquirições!

- Inquirições? Que é lá isso?

-
Foi liminarmente aceite a tua candidatura e vai-se agora proceder ao inquérito, às investigações sobre a tua pessoa e...

- Vocês são mesmo complicadinhos da Silva... Então não foste tu que me propuseste, que me apadrinhaste, como tu dizes que os maçons dizem? E não disseste também que houve ainda outro maçon que também subscreveu a minha candidatura? Para que é que são mais inquirições? Ou afinal tu não tens importância nenhuma lá na Loja?

-
Tenho exactamente a mesma importância que qualquer dos outros, nem mais, nem menos. Aliás, fica sabendo que, quando uma candidatura é votada para admissão a inquirições, não é dado conhecimento à Loja de quem são os proponentes.

- Porquê?

- Para que todos votem sem serem influenciados pela amizade ou pela consideração que tenham pelos proponentes. Para que a votação tenha em conta o candidato e só o candidato.

- Então, porque são necessários proponentes?

- Porquê, porquê, porquê... Pareces o meu filho quando tinha quatro anos... Vamos lá, eu explico-te devagarinho, para tu teres tempo para conseguir entender...

-Já cá faltava a piadinha...

- Esquece! O processo de admissão de um profano na Maçonaria é um processo em várias fases, todas elas eliminatórias, que procura ser cuidadoso, embora sacrificando a celeridade. É necessário que o candidato ultrapasse diversas etapas ou, para quem gosta de jogos de computador, diversos níveis, até atingir a prova final, a Iniciação. E não vale a pena saltar etapas. Cada uma delas só faz sentido desde que ultrapassada a anterior.

- Ilumina a minha ignorância, ó sapiente iluminária!

- E depois sou eu que estou sempre com piadas... Presta lá atenção! Antes de mais , o interessado tem de querer ser maçon. Sem isso não se justifica nada... Daí a necessidade de que o profano peça para ser maçon. Depois, a sua pretensão tem de ser apoiada por dois maçons. Não faz sentido colocar à consideração de toda uma Loja uma pretensão se não houver pelo menos dois maçons dispostos a subscrever o pedido... Essa proposta, assim apoiada, é entregue ao Venerável Mestre da Loja. Em todo o processo de candidatura, só ele e quem ele determine (em regra, o Secretário da Loja e mais quem o Venerável Mestre entenda consultar) sabe quem são os proponentes. O Venerável Mestre faz a primeira triagem, pede os esclarecimentos que tiver a pedir aos proponentes, aconselha-se com quem entender por bem aconselhar-se e, se nada tiver a objectar, coloca então a admissão às inquirições à consideração da Loja. Se o Venerável Mestre, por qualquer razão, entender não prosseguir com o processo de candidatura, ele para logo ali... É também para fazer esses juízos que a Loja o escolheu. Não faz sentido prosseguir com um processo de candidatura à revelia do entendimento do Venerável Mestre. Como disse, se o Venerável Mestre não tiver objecções, coloca então a candidatura à votação da Loja para admissão às inquirições...

- Mas ouve cá! Se a candidatura é subscrita por dois maçons, se é submetida ao Venerável Mestre, se este tem de estar de acordo e, para isso, pode tirar as dúvidas que tiver e aconselhar-se com quem quiser, para quê a votação? Se a Loja elegeu o Venerável Mestre é porque confia nele...

- Bem visto! Afinal a criatura pensa! Tens razão, normalmente a votação é um pró-forma, efectivamente as candidaturas são quase sempre admitidas às inquirições por unanimidade...

- Lá está! Esta criatura pensa, e pensa bem! Essa votação é uma inutilidade!

-
Errado! Essa votação tem a grande utilidade de... existir!

- Lá voltas tu a falar por enigmas...

-
O interesse da votação é anunciar à Loja que existe um candidato e informar quem ele é. Por regra, a generalidade dos elementos da Loja não tem objecções ou nem sequer conhece o candidato e, portanto, confia no juízo dos proponentes e do Venerável Mestre. Mas esse anúncio prévio permite que, se alguém tiver objecções, peça a palavra e informe o Venerável Mestre que existem razões que, no seu entender, aconselham se relegue a votação para melhor oportunidade. Nesse caso, será precisamente isso que o Venerável Mestre deve fazer: suspender a votação e inquirir, em privado, quem o alertou, das razões do seu alerta.

- Porquê em privado?

-
Por duas razões: porque a honra das pessoas não é para ser discutida na praça pública e porque uma discussão imediata e geral das objecções colocadas cria grave risco de se tomarem decisões emocionais ou pelas razões erradas (votar apoiando quem teve a melhor argumentação, o que não quer dizer que tenha razão, por exemplo). Assim, o que houver a discutir e a analisar é discutido e analisado com calma e racionalmente. Em face das objecções colocadas e dos conselhos recolhidos em função dos novos elementos, o Venerável Mestre decidirá então, ou suspender o processo de candidatura (e já não haverá votação...) ou informar quem colocou objecções que não as considera suficientemente relevantes para impedir o prosseguimento do processo de candidatura, e porquê, e colocará a mesma à votação na sessão seguinte.

- Mas quem objectou vai votar contra, claro...

- Não necessariamente! Pode ter concordado em que os seus óbices não sejam suficientes para inviabilizar a candidatura, ou pode não votar contra por ter uma garantia de que as questões que colocou serão devidamente ponderadas com mais informação. Por exemplo, o Venerável Mestre pode informá-lo de que decidiu, em ordem a se apurar sem dúvida alguma se as objecções colocadas são relevantes ou não, que, votada favoravelmente a admissão do candidato às inquirições, um dos inquiridores seja... o maçon que levantou as objecções! Assim, ele próprio poderá verificar pessoalmente se elas têm ou não razão de ser...

- Pobre do candidato! Isso é o mesmo que inviabilizar a sua candidatura, pôr a julgá-lo quem tem objecções a ele!

- Pelo contrário, essa é a maneira de lhe dar uma hipótese justa de ver as objecções ultrapassadas, tendo em conta o método da votação final... Mas isso ver-se-á lá mais para a frente. Por agora, ficas só a saber que foste admitido às inquirições. E agora a conversa já vai longa. Depois falamos do que se segue.

Rui Bandeira

02 maio 2007

Noticiário da capoeira




A revista Sábado, de quinta-feira passada, publicou nas suas páginas 70/72 uma informação referente à Maçonaria Regular, anunciando uma espécie de acordo negociado entre o Grão-Mestre e o Presidente da Câmara (Carmona Rodrigues) para utilização, pela primeira, de um espaço no Príncipe Real.
Não vou tecer quaisquer comentários sobre o texto, ele mesmo, mas quero comentar alguns aspectos que estão adjacentes à notícia.

A Sábado termina a notícia com uma caixa onde selecciona “os princípios sagrados” de um lado e “…e o outro lado da moeda” do outro !

Como “princípios sagrados” apontam Liberdade, Igualdade, Fraternidade, Solidariedade, Discrição, atribuindo uma “definição maçónica” a cada um destes princípios, e por aí não há muito a dizer.
O que lá está não foge à verdade. É assim, de facto.

No outro lado da moeda é que se percebe que estamos a lidar com dinheiro falso.

Condicionamento – Quem divergir da doutrina oficial não é bem-visto na instituição. Como é ? De um lado afirma-se que a Liberdade de acção e de pensamento é uma das máximas da Maçonaria, do outro lado escreve-se que quem divergir da doutrina oficial não é bem-visto na instituição… É…, é dinheiro falso. Estas duas faces não podem ser da mesma moeda e eu só reconheço a primeira face.

Diferença – O estatuto depende da projecção que o irmão tem na sociedade “profana”… Como é ?
De um lado a Igualdade, escrevendo-se que todos os homens devem estar ao mesmo nível dentro e fora da instituição, e do outro faz-se depender o estatuto individual interno da posição social profana ? … É…, é dinheiro falso. Estas duas faces não podem ser da mesma moeda e eu só reconheço a primeira face.

Distanciamento – Há maçons que não se falam fora dos templos maçónicos… Como é ?
De um lado define-se que a Fraternidade é um dos valores mais invocados pelos maçons (até se tratam por irmãos…) e do outro lado escreve-se que há maçons que não se falam fora dos templos… É…, é dinheiro falso. Estas duas faces não podem ser da mesma moeda e eu só reconheço a primeira face.

Egoísmo – O não pagamento da quota dá direito a expulsão… Bem, não é exactamente assim, mas desta feita não está demasiadamente longe.
Entretanto convém esclarecer que esta situação só é verdadeira se o Irmão Maçon não pagar as suas quotas em manifestação de vontade de afastamento e/ou desinteresse pela instituição.
São sempre feitas várias tentativas de esclarecimento da razão pela qual os pagamentos não são feitos sendo que, se a razão apurada forem dificuldades económicas que impeçam o Maçon de cumprir esse seu dever, então há várias maneiras de resolver o problema sem que o Irmão perca qualquer dos seus direitos. É para isso que serve, também, a Solidariedade maçónica.

Exibição – As fugas de informação servem as constantes guerras internas… Mas quais guerras internas ?
Acontece que este “lado da moeda” bate certo, certinho, com o conteúdo da notícia, agora sim, ela mesmo.
E porque é assim ? Não é por causa de guerras internas, não… É mesmo exibicionismo. Em todas as capoeiras há perus a quererem passar por pavões… É assim em todas capoeiras… É assim em toda a parte onde os homens são… “humanos”…
Claro que é pena que as coisas aconteçam desta forma, mas os homens são assim, a inveja existe e as penas de pavão fazem falta a alguns perus que estão sempre disponíveis para a primeira página. Ora o que a Maçonaria precisa é de quem está disponível… para página nenhuma !
JPSetúbal