11 setembro 2006

Cinco anos depois

Passaram já cinco anos, 1.826 dias e 1.826 noites, considerando que um desses anos foi bissexto, mas a recordação do horror permanece tão nítida que nos custa a crer que cinco anos tenham já decorrido.

Hoje, é dia de homenagear as vítimas, mas também de reflectir sobre esta barbárie e as suas consequências.

O 11 de Setembro constituiu o aparecimento de uma até então inexistente estratégia de terrorismo global. Pouco importa quem é vitimado, onde caem as vítimas. O que importa é destruir e matar de forma brutal, mas sobretudo espectacular, fazendo crer a todos a cada um que pode estar entre as próximas vítimas, esteja onde estiver, faça o que fizer. Aos aviões do 11 de Setembro, seguiram-se os comboios de Atocha e o metropolitano e o autocarro de Londres (sempre a dia 11...), só para falar do Ocidente; mas também a discoteca da Indonésia e oa atentatos na Turquia, na Índia, no Paquistão, em Marrocos e por aí fora, em macabra pontuação do mapa do planeta.

Esta estratégia de terrorismo global , seguida por extremistas de que nem sequer conseguimos entender devidamente as linhas de pensamento, se é que estes energúmenos também pensam, obriga-nos a todos a reflectir e a evitar o erro de reagir epidermicamente.

Em primeiro lugar, temos de ter a Lucidez de entender que os Muçulmanos e a religião muçulmana não têm nada a ver com esta patética estratégia de terror. Este Terror deve-se a extremistas que invocam abusivamente a religião islâmica, mas que, ao invés de a seguirem, a atraiçoam e violam os seus princípios. Porque, ao contrário do que estes sectários assassinos invocam, a religião islâmica é uma religião de Paz e Tolerância, não o acervo de violência, terror, intolerância e malvadez que esta cambada de sociopatas proclama. Basta ler o Corão para o perceber.

Em segundo lugar, temos de ter a Firmeza de exigir que as necessidades de Segurança sejam sempre compatibilizadas com a Democracia e a Liberdade. A necessidade de nos defendermos destes bandos de psicopatas pseudo-religiosos pode implicar, e necessariamente que implica, a adopção de medidas de Segurança, de Controlo, de Investigação, que são excepcionais e que, de alguma forma ponham entre parentesis as Liberdades Civis. Mas importa que fique sempre salvaguardado que a Segurança não revoga a Liberdade. Pode ser necessário derrogá-la em situação de emergência, por períodos e por forma limitados. Mas todas as medidas tomadas devem ser, seguidamente, sujeitas ao escrutínio de um Tribunal e por ele validadas ou, se for caso disso, revogadas. Prioridade à Segurança quando tal se mostre necessário. Mas, passada a crise, retomam-se as regras normais de controlo e de garantia das Liberdades Civis (incluindo o direito de defesa, mesmo de quem integre essas cáfilas de trogloditas). Porque nós não somos iguais a eles. Porque entendemos a necessidade de Segurança, mas não prescindimos da Liberdade nem da Democracia. Porque não admitimos, nem nunca admitiremos que, pela via indirecta da nossa capitulação, aquelas quadrilhas de bárbaros vençam!

Em terceiro lugar, não podemos prescindir nunca da Esperança de que, no fim, a Democracia, a Liberdade e o Progresso acabarão por vencer e estes vermes infra-humanos não conseguirão impor as suas grotescas hipóteses de ideias.

Devemos isso às vítimas do Terror e a nós próprios!

Rui Bandeira

Maçonaria, M.Soares e uma notícia triste.

Maçonaria - Ex-Presidente da República foi iniciado em frança
Soares adormecido
Mário Soares é, neste momento, um maçon adormecido, expressão utilizada para os membros da maçonaria que deixaram de ter actividade em lojas maçónicas.
Iniciado na Grande Loja de França nos anos 60, quando esteve exilado em Paris, o ex-Presidente da República terá sido, segundo apurou o CM junto de várias fontes, irradiado daquela obediência por ter deixado de pagar quotas, num processo semelhante à expulsão de 31 membros do Grande Oriente Lusitano (GOL) em 2004, entre os quais aparecem nomes conhecidos como António Vitorino, Vitalino Canas, ambos deputados do PS, e Torres Couto, ex-secretário-geral da UGT. “Ele foi iniciado maçon na Grande Loja de França nos anos 60, mas depois, quando regressou a Portugal, abandonou, nunca se transferiu [para uma loja em Portugal] e nunca mais pagou [quotas]”, disse ao CM uma fonte próxima de Mário Soares. “Se não pagou as quotas à obediência onde foi iniciado, as regras são muito claras: é decretada a irradiação”, frisa uma fonte conhecedora do meio maçónico.“Antes do 25 de Abril, a maçonaria era um núcleo de liberdade política. Depois [com a Revolução dos Cravos], ele passou a ter uma vida política muito activa e não precisava disso”, explica uma outra fonte próxima. E outra figura próxima de Mário Soares conclui: “Ele tem amigos íntimos nesses quadrantes, mas nunca foi membro activo em Portugal.”António Reis, grão-mestre do GOL, atribui a expulsão de membros por “desinteresse para continuarem a trabalhar lá dentro [da loja]”. Se pedirem o reingresso, pagarem as quotas e justificarem a falta de pagamento, os irradiados poderão ser reintegrados. Vitalino Canas, um dos visados, escusou-se a fazer comentários. Em Portugal, existem duas obediências: o GOL e a Grande Loja Legal de Portugal (GLLP). Enquanto a GLLP exige uma crença num princípio, por exemplo Deus, o GOL não exige uma crença.





Esta notícia foi publicada, tal qual, no “Correio da Manhã” de 08/09/2006.
RBandeira já publicou alguns comentários sobre uma notícia de teor próximo desta, publicada no “24Horas”.
Esta, do “CM”, é particularmente elaborada porque junto do título “Soares adormecido”, a vermelho, publica-se uma foto de M.Soares com M.Barroso, em cerimónia aparentemente pública e ambos, também aparentemente, adormecidos.
Ora, de aparentemente em aparentemente, não me parece que esta montagem da notícia tenha, seja o que fôr, de aparentemente inocente.
A notícia tem a ver com a ligação M.Soares/Maçonaria.
A foto não tem qualquer relação com a ligação M.Soares/Maçonaria.
Aparecem juntas, certamente, porque o jornalista não encontrou outra foto de M.Soares mais adequada, o que se percebe bem já que não há muitas fotografias de M.Soares.
Foi sempre um sujeito fugídio e raramente permitiu ser fotografado nas rarissimas aparições públicas dos últimos 40 anos !...

Vamos lá ver as 2 questões que se sobrepõem nesta pseudo-notícia.

1- A utilização conjunta daquele título com aquela fotografia tem a intenção clara de chamar a atenção dos leitores para o facto de M.Soares adormecer em público, durante reuniões, assembleias, congressos... É lamentável, sob todos os aspectos a utilização deste truque baixo para denegrir a imagem de M.Soares, Presidente da República durante 10 anos, 1º Ministro deste País durante vários governos, principal responsável pela recuperação de duas bancas-rotas, principal responsável pela integração de Portugal na Europa e, mais do que tudo isso, principal responsável pela reposição da Democracia em Portugal após 26 de Abril/74. Não sou “Soarista”, recuso-me inteiramente a ser qualquer “ista” e a aderir a qualquer “ismo”. Tive em tempo oportuno a minha “deriva” política e fiquei curado, e vacinado, dessa doença. Mas sou Português, considero a Democracia o menor dos males e portanto tento defendê-la, e vou mantendo as memórias do que se passa no meu País. E tento não ser mal-agradecido. E os portugueses devem muito a M.Soares, gostem ou não, queiram ou não. É uma situação de facto ! E M.Soares sempre soube mais a dormir que a grande maioria dos jornalistas acordados. Há quantos anos M.Soares adormece em público ? há quantos anos todos sabemos desse “pecadilho” de M.Soares (e os jornalistas sempre sabem antes do público em geral) ? Porquê agora esta brincadeira de mau gosto ? É que de acordo com a minha interpretação além de mau gosto é cobardia.
2- A outra questão tem a ver com o teor da notícia e com a relação M.Soares/Maçonaria.
Fica bem claro que quem escreve a notícia está a tentar apalpar um terreno que não conhece. Não sabe sobre o que está a escrever. Não sei quem é o jornalista, não o conheço, e provavelmente é um senhor muito estimável, mas “esticou-se” desta vez. Não há maçons irradiados e “estar adormecido” maçónicamente não tem nada a ver com ser irradiado de qualquer obediência maçónica. Os Maçons podem ser suspensos e/ou excluidos, mas não irradiados. É conceito que não existe em Maçonaria.
Porquê esta insistência na relação da Maçonaria com a política e com os “lobis” políticos ?
A notícia refere apenas nomes de políticos, e é claro que quanto mais sonantes forem, maior é a “gulodice” do jornalista.
Tentemos esclarecer uma coisa. A Maçonaria não é um antro de vilões, de golpistas ou de interesseiros em jogadas de bastidores. Como em todas as grandes organizações também a Maçonaria tem bons e maus Maçons. Cumpridores e desleixados. Tristes e alegres. Altos e baixos. Gordos e magros. ...
Mas então esperar-se-ia outra coisa ? Que raio de ideia !... Queremos que os maçons sejam todos exemplares, como homens, como profissionais, como cidadãos, mas às vezes não são ! E então ? vem daí o mal do mundo ?
A tradição da Maçonaria em Portugal é a de se manter na clandestinidade, ainda sob o efeito da estupidez salazarista de braço dado com uma Igreja de Roma retrógrada, completamente desajustada da realidade e do tempo. E o desconhecimento do que se passa origina que a imaginação produza imagens completamente desviadas da verdade do que é ser Maçon. Por quase todo o mundo a qualificação de Maçon é uma honraria que se ostenta publicamente, inclusivé no cartão de visita. De facto deve significar que quem está autorizado a apresentar tal qualificação é pessoa de Bem, confiável nas suas atitudes perante a vida e os homens. Por cá ainda há muito secretismo que não tem sido fácil ultrapassar. Como sempre, lá chegaremos.
A Grande Loja Legal de Portugal/Grande Loja Regular de Portugal, obediência maçónica onde a Respeitável Loja Mestre Affonso Domingues se integra (a notícia do CM refere-se a uma outra obediência), é campo de todo o ecumenismo, livre, aberto, fraterno, no qual todas as crenças religiosas e políticas, todas as raças e convicções se encontram e convivem aberta e livremente, sem quaisquer complexos ou diferenças, com a obrigação única de aceitar como objectivo a luta pela paz, pela fraternidade, pela liberdade de todos os homens.“Senhores fazedores de opinião” deixem-se de invenções e principalmente de truques.
(Quando fui "postar" este texto constatei que RBandeira resolveu avançar com outra lição sobre a mesma matéria. Aconselho vivamente a que não percam os 2 textos anteriores da autoria de RBandeira.)
JPSetúbal

09 setembro 2006

A reserva de identidade do maçon


No texto anterior, aflorei a questão da reserva de identidade do maçon, assunto sobre o qual me sinto particularmente à vontade, pois eu próprio decidi deixar pública a minha condição de maçon e, por isso, assino todos os meus textos com o meu nome e apelido completos. Faço-o, obviamente, porque posso fazê-lo: a minha actividade profissional de Advogado e a forma como a exerço, em profissão liberal, em escritório próprio, liberta-me de constrangimentos com patrões ou superiores hierárquicos que porventura me pudessem prejudicar pela assunção da minha integração na Ordem Maçónica. Muitos outros, porém, não podem revelar publicamente a sua condição de maçons, por receio de represálias de quem ainda vê na Maçonaria um bicho de sete cabeças...
A reserva de identidade do maçon é uma das mais antigas regras da Maçonaria e, no fundo, traduz-se na simples regra que todo o maçon jura cumprir: não revelar a profanos a identidade de um seu irmão. Note-se: não há nada de secreto na condição de maçon. Cada qual pode assumir-se como maçon e pode e deve fazê-lo quando entenda que tal assunção não o prejudica, nem à sua família, pois um maçon sente-se honrado em sê-lo.
A reserva de não identificação de seu Irmão como maçon advém do facto de, durante muito tempo, e em função, quer das guerras religiosas, quer, pura e simplesmente, dos fundamentalismos religiosos (quem não se lembra da Santa Inquisição e das guerras entre Católicos e Protestantes que durante dezenas e dezenas de anos sangraram a Europa, com a inutilidade de cada lado matar os do lado oposto... em nome do mesmo Deus?), não ser seguro para um maçon divulgar essa sua condição. Com efeito, desde sempre que, nas Lojas Maçónicas, se praticou a total abertura e tolerância religiosa. Pode ser maçon o crente de qualquer religião, ou até mesmo o crente não vinculado a uma religião particular. Basta que seja Homem Livre e de Bons Costumes e que creia no Criador, chame-lhe o nome que chamar. E nenhuma distinção é feita entre maçons em função da religião de cada qual. De facto, até para garantir que nunca nenhuma dissensão entre maçons possa surgir em virtude de diversas opções religiosas, a Religião é um dos dois temas cuja discussão não é admitida em Loja (o outro é a Política)!
É claro que em tempos de guerras e fundamentalismos religiosos, a tolerância e a protecção mútua entre elementos de diferentes religiões não era bem vista; pior, não era sequer admitida. Para os fundamentalistas de qualquer dos lados, o Maçon era sempre o tipo que privava com o "inimigo", que o protegia. E, se assim era, também não era de confiança ou era, mesmo, também um inimigo, que devia ser abatido, imolado pelo fogo ou passado a fio de espada... A reserva da condição de maçon era, pois, uma verdadeira questão de sobrevivência!
Claro que nos dias de hoje o problema já se não coloca nos mesmos termos: ninguém é abatido por ser maçon.
Mas, ainda hoje, há muitos preconceitos à solta contra a Maçonaria e os maçons. Em parte, também por culpa desta e destes, verdade seja dita... Esperamos que o preconceito vá desaparecendo. Para tal, sabemos que também nós próprios, maçons, temos de contribuir para ajudar a esse desaparecimento, dando-nos a conhecer, e aos nossos ideais e propósitos, enfim, afastando a fama de mistério que ainda rodeia a Maçonaria (e é evidente que o Desconhecimento gera Desconfiança, se não mesmo Temor...). Este blogue é uma pequenina contribuição para isso.
Mas, por enquanto, e infelizmente, persistem ainda motivos para a reserva pública quanto à identidade de muitos maçons. É pena que assim seja, mas contra factos não há argumentos. E, portanto, a decisão da revelação da condição de maçon é exclusivamente individual e é e deve ser pelos demais integralmente respeitada.
Foi por isso que me indignei com a fuga de informação que motivou a exposição pública da condição de maçons ainda que "expulsos" ou excluídos). E que me indignei ainda mais com a exposição da identidade de pessoas que, tendo pretendido ser admitidos maçons, foram rejeitados.
Rui Bandeira

08 setembro 2006

Negligência ou algo mais?


O jornal 24 Horas de ontem publicou, com título e enorme fotografia na primeira página, a notícia de que um conhecido político tinha sido "expulso" da Maçonaria. No interior do jornal, a notícia foi desenvolvida e procedeu-se à publicação de uma lista de algumas dezenas de indivíduos que tinham também sido "expulsos da Maçonaria", entre os quais mais alguns políticos. Publicou-se ainda uma mais reduzida lista de nomes de indivíduos cuja "admissão na Maçonaria" teria sido rejeitada.

Nada tenho a apontar ao jornal com esta publicação: um jornal existe para descobrir e publicar notícias! Mas considero inadmissível que o jornal tivesse tido acesso aos elementos que lhe pemitiram publicar essa notícia.

Compreendo que a "Maçonaria" seja mais notícia do que um grupo excursionista ou um clube desportivo e que, portanto, haja interesse em publicar a notícia de que figuras públicas tinham sido excluídas da "Maçonaria", por falta de pagamento de quotas, ao passo que dificilmente seria notícia idêntica exclusão, por idênticos motivos, de grupo excursionista ou clube desportivo.

Preciamente por essa razão é que a Organização que excluiu alguns indivíduos por falta de pagamento de quotas não deveria ter permitido que essa informação passassse para o domínio público!

No caso, quem excluiu foi o GOL (Grande Oriente Lusitano), a mais antiga Organização de tipo maçónico actualmente existente em Portugal, embora não internacionalmente reconhecida como detendo a Regularidade Maçónica.

O GOL existe desde há muitos anos, está perfeitamente organizado e a "passagem" desta informação para o exterior ou ocorreu por grosseira negligência - o que é grave!, - ou deliberadamente - o que é pior!

É um dos princípios básicos da Maçonaria o de que nenhum maçon expõe outro maçon, isto é, divulga publicamente a identidade de outro maçon, a não ser que o mesmo tenha, ele próprio, divulgado essa condição, ou que tenha já falecido.

No caso, o GOL, ou alguém no seu seio, cometeu uma grave infracção a esse princípio.

Nem mesmo o facto de se tratar de pessoas excluídas (e não expulsas: a expulsão ocorre por indignidade; a exclusão, por mera falta de cumprimento de obrigações, como a de pagar as quotas devidas; o elemento expulso não pode ser readmitido, salvo se previamente reabilitado; o excluído pode ser readmitido, se manifestar interesse nisso e regularizar o pagamento das quotas) justifica a divulgação: o maçon, ainda que excluído, continua a sê-lo e mantém o seu direito a não ver o seu nome divulgado como maçon, a não ser que ele próprio proceda a essa divulgação.

No caso concreto, acresce que a "passagem" da informação "cheira" a vingançazinha rasteira contra figuras públicas que, quiçá, se desinteressaram do GOL (eles lá saberão porquê...) e, por isso, decidiram deixar de pagar quotas e de se integrar em tal organização...

Pior ainda, verificou-se um "dano colateral" absolutamente grotesco: a divulgação da identidade de pessoas que terão solicitado a sua admissão como maçons e que terão visto esse propósito recusado pelo GOL. O GOL tem o direito de recusar quem muito bem entender; o que não tem é de divulgar que não aceitou A, B ou C. Ao fazê-lo, ou ao ter permitido que essa divulgação tivesse ocorrido, traiu o dever de reserva que se garante a quem pede para ser admitido maçon, isto é, traiu quem se quis juntar a si!

É por estas e por outras que, em Portugal, a única organização maçónica internacionalmente reconhecida como tal, isto é, como Regular, é a Grande Loja Legal de Portugal/GLRP...

É por estas e por outras que o rico e antigo GOL é internacionalmente considerado irregular, isto é, não reunindo as condições para ser considerado uma verdadeira Organização Maçónica.

Mais uma vez, infelizmente parece que, por aquelas bandas, não se pratica Maçonaria, antes se busca, e se faz, simplesmente, Política sob a capa de pseudo-maçonaria. E porque o que ali se faz e se busca é política é que se fazem jogadas políticas como a que resultou na notícia em causa...

Rui Bandeira

05 setembro 2006

Por Terras de Castelo Rodrigo - 2

O nosso querido blogueiro RBandeira postou sobre o passeio por "Terras de Castelo Rodrigo" no último fim de semana, que desagradávelmente coincidiu com o fim de férias...
Com a vénia devida ao RB venho complementar com algumas fotos, que Ele não tem (ainda), e que mostram alguns dos pormenores sobre os quais gostamos de "partir pedra", nomeadamente alguma da sinalética com que os operários marcavam os seus trabalhos e que serviam para a
medição do salário que lhes era devido.

Encontramos esta sinalética nas pedras do Mosteiro de Santa Maria de Aguiar (Torre das Águias como explica RB), que visitamos.

Nesta primeira foto nota-se nitidamente, um pouco à direita em relação ao meio da pedra central, uma gravação que podemos comparar com uma letra "p" manuscrita.

Claramente que o significado é outro, o de marcar o trabalho feito, espécie de assinatura identificativa do operário que o fez.

Na segunda foto a marca é bem diferente.
Nota-se mais ou menos a meio da imagem a gravação de uma marca, espécie de sinal "+" ou cruz com as pontas traçadas.

Foram operários diferentes que assentaram estas duas pedras do Templo e assim se distinguiam as suas identidades.

Outra imagem mostra que os Cavaleiros do Templo também passaram por Santa Maria de Aguiar deixando igualmente as suas marcas na pedra trabalhada.

O Convento sofreu obras de reabilitação há poucos anos pelo que se encontra, na generalidade, em muito bom estado de conservação o que, infelizmente, não é o mais vulgar.

JPSetúbal

Venerável Mestre


Este blogue, como repetidamente tenho frisado, destina-se a ser lido por maçons e por não maçons. Os maçons estão habituados a usar termos ou expressões cujo significado lhes é familiar, mas que pode ser de difícil ou impossível entendimento para quem não for maçon. Sempre que me apercebecer que pode ser esse o caso, procurarei inserir um texto que torne claro, para todos, o significado de palavra ou expressão utilizada.

No texto publicado ontem, é referido, a dado passo, o "Venerável Mestre". Será esta a primeira expressão a ser esclarecida.

Venerável Mestre é a designação dada ao membro que exerce a função de direcção dos trabalhos de uma Loja maçónica.

Na Loja Mestre Affonso Domingues, o Venerável Mestre é eleito, usualmente em Julho, e toma posse após a pausa para férias, que decorre sempre durante todo o mês de Agosto. Logo, e ressalvada a ocorrência de situações que imponham uma alteração pontual (doença, por exemplo), o Venerável Mestre eleito em Julho toma posse no decorrer do mês de Setembro subsequente. Isto dá-lhe tempo para escolher e convidar os membros da Loja que, durante o seu mandato, irão exercer as várias tarefas necessárias ao funcionamento de uma Loja maçónica. Com efeito, à excepção da função de Tesoureiro - cujo titular é eleito, por regra em simultâneo com o Venerável Mestre - todas as demais funções são exercidas por elementos escolhidos pelo Veneável Mestre eleito. Pretende-se assim garantir o funcionamento de uma equipa que seja, tanto quanto possível, coesa e, portanto, eficaz no exercício das suas tarefas.

O mandato do Venerável Mestre (e também o do Tesoureiro) é de um ano, de Setembro a Setembro, podendo o Venerável Mestre ser reeleito apenas uma vez (o Tesoureiro pode ser reeleito sem qualquer limitação). Assegura-se, assim, que a Loja não fique dependente da direcção de um dos seus membros, por muito influente, eficaz ou consensual que seja.

Na Loja Mestre Affonso Domingues, a prática tem sido a de o membro eleito para Venerável Mestre exercer um só mandato. Privilegia-se assim a rotatividade e a aplicação do princípio de que todo o elemento admitido na Loja tem capacidade para a dirigir, pelo que, a seu tempo, o fará.

Com a eleição de um membro para Venerável Mestre, a Loja delega-lhe o poder de direcção da mesma, quer em temos administrativos, quer em termos de direcção de reuniões, quer em termos de execução das deliberações tomadas.

A confiança que a Loja deposita no membro que elegeu para exercer a função de Venerável Mestre inclui a delegação de poder para, sempre que, sobre qualquer assunto em debate, não se verifique a existência de uma posição consensual, ser o Venerável Mestre quem assume a decisão, a qual deve, porém, ser ponderada, prudente e tendo em atenção as posições expostas. Essa decisão poderá, assim, ser a de opção por uma das posições expressas (normalmente, quando o Venerável Mestre verifica ser essa a posição largamente maioritária, ainda que não consensual), a opção por uma das posições expressas, alterada ou complementada parcialmente por contributos provenientes das outras (procurando-se atingir a melhor solução racionalmente possível) ou uma solução intermédia entre duas ou mais das posições expressas (normalmente quando se não forma uma maioria clara, procurando-se atingir uma solução em que, ainda que não totalmente, todos, ou quase, os elementos da Loja, se possam rever).

Na sequência da discussão de qualquer assunto, em que todos os Mestres maçons têm a oportunidade de se pronunciar, a decisão anunciada pelo Venerável Mestre, decorrente do seu prudente juízo sobre a vontade da Loja, assume o carácter de deliberação da Loja, que é então, sem mais discussão, aceite e executada pelos seus membros.

Durante o período do seu mandato, os poderes delegados ao membro da Loja eleito Venerável Mestre são, assim, consideráveis e devem ser exercidos com a Sabedoria e a Prudência que a tradição atribui a Salomão. Costumam, assim, os maçons dizer que o Venerável Mestre da Loja toma assento na Cadeira de Salomão.

A expressão "Venerável Mestre" decorre da adaptação da expressão inglesa "Worshipful Master". São expressões que se utilizam desde o século XVIII e que, embora nos dias de hoje, tenham uma aparência pomposa e deslocada do uso actual da língua, continuam a ser comummente utilizadas pelos maçons, sempre rigorosos na aplicação da Tradição e dos bons ensinamentos dos que nos precederam. Também noutas ocasiões, todos utilizam expressões que cairam em desuso no dia a dia: quem não dirigiu já a sua correspondência a um "Exmo. Senhor"?

Rui Bandeira

04 setembro 2006

Por terras de Castelo Rodrigo

Pormenor de torre do Castelo Rodrigo



No passado fim de semana, membros da Loja Mestre Affonso Domingues, entre os quais os colaboradores deste blogue JPSetúbal, PauloFR e Rui Bandeira, e respectivas famílias, no âmbito da actividade social da Loja, efectuaram uma visita à zona de Figueira de Castelo Rodrigo.

O programa da visita foi elaborado pelo Venerável Mestre da Loja, que fez questão de por este meio assinalar o termo do seu mandato, que se aproxima.

Visitou-se a barragem de Almofala, de onde se avista um fantástico panorama serrano, onde se enquadra a "Torre das Águias", antigo templo romano que terá albergado os primeiros então monges beneditinos, que vieram, depois de já terem aderido à Ordem de Cister, a construir o Mosteiro de Santa Maria de Aguiar, ponto seguinte da visita.

Ainda na manhã de Sábado, a comitiva dirigiu-se a Barca de Alva, . A meio do trajecto, fez uma paragem num miradouro, de onde se avista a paisagem de fronteira entre Portugal e Espanha, na zona onde o rio Douro entra no nosso País. A beleza da paisagem é indesmentível e similar em ambos os lados da fronteira, confirmando-se assim que para a Natureza não contam as divisões artificialmente criadas pelo Homem...

Na tarde de Sábado, visitou-se o Castelo Rodrigo e especialmente, dentro deste, a casa da Roza, construída sobre e encostada a rocha, aliás bem visível no seu interior, no piso térreo. Todos os visitantes se deslumbraram com as deliciosas soluções de disposição e decoração da casa, cujo recheio, de valor museológico, é demonstrativo do apurado gosto do seu proprietário. Uma verdadeira casa de maravilhas, cuja visita, por si só, valeu a viagem!

No Domingo, efectuaram-se breves visitas a Almeida e Ciudad Rodrigo, após o que toda a comitiva se dirigiu a uma localidade próxima desta cidade leonesa, apropriadamente chamada "Diosleguarde", pois aí todos se deliciaram com a especialidade da terra, o "Tostón", leitãozinho partido em pequenos bocados e confeccionado de maneira a comer e chorar por mais. Efectivamente, este petisco só merece um comentário: que "Diosleguarde"...

Foi um fim de semana e encerramento de férias de agradável convívio entre membros da Loja e respectivas famílias, apreciado por todos e, particularmente, pela criançada, que, toda junta, só por si fez a festa dentro da festa...

Maçonaria é também convívio e o desfrute, em ameno companheirismo, das belezas naturais e construídas pelo Homem.

Assim se encerraram as férias e, com as baterias bem carregadas, se regressa ao trabalho.

Rui Bandeira



Regresso de FÉRIAS !

Seus desgraçados que se empaturraram de doces, wisky, caipirinhas, grandes farras... e sabe-se lá mais o quê, durante as férias, agora andam para aí com uma data de "kilos" a mais e colestrol a subir...
Pois aqui vai uma sugestão de verdadeiro AMIGO !
Eu cá sou assim... Para AMIGOS, mãos rôtas.
Não me poupo e quero o melhor para Vocês todos !
Aqui vai para que possam recuperar das gorduras a mais... comam saladas, deixem-se de comezainas e de "vinhatainas".
Alimentos saudáveis, dentro do prazo de validade e devidamente embalados e certificados.
Saladas, meninos... saladas é que é bom !







JPSetúbal

31 agosto 2006

O aquecimento global é uma treta


Foi no blogue A Verdade da Mentira que li o artigo "O Pânico Climático, A política do medo", de Rui G. Moura, Engenheiro Mestrado em Climatologia, ali publicado em 1 de Agosto.

Este artigo é notável! O seu autor fala do que sabe e sabe do que fala. E demonstra, por A + B, que o propalado "aquecimento global" é uma treta, que, pelo contrário, nas últimas décadas a temperatura média do planeta diminuiu, não aumentou, que o chamado "efeito de estufa" não causa, ao contrário do que por aí se propala, o dito aquecimento, que as temperaturas numa determinada zona do globo - incluindo as sufocantes temperaturas deste Verão - são causadas por outros factores, que estes são naturais e bem conhecidos dos especialistas no clima, que a fusão do gelo nas calotas polares não passa de um mito, enfim que toda a propaganda acerca do aquecimento global não passa de uma treta!

Não estou, obviamente, preparado para emitir um juízo crítico sobre a tese. Mas parece-me bem fundamentada e, sobretudo, corajosa, na medida em que, com argumentos exclusivamente científicos, se opõe à tese que agora está na moda. Desmonta-a com lógica e serenidade. Enfim, trata-se de alguém que manifestamente sabe do que escreve.

Rui G. Moura desenvolve e demonstra a sua tese, com maior pormenorização e com mais elementos no seu excelente blogue MITOS CLIMÁTICOS .

Vale - e muito! - a pena ler!

Cá por mim, os elementos fornecidos levam-me a concordar com Rui G. Moura e, portanto, a acreditar que, ao contrário do peixe que nos vêm vendendo, essa história do aquecimento global afinal está mal contada e que aquilo não passa de uma treta.

E agora deixem-me ir beber um copo de água fresquinha que, mesmo a esta hora, está um calor de ananazes! Mas também se não fizer calor no Verão, quando é que faz?

Rui Bandeira

30 agosto 2006

A Ilha do Maçon


No Estado da Louisiana, a 107 Km a Leste de New Orleans, integrada no condado de Saint Bernard, situa-se a Freemason Island. a ilha mais ao Sul das "back islands" do arquipélago Chandeleur.

É uma pequena ilha - aliás reduzida em 2004, em consequência do furacão Ivan - mas, para quem puder, é uma curiosidade visitá-la.


Rui Bandeira

29 agosto 2006

MAIS INVESTIGAÇÃO GENUINAMENTE PORTUGUESA

(Publicado em revista do Hospital Egas Moniz)

Doentes traumatizados da medula espinal
Transplantes autólogos de mucosa olfactiva

O projecto do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (CHLO) “Transplantes autólogos de mucosa olfactiva em doentes traumatizados da medula espinal” obteve mais uma importante realização, a publicação do primeiro artigo de investigação original sobre os resultados dos doentes operados, no número de Junho da revista internacional com “peer review”, o The Journal of Spinal Cord Medicine, órgão oficial da American Paraplegia Society.
São autores do trabalho intitulado “Olfactory Mucosa Autografs in Spinal Cord Injury: a Pilot Clinical Study” os Drs. Carlos Lima, Pratas Vital, Pedro Escada, Hasse Ferreira, Clara Capucho e Jean Peduzzi. O Dr. Carlos Lima, neurologista e neuropatologista, é o coordenador do estudo. O Prof. Pratas Vital e o Dr. Hasse Ferreira são os neurocirurgiões e o Dr. Pedro Escada e a Dra. Clara Capucho os otor­rinolaringologistas que participam nas operações. A Professora Jean Peduzzi pertence ao Departamento de Anatomia e Biologia Celular da Wayne State University Medical School, Detroit, Michigan.
Recorde-se que o CHLO (através do Hospital de Egas Moniz) já tinha recebido em 2005, das mãos do actual Ministro da Saúde, Dr. António Correia de Campos, o prémio “Hospital do Futuro”, na categoria de “Serviço Público” pelo mesmo projecto.
O estudo acima mencionado é o primeiro ensaio clínico realizado a nível mundial em seres humanos, que explora o potencial terapêutico dos autotransplantes da mucosa olfactiva colhida das fossas nasais, no tratamento dos doentes com lesão traumática da medula espinal.
A noção de que os axónios do sistema nervoso central não são capazes de regenerar após secção tem vindo a ser questionada nas últimas décadas por estudos em experimentação animal, nos quais diferentes tipos de células foram transplantados para o local da lesão. As células olfactivas provaram ser as mais promissoras, abrindo a possibilidade de se considerarem aplicações clínicas, baseadas na sua utilização, em seres humanos com lesão traumática da medula espinal.
Estes doentes representam um problema médico importante, devido à elevada morbilidade associada à sua condição de paraplégicos ou tetraplégicos. A incapacidade funcional inerente à sua condição neurológica reflecte-se também nos aspectos familiares, profissionais e económicos da sua vivência, constituindo por isso um problema importante de saúde pública.
Jean Peduzzi
Hasse Ferreira
Carlos Lima, Pedro Escada, Clara Capucho, Pratas Vital

A validação deste trabalho é um passo muito importante para o reconhecimento científico internacional da ideia original e da técnica concebida e desenvolvida pelos investigadores portugueses do CHLO

A possibilidade de melhorar a sua função neurológica reflectir-se-á, necessariamente, em todos estes aspectos.
O aspecto mais inovador deste trabalho é a utilização de um transplante autólogo (autotrans­plante) de mucosa olfactiva, em vez de células que foram cultivadas e manipuladas em laboratório. Um dos aspectos mais importantes da técnica utilizada resulta da utilização de células que são colhidas das fossas nasais do próprio indivíduo adulto. Assim, elimina-se a necessidade de imunossupressão, uma vez que o tecido utilizado é do próprio hospedeiro e ultrapassam-se considerações éticas que seriam pertinentes se a origem das células fosse intracraniana ou se utilizassem células estaminais de origem embrionária.
Os objectivos principais do estudo agora publicado, e que ficaram assim demonstrados, foram a comprovação da exequibilidade e segurança do transplante de células olfactivas para a medula espinal. Adicionalmente, verificaram-se melhorias significativas nos défices motores, nos défices sensitivos e no controle dos esfíncteres vesical e anal dos doentes operados. O estudo, descrevendo os resultados dos primeiros sete doentes operados, é suficientemente encorajador para estimular a continuação dos estudos em prossecução e o desenvolvimento de estudos com um design semelhante ao estudo pioneiro do CHLO. De facto, já hoje outros centros na Europa (Grécia) e no resto do Mundo (Colômbia, Arábia Saudita) iniciaram estudos experimentais com um design semelhante, sob a orientação dos médicos envolvidos no estudo do CHLO. Outros países, como a Índia, o Japão e a Nova Zelândia estão já também numa fase de preparação para a realização destas operações.
Recorde-se que o projecto, desde o início, contou com patrocínio empenhado da Direcção Clínica e do Conselho de Administração do Hospital de Egas Moniz e, actualmente, do CHLO. O reconhe­cimento e a validação deste trabalho pela comissão editorial e pelo trabalho de “peer review” da revista médica acima mencionada são um passo muito importante para o reconhe­cimento científico internacional da ideia original e da técnica concebida e desenvolvida pelos investigadores portugueses do CHLO.

JPSetúbal

2 MOMENTOS PORTUGUESES 2

REVOLUÇÃO NA ENERGIA SOLAR

Vem no Suplemento de Economia do último “Expresso”.
Conforme alguma “pedra partida” há pouco tempo, por aqui, deixa-me satisfeito ter a confirmação de que as coisas estão a mexer para o lado das alternativas (falo de energias, claro!).
Como defendo há muito tempo há quem aposte, e bem, no desenvolvimento das chamadas novas energias que realmente não são nem mais nem menos, do que as energias originais do Universo.
Vejam só há quanto tempo elas são as “novas energias”...
Neste artigo fala-se do desenvolvimento de placas fotovoltaicas que utilizam materiais diferentes dos usados anteriormente, mais baratos e com melhor aproveitamento da energia captada.

Aposto que também nos casos das energias eólica e das marés os processos então em movimento, e ainda bem.


DESPORTO x FUTEBOL

Já atentaram bem na “coutada do futebol” ?
Não, não é o “coitado do futebol”, é mesmo a “coutada do futebol” !
É verdade, é uma “coutada” propriedade dos sócios “Liga & Federação” que, tal como as de caça, tem uma área grande de flora, “mono-casta”, constituida apenas por “loureiros” que se multiplicam a olhos vistos entre os quais se criam ninhadas de “pintos”, às dúzias.
É vê-los multiplicarem-se...
Nesta coutada, tanto a caça com o abate de plantas estão completamente fora de causa, vá-se lá saber porquê, o que provoca uma infestação geral do desporto português.
É que nem o fogo entra nesta floresta, nem a gripe quer nada com estas aves.
É preciso ter azar !

JPSetúbal

Subsidios Agricolas - retomando o tema

Aqui há uns tempos escrevi sobre os subsídios dados à Agricultura.

Um distinto leitor, e permitam o aparte - para um novel escritor de blogs como eu, aliás novel escritor de blogs ou mesmo de outra coisa qualquer, é uma sensação simpática saber que sou lido.

Dizia eu um distinto leitor escreveu um comentário apoiando a minha visão, e um outro não menos distinto leitor um comentário com opinião diversa.

Sabe quem me conhece, que gosto de dizer coisas que causem polémica e que gosto de uma boa discussão.Sobretudo digo o que penso, e por isso respeito quem diz o que pensa.

Mas voltando ao comentário assinado por HCORTES leitor anónimo e que não faço a menor ideia quem seja.
Quero evidentemente agradecer o trabalho de me ter lido e o trabalho de me ter respondido.
Bem, responder responder não o fez. Respondeu ao lado manifestando uma série de outras preocupações, mais Zoológicas que agrícolas.

Mas não faz mal.

Caro amigo, creio que não entendeu bem o que escrevi, ou se entendeu quis dizer de sua justiça (o que acho muito bem) e a única forma era comentar o Post.

Posta esta introdução, volto hoje ao tema da agricultura, para em parte responder ao meu comentador e para desenvolver o tema.

A PAC e a reforma da PAC - Politica Agricola Comum - afectou Portugal mas também a Grécia, a Espanha, a França, a Alemanha, a Itália ........
Sem ir mais longe, passemos a fronteira para a vizinha Espanha

Os nossos vizinhos receberam os Fundos da CEE e agora da UE e o que fizeram?

Pensaram! E pensar faz falta!

E perceberam que esses dinheiros eram muito melhor empregues se fossem usados para investir em modelos de produção rentáveis. Hoje exportam os seus produtos agrícolas para a Europa inteira - incluindo Portugal.

"FRESA DE LEPE" ; " NARANJA DE ANDALUCIA"; " ACEITUNAS DE SEVILLA".

Pensar que as Fresas são melhores que os Morangos ou que as Naranjas são melhores que as Laranjas ou que as de Sevilha são melhores que as Elvas.

Na verdade são e não são.

No sabor na qualidade o mais provável é não serem melhores que as Nossas PORTUGUESAS.
Mas na performance de mercado estão a Anos Luz.
Eles vendem e nós não.
Vendem porque perceberam que os fundos europeus eram para Investir.

E nós? Também recebemos os fundos. Mas achámos que era o Maná dos Céus, e que quando aquele acabasse havia mais. E por isso, o melhor é gastar enquanto há e depois logo se vê.

O que se esqueceram foi de ir ler a Bíblia e perceber o que era o Maná dos Céus, e para quem não sabe era mais ou menos assim:
Deus providenciava o suficiente para o sustento de cada pessoa, e cada pessoa apanhava apenas o que precisava para esse dia. Se tentasse guardar para o dia seguinte, tudo o que guardasse estragava-se.
Quando não foi mais necessário o Maná, porque o povo já tinha formas de produzir, Deus parou a dadiva.

A título de exemplo de mentalidades aqui vai uma historia.

A minha avó era de educação espanhola e apesar de ter vivido em Portugal mais de 60 anos nunca falou bem português. Um dia cheguei a casa cansado e preocupado e libertei um AI ! AI ! . A Senhora já de idade muito avançada respondeu :

“ Si Hay guarda para cuando no Hay ! “

A mentalidade de viver hoje e amanha logo se vê, fez com que a agricultura que hoje existe neste País seja absolutamente marginal.

Com o risco de cometer algumas imprecisões, deixo aqui uns números.

A Produção de Trigo forrageiro em Portugal é suficiente para abastecer o consumo português durante 6 a 8 semanas. O Gado pode viver do ar nas restantes 44 a 46.

A Produção de Trigo de Moagem (qualidade para pão) é uma Miragem.

A Produção de Milho abastece o mercado em cerca de 3 a 4 meses, os demais podemos comer pipocas importadas.

Uma grande parte do Azeite que consumimos é Made in SPAIN.

Evidentemente que o nosso gado, e a nossa produção animal, e mesmo nós os humanos temos que comer todos os dias, e por isso não nos sobra outra alternativa que a de comprar estes produtos básicos no estrangeiro. E Pasmem se quiserem, mas trazer Milho do outro lado do Atlântico ( USA ou Argentina ) é muitas vezes mais barato que produzi-lo em Portugal, só que há que pagar uns direitos aduaneiros ( outra perversão ao Mercado) para que fique com um custo nivelado.

Quanto aos hortícolas basta ir aos supermercados e perceber que na generalidade as frutas e os legumes são importados ( não sabem a nada mas são bonitos)

E por aí a fora.

Hoje por acaso o Ministro da Agricultura veio anunciar as produções de Trigo Forrageiro e de Milho e os números que estão acima (escritos há já algum tempo) estão perfeitamente consonantes.

Ora face ao acima, e à insistência dos agentes agrícolas em insistir em subsídios, reafirmo o que já tinha escrito.

Dar subsídios à agricultura portuguesa serve apenas para continuarmos com a noção dos anos 40 e 50 (do Séc. XX) que somos uma potência agrícola, quando na verdade somos uma impotência de pensamento.

Mas admito que alguns subsectores merecem uma ajuda, e falo especificamente do sector vinícola, que tem progredido tecnologicamente e que actualmente é tão bom quanto o francês ou italiano.

Imaginem o que poderia ser se os subsídios fossem canalizados para a Enologia, com a criação de escolas e a continuação de investimento em estruturas produtivas modernas e num marketing internacional em maior escala.

Aí sim haveria retorno económico ao subsídio.

Agora Subsídio porque chove, ou porque não chove, ou porque nem chove nem seca, ou porque ….. isso é que não.

JoseSR

Curiosidades Maçónicas

O Nosso amigo e " co-blogueiro" Rui Bandeira tem trazido aqui uma serie de curiosidades maçónicas.

Acho que é um tema interessante e decidi (sei que ele não se importa) pegar no dito tema e pesquisar a net para trazer aqui as que encontrasse.

E hoje encontrei um Curso de Caça promovido por uma Loja Maçónica. Se quiserem ainda vão a tempo de se inscreverem, bastando para tal ir ao seguinte site:

Hunter Education Course

Procurando mais um pouco encontrei uma carta dirigida às mulheres dos Maçons. Esta Carta tem a particularidade de explicar um pouco o que é a Maçonaria, mas sobretudo o objectivo de fazer com que as familias ( via a mulher) se sintam parte da Fraternidade.

Mason's Lady


JoseSR

28 agosto 2006

Vinhos maçónicos


A Grande Loja da Pensilvânia está a comercializar um vinho branco de 2004 com a marca Jachin, um vinho tinto do mesmo ano com a marca Boaz, cada um deles ao preço de 9,99 dólares a garrafa, e ainda um vinho de castas italianas do ano de 2002, ao preço de 14,99 dólares a garrafa, com a marca Regius Master's Blend.

Do preço de cada garrafa, um dólar destina-se a ser entregue a um programa de solidariedade.

Mais informações e possibilidade de encomendar aqui.

Rui Bandeira

24 agosto 2006

Celulas Estaminais

E para mim é A noticia do dia.

Confirmando-se que de facto o Laboratorio Americano " Advanced Cell Technology" conseguiu o que diz ter conseguido e que é a produção de células estaminais a partir uma só celula de embrião, permitindo assim que o embrião continue viável, esta é e repito

A Noticia do Dia

vai ainda demorar tempo até que se tire proveito desta nova tecnologia, mas abre-se aqui uma janela de oportunidade para a Medicina e para a eventual cura de um sem numero de maleitas que nos vêm afligindo.

Vale por agora o alento que tal noticia dá.

JoseSR

Camara de Setubal - a afirmação da genuinidade do produto

A proposito da renuncia de Mandato do Pres. Camara de Setubal, e num artigo na TSF online o Sec. Geral do PCP é citado como tendo dito que " havia a necessidade de novas energias e dinamicas".

Novas energias e dinamicas podem acho eu ser interpretadas como REGENERAÇÃO e vai daí não resisti em a colocar num anagrama e concluir facilmente que nos ultimos 30 anos nada mudou no PCP ( continua a ser o produto genuino), vejamos

A mudança em Setubal no fundo foi feita

Para
Regenerar
Esta
Camara

Ainda bem que há sectores da vida publica que nunca mudam, porque assim pelo menos sabemos o que podemos contar.

JoseSR

O Trambolhão de Plutão

Hoje no site da TSF está a seguinte noticia:

"Plutão perde estatuto de planeta
A Assembleia-geral da União Astronómica Internacional (IAU) decidiu esta quinta-feira, em Praga, retirar a Plutão o seu estatuto de planeta, passando assim a oito o número oficial de planetas do sistema solar
."

É assim o progresso cientifico. Melhoram os telescopios e os metodos de sondar o insondável, encontram-se formas cientificas de demonstrar novas verdades e aqui vai disto.

Demite-se o Plutão, que grande malandro estes anos todos a viver de louros que não lhe pertenciam.

De Planeta a outra coisa qualquer, talvez Lua ou Asteroide ou bola pendurada no modelo.

Mas da fama de Penetra é que já não se livra. Tantos anos e tanta gentinha enganada a ter que memorizar os Planetas do nosso sistema solar.

Eu é que não me lembro se alguma vez tive que responder num exame sobre este assunto, mas se tive e me esqueci do Plutão e por isso a minha nota foi mais baixa, acho que vou pedir revisão da nota.

Fico apenas feliz porque esta decisão não vai permitir que os manuais escolares sejam corrigidos a tempo do novo ano escolar, e por isso os meninos ainda vao lá ter o Plutão ( mas pronto basta só dizer aos meninos que o este é um Pluto - da Disney - mas maior ).

Quanto aos Srs. Astronomos que determinaram o fim do Plutão, para serem coerentes deviam decretar medidas penalizadoras ao dito como seja uma indeminização por "Burla ", ou será que é ao contrario e o pobre do Plutão que nem queria ser planeta foi enganado pelos astronomos ....

Com esta duvida existencial vos deixo até ao próximo Post ( que espero nao mude de nome daqui até lá)

JoseSR

23 agosto 2006

Até um dia destes

Em Junho quando escrevi sobre Medula e dação da mesma, mencionei um colega de trabalho.

Ontem ele morreu.

Tinha conseguido o seu transplante, com medula de um familiar, mas nao foi suficiente. Se nao tivesse feito o transplante o desfecho seria o mesmo ( talvez ha mais tempo).

O transplante não sendo a garantia de cura, é pelo menos mais uma hipotese de vida.

Este episodio, reforça a minha determinação para que cada vez MAIS de entre os que precisam tenham a sua chance.

Até um dia destes .....


JoseSr

22 agosto 2006

Para os que estão ou vão de férias ao Brasil

Queridos Amigões, estou de volta... (!) e já deu para encontrar uma curiosidade que Vos
transcrevo, a partir do sítio brasileiro "Pagina 20 on line"

Aldyr Júnior (E) e Antônio Borges

são os promotores do evento

Maçons promovem Festival de Chopp
Objetivo é arrecadar fundos para obras do templo maçônico e de uma escola profissionalizante
Aldyr Júnior (E) e Antônio Borges são os promotores do evento
Renata Brasileiro


Seis mil litros de chope serão distribuídos pela Maçonaria “Glória do Ocidente” em um festival beneficente que visa a conclusão das obras do templo maçônico e o início da construção de uma escola profissionalizante para os membros do grupo.
Para participar do evento, os interessados devem comprar uma caneca no valor de R$ 20 e, assim, terá acesso livre à Associação dos Empregados da Eletroacre (ASEEL), onde a grande quantidade de chope deverá ser consumida. Segundo os organizadores, não existe limite de consumo, todos poderão beber a quantidade que desejarem, desde que apresentem a caneca – que representa o ingresso – na entrada do clube.
Para acompanhar a bebida, os organizadores confirmaram a comercialização de comidas típicas regionais no ambiente. E para completar a festa, os participantes desfrutarão de sons ao vivo com as bandas locais Terreirão do Samba, Fora de Sério e Pura Inocência. Abrilhantará o evento ainda o cantor e compositor carioca Nego, que é puxador de samba de enredo da Escola de Samba Império Serrano, do Rio de Janeiro.
“Essa é a terceira vez que o festival é realizado pela nossa loja maçônica. O evento é um grande sucesso e estamos com boas expectativas para esta nova edição”, destacou o mestre da loja “Glória sobre Rio Branco”, Antonio Borges de Oliveira.
As canecas estão à venda na Pejon, na Aseel, no Calçadão e no Terminal Urbano de Rio Branco. A terceira edição da festa começa às 15 horas e se estenderá até às 21 horas do dia 2 de setembro.
Segundo Oliveira, o chope será da marca Schincariol. Ele reforçou ainda que a expectativa é que o grupo consiga angariar o máximo de recursos possível para que as obras da loja maçônica, que é a prioridade, sejam concluídas ainda este ano. A loja está sendo construída na rua Liberdade, número 36, bairro Mariana.


Portanto, para os que estão de férias "brasileiras" (ou vão estar...) aqui fica uma sugestão, tragam uma canequinha, tem piada e ajuda os Manos.
Um conselho, bebam o "chopp" com conta, peso e medida ou seja, de forma justa e perfeita.

JPSetúbal

A Co-Incineração e o Caciquismo Local

Ora aqui vai mais uma.

A Camara Municipal de Coimbra no exercicio dos poderes que lhe estão atribuidos aprovou uma Postura Municipal a regulamentar o direito de circulação de matérias e materiais perigosos na freguesia de Souselas.

Acho muito bem que as Camaras Municipais emitam Posturas e outras directivas, e que sejam empenhadas na gestão dos seus municipios e que zelem pelo interesse dos Municipes.

Mas sou franco esta Postura ( o documento) e a postura ( atitude) eu não entendo.

Na verdade o que é regulamentado é que só dentro da freguesia de Souselas é que os Materiais e Matérias são perigosos. Nas outras freguesias do Concelho não.

Bizarra esta forma "cientifico-legal" de determinar a perigosidade das coisas !

Eu cá se fosse da freguesia ao lado da de Souselas, barrava a estrada, fazia greve e invectivava o Sr. Presidente da Camara por acto discriminatorio.

Este o primeiro "pecado" da dita postura.

As verdadeiras razões todos sabemos que são politicas e que o que C. M. Coimbra está a querer fazer é oposição ao Governo. Acho que o está a fazer apenas por dever politico.

Dediquei uns minutos a pesquisar a NET e facilmente encontrei as directivas e normas Europeias e apenas por curiosidade a respectiva transposiçao ( da directiva) para a vida real na Escócia.

http://www.eurits.org/pages/coincineration.asp

http://www.scotland.gov.uk/Publications/2002/08/15285/10401

A Directiva é de 2000 a Escocia transpos em 2002.

Nós em Portugal somos muito melhores, o Governo de Guterres estudou o assunto e Decidiu, o Governo de Barroso (e o desgoverno de Santana Lopes) arrumou o assunto na gaveta, vem agora Sócrates e retoma o assunto.

E a seguir vem um Presidente da Camara com uma Postura ( discriminatoria ) e tenta parar o processo.

E o de Setubal só nao fez a mesma coisa porque anda muito ocupado com outros problemas de reformas de pessoal etc, que lhe vao custar a reforma a ele.

E com isto estamos em 2006 ( quase 2007) e ainda nao fizemos nada. Continuamos a deixar que se acumulem lixos e desperdicios, ou a pagar a terceiros no estrangeiro para fazerem o que nós não fazemos.

Para a Camara Municipal de Coimbra a Co-incineração desde que fora do Municipio, ou no estrangeiro é um bom metodo.....

Como pode este País progredir se mentes brilhantes se dedicam a encontrar formas de meter areia na engrenagem.

Eu cá se mandasse, despedia todos esses "caciques" que pensam que podem manietar o País, e na leva incluia também o Alberto João !!!

JoseSR

Salvé 21 de Agosto !



DIA DE ANOS

Com que então caiu na asneira
de fazer na quinta-feira
vinte e seis anos! Que tolo!
Ainda se os desfizesse...
Mas fazê-los não parece
de quem tem muito miolo!
Não sei quem foi que me disse
que fez a mesma tolice,
aqui o ano passado...
Agora, o que vem, aposto,
como lhe tomou o gosto,
que faz o mesmo. Coitado!
Não faça tal; porque os anos
que nos trazem? Desenganos
que fazem a gente velho;
faça outra coisa; que, em suma,
não fazer coisa nenhuma,
também lhe não aconselho.
Mas anos, não caia nessa!
Olhe que a gente começa
às vezes por brincadeira,
mas depois, se se habitua,
já não tem vontade sua,
e fá-los, queira ou não queira!
João de Deus
Querido Irmão RBandeira, só não tenho a certeza de que sejam "vinte e seis..." nem que seja "quinta-feira" como diz o Poeta, mas para o caso tanto faz.
Todos os Teus Irmãos se juntam para Te homenagear, mesmo os que não sabem..., tenho a certeza !
E para o ano haverá mais, então com maior oportunidade com a referência aos "26"...
JPSetúbal

21 agosto 2006

A Carris e a Electronica

Hoje um dos titulos da imprensa é que a Carris vai abandonar em definitivo os bilhetes em suporte papel e passar a usar um sistema de bilhética electronica.

Há muito que que já não havia Revisor e que os bilhetes não eram furados assinalando a zona de entrada e a zona de saída.

http://bilhetes.no.sapo.pt/carris.htm

( uma pagina fascinante com fotos de todos os bilhetes da Carris - desde sempre )


Há muito que já só havia uma máquina obliteradora e que os "modulos" se chamavam BUC - Bilhete Unico de Coroa ( eu acho que deviam ser Bilhete de Coroa Unica mas a lingua portuguesa é muito traiçoeira ....!!!! ).

E Agora pomposamente passa a haver o cartão " Sete Colinas" que custa 50 cent, e é recarregavel e reutilizavel.

Assim é só passar o cartão na maquina que esta bordo e o passageiro está apto a andar UMA HORA em qualquer transporte da Carris, até o conceito de ZONA e de COROA UNICA acaba.

Por curiosidade simulei no site da Carris um percurso da Praça do Comercio até Telheiras e o tempo de viagem indicado é de 56 Min.

Que acontece se houver um engarrafamento e passar a ser mais que uma hora ? Será que o bom do viajante tem que ir passar o seu cartanito na máquina e comprar mais uma horita de viagem. ?

E no caso do dito viajante morar no Lumiar e lhe apetecer um Pastel de Belém - situaçao que requer um percurso de 81 Min ?

Estas coisas da electronica são muito boas, mas têm que ser muito bem pensadas !!!


Com estas reflexões de "grande profundidade", vos deixo até uma proxima oportunidade

JoseSR

20 agosto 2006

A ama e o Advogado


Há dias, o "Correio da Manhã" titulava, com as letras garrafais que costuma usar na primeira página, que as amas pagaram mais IRS que os advogados.
Está-se mesmo a ver que este tipo de título é de molde a germinar no cidadão comum, qual pavloniano reflexo, o pensamento de que "lá andam os malandros dos advogados a fugir ao fisco, até pagam menos do que as coitadas das amas".
Este título é factualmente verdadeiro e realmente falso! Vamos então esclarecer este aparente paradoxo...
É verdade que, EM TERMOS MÉDIOS, isto é, dividindo-se o total de imposto que os contribuintes com a categoria económica "amas" pagaram há dois anos pelo número "X" de "amas", o quociente obtido é superior a idêntica divisão entre o total de imposto pago por todos os contribuintes da categoria económica "advogados" e o número "Y" desses contribuintes.
Mas tal é uma ilusão estatística! Não nos esqueçamos que a estatística é aquela ciência que nos diz que, se eu comer um frango e o leitor nada comer, cada um de nós comeu meio frango...
Quatro factores contribuem para a ilusão estatística de a D. Maria, carinhosa ama do Algueirão, alegadamente pagar mais IRS que eu, obscuro advogado em Lisboa.
O primeiro factor respeita às diferentes características dos universos estatísticos "amas" e "advogados".
As amas, recebendo remuneração da Segurança Social, estão limitadas a um número máximo de crianças a cargo, salvo erro, quatro. Os seus proventos estão tabelados, ou seja, cada ama recebe uma determinada quantia por cada criança de que toma conta. Existe, assim, um relativo nivelamento de rendimentos na categoria estatística "amas", isto é, o rendimento da generalidade delas não se afasta demasiado da média total.
Pelo contrário, dos mais de 20.000 advogados inscritos no fisco, a maioria esmagadora (diria que dois terços) ou são estagiários ou jovens advogados em início de carreira, dependendo quase exclusivamente dos representados através do apoio judiciário, de que recebem parcos proventos, ou são aquilo a que eu chamo "advogados de fim de tarde", isto é, tendo o seu emprego como assalariados (em bancos, seguradoras, outras empresas), muitas vezes nem sequer exercendo funções jurídicas, e tendo uns "biscates" para arredondar os seus ordenados. É óbvio que a minoria de Advogados que só são Advogados aufere remunerações DA PROFISSÃO superiores à desta imensa maioria. Mas, estatisticamente, o que resulta é que os impostos, evidentemente mais altos, pagos pela minoria profissional exclusiva são diluídos na média feita com o que é pago pela imensa maioria que ainda não vive da advocacia ou que só marginalmente dela recebe proventos. Tão diluídos que a média até é inferior à média das amas...
O segundo factor resulta do efeito de distorção que resulta do sistema das diferentes categorias de rendimentos: o trabalhador por conta de outrem, a generalidade dos casos, aquele que trabalha vinculado por contrato de trabalho, vê os rendimentos do seu trabalho classificados na categoria A; os profissionais liberais, os prestadores de serviços, vêem os seus rendimentos classificados na categoria B.
As amas não têm contrato de trabalho com a Segurança Social ou com quem lhes confia as crianças; prestam serviços de cuidado e guarda de crianças: os seus rendimentos entram na categoria B. Todos os Advogados se inscrevem no fisco como tal e os seus rendimentos, por regra, entram também na categoria B. Mas TODOS OS ADVOGADOS QUE TÊM CONTRATO DE TRABALHO COM EMPRESAS, INCLUINDO OS ASSALARIADOS DAS SOCIEDADES DE ADVOGADOS, recebem um salário: esse rendimento é classificado na categoria A; só os proventos que auferem fora dessa relação laboral entram na categoria B.
Pois bem: a estatística é feita relativamente a rendimentos da categoria B e só esses! Resultado: todos os rendimentos das amas são considerados para a divisão acima referida; só parte - em relação a muitos só uma pequena parte - dos rendimentos dos Advogados se insere na categoria B, fazendo com que o total de rendimentos dessa categoria B, dividido pelo total de Advogados dê um resultado inferior a idêntica operação com as amas...
Terceiro factor: os custos. As amas têm poucos custos que possam repercutir como tal na sua declaração de IRS. Eu, só para manter em funcionamento o meu escritório, em custos com salários, Segurança Social, instalações, energia, transportes e telecomunicações, tenho um custo médio mensal de 6.000 euros, isto é, 72.000 euros anuais. É óbvio que todo este custo é abatido ao meu rendimento bruto, para efeitos de IRS...
Quarto factor: a capacidade de optimização fiscal. Todos os contribuintes podem deduzir como custos as despesas que necessariamente efectuam para obtenção das receitas. O fisco considera, por exemplo, que, relativamente às profissões em que existe necessidade de deslocações em automóvel próprio - como é o caso dos Advogados - metade das despesas com o automóvel pode ser considerada como custo e, assim, abatida às receitas. Mas duvido que as amas tenham a percepção de que, se receberem em sua casa, das 8 às 20 horas, crianças, os gastos que têm em electricidade também são imputáveis em metade à sua actividade, bem como do gás, bem como da renda de sua casa... Duvido que as amas consigam a optimização fiscal a que têm direito, por falta de informação nesse sentido. Informação que facilmente obteriam consultando um Advogado...
Eis como, sendo verdade que, em média, as amas pagaram mais IRS que os Advogados, não é, de modo nenhum, verdade que a carinhosa D. Maria, ama no Algueirão, pague mais, ou sequer, um montante próximo, de IRS que eu, obscuro Advogado em Lisboa, mas Advogado a tempo inteiro, e tendo todas as suas receitas na categoria B, pago, mesmo atendendo aos custos de actividade e à optimização fiscal.
Para que conste...
Rui Bandeira

16 agosto 2006

Avioes e Segurança

Nos dias que passaram Londres e o resto da Europa entraram num frenesim de segurança nos aeroportos.

As razões são mais que justificadas, a descoberta pela policia Inglesa de um atentado em preparaçao.

Vai o proverbio e diz " Casa Roubada Trancas à Porta ".

E foi o que esta gente fez. Todos vimos os resultados. Horas infindaveis de espera, vistorias aos pertences, exageros no rigor.

O mesmo aconteceu depois do 11 de Setembro, e passado alguns meses voltou tudo ao normal.

Pergunto-me para que serve este exagero se daqui a uns meses está tudo " relaxado" como antes.

Os terroristas se forem espertos, só precisam de esperar que passe este alarmismo e depois com calma fazerem o seu atentado.

Uma companhia aerea, a ELAL, tem um sistema de segurança montado desde a decada de 60.

Quem já viajou sabe que é preciso chegar muito mais cedo, que cada passageiro é interrogado por um funcionario da companhia que só faz isso, que se for preciso abrem as malas mesmo as que vao para o porão, etc.

Estes, os da ELAL, ja perceberam que a luta contra o terrorismo é interminavel e que no dia em que estivermos distraidos sofremos um ataque.

As demais companhias, sempre e só por razoes financeiras, não implementam sistemas de segurança.

Como curiosidade depois do 11/09 quando todas as companhias aereas tinham taxas de desistencia de passageiros, a ELAL tinha lista de espera para todos os voos.

Alguma coisa quer dizer.


Abraços

JoséSR

11 agosto 2006

WAM

Wolfgang Amadeus Mozart - W A M

As iniciais podem ser lidas sem qualquer problema da direita para a esquerda ou invertendo ( pondo de cabeça para baixo - vá la toca a virar os monitores ao contrario).


Se escolhermos o tipo de Letra Webdings fica

W A M Som Engenho Vulcao

Eu cá nao percebo nada de simbologia.

Se algum de voces perceber venha a explicação !!!

Abraço


JoseSR


P.S este é o Post numero 100 !!!

Rainha da Noite - F M WAM

Navegando encontrei nos meus favoritos ( fruto de pesquisa anterior ja esquecida) o seguinte site:
http://www.mozartforum.com/index.htm

E nele os seguintes links para a aria da Rainha da Noite.

Estes links têm a particularidade de nos darem versões cantadas por rapazes de 12 a 14 anos.

Vale a pena perder uns minutos.

http://www.youtube.com/watch?v=F9ijwfRTv0o


http://martin.alaskaroad.com/boychoir.htm
Der Hölle RacheW. A. Mozart - Die ZauberflöteClint Van Der Linde - Soloist

Abraços

JoseSR

10 agosto 2006

A morte de Hiram em leilão no e-bay


Dou prioridade à colocação deste texto, por só ser oportuno, para quem se interessar, até pouco mais das 14 horas (hora da Bélgica - 13 horas em Portugal) do próximo dia 15 de Agosto.

Está em leilão no e-bay da Bélgica uma 1.ª edição de uma obra de banda desenhada intitulada "La Mort d'Hiram". É da autoria de Willy Vassaux (desenhos) e Jean-Marie Parent (argumento) e tem 54 páginas.

O seu argumento é anunciado no e-bay da seguinte forma:

Le meurtre du Maître Architecte Hiram est à l'image des persécutions et du trépas moral qu'éprouve l'homme de génie, frappé par les trois fléaux qui, communément, désolent la terre : l'envie, l'hypocrisie et la cupidité...

Até ao momento em que escrevo este texto, a maior oferta são 36 Euros. Ao lance vencedor, acrescem os portes de envio que, para a Europa, excepto Bélgica, são 5,95 euros (correio normal) ou 8,10 euros (correio prioritário). O pagamento pode ser feito através de PayPal (espécie de MBNet, podendo ser aberta conta imediatamente antes do pagamento) ou por transferência bancária.

O leilão encerra dia 15 de Agosto às 13 h, 42 m 45 s (hora portuguesa).

Mais detalhes en ebay.be, mais precisamente aqui.

Quem estiver interessado, já sabe...

Rui Bandeira

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09 agosto 2006

A Flauta Magica - Obidos

Ha umas semanas Rui Bandeira trouxe aqui o Anuncio da representaçao da Flauta Magica em Obidos.

Fiquei a matutar e decidi ir. Falei com alguns familiares e amigos e rapidamente um grupo de 6 ficou formado. Destes, para além do signatario mais dois era conhecedores dos segredos.

Liguei para a Ticketline ( passe a publicidade ) e adquiri os ditos bilhetes ao preço anunciado de 10 Euros.

Só depois pensei em ver quem cantava e que orquestra era. Aliás era a unica coisa logica a fazer, pois o conhecimento dos artistas podia influenciar a ida.

A Companhia de Opera não era de 1ª. Mas também não era de 2ª. Era para aí de 5ª ou 6ª !!!. Eram os alunos de canto da Universidade de Aveiro

A Orquestra Filarmonia das Beiras, confesso uma perfeita desconhecida para mim.

Chegado o dia 4 lá fomos até Obidos. Tentando chegar o mais cedo possivel pois este espectaculo não tinha lugares marcados e sabia que estava absolutamente esgotado.

A Cerca do Castelo, para quem nao conhece fica por tras da Pousada e é um dos locais por Excelencia para Eventos em Obidos.

A organizaçao instalou umas bancadas , palco, o fosso de Orquestra não era pois como sabemos o fosso nos Castelos fica do lado de fora e não dava jeito por a orquestra do lado de fora da muralha. Enfim esquisitices !!!

A Acustica dependia de microfones e o som até que era razoavel.

Mesmo tendo chegado ao local 45 minutos antes já ficamos no "2º Balcao ".

O Cenário era o mais simples possivel, o que era consonante com a companhia, pois para que se perceba o Coro eram os Solistas que nao estavam a cantar no momento.

O Narrador era o Tenor quando nao tinha que cantar ( aqui entre nós narrava melhor que cantava), e os textos foram narrados em Portugues o que apreciei pois em Alemão ficaria eu e seguramente a maioria das pessoas sem perceber.

Passando ao lado de um pequeno percalço com o Microfone do Papagueno que na primeira e segunda cenas não funcionou - o cantor esteve impecavel não parando segundo a máxima " the show must go on" o que lhe valeu um forte aplauso quando o microfone funcionou por fim - o espectaculo correu muito bem.

Algumas agradaveis surpresas.

A Orquestra era boa

Os cantores para alunos estiveram bem, especialmente o Baixo Sarastro claramente a melhor voz do grupo.

A Rainha da Noite que tem como sabemos duas arias dificeis, conseguiu passar por elas de forma correcta.

Papagueno merece um referencia pela capacidade de actuar, mas tambem pela voz.

Os demais estiveram bem, sendo que Tamino o Tenor foi o mais fraco do grupo.

2 horas de Opera sem intervalo, que se passaram muito bem.

Valeu ter ido


JoseSR

08 agosto 2006

O alfaiate no Luxemburgo


Hoje almocei no Cortiço, na antiga Rua Nova, em Viseu.
O Cortiço é daqueles (poucos, muito poucos) restaurantes que, se os inspectores do Guia Michelin não fossem de uma snobeira inaturável, tinha direito, pelo menos, a duas estrelas no dito guia. Na minha classificação privada, encontra-se no grupo do topo, que intitulo de "vale um desvio de 100 Km ou mais".
Mas não é do Cortiço (nem dos rojões ou das feijocas com todos que mais do que satisfizeram o frugal apetite meu e da minha família - roam-se de inveja, vá lá...) que hoje quero escrever. É do casal da mesa ao lado.
Ambos cinquentões bem a caminho das seis décadas, manifestamente de férias (como eu e os meus), com a simplicidade de modos e de postura que caracteriza as gentes de trabalho. Emigrantes na visita anual ao torrão. Ela, com recente batalha contra mal ruim, visível no lenço que lhe cobria a cabeça e escondia as sequelas do duro tratamento. Simpática, como ele. Ele, mais falador.
O almoço ia já descansadamente longo em ambas as mesas, como convém ao sereno consumo de vitualhas de qualidade. Os arrancos da fome estavam já saciados e o bem-estar daí decorrente convidava já à cavaqueira. O pretexto foi o vinho da casa (de estalo - quem disse que não há excelentes Dãos? É só encontrá-los...). Breve conciliábulo com fácil acordo sobre as virtudes do néctar e, com simplicidade, logo ele nos vai dando conta da sua vida.
Alfaiate no Luxemburgo. Trabalhou para um patrão 15 anos, depois de este se reformar abriu negócio por conta própria e não se tem dado mal. Faz fatos por medida, mas a base do seu negócio é a confecção de fardas para a companhia de aviação do Luxemburgo e para a polícia local. Já sabem, os flics do Grão-Ducado vestem portuga...
No desenrolar da conversa, vai contando que só usa tecidos ingleses ou italianos, que são os melhores (na Áustria parece que também já fabricam material bom, mas ele ainda não testou...), que também tem um pronto-a-vestir e... que tudo o que aí vende É FABRICADO EM PORTUGAL.
Não por ele ser daqui oriundo, mas por ser - de longe, disse ele - o que é confeccionado com melhor qualidade e ao melhor preço. Compra ele e compra muita marca de alto gabarito e igualmente altos preços.
Conclusão? Já sabíamos que o português fora do País tem produtividade e qualidade. Agora este companheiro de refeição, do alto da sua simples bonomia veio-me informar que também no nosso País se produz em qualidade e com produtividade que permite preços concorrenciais. Porventura o que nos faltará é desenvolver e projectar marcas associadas internacionalmente a Qualidade e que projectem a produção portuguesa com base nessa noção.
Não será já tempo de deixarmos a nossa ancestral choraminguice e o nosso atávico fatalismo pessimista e de prosseguirmos na senda do trabalho com qualidade e - já agora - exibindo e publicitando essa qualidade?
O alfaiate no Luxemburgo, na sua simplicidade, não parece ter quaisquer dúvidas...
Rui Bandeira

07 agosto 2006

O caso Júdice


Em férias, aproveito a estada em local com acesso à Net para colocar um texto.

Normalmente, esta ocasião de descanso apela a temas ligeiros, mas hoje apetece-me fazer uma referência a propósito do caso do processo disciplinar que a Ordem dos Advogados instaurou a José Miguel Júdice, anterior Bastonário daquela instituição. Sendo eu próprio Advogado, não podia deixar de ter estado atento à questão, que foi muito comentada, quer pelo insólito do procedimento disciplinar contra a anterior figura cimeira da Ordem, quer pelas vicissitudes que rodearam o assunto.

A referência que me apetece fazer é apenas um alerta para quem viu o assunto de fora e com ele contactou apenas através das notícias e comentários que o mesmo suscitou. Não se enganem, as declarações de Júdice que deram origem aos processos disciplinares foram apenas um pretexto e tudo o que rodeou a questão não passou do manto diáfano da fantasia que cobre a nudez forte da Verdade, que ficou encoberta: o que naquele episódio esteve em causa foi apenas e tão só um afloramento - quiçá o primeiro com repercussão pública - de algo muito mais prosaico, a guerra cada vez menos surda entre as mais poderosas Sociedades de Advogados existentes neste País.
Júdice é sócio daquela que é talvez a maior Sociedade de Advogados de Portugal. Nos órgãos da Ordem, designadamente no seu Conselho Superior, têm assento elementos de outras poderosas Sociedades de Advogados.
Júdice utiliza com mestria o seu acesso privilegiado à Comunicação Social e, com isso, mantém sempre brilhante a sua imagem, do que, obviamente, beneficia a sua Sociedade de Advogados. Júdice terá efectivamente sido imprudente nas declarações que fez, mas as mesmas foram de imediato aproveitadas para lhe darem. claramente, o recado de que não era bem tolerada pela concorrência a sua mestria no contacto com a Comunicação Social.
Isto - e só isto - o que esteve em causa neste episódio. O resto, foram apenas cortinas de fumo...
Lição a tirar? Apenas a constatação de que as Sociedades de Advogados estão a ganhar cada vez mais influência na Ordem, em detrimento dos Advogados em prática isolada (os Advogados "tradicionais"). Não o considero bom, mas também não sei se e como é possível inverter o processo: é uma questão de Poder, não de voluntarismo...
Não se pense, porém, que este é mais um sintoma do por vezes apregoado desaparecimento dos Advogados em prática isolada, que muitos vêem forçosamente a prazo extintos pela concorrência e alegada eficiência das Sociedades de Advogados. Que ninguém aqui se engane também: as Sociedades de Advogados serão muito lucrativas, razoavelmente eficientes, mas NUNCA conseguirão substituir os Advogados em prática isolada, devido à sua mais pesada estrutura de custos. A sua "eficiência" paga-se, e bem! Às grandes Sociedades de Advogados só as grandes empresas ou os grandes negócios podem pagar. Ao comum cidadão continua a ser imprescindível a Advocacia tradicional. Sem sequer tocar no "pormenor" da independência, que entendo muito melhor garantida pelo Advogado tradicional do que pelo que trabalha para uma empresa de prestação de serviços jurídicos...
Rui Bandeira

04 agosto 2006

... Brincadeiras perigosas - 2, em tempo de férias.


Estava eu posto em sossego preparando a mala quando tropecei em algo que me fez regressar ao post do "olho".
Mas antes da seriedade do assunto quero desejar-Vos duas excelentes semanas.
Irei de malas aviadas e estarei de novo por cá no próximo dia 20.
Até lá deixo-Vos a recarregar a paciência.

Aqui Vos deixo 2 belos equipamentos, de utilidade óbvia nos tempos que vão correndo...

1- Celular Espião GSM
com transmissor ambiental de alcance infinitoTire suas duvidas na hora!Ideal para vigiar um empregado de quem desconfia, as frequentações da sua criança, as atividades do esposo/esposa... É o meio de vigilância mais seguro e mais discreto existente até hoje. Cada celular é totalmente funcional e utiliza-se normalmente. Mas foi transformado afim de vigiar, sem ela saber, a pessoa a quem entregar o aparelho . Uma função invisível que foi adicionada permite aceder a um menu secreto e acessível com um código. Nesse menu, basta entrar um número de telefone (celular ou fixo) à sua escolha. Cada vez que ligará para o celular (a partir do telefone do qual entrou o número previamente no menu secreto) o celular GSM espião atenderá automaticamente sem tocar, sem vibrar, sem acender ou alterar o aspecto da tela. Poderá então ouvir à vontade tudo o que se passa à volta do Celular GSM Espião sem ninguém perceber. Isso a qualquer momento, sem se preocupar com a distancia.Fornecido com carregador, bateria e manual (chip não fornecido).Aparelhos desbloqueados, prontos para funcionar com qualquer operadora GSM.Importante: O Celular Espião com transmissor de ambiente não permite escutas telefônicas.

2- Celular Espião GSM Grampeado
com transmissor telefônico (grampo) e transmissor ambiental de alcance infinito O primeiro celular com grampo interno capaz de transmitir os sons do ambiente a volta do aparelho e as conversas telefônicas efetuadas ou recebidas.Com as mesmas funções que o Celular Espião clássico, o Celular Espião c/ Grampo permite agora de escutar as conversas telefônicas. Ideal para vigiar um local, um alvo móvel ou uma pessoa a qualquer momento, de qualquer lugar sem se preocupar com a distancia, sem nenhum perigo. É uma alternativa aos aparelhos de interceptação de chamadas muito caros, de uso difícil e com alcance limitado.Fornecido com carregador, bateria e manual (chip não fornecido).Aparelhos desbloqueados, prontos para funcionar com qualquer operadora GSM.

Vão ao sítio certo e encontram-nos à venda. Bom preço ! Se quiserem eu digo onde é.

Mas para uma despedida fresquinha deixo uma homenagem modesta, aquela que me é possível, à imaginação dos outdoors da SuperBock. São brilhantes !


Agora comparem a imaginação de quem produziu estes outdoors, e a tristeza da imaginação de quem inventou aquela desgraça da RTP.

Só posso dar os parabéns aos primeiros, que não sei quem são, e lamentar os segundos, que igualmente não conheço.

JPSetúbal

Globalização versus TV, ou as brincadeiras perigosas.

A televisão portuguesa, qualquer dos operadores serve, é especialista em me pôr perante uma das minhas “ralações” actuais.
Talvez mesmo a maior de todas, dadas as relações que tem com a “vida” de todos nós.
Quando refiro “vida” refiro tudo o que se refere a liberdade, alegria, capacidade de escolha do que se quer a cada momento.
A capacidade de estarmos ou de mudarmos, de rirmos ou de chorarmos, de dormirmos ou de estarmos acordados, sem termos necessidade de pedir licença a quem quer que seja, com a garantia que as liberdades individuais que a democracia garante (garante mesmo ?) nos permitem optar, momento a momento, pela decisão que mais nos agradar.
Esta questão surge-me face a um programa que agora apareceu, pretensamente de humor, e é de um mau gosto a toda a prova (texto, interpretação enquadramentos,...).
A partir da ideia peregrina de uma camara de filmar instalada numa máquina de café, mostram-se as pequenas intrigas e os pequenos problemas que enchem grande parte da vida dos empregados do escritório.
De tudo isto o que ressalta é mais uma brincadeira à volta de um olho espião, uma versão aligeirada dos “Big Brothers” que por aí pululam.
É mais uma estúpida brincadeira com o direito à privacidade.
Há algum tempo publiquei, por outra via, um texto de revolta pessoal e de alerta geral para as consequências que poderão ocorrer (eu afirmo que irão ocorrer, inevitavelmente...) com o desenvolvimento dos processos de recolha de informação sobre a vida das pessoas.Reponho aqui, agora, esse mesmo texto com a esperança de abanar algumas “carolas” das que andam alegremente a brincar com este fogo.
Alguns de Vós já conheceis o texto que se segue. A esses peço desculpa pela repetição.
O conceito de globalização, muito em discussão desde há alguns (poucos) anos, pode ser observado e interpretado de maneiras diversas.
Desde logo sob a forma de super-controlo da actividade humana, o denominado “big-brother” que Orwell predisse para 1984.
Esta é claramente uma visão catastrofista, falta saber se irrealista.
Outra visão possível é a do “big-brother plebeu”, já não o do Orwell mas o das televisões, sendo fácil constatar que muitos dos que combatem o primeiro, se divertem enormemente com o segundo, não se dando conta que ao fazê-lo estão a alimentar o tal que odeiam e contra o qual se reunem em manifestações, algumas com grande adesão.

Do nosso ponto de vista entendemos que não há qualquer novidade no conceito, excepto no que se refere à tecnologia disponível, e essa como sempre, em tudo o que é tecnologia, será para bem se em boas mãos, será para mal se em más mãos (a distinção entre mãos boas e más fica com cada um).
De facto, se nos reportarmos ao âmbito das TI’s, aquilo que temos historicamente é o manuseamento da informação de forma global, concentrada há 40 anos, de forma parcelada há 20, de novo concentrada actualmente.
A utilização de meios automáticos para recepção, armazenamento e análise de grandes quantidades de informação, em espaços de tempo muito curtos, está hoje disponível com facilidade e custos muito baixos.
Toda a evolução do chamado “Tratamento da Informação” aponta para a construção e gestão posterior (entenda-se actualização permanente e correctiva) de massas de informação cada vez maiores, cada vez mais completas, de transformação e acesso cada vez mais simples e rápido.
Esta evolução tem a ver com a capacidade tecnológica disponível, mas tem a ver também com a noção de que organização da informação, e como tal todas as fases da sua utilização, deve coincidir com a organização da entidade em que circula, sobrepondo-se sem desvios às respectivas necessidades funcionais.
E aqui se levanta definitivamente a questão antiga e de sempre sobre a segurança destas grandes massas de informação.

- Quem lhes acede(?), quem as altera(?), quem as destrói(?),... quem é o “Master Plan” ?
- A quem pedir responsabilidades sobre fugas de informação ?
- E sobre erros contidos, inocentemente ou não, nesses “hipermercados” de dados ?

A vida diária está definitivamente dependente do funcionamento correcto e atempado de máquinas, cuja fiabilidade deixa muito a desejar, e cada vez mais, porque a qualidade dos componentes diminui na exacta medida em que aumenta a vontade de fazer maior número de unidades em menos tempo.
Por razões de produtividade, por razões de mercado, por razões apenas de fazer mais, produz-se cada vez mais depressa cortando etapas, algumas da maior importância, prejudicando as fases fundamentais de teste e de controlo da qualidade.
Quem não ficou já preso num elevador por quebra no circuito de energia ?
Quantos de nós não passámos já por dificuldades por erros nos sistemas operativos dos computadores com que trabalhamos ?
Quantas notícias tem sido publicadas sobre a retirada de automoveis do mercado pelos próprios fabricantes, alguns de marcas teóricamente acima de qualquer suspeita, por terem sido detectadas anomalias de construção ?
E o que aconteceu com o “Columbia” ? e há menos tempo com o “Space Shutle” ?
“A vida está por fio” é uma expressão cada vez mais real !
Mas a vida é cada vez menos individual, é outra verdade de que não nos damos conta, na contradição aparente de que cada vez vivemos mais separados dos nossos irmãos genéticos.
A questão é que várias tem sido as razões para o aumento desenfreado do controlo sobre os humanos.
As pestes ou a sua ameaça, o terrorismo, os movimentos de emigrantes, a pressa em conhecer o que está a acontecer no mundo e muitas mais razões, são desculpas esfarrapadas para a inevitabilidade do “big brother”.
Somos “superiormente” olhados no “metro”, no elevador, na rua, nas portagens, na loja, em toda a parte...
“Sorria, está a ser filmado...” é a última piada (?) descoberta pelo “marketing”, mas na verdade deveria anunciar-se “Revolte-se, proteste, parta a câmara que o está a filmar contra sua vontade, sem sua autorização e para fins que não conhece nem conhecerá...”
Atenção, porque a estória não acaba aqui.
O cartão único é outra das ferramentes importantes do controlo global.
O mesmo documento irá servir, dentro de pouco tempo (poucos anos !) para o médico do hospital conhecer os tratamentos que fez ao longo de toda a vida e quais as doenças de que padeceu, e isso será bom, mas servirá também para levantar dinheiro no “multibanco”, abrir a porta da garagem, passar a Via Verde, pagar os impostos, obter autorização para ir à casa de banho... !
Através do que nele ficar registado se saberá onde esteve, por onde andou, o que comprou, quando, onde, tudo, tudo, tudo.
Não tardará que, para comodidade de todos nós, nos seja implantada à nascença um “chip” (minúsculo circuito electrónico) na testa, ou qualquer outro local que seja técnicamente mais funcional, qual “via verde” permanente com utilização generalizada e que substituirá com vantagens óbvias, todos os cartões, todas as câmaras, todos os restantes controlos.
Um “chip” na testa e o “GPS” a funcionar e ficaremos todos segurissimos.
Não mais terroristas, não mais excessos de velocidade, não mais gripe das aves... teremos o mundo perfeito.
JPSetúbal