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06 novembro 2017

Maçonaria e Solidariedade


É recorrente. Sempre que ocorre algum evento que cause vítimas, destruição de bens ou deixe pessoas em dificuldades e que tal evento cause comoção pública, há quem - admito que bem-intencionadamente - sugira, proponha, exija que a Grande Loja lance uma campanha pública de recolha de fundos e solidariedade. Essa não é, contudo, a melhor das ideias - e vou procurar explicar porquê.

As instituições maçónicas e os maçons devem - isso é inquestionável! - proporcionar a sua aolidariedade e prestar ajuda a quem passa momentos de aflição. Mas duvido muito que deva fazê-lo lançando campanhas públicas nesse sentido. Se uma instituição maçónica está em condições de auxiliar, deve auxiliar, seja disponibilizando meios financeiros (do respetivo Tronco da Viúva ou do seu orçamento geral), seja disponibilizando trabalho, tempo e energias dos elementos que a integram. Mas deve fazê-lo discretamente!

Deve fazê-lo discretamente, não por hábito ou mania da discrição, mas porque deve auxiliar por solidariedade, por fraternidade com o semelhante - e também não por relações públicas!

Quando há que auxiliar, quando há que organizar meios de providenciar ajuda, quando há que recolher fundos e encaminhá-los para onde façam falta, a Grande Loja (ou qualquer outra instituição maçónica) pode, deve e faz muito bem que assim proceda, mobilizar os seus obreiros para que se organizem e deem algum do seu tempo e do seu esforço para ajudar e para que destinem meios financeiros de que disponham, e que não lhes façam falta para sustentar os seus e cumprir os seus compromissos, em prol de quem está em aflição e necessita de auxílio.

Mas uma coisa é a instituição maçónica mobilizar internamente os seus elementos - e tentar ser eficaz e aumentar os meios destinados ao auxílio a prestar. Outra coisa, completamente diferente é lançar apelos públicos - aí há que distinguir quando o apelo público faz ou não sentido. O Grupo de Dadores de Sangue Mestre Affonso Domingues, quando organiza campanhas de doação de sangue, para além da mobilização dos seus elementos, procura mobilizar obreiros de outras Lojas e - designadamente através deste blogue - motivar toda e qualquer pessoa, maçom ou não maçom, a dar sangue. Isso faz sentido - porque a necessidade de sangue disponível é permanente e a sensibilização de todos a todo o tempo justifica-se. 

Quando, há alguns anos, a Associação Mestre Affonso Domingues lançou a campanha pública de recolha de óculos para envio para Moçambique, isso fez sentido. Porque organizou forma de todos os óculos recolhidos serem medidos na graduação das suas lentes por profissionais aptos para tal, porque arranjou forma de, sem custos, enviar os óculos recolhidos para Moçambique, porque tinha contactos locais que garantiam que os óculos recolhidos e enviados eram dados a quem deles efetivamente necessitava, gratuitamente e sem condições de qualquer espécie, porque garantiu que todos os que participaram nessa ação o fizeram exclusivamente por solidariedade, pelo propósito de ajudar e sem que ninguém obtivesse qualquer vantagem patrimonial ou de outra índole com isso. Então fez sentido, já que se montara toda uma estrutura para enviar óculos para quem deles necessitava em Moçambique, procurar que, em vez de entre nós, nossas famílias, amigos e colegas de trabalho recolhermos umas dezenas de pares de óculos, divulgar a iniciativa e conseguir, como se conseguiu, recolher, medir, enviar e dar umas centenas, mais de meio milhar, de pares de óculos. Aí, o apelo público fez sentido para rentabilizar a iniciativa e procurar obter, como se conseguiu, um maioer número de óculos a enviar. 

Mas quando - como ocorreu recentemente em Portugal com dois episódios de incêndios florestais catastróficos, que causaram perdas de vidas, imensa destruição e deixaram nuita gente a necessitar de auxílio (alguns ficando apenas com a roupa que tinham no corpo) - existe comoção pública e a solidariedade de toda uma sociedade brota espontaneamente, quando instituições vocacionadas especificamente para tal abrem e publicitam contas solidárias e apelam a que o público nelas deposite a sua ajuda monetária, que falta faz que "a Maçonaria" lance uma campanha à parte, abra uma conta, peça auxílios? Porventura vai-se conseguir angariar mais meios de auxílio que não se angariariam através do vasto movimento de ajuda que se gerou? Claro que não! Nesta situação, a intromissão (é o termo!) da Maçonaria não redundaria em nenhum benefício significativo em prol de quem sofre, antes não passaria de um abstruso meio de auto-promoção, de "aparecer". Ora a Maçonaria não se destina a "aparecer". Pelo contrário, centenas de anos de existência ensinaram-nos que o Bem está muitas vezes nas pequenas coisas, nos auxílios discretos, nas ajudas fora dos holofotes.

Solidariedade, beneficência não são publicidade nem relações públicas! O maçom cumpre o seu dever de beneficência porque interioriza que essa é uma postura que moralmente deve ter. Quando dá, só ele tem que saber que deu. Por vezes nem quem recebe precisa de saber quem deu... Ajudar é motivo de satisfação pelo cumprimento da nossa obrigação de sermos bons e procurarmos ser melhores. Não é, não pode ser, NUNCA, motivo de vaidade, de exibição, de publicidade, de relações públicas!

Por isso , meus prezados Irmãos, sempre que - infelizmente - ocorrer catástrofe que cause comoção pública, insto a que nenhum de vós perca tempo nem energias a clamar por que a Grande Loja publicamente lance campanhas ou faça apelos ou comunique a sua solidariedade. Nessa ocasião, haverá muito quem lance campanhas de apoio, de solidariedade, de ajuda, de recolha de fundos. Não será então necessário que façamos mais do mesmo.Isso seria apenas e afinal tão só aparecer. A nós basta-nos e deve bastar-nos - e muito é! - tão somente Ser!

Rui Bandeira

05 dezembro 2016

"Tronco da Viúva"...

Hoje publico um texto de minha autoria e que foi publicado anteriormente aqui, cujo o tema é o "Tronco da Viúva". Termo este um pouco estranho para quem pouco ou nada sabe sobre a Maçonaria mas que não deixa de ter um cariz muito importante dentro da Ordem.
Desta forma, passo ao texto em si:

"Tronco da Viúva

 O “Tronco da Viúva” é também designado por “Tronco da Beneficência” ou “Tronco da Solidariedade”.
 Ao Tronco da Viúva são lhe atribuídas várias origens, pelo que uma das mais assumidas pela Maçonaria tem origem bíblica.
Hiram Abiff, mestre construtor do Templo de Salomão era filho de uma viúva. Mestre esse, que foi assassinado por três companheiros seus, por não querer divulgar os segredos de construção a que estava sujeito como mestre-de-obras. Esse assassinato veio mais tarde a originar uma das mais importantes lendas da Maçonaria; a qual está na base da maioria dos ritos maçónicos atuais. Advindo dessa lenda, o epíteto de “Filhos da Viúva”, com que se costumam designar os Maçons.

O facto de se designar por “tronco”, deve-se ao facto dos trabalhadores afectos à construção do Templo de Salomão, os Aprendizes e Companheiros, receberem os seus salários ao final do dia, junto às colunas do Templo. Para além de que etimologicamente, “caixa de esmolas” na língua francesa também se designar por “tronc”.
Sendo que o termo “Tronco da Viúva”, simboliza também uma (caixa de) esmola para socorro e auxílio das esposas (e filhos menores) de Irmãos falecidos.

Em Loja é o Mestre Hospitaleiro que está encarregado de fazer circular o Tronco da Viúva. Tronco esse, que em dado momento litúrgico de uma sessão maçónica, circula pelos Irmãos para que possam efetuar o seu óbolo na medida em que tal lhes seja possível.

Cabe ao Mestre Hospitaleiro e ao Mestre Tesoureiro, cuidarem para que ele se encontre numa situação-equilíbrio para que se possa prestar o auxílio necessário a quem dele reclamar. E como tal, o Tronco da Viúva não se quer nem muito cheio nem muito vazio. Se o mesmo se encontrar vazio, é porque as doações não serão significativas, correndo-se o risco, de se não se auxiliar quem dele necessitar numa situação imediata. Mas se ele se encontrar cheio, é porque quem necessitar de auxílio, não o estará a receber na devida forma.

Sendo que um dos deveres do Mestre Hospitaleiro é o de bem aconselhar o Venerável Mestre sobre os fins a darem às importâncias obtidas na circulação do Tronco da Viúva em Loja. A quem ou a quais, sejam Irmãos ou Instituições Sociais de que os necessitem.

Essa também é uma das funções sociais da Maçonaria. Ajudar outras instituições carenciadas que necessitem de auxílio; não procurando o Maçon o reconhecimento de tais atos, pois a soberba não deve existir nas suas ações. O Maçon assim faz, porque simplesmente acha de que o deve fazer, não porque procura méritos ou benefícios com isso. 
Sendo que, por não se procurar reconhecimentos ou assumir falsos méritos, é que a caridade maçónica sob a forma de tronco, é feita de forma reservada, nunca devendo um Maçon mostrar o que deposita no Tronco da Viúva. 
Quem procurar reconhecimento, deve procurar outro sítio para fazer a sua solidariedade, a sua caridade.

O Tronco em si mesmo, é uma forma de Solidariedade, ele lembra ao Maçon, que a beneficência e a solidariedade devem estar presentes ao longo da sua vida, fazendo ambos parte dos deveres do Maçon. Além de que, na circulação do Tronco da Viúva em Loja se relembrar ao Maçon que ele deve ser generoso e caritativo. Por isso, quando um Maçon faz o seu óbolo, ele deve dar um pouco de si também. Mas nunca com o pensamento de que um dia se necessitar, terá algo a que se “agarrar”. O Tronco da Viúva não serve de ”almofada” para os Maçons. Não devendo eles se aproveitarem da sua existência, para mais tarde o utilizarem sem razão aparente.

Quando um Maçon faz a sua entrega, a sua dádiva para o Tronco da Viúva, a única coisa que deve ter em mente, é o de partilhar um pouco de si mesmo e do que tem com os demais Irmãos.

Mas apesar de não ser uma obrigação principal da Maçonaria, pois a mesma não é uma IPSS, cabe ao Maçon ter um espírito solidário com quem dele necessite. Por isso mesmo, a missão do Tronco da Viúva, é a de ajudar um Irmão que necessite de auxílio.
Mas para alguém puder ser ajudado, é também necessário que o Irmão em causa reconheça a sua necessidade de auxílio. Mas, nem sempre quem precisa de ajuda, o solicita. A vergonha ou inclusive o orgulho, são em grande parte dos casos, o “travão” pessoal à procura de auxílio. Quem precisa de ajuda, deve por para “trás das costas” tais sentimentos, pois agindo assim, corre o sério risco de perder toda a ajuda que necessitar. E hoje em dia, devido à forma acelerada de como vivemos as nossas vidas, nem sempre nos é possível perceber quem necessita da nossa ajuda.

Todos nós em certas alturas da Vida, passamos por momentos em que fraquejamos ou que a nossa força mental não nos consegue ajudar a suportar o dia-a-dia.
 É principalmente nesses casos que o Maçon deve ajudar os seus Irmãos. Tentando se aperceber com a sua iluminação, quem necessita mais dele. Mas essa ajuda nem sempre deve ser (ou pode ser…) financeira mas antes moral ou espiritual, pois nem todas as carências de um Irmão são pecuniárias ou materiais. Muitas vezes apenas alguém necessita de uma palavra de inspiração, uma “palmada nas costas” ou um simples gesto de afeto e carinho. Tais gestos com certeza não podem ser depositados num saco, devem-no antes ser entregues (pessoalmente) ao Irmão necessitado. 
É amparando o seu Irmão, que o Maçon lhe demonstra a sua solidariedade e vive o espírito de fraternidade que a Maçonaria lhe oferece.

 Tal como afirmei anteriormente, a Maçonaria não é uma IPSS. Antes é uma Instituição que promove a Solidariedade, a Beneficência, a Fraternidade. E como tal, a sua principal missão é ser solidária com os seus membros/Irmãos. 
Sendo assim, não deve uma Loja virar as costas a um Irmão que esteja em apuros, devendo antes, correr em seu auxílio e o amparar na resolução dos seus problemas. E é para isso que fundamentalmente existe o Tronco da Viúva.
A única obrigação que ele tem, é a de ser bem utilizado!".
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08 janeiro 2015

Os olhos azuis




Apesar da baixa temperatura na rua, reinava a boa disposição: acabara mais um dia de trabalho. Trocávamos as últimas despedidas, quando notámos uns olhos azuis que, confrangedoramente mudos, procuravam os nossos.

Aproximara-se, sem que notássemos, um vulto de casaco grosso - à moda antiga - na postura destruída de quem já viu melhores dias. Não o envolvia, porém a antecipada nuvem de álcool e tabaco, e muito menos o incontornável e penetrante cheiro da rua. De pé, a um metro de nós, interpelava-nos com o olhar, mas a boca não se abria, qual mola teimosamente contida, presa sabe-se lá em quê, mas desesperada por se libertar.

- Boa tarde, posso ajudá-lo?

E os olhos azuis, impotentes e embaraçados perante os vários segundos de imobilidade a que aquela boca se votou até que, a custo, lá acabou por deixar escapar qualquer coisa:

- Queria apanhar o autocarro para...

"O autocarro para". E a boca, entreaberta, como quem aguardava ordens; os olhos, suplicantes, imploravam pela palavra que faltava. "Queria apanhar o autocarro para".

- Para...? - ainda tentei.
- O autocarro... Para...

E de novo aqueles olhos azuis, sempre aqueles olhos azuis, fitando-nos aflitivamente, ora a um, ora ao outro. Quase se via a chama mortiça debatendo-se em vão, ansiando por espalhar luz e calor, mas mais não logrando que evitar apagar-se.

- Quer ir para casa?
- Sim.
- E sabe onde é a sua casa? - perguntou o meu colega.

De novo. a custo, balbuciante, tentou responder - mas sem sucesso.

- Aaaa... em...

Não havia dúvidas. Tínhamos, perante nós, uma criança perdida, presa no corpo de um octogenário. E aqueles olhos, sempre aqueles olhos, frágeis e desvalidos, surpreendidos como um balão que se esvazia e, mirrado e reduzido a uma massa informe, tenta, não obstante - e evidentemente sem êxito - manter a compostura e a forma que teve outrora.

- Em Loures.

Ah. Lembrou-se.

- Mas como é que veio parar aqui?
- Estive com o meu filho, mas o autocarro teve um acidente... bateu num... num ligeiro... ainda esperei uma hora, mas eles não arrancavam... tive que vir a pé...

- Disse que mora em Loures? Mora com alguém?

De novo, uma pausa, e depois a resposta, titubeante e aos arranques:

- A minha mulher morreu. A minha filha não me atende, está em Coimbra. É médica, a minha filha.
- Mas mora com alguém?
- Estive com o meu filho... ele está desempregado há quase um ano...
- Tem o contacto da sua filha ou do seu filho? Tem telemóvel?
- Não... Só tenho aqui 5 euros para o táxi...
- E tem identificação consigo?

Sem uma palavra, entregou-me a carteira - de plástico, com três documentos e um recibo da farmácia, sem hesitação, sem defesa, sem reserva.

- Venha connosco, que eu levo-o a casa.

Após uma troca de murmúrios com quem me acompanhava, acabei antes por levá-lo à esquadra mais próxima onde, após ter feito uma breve descrição da situação a um dos agentes, o entreguei em mãos experientes que o acolheram com prontidão.

...


Essa noite custou-me adormecer. Aqueles confundidos olhos azuis não me largavam, testemunho implacável da minha própria mortalidade, da indignidade da doença, e da velhice que, inflexível, nos rouba aos poucos e aos bocados. E eu, mais dado a fazer que a remoer, dei por mim acossado e impotente em face quer do que vi quer do que me espera - do que nos espera a todos - não obstante vivermos, tantas vezes, como se não morrêssemos nunca.

Acabei por fazer as pazes com o sono, depois de ter, difusamente e entre bocejos, aceite que o que é inevitável não deve aterrorizar-nos, mas antes, pelo contrário, impelir-nos a aproveitar melhor cada um dos nossos dias.

Estamos no início de um novo ano. Faço votos de que cada um de nós saiba e consiga - ou, pelo menos, tente - agir no sentido de aproveitar cada um desses dias de modo a não se arrepender nem do que fez nem do que deixou por fazer, e que tenhamos a fortuna de não darmos por nós a vaguear, perdidos, à mercê de quem nos estenda a mão - mas que, se tal acontecer, possamos encontrar, no nosso caminho, uma mão amiga.

Paulo M.

15 dezembro 2014

Solidariedade maçónica...

(imagem proveniente de Google Images)

Nos tempos que correm, quando o Homem se encontra mais preocupado com seu “umbigo”, existir alguém com a capacidade e a vontade em auxiliar quem necessita é uma das melhores atitudes que poderemos ter para com o nosso semelhante.  E quando se auxilia alguém sem se esperar qualquer tipo de retorno por esse facto, atrevo-me até a dizer que é um ato de elevada nobreza por quem assim age. Ajudar-se apenas porque se quer ajudar não está ao nível de qualquer um. 
Muitas vezes as nossas ocupações diárias, sejam profissionais ou familiares não nos permitem ter a disponibilidade temporal para o fazermos, outras vezes talvez, serão razões de ordem financeira que impossibilitam quem quer ajudar o fazer. Mas ter a vontade para tal, será sempre o “gatilho” que poderá  despoletar o ato em si. Pode não ser hoje, pode não ser já amanhã, mas um dia o será…

E se para alguns terem a vontade de ajudar passa por terem passado por situações na sua vida que se assemelham à vida de quem querem auxiliar e assim mais facilmente poderem identificar quem podem ajudar e a forma de como o poderão fazer, outros será porque sentem que para preencherem a sua vida de forma plena, necessitam de praticar a caridade e ser beneficente com quem precisa. Cada um com a sua razão, cada um com toda a razão. 
Para ajudar, não é necessário sequer existir um motivo, basta se ter vontade e capacidade para tal, que nem sequer será necessário se raciocinar muito para que se passe à ação.

E a Maçonaria, pela sua história e pela sua implementação no mundo, sempre teve a sua quota-parte no que toca a ser solidária com o seu próximo. Seja através da fundação de escolas, da doação de bolsas de estudo ou até mesmo da criação de hospitais para usufruto da população e principalmente das crianças em si (nos EUA é bastante comum tal); o facto é que a Maçonaria auxilia a população dos países onde se encontra implementada. E se algumas vezes tal auxílio não é mais visível na sociedade, é devido aos estigmas que existem ainda nos tempos em que vivemos, mas fundamentalmente, porque quem quer ajudar não necessita de o publicitar. É usual até se dizer maçónicamente que a “mão esquerda não saiba o que deu a mão direita”. 

E isso encontra-se patente em sessão de Loja, no momento da circulação do “Tronco da Viúva”, em que a mão que depõe o óbolo se encontra fechada e sem mostrar o que se encontra no seu interior. Ninguém tem nada a haver com o que se oferece nem quem o faz. Nada ou ninguém questionarão porque se o fez ou se o fez sequer.Se o fez, foi porque o poderia fazer e ficará apenas na consciência dessa pessoa o montante depositado na bolsa referente ao respetivo “Tronco da Viúva”. Se não pode participar nesse contributo, no problem, algum motivo preponderante teve para que assim o fizesse. Não cabe a um maçom fazer juízos de valor sobre a atitude do seu Irmão. 

Algumas das aplicações do referido “tronco” são o apoio a instituições de caridade e beneficência que são patrocinadas  pela Maçonaria e até mesmo algumas associações de cariz religioso que agem na sociedade em prol de quem necessita ou casos singulares que surjam e que se considerem válidos os motivos pelos quais devem ser auxiliados. -Quando se quer ajudar, os “metais” não têm “cor, cheiro, nome ou dono”, o que é preciso é que sejam bem aplicados e recebidos por quem deles necessitam-.

Numa Loja maçónica a quem compete gerir este “fundo monetário” é ao Irmão Mestre Hospitaleiro. Mas existe a possibilidade, e é comum ser habitual, se criar uma Comissão própria para ser melhor gerido ou até mais transparente este tipo de gestão (consoante a opinião dos respetivos membros da Loja).  E geralmente os membros dessa “comissão de serviço” são o respetivo  Venerável da Loja, o Irmão Tesoureiro e o Irmão Hospitaleiro. Dessa forma, estarão representados nessa comissão,  quem preside a Loja, quem administra as finanças da Loja e quem tem a função de se ocupar com a aplicação da solidariedade da Loja.

E por falar em solidariedade, hoje termina uma campanha  apoiada pela Respeitável Loja Mestre Affonso Domingues nº5, a Campanha "Ver Mais" que foi publicitada AQUI e AQUI .

A quem pode dar o seu contributo nesta operação, fica o nosso MUITO OBRIGADO!

A quem não pode ou não teve a possibilidade de participar nesta campanha, certamente no futuro surgirão novas oportunidades para o fazer. Haja vontade e disponibilidade para o fazer… 

25 setembro 2014

Campanha VER MAIS


Já precisou de mudar de óculos, por alteração da graduação das lentes?

Já substituiu os óculos do seu filho ou da sua filha porque ele ou ela cresceu e os óculos antigos já não lhe serviam?

Tem os óculos substituídos guardados lá em casa? Para quê? Não vai voltar a usar a graduação antiga... E os seus filhos não vão encolher... E a probabilidade de a criança mais nova vir a ter exatamente a mesma necessidade de óculos com a precisamente mesma graduação que foi necessária para a sua mais velha é ínfima... Então tem os óculos lá em casa apenas para (a) ocupar espaço; (b) um dia qualquer fartar-se disso e deitá-los fora.

Pois bem, foi lançada e está em curso até 15 de dezembro a campanha VER MAIS. 

A ideia surgiu na sequência de um comentário de um amigo de que, lá em Moçambique, onde agora se encontra por razões profissionais, é frequente pedirem-lhe que empreste os seus óculos para que alguém os utilize brevemente para uma comezinha tarefa (enfiar uma linha numa agulha, por exemplo) e logo os devolva, agradecido e aliviado, porque, pura e simplesmente, a generalidade da população não tem efetivo acesso a coisas para nós tão vulgares como óculos e oftalmologistas. Pura e simplesmente, quem vê mal, mal vê. É assim e será assim por, infelizmente, ainda bastante tempo...

Portanto, parece lógico que é muito mais útil utilizar os nossos já inúteis óculos, que já só nos servem para ganhar pó e ocupar espaço, para os enviar para onde não há e são precisos para que outras pessoas possam VER MAIS.

Não nos preocupemos com o acerto das dioptrias. Quem precisaria de lentes com duas dioptrias, se tiver à sua disposição óculos com uma dioptria e meia, não fica a ver perfeitamente, mas seguramente que consegue VER MAIS do que com nenhuma...

Portanto, o apelo fica feito: pegue nos seus óculos antigos e já sem uso e envie-os por favor (já agora deixe-me abusar: se puder mandar também a caixa ou o estojo, ajuda muito a mantê-los inteiros e em bom estado no transporte...) envie-os para 

ASSOCIAÇÃO MESTRE AFFONSO DOMINGUES
Estrada de Telheiras, 102
1600-771 LISBOA

Se não puder ou quiser ter a despesa ou o incómodo de proceder ao envio, não seja por isso: mande uma mensagem de correio eletrónico indicando o número de pares de óculos que oferece, a sua morada e o seu número de telefone de contacto para


 e, em Portugal, nós arranjaremos maneira de providenciar que alguém vá buscá-los.

O armazenamento, o envio para Moçambique e a distribuição a quem necessita lá em Moçambique fica por nossa conta... Uma garantia damos: os óculos assim obtidos serão DADOS ou disponibilizados GRATUITAMENTE em centros comunitários, para serem usados por quem e quando necessite. Ninguém obterá um cêntimo de receita com eles. Fazemos ponto de honra disso!

Quem tem óculos já em desuso, mãos à obra, que podem ainda ser de novo úteis a quem precisa!

Quem não tem, também pode ajudar: use a função corta e cola do seu computador, copie este texto para uma mensagem de correio eletrónico, e envie-a para todos os seus contactos, com pedido para que façam o mesmo. É spam, reconheço-o, mas é por uma boa causa: é para que alguns bem menos privilegiados na vida do que nós, possam VER MAIS.

Rui Bandeira

30 outubro 2013

Lavagem solidária e cómoda


A associação CAIS desde 1994 que vem efetuando um assinalável trabalho de apoio à reinserção social de sem-abrigo.

O mais conhecido projeto desta associação é a revista com o mesmo nome, CAIS, cuja forma de distribuição é, a meu ver, exemplar no auxílio à recuperação da dignidade de quem , por erros próprios ou desafortunados golpes do destino, caiu numa situação de desamparo e exclusão social. A revista é exclusivamente vendida por sem-abrigo e outras pessoas em risco, mediante a assunção de rigoroso compromisso de cumprimento de regras de conduta, entre as quais a venda da revista sempre devidamente identificado como vendedor autorizado pela CAIS, manutenção de higiene e limpeza pessoal e de vestuário e renúncia à mendicidade.

O preço de capa da revista CAIS são dois euros e 70 % dele reverte para o vendedor. Habituei-me a adquirir as edições da revista que vão sendo publicadas, como uma pequena e insignificante forma de contribuir para a reinserção de quem caiu fundo e se tenta reerguer. Aprecio fundamentalmente a DIGNIDADE da forma de auxílio: não se dá, não se faz caridadezinha, não se tem a postura de ajuda ou dádiva ao pobrezinho; fornece-se um meio, um apoio para que alguém (muito) necessitado possa, pelo seu trabalho, esforçado e honesto, obter uma remuneração - e não esmolas. A meu ver, tão ou mais importante do que o provento material obtido  (obviamente indispensável) é a recuperação da Dignidade que se proporciona.

A associação CAIS prossegue agora um outro meritório projeto, o CaHO, ou Programa Capacitar Hoje, no sentido da integração, em contexto laboral, de pessoas em situação extrema de fragilidade social. Foi criada a Bolsa de Trabalho CAIS, especificamente dedicada à formação e especialização profissionais. Os beneficiários deste projeto de inserção na vida nativa são pagos à tarefa, recebendo uma justa remuneração pelo trabalho desempenhado. Iniciou-se o projeto com as valências de lavagem manual e aspiração de automóveis e de engraxadores de sapatos.

Cada candidato ao programa recebe uma formação profissional de base, de 50 horas, que inclui aspetos essenciais para quem necessita de recuperar o seu espaço na sociedade: (1) Saber ser ser um profissional - direitos, deveres e responsabilidades; (2) Saber estar - treino de competências pessoais e sociais; (3) Saber fazer - formação profissionalizante, dentro das áreas de oferta da Bolsa de Trabalho CAIS.

Mais uma vez, importa sublinhar que não se faz assistência ou caridade, proporciona-se capacidades e meios de recuperação da Dignidade de cada um prover à sua subsistência através do seu trabalho. 

O projeto é patrocinado por algumas empresas e instituições. Mas, sobretudo, é a demonstração de que a Solidariedade só faz sentido se acompanhada - sempre - do respeito pela dignidade de quem transitoriamente está na mó de baixo.

Está já em execução, na zona de Lisboa, a valência de lavagem manual e aspiração de carros, organizada de uma forma cómoda e a preço razoável para o consumidor. Empresas e particulares podem encomendar a lavagem manual de veículos, com o custo de onze euros por veículo, ou a lavagem manual e aspiração pelo custo por veículo de quinze euros, em ambos os casos com IVA incluído e entrega de fatura.

Os profissionais formados e enquadrados pela CAIS deslocam-se, com o equipamento necessário, onde estiver(em) o(s) veículo(s) a lavar e aspirar e garantem que o serviço de limpeza, que é executado em uma hora a hora e meia, é realizado sem sujar o local e sem desperdício de água.

Cada lavador recebe 60 % do total faturado com o seu trabalho.

Resumindo: prático, cómodo, ecológico, a preço razoável e, sobretudo, justo e SOLIDÁRIO.

Para agendar o serviço, deve-se contactar a CAIS Lavagem Auto através do telefone número 218 369 000 ou do endereço de correio eletrónico caisfaz@cais.pt.

Sugiro a todos os que residem ou trabalham na zona de Lisboa que tomem nota e, sobretudo, utilizem estes contactos. Eu já tenho este número de telefone na memória do meu telemóvel e tenciono usá-lo muitas vezes. Fico feliz por dar o meu contributo, enquanto cliente e consumidor a um projeto inteligentemente solidário - e com a vantagem de finalmente o meu carro deixar de ser o mais sujo das redondezas...

Os elementos para elaboração deste texto, bem como a imagem que o ilustra, foram recolhidos em www.cais.pt

Rui Bandeira  

31 julho 2013

Ajudam-se uns aos outros...


Uma das vantagens de se ser transparente em relação à condição de maçom é a possibilidade de dialogar sobre Maçonaria com pessoas que preenchem praticamente todo o espetro de simpatia (ou antipatia) em relação à Instituição - desde os que a apreciam, aos que a respeitam, aos que gostariam de entrar nela, aos indiferentes, aos que pensam mal dela porque não conseguiram nela ser admitidos, aos que não gostam dela mas não sabem bem porquê, aos desconfiados, até aos ferozes opositores. Porque gosto de trocar ideias, porque pratico efetivamente a Tolerância e respeito sempre as ideias alheias, mesmo quando (e especialmente quando) são contrárias às minhas, consigo conversar sobre Maçonaria com todos, exigindo apenas que a conversa decorra calma, serena e sem derivas de má-criação. Às vezes, consigo ver o meu interlocutor a evoluir na sua ideia inicial; outras, sinto que que o enquistamento de ideias é tão profundo e tão cerrado que seria preciso muita água mole naquela cabeça dura para lograr um pequeno furo por onde passe um pensamento levemente diferente... Mas, hélas, não se pode ganhar sempre...

Sempre que falo com quem não aprecia particularmente a Maçonaria, seja por desconhecimento, desinformação ou legítima convicção, é recorrente ouvir, mais tarde ou mais cedo, o mesmo argumento: os maçons ajudam-se uns aos outros...

Quando esta música toca, começo logo a dançar! A minha resposta é sempre a mesma, e o mais rápida e incisiva possível: "pois ajudam; e que mal é que o meu amigo vê nisso?".

Duas vezes em três, o meu interlocutor começa logo a gaguejar! Ele, que esperava ferir-me duro golpe com aquela conversa e eu, não só não nego, como confirmo e lhe exijo que demonstre qual o problema!

Prossigo logo no contra-ataque, que a rapidez é essencial! O meu caro interlocutor, entre a família e um estranho, quem favorece? Se tiver possibilidades de obter um emprego para alguém, em igualdade de capacidades dos candidatos, dá-o a um amigo ou a um inimigo? Entre um vizinho e um estranho, quem é que ajuda em primeiro lugar? Se estiver a ver um jogo escolar, torce pela equipa do filho ou pela equipa contrária? E vou por aí fora o tempo que for preciso e que a imaginação do momento me permitir.

Deixemo-nos de hipocrisias! O homem é um animal gregário por natureza. A sua natureza gregária fá-lo inserir-se em grupos: família, vizinhos, colegas, amigos, o que se queira. Ser gregário e integrar-se em grupos necessariamente que implica a distinção entre "nós" e os "outros", o nosso grupo e o grupo alheio.

E, sempre que existe a integração em grupos - e isso é virtualmente SEMPRE, pois o Homem é, por natureza, um animal social -, inevitavelmente que preferimos os "nossos" aos outros, que naturalmente estamos em sintonia com os nossos grupos, que, sempre que a questão se puser, e em igualdade de circunstâncias, damos preferência a alguém do nosso grupo em detrimento de quem a ele não pertence.

Isto faz parte da natureza humana e venha o mais pintado dizer-me que com ele não é assim! Se o fizer, fica já a saber que eu só pondero duas alternativas: ou pensar que é mentiroso; ou dizer-lhe isso mesmo na cara! E isto sou eu, que sou um tipo tolerante... 

Portanto, deixemo-nos de tretas! Os maçons ajudam-se uns aos outros, sim. Dão preferência aos Irmãos sempre que podem e em igualdade de circunstâncias, pois dão. E não fazem mais do que a sua obrigação! É essa a natureza humana e agir conformemente com a nossa natureza é atuar como o Criador nos fez! Ajudam-se uns aos outros os maçons como se devem ajudar uns aos outros os familiares, os colegas, os amigos, os vizinhos, etc.!

Aceito perfeitamente que haja quem não goste da Maçonaria e dos maçons! Se todos gostássemos da mesma coisa, este mundo era uma sensaboria! Mas, pelas alminhas!, quem não gosta dos maçons, faça ao menos o esforço de não gostar por razões inteligentes!

E com esta me vou de férias! Em agosto não escrevo, que férias é isso mesmo, fazer o que normalmente não se faz no resto do ano e não fazer o que nos empenhamos em fazer no tempo normal. Mas, como não quero que falte nada a quem já se habituou a visitar este espaço, já providenciei para que, em cada uma das quartas-feiras de agosto, à hora habitual, seja republicado um texto já antigo, que "pesquei" do arquivo do blogue. Assim, mato três coelhos com a mesma cajadada: dedico-me ao meu dolce far niente, mantenho o hábito de pelo menos uma publicação semanal no blogue (já que isto, em matéria de co-autores, anda uma secura danada...) e dou nova visibilidade a textos antigos que acho merecedores de serem relidos por quem já os leu e descobertos por quem os desconhecia.

Portanto, se Deus quiser... e eu continuar para aqui virado... até setembro e entretanto, como dizia o saudoso Solnado, façam o favor de ser felizes - que eu tento fazer o mesmo!

Rui Bandeira

18 outubro 2011

Solidariedade na escassez



Não é novidade que os tempos que vivemos são duros, e que tempos mais duros se avizinham. Onde ontem se gastava displicentemente uma nota inteira, hoje despende-se parcimoniosamente apenas algumas moedas. Se a diminuição de rendimento disponível é uma contrariedade para uns, para outros é um verdadeiro problema - e para alguns, mesmo, um desastre. Hoje, mais do que nunca, é importante saber gerir, procurar alternativas, e estabelecer prioridades que salvaguardem o essencial.

Há que buscar formas mais eficientes de obter talvez não o mesmo, mas pelo menos algo que se lhe assemelhe. Não se pode ir jantar fora com uns amigos? Convide-se os amigos para a nossa casa. Não se consegue oferecer uma refeição? Ofereça-se um café e umas bolachas - ou então, que cada um traga qualquer coisinha, de preferência feita em casa... Não se consegue manter a conta do ginásio, da gasolina e da explicação do miúdo? Faça-se exercício na rua ou num parque, e salvaguarde-se o que é mais importante a longo prazo. Entre umas férias fora e um curso de valorização profissional, especialmente no contexto atual, mais vale deixar as férias para depois...

São tempos de se ser mais generoso, e de se dar não apenas aquilo que nos sobra, mas mesmo um pouco das comodidades a que nos fomos habituando. Não obstante, também na solidariedade se deve ser mais cuidadoso: dar, sim, mas de forma mais inteligente, mais direcionada, mais eficiente. É que as solicitações de auxílio, já antes inúmeras, cada vez aumentam mais, tornando ainda mais difícil escolher-se a quem ajudar - e saber bem aplicar a ajuda que se pretende prestar.

Com a escassez aumentam as dificuldades de sobrevivência, e as circunstâncias levam a que, tantas vezes, até os mais retos soçobrem ao peso da carência e se socorram de expedientes menos claros para chegar ao dia seguinte. Torna-se mais difícil distinguir o "ladrão" de supermercado que só queria dar de comer aos filhos que não comiam desde a véspera daquele que rouba um telemóvel ou uma roupa de marca... porventura para os vender e acudir, com a receita, às despesas da casa.

Por outro lado, multiplicam-se as mesinhas nos hipermercados e centros comerciais com a maior variedade de brindes a oferecer a quem apoie as mais diversas causas. Se algumas são geridas por voluntários, e 100% das receitas revertem para a causa anunciada, outras retiram uma parte - 10, 20 ou 30 por cento - para cobrir as despesas da campanha; noutros casos, recorre-se mesmo a empresas especializadas que, mediante uma parte da receita - que pode chegar a metade, dois terços ou mesmo mais - tratam de toda a logística, incluindo a publicitação do evento e a contratação do pessoal que faz os peditórios. Por fim, há quem venda um bem, anunciando oferecer uma pequena parte do preço a uma causa anunciada. Antes, quando se dava, sabia-se que se dava e quando; e quando se comprava, sabia-se ser uma compra. Hoje, a este respeito, o mundo está muito mais cinzento e menos "a preto e branco".

É conhecido o gesto de Warren Buffett - um dos homens mais ricos do mundo - quando se inteirou da forma como o dinheiro da Fundação Bill e Melinda Gates era gerido: passou a apoiar a Fundação, e deixou-lhe em testamento mais de 80% da sua fortuna. O dinheiro que metemos na mão de quem o pediu para si mesmo seria, talvez, mais bem gasto, menos desperdiçado e  mais eficazmente distribuído se fosse, antes, entregue a quem sabe geri-lo e o faz de facto em prol daqueles a quem se dedica. A moeda de dois euros pode servir para comprar uma sandes - ou quatro refeições num abrigo de crianças. Pelo preço de um pastel podemos providenciar meia dúzia de pães. Pelo custo de uma refeição de comida rápida podemos alimentar meia dúzia de pessoas numa "sopa dos pobres". E em vez de comprarmos um objeto (de que, ainda por cima, não precisamos) por 5 euros, dos quais se calhar apenas um ou dois euros, quando muito, reverterão para a causa que pretendemos apoiar, mais vale enviarmos os 5 euros diretamente para a instituição em causa.

E, já que estamos neste registo, atenção às instituições a quem fazemos doações. As que são sérias, precisam de dinheiro hoje, para a semana, daqui a um mês, ou daqui a um ano. Não nos pressionam no sentido de darmos "já". Por outro lado, as melhores testemunhas do bom funcionamento de uma instituição de apoio social são aqueles que nela se apoiam. Antes de dar, visite, pergunte, veja, fale com quem dá, com quem recebe, com quem gere. Depois de aferir a sua credibilidade, e a boa gestão que fazem do dinheiro que recebem, "apadrinhe" a instituição, e envie-lhe uma quantia fixa por mês. Melhor do que um donativo generoso mas pontual, é um compromisso de um apoio regular - mesmo que seja pouco, pelo menos é certo.

Depois de o fazer, já pode dizer, com verdade e tranquilidade, se lhe pedirem o seu donativo: "Já dei!"

Paulo M.

06 fevereiro 2010

exemplo (?) EXEMPLO (!!!)

Ora meus queridos Irmãos, Amigos e outros (os outros são poucos) volto à cena depois de umas semanas de retiro trabalhoso, que continua, mas este bocadinho hoje ninguém me tira.

Desde há algum tempo (alguns meses) tenho contactado na minha outra vida, a profana, com um "artista" cá da minha praça, que tem muito o hábito de utilizar a expressão:


- é preciso fazer um desenho ?


Compreende-se que é uma expressão bem desagradável, a entrar no grosseiro com a força toda e representando uma arrogância que não se atura.

Vem esta conversa a propósito de alguns dos escritos que por aqui vão aparecendo de quando em vez, que me parece que nem com desenho lá chegam.

Dei com um "desenho" que vos passo, e se por esta via ajudar os que não entendem de outra forma, fico contente.

A minha opinião é a de que, muitas vezes, um exemplo prático pode substituir uma biblioteca inteira de ciência teórica.


Ágape... não ? Bom, t'á certo.
Ritual... não ? Ok, fora.
Escola... também não ? Pronto, não há azar.


Como sabem fiz há poucos meses 69 anos (o Rui é muito seletivo nos seus segredos...).

Não é mau !
Mas... mas já o meu avô dizia que "a tropa é qu'induca e a bola é qu'instrói..."


Deixemos a tropa sossegada, mas vejamos a bola.
Façamos então esta tentativa.




Meus Amigões, uma abração a todos. Bom fim de semana.

JPSetúbal

27 dezembro 2009

O BONECO

Meus Caros, o funcionário de serviço ao fim de semana chegou atrasado, culpa de um "gripalhado" (junção dos genes da gripe com o "atrapalhado") que me deixou um tanto às avessas durante dois dias.

E depois não sei como passariam o fim de semana completo sem esta intervenção sempre tão oportuna e valiosa... (digo eu... claro)
Certamente que poderiam passar o fim de semana sem mim... mas não seria a mesma coisa !
O Rui conta tudo direitinho quanto ao período que estamos a atravessar.
E neste período aquilo que mais se ouve falar é em auxílio, fraternidade, solidariedade, companhia, combate à solidão e não sei mais quantas coisas boas.

É bom que esta época festiva sirva para isso, já que passando este período tudo regressará invariavelmente ao isolamento cada vez maior em que cada ser humano se vai distanciando dos outros, num movimento que, se bem entendo o sentido de preservação da existência, é completamente contraditório.
Mas de facto aquilo que sinto é um egoísmo mesquinho, crescente, que nos isola e nos faz mandar às urtigas tudo o que significar "chatice".
Seria bom, seria desejável, que desta época ficassem sementes.
Isso significaria a esperança de que um dia pudessem germinar e trazer aos humanos um pouco de capacidade de aceitação das diferenças, porque é aí que bate o ponto.

Estou pessimista !

Entretanto a minha querida amiga Cristina Sampaio fez-me a surpresa de me enviar (e autorizar a publicar) um boneco daqueles...
A Cristina é uma renomadissíma caricaturista (cartonista como dizem os americanos) com vários prémios nacionais e internacionais ganhos com os magníficos traços que "rabisca" e nos quais consegue definir uma história completa em meia dúzia de traços.

Julgo que já trouxe ao blog um boneco dela quando ganhou o 1º prémio do World Press Cartoon em 2007.
Pois este ano a Cristina enviou-me mais um boneco "super" que passo a partilhar convosco... porque vocês merecem !
Sobre este desenho de "meia dúzia de traços" (repito) poder-se-ão escrever manuais inteiros sobre o comportamento humano e em particular dos portugueses.
A Cristina, sabe dizer isso tudo assim.
Um lápis e meio bico... não precisa de mais.

Desejo que tenham tido esta época com a alegria que é suposto ter e com a Paz que é desejável para todos.

Boas Festas e Excelente 2010.

JPSetúbal

12 dezembro 2009

Bom, então seja... 1002 !

Bom, rompamos então com os salamaleques matemáticos para um apontamento curtíssimo.

(Tinha mais umas coisas para incluir neste texto mas confronto-me com uma dificuldade que não estou a perceber e que se assemelha muito a uma daquelas birras em que as "novas tecnologias" são ferteis.
Como costumo dizer, esta treta das "Novas Tecnologias" foi inventada para nos moer o juizo, e agora é o que está a acontecer.
Já gastei mais tempo às voltas à "procura desta rolha" do que o que gastei na maior parte dos posts que cá deixei. Adiante, hei-de descobrir e depois conto.)

O Rui deu-nos uma grande notícia com o seu exercício de pura lógica matemática.
Nada de completamente inesperado, mas sem dúvida bem melhor lido assim... escrito pelo próprio.
O exercício lógico do Rui leva-me a uma conclusão:

- Garantidamente tê-lo-emos a escrever no blog durante mais 1000 posts, pelo menos !

É fácil de demonstrar.
Se quem escreveu o 1, deve escrever o 1000, então quem escreveu o 1001 deverá escrever o 2000... !!!
Elementar meu caro Watson... diria o do boné aos quadradinhos.

Ficamos todos de parabéns !

Então preenchendo o 1002, quanto a este não há dúvidas, e ocupando este período de fim de semana (vai ser frio, cuidem-se) selecionei 2 momentos.
No primeiro temos uma aplicação prática dos modelos de "Maçonaria" a que nos temos referido ao longo destes 1001 textos.

Assim numa primeira fase, temos o exemplo gritante, no verdadeiro sentido da palavra, de uma versão de "Maçonaria Especulativa"...

Após diagnóstico passa, na maior parte das vezes, a "Maçonaria Operativa"... (sempre gritante, diga-se...!!!), particularmente na altura do pagamento da conta.



É assim, há sempre uns tipos dispostos a dar uns chutos na bola e depois... ... ... não digo (quero dizer, não escrevo !) o resto.
Mas acontece-lhes mais ou menos como ao mexilhão !

Bom e agora entraria o tal 2º momento (eu anunciei dois, verdade ?) mas estamos naquele impasse, eu e o "Blogger", de desentendimento profundo.
E não estou para lhe dar mais confiança por agora.

Sorte a vossa que acabo mais depressa.
Estão a ver ? Já está

Gozem o fim de semana, descansem, divirtam-se mas tenham cuidado com o frio. Ele anda por aí.

JPSetúbal

26 junho 2009

Demagogia ? Dêem-lhe o desconto...

Demagogia ? Pois, se calhar há alguma.
Em todo o caso desafio-vos a darem um desconto, mesmo que seja grande, e ainda ficarão com muita, muita verdade.
Às 6ª.s feiras começa a tornar-se uma fatalidade terem de levar comigo para o fim de semana.
A questão está na crise... É..., também estou em crise. É assim, toca a todos, mesmo aos que gostam de rir e de levar numa levezinha mesmo quando as coisas são um tanto mais pesadas.
E o blog serve também para isto.
Esta semana não correu bem !
Na 2ª. feira entrei num restaurante cá do burgo (para o Rui é o das iscas...) e dei de caras com um amigo de curta data, mas a quem devo um dos empurrões mais desinteressados que já tive na vida. Sem me conhecer, sem nunca me ter visto (pelo menos que eu saiba) entendeu defender uma causa em que me meti, resolvendo-a num "berro", ele que é uma pessoa calma, muito pacato, nada de ribalta. Só que no momento em que a coisa tomou ar de escândalo (teve a ver com o direito à liberdade de informação) entendeu meter-se e a sério, de tal forma que tudo se calou e o assunto ficou resolvido.
Pois foi esse amigo que encontrei no tal restaurante, almoçando com a esposa e uma amiga, aparentemente sem qualquer problema (estavam sentados à mesa).
A questão surgiu-me de repente quando ao levantar-se teve de ser amparado pelas 2 mulheres e mais um empregado do restaurante. Aí percebi que algo se passara no último mês, intervalo de tempo em que o encontrara na rua, sózinho, em passeio higiénico como ele me disse.
Não é um homem novo, mas os Homens não têm idade. E este tem a idade da quantidade de rasteiras que a vida lhe foi passando.
Passemos ao nosso "bonequinho" do fim de semana.
É ao conteúdo deste "bonequinho" que eu me refiro no título. Muitos políticos pagariam para serem eles a aparecer no vídeo (no lugar da Allanis) mas desta vez ficaram de fora.
Em época de eleições seria um bombom ! Seria uma caixa inteira de bombons !


Façam o favor de ser felizes. Bom fim de semana.

J.P.Setúbal

15 junho 2009

Medula Ossea

Volto ao tema que me é querido. Não que tenha precisado, felizmente e graças a Deus nem eu nem a minha familia tivemos necessidade, mas porque creio que é uma das causas mais nobres que se podem abraçar.

Requer quase nada como trabalho e tempo. Se para doar sangue é necessária uma certa regularidade, isto é, torna-se necessário ir a uma unidade de recolha uma ou duas vezes por ano, já para ser dador de medula apenas é requirida uma visita a centro de recolha de sangue para ser tipado.

Ou seja uma unica deslocação na vida do dador, e depois ficar à espera que seja compativel. Isso pode nem sequer acontecer, pois as probalidades de compatibilidade são pequenas.

O organismo português de registo de dadores de medula o CEDACE que funciona no Centro de Histocompatibilidade do Sul é o centro desta vasta operaçao de recolher amostras de sangue para tipologia, e depois a inserção desses dados numa vastissima base de dados Mundial.

Por Curiosidade o nosso país tem o 4º melhor rácio de dadores por habitante do Mundo e o 3º da Europa.

Actualmente "exportamos" mais medula para páises terceiros que a que "importamos", mas tudo isto poderão ler, e aconselho que o façam no Relatorio de Actividades de 2008 publicado pelo CEDACE.

Importa aqui clarificar que o transplante de medula não é a garantia absoluta de cura do transplantado. Aliás muitos dos transplantados podem não resistir e falecer.

No entanto o transplante é conceder a HIPOTESE de cura, ou melhor aumentar a Hipotese de cura.

Se tem entre 18 e 45 anos pense que eventualmente carrega consigo a hipotese de cura de um qualquer enfermo por esse mundo fora. Livre-se desse peso, inscreva-se como dador.

Não sabe como ? " No Problem" veja aqui COMO SER DADOR DE MEDULA no tempo de um clique de rato


José Ruah

09 junho 2009

Solidariedade Pura


O texto que se segue não é da minha autoria, como aliás pelo estilo de escrita poderão facilmente perceber.
Encontrei-o no Blogue Hormonas Adolescentes e uma Tablete de Chocolate que é escrito por uma jovem de 16 ou 17 anos e do qual sou leitor assiduo desde o primeiro post. É um blog simples de uma pessoa que se procura a ela própria como é natural para quem tem a idade que "To Be or not To Be" tem, aliás o pseudónimo que escolheu é em si revelador.
Na verdade procuramos-nos todos a nós próprios todos os dias.
A mensagem que retirei deste texto, para além da "descoberta da solidariedade" por parte da autora, é que basta um quase nada para fazer uma pessoa feliz, ou se quisermos um pouco menos infeliz. Parafraseando uma amiga minha que por sua vez cita autor cujo nome me falha "Temos pelo menos a obrigação de tentar ser felizes".
A sua procura começa a dar resultados e o seu exemplo na simplicidade dos gestos relatados deverão ser de inspiração para os leitores, mesmo para os menos atentos.

Por tudo isto imediatamente solicitei autorização para publicar aqui este texto, autorização essa que me foi concedida

"
TEODORO




Banco Alimentar



No passado fim de semana fui como voluntária para o Banco Alimentar. Foi a primeira vez (o que é um bocado vergonhoso tendo em conta a minha já avançada idade) e até tive sorte pois fui parar ao supermercado Pingo Doce mesmo por detrás de minha casa (o que, diga-se de passagem, poupou uma grande parte do tempo que teria perdido em deslocações). Inscrevi-me para as tardes de sábado e domingo ficando a trabalhar em ambos os dias das 17h às 21h. Com um grande espírito positivo comecei o meu sábado. Conheci pessoas porreiras e estive em situações ligeiramente constrangedoras mas correu tudo às mil maravilhas.



Logo ao início, no meio de risos e muito divertimento, foi-me apresentada uma pessoa cuja cara não me era nada estranha. De dentes pretos, olhar seguro, alto, cabelo grisalho e comprido, uma grande barba e um ar muito sujo, foi-me apresentado o Teodoro (aparentemente um sem abrigo da minha zona). Olhou-me com um ar altivo e superior, deu-me completo desprezo e acho que nem sequer ouviu as minhas primeiras frases. Isto irritou-me logo profundamente e pensei cá com os meus botões: "Idiota do homem que é sem abrigo mas ainda se dá ao luxo de me olhar de lado!". Armei-me então em "amiga dos pobrezinhos", decidi fazer o sacrifício e dar ao Teodoro o privilégio de ser meu amigo.Ao longo do dia fui conhecendo pouco a pouco a vida desta personagem estranha que só bebia "leite de vacas ruivas" (vinho portanto). Descobri que é romeno, que há 16 anos que vive em Portugal cujos últimos 8 têm sido passados na rua e que espera ansiosamente pelo dia 31 de Fevereiro. Acabou por simpatizar comigo e acho que até me começava a achar alguma piada. O dia foi-se desenrolando...



Já para o final da tarde, depois de muitos sacos entregues mas também algumas caras que nem se deram ao trabalho de me responder, vejo um belo dum Tuareg entrar a 100km/h na zona e estacionar mesmo em cima da passadeira. De dentro do Tuareg, claro está, sai a boazona da tia com uns grandas saltos, unhas arranjadas, cabelo como se acabado de sair do cabeleireiro e mais "bling-blings" que o 50 cent. Pensei que agora sim iriamos ter uma boa contribuição... burra! Ao entrar chinelando nos seus sapatos Gucci, estendo-lhe o meu braço para lhe entregar um saco e com um sorriso pergunto-lhe: "Boa tarde, deseja contribuir para o Banco Alimentar?", ao que obtenho um sorriso de gozo e um "EU?! A menina deve estar "masé" a brincar!". Extremamente frustrada, desiludida e com vontade de lhe arrancar os "bling-blings" todos continuei a minha missão de entregar sacos...



O dia seguiu-se, sempre acompanhado pelo desconfiado do Teodoro para quem já começava a não ter pachorra nenhuma. Às tantas este levanta-se e olha para mim, estende-me a mão e diz:" Dá-me um saco", ao que eu respondi: "Sabe que não se podem usar sacos fora do supermercado não sabe?", ao que ele me respondeu: "Ora, eu vou entrar. Tenho ou não tenho direito a um saco?". Lá me vi obrigada a dar-lhe o maldito do saco de plástico. Para meu espanto, com os poucos trocos que recebeu, o Teodoro foi comprar um pacote de leite que pôs dentro de um saco e entregou ao Banco Alimentar. Nem podia crer... Ele era o único que teria alguma vez a justificação para ser egoísta e não partilhar! Crise?? Mais crise do que isto não há e mesmo assim há espaço para dar aos outros.



Antes de me ir embora (de lágrima no canto do olho) o Teodoro chama-me para o lado, entrega-me uma flor e diz-me: "Porque tu és a menina mais bonita que já alguma vez conheci.". A minha alma estava parva! Privilégio tinha eu de alguma vez na vida ter tido a sorte de me cruzar com uma pessoa como o Teodoro.


To Be Or Not To Be "


Tenham dois belissimos feriados, e pensem que um sorriso, uma palavra, um gesto, um qualquer coisa com sentimento em direcção a outrem pode ser a coisa mais importante de cada dia para quem dá e para quem recebe.


José Ruah


29 maio 2009

A Corrida

Ora bem, cá estamos em véspera de fim de semana.
Aqui Vos deixo um vídeo para meditar.
É bom que haja quem fixe estas imagens e as apresente a público para as vermos. Só não sei se são vistas por quem mais precisaria de as ver... mas isso é outra "guerra".
No dia em que os homens percebam que não existem para passar rasteiras uns aos outros mas antes, para se apoiarem e salvarem, teremos todos ultrapassado a crise.

A verdadeira, claro !



Gabriel Garcia Marquez - Aprendi que um homem só tem direito a olhar outro de cima para baixo, quando vai ajudá-lo a levantar-se.

Bom fim de semana

JPSetúbal

31 março 2009

Atividade Maçónica

. Hospital Maçónico de Sorocaba, Brasil

Pegando na “estorinha” da chávena e em algumas outras achegas, especialmente a do nosso Irmão AG que escreveu uma prancha focando a sua preocupação pelo estado “disto”… sendo que o “isto” é, apenas, a sociedade humana, trago ao blog alguns minutos do nosso comportamento.
Podemos ser tentados, e somos com enorme frequência (por mim falo !), a considerar que vivemos com dois comportamentos, cada um em seu lugar próprio.
Assim, quando em Loja cada um de nós é Maçon, comporta-se como tal, veste, vive e relaciona-se ritualmente de acordo com os regulamentos instituídos e voluntariamente aceites.
Uma vez fora da Loja somos profanos, vulgaríssimos, iguais a todos os restantes humanos que passam por nós ou que connosco convivem socialmente. Na empresa, no transporte, no restaurante, onde quer que estejamos…
Ora esta dualidade de estados é totalmente despropositada, mais ainda se a eles fazemos corresponder uma dualidade de comportamentos.
Nada explica que dividamos o nosso comportamento como se um deles fosse um heterónimo, ou o nosso outro Eu e o outro fosse o verdadeiro, original.
Digo-vos já que se é assim, ou quando é assim, a 2ª versão é sempre prejudicada na verdade que tenta apresentar.
Sim, porque em qualquer dos estados (original ou heterónimo) cada um faz questão de querer mostrar a naturalidade da normalidade, só que não é possível enganar todos durante todo o tempo, pelo que a apresentação de duas posturas será sempre, numa delas, com o sacrifício mais ou menos nítido da naturalidade.
Quando falamos da guerra, da fome, da iliteracia dos povos, de muitos povos, de muitos milhões de seres humanos, não estamos mais do que a pôr o dedo numa ferida que nos acompanha. Sejamos atentos aos nossos comportamentos. Será que o ser Maçon é um estado de espírito definitivo para todos ?
Claro que é durante a aprendizagem permanente que, passo a passo, construímos esse estado de espírito e é passo a passo que nos aproximamos desse objetivo.
No entanto a questão primeira está na nossa própria consciência da situação. Porque se não estivermos conscientes de que esse caminho é necessário também pouco faremos para lá chegar.
Acontece que escolhemos demasiadamente a chávena, não dando importância à “qualidade do chocolate” e depois sai-nos “um Porche com motor de Fiat 600”.
Para agravar a situação ainda há alguns que mesmo assim vêm para a rua passear o popó todos vaidosos.
Quando digo o “popó”, também posso dizer o penacho !
Então qual é o desafio ?
Bom, se deixamos os metais do lado de fora é bom que não deixemos a Maçonaria do lado de dentro… apenas.
É bom que ela venha connosco ao sair, porque é nossa obrigação integrar todos os Homens na Cadeia de União que formámos enquanto em sessão. O que acontece com frequência excessiva é a Cadeia de União ser exclusivamente interna quando interessa, muito mais, que seja externa.
Igualdade, Fraternidade, Solidariedade não são para ficar fechadas. Nesse ambiente murcham e secam… Precisam do ar livre com Sol, Lua, Chuva, Luz… Se a Maçonaria (e portanto os Maçons) for ativa muito dos males da Humanidade poderão ser resolvidos.
A comunidade Maçónica tem, ao longo do tempo e por todo o mundo, criado muitas responsabilidades no apoio aos necessitados.
Seja criando e gerindo hospitais, sejam escolas e universidades, seja criando e/ou participando em organizações e serviços de apoio social a jovens e velhos, maternidades, lares, e… e…e…
Então, como dizia o outro, se está tudo assim tão bem, porque vai tudo assim tão mal ?
Pois é, há uma atuação vastíssima e importantíssima por parte dos Maçons ao longo do tempo, mas ainda não chega.
É preciso fazer muito mais, é preciso fazer, fazer, fazer…, principalmente fazer, sem anuncio nem anterior nem posterior, simplesmente… fazer !
Em bom português, “que se lixe a chávena !”

JPSetúbal

06 março 2009

A ADDHU apresenta INOCENTE SILÊNCIO na Comuna Teatro de Pesquisa

Mais uma vez venho ter com todos Vós (hoje já é a segunda...).
A questão é que o Fim de Semana além de dever servir para lavar o "coiro" (veja-se o post anterior) pode muito bem servir igualmente para lavar a cabeça (por dentro...), pelo que depois de me preocupar com o primeiro aqui estou para tratar do segundo.

Então sugiro que aproveitem este Fim de Semana para tratarem do espírito, aproveitando para ajudar quem precisa de ser ajudado.

E há, pelo menos, duas alternativas:

1 - No Centro Cultural da Malaposta, em Odivelas, têm o Festival dos Sentidos

É uma organização da CEDEMA em colaboração com a Malaposta. Para quem não saiba a CEDEMA é uma Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Mentais Adultos, uma IPSS, que de 2 em 2 anos realiza este Festival dos Sentidos (vejam o programa deste ano na Agenda do http://www.odivelas.com/).

Desde 3ªfeira que têm passado pelo Auditório da Malaposta (mas não apenas pelo Auditório), grandes nomes, neste caso correspondendo a grandes momentos que é uma pena perderem-se (Olga Prats, St.Dominic Gospel Choir, Joel Xavier, a Roda do Choro de Lisboa, além de Teatro e Cinema para todos os gostos.
Ainda podem aproveitar hoje para ver e ouvir as Sopranos Isabel Silva Pereira e Glória Saraiva com Mercedes Cabanach ao piano, o Grupo de Danças e Cantares de Goa e o Coro da Assembleia da República (não, não é o que atua durante as sessões no hemiciclo, é mesmo o outro, o que canta bem...) e amanhã uma noite de música com os Raptórica (Rap e Hip-Hop), os Rendimento Mínimo (Rock) e os Nobody's Bizness (Blues).
Pelo que vi até agora (Olga Prats, Joel Xavier e a Roda do Choro de Lisboa) é mesmo de não perder ! É música no seu melhor.

2 - A ADDHU apresenta INOCENTE SILÊNCIO na Comuna Teatro de Pesquisa

















Subiu ontem ao palco da Comuna a peça “Inocente Silêncio” de Laura Vasconcelos numa produção da Associação de Defesa dos Direitos Humanos, com o apoio de João Mota e do Gabinete de produção do Teatro da Comuna.

A ADDHU, ONGD registada pelo IPAD, MNE de Portugal, nasceu do empenho na luta pela libertação da Birmânia e da Prémio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi. A sua fundadora, Laura Vasconcellos, escritora e professora universitária, após uma viagem a esse país em 1997 regressou com a determinação de responder aos apelos que lhe foram feitos aquando da sua visita de “be our voice outside” (sê a nossa voz lá fora).
Para isso começou por escrever um livro baseado na sua experiência pessoal, publicado em 2005 pela Editora Guimarães cujo título é “Do Outro Lado do Mundo – Cartas da Birmânia”.
Foi a partir da publicação desse livro que Laura Vasconcellos intensificou a sua actividade como activista pela defesa dos direitos humanos na Birmânia: a realização de sessões de pedidos de assinatura das carta dirigidas, numa primeira fase, ao Ministro dos Negócios Estrangeiros da Birmânia e, mais recentemente, dirigidas ao Secretário-Geral das Nações Unidas; a participação em entrevistas na RTPN e na TVI onde divulgou a situação desse país e a necessidade de acção, bem como no Jornal de Letras no mês de Agosto de 2006; a participação em Julho de 2006 por convite da organização, no Segundo Fórum Internacional dos Direitos Humanos realizado em Nantes, França e sobretudo trabalho de contacto directo com o cidadão de forma a informá-lo e a sensibilizá-lo para a situação vivida na Birmânia pelo povo e pela Prémio Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi têm sido as acções levadas a cabo pela fundadora da agora criada associação ADDHU que espera, assim, poder alargar a sua acção a outros países da Ásia, bem como do resto do mundo.

Por sua vez a ADDHU tem por objecto social a concepção, execução e apoio a programas e projectos de informação, educação e desenvolvimento destinados a promover as liberdades e a protecção dos direitos do cidadão em todos os seus aspectos, no respeito pela Declaração Universal dos Direitos do Homem. (http://www.addhu.org/).

Ficam com muito para se entreterem além de que só Vos fica bem ajudar a quem precisa.
E há muito para ajudar !

Fazem o favor de não me deixar ficar mal.

JPSetúbal

18 fevereiro 2009

Casa do maçom

Iniciativa da Augusta e Respeitável Loja Simbólica Fraternidade Paulista, foi inaugurada, em 27 de abril de 2008, na localidade de Barretos, Estado de São Paulo, Brasil, a Casa do Maçom "João Baroni", que recebe pacientes de várias cidades do país. O espaço oferece hospedagem a maçons e familiares de todo o Brasil, que se encontrem em tratamento no Hospital de Câncer da Fundação Pio XII, de Barretos. Localiza-se na rua Paraguai, nº 1.800, a cerca de 800 metros do Hospital.

A cerimónia de inauguração reuniu representantes das Maçonarias de vários Estados, bem como o Venerável Mestre da Augusta e Respeitável Loja Simbólica Fraternidade Paulista e membros das várias Lojas Maçónicas de Barretos.

A casa é formada por onze apartamentos totalmente mobiliados, apropriados para receber pacientes com acompanhantes. Cinco deles são adaptados para utilizadores de cadeira de rodas. O espaço conta ainda com receção, lavandaria, área de convívio, sala de TV, cozinha e refeitório, num terreno de 1.100 m2, com um total de 460 m2 de área construída.

A casa, concebida com base nos símbolos usados na Maçonaria (esquadro, compasso e régua), foi projetada pelo engenheiro André Ponciano, colaborador do projeto. A construção foi realizada no período de dois anos. A primeira pedra foi colocada no dia 23 de abril de 2006.

(Informação obtida através de mensagem de divulgada no Grupo Maçônico Orvalho do Hermon e pesquisada nos sítios da A.R.L.S. Fraternidade Paulista e A.R.L.S. Cavaleiros de São João, n.º115)

Rui Bandeira

17 fevereiro 2009

Meio por cento


Uma das instituições de solidariedade social que é cara aos obreiros da Loja Mestre Affonso Domingues é a CERCIAMA - COOPERATIVA DE EDUCAÇÃO E REABILITAÇÃO DE CIDADÃOS INADAPTADOS DA AMADORA, CRL. A CERCIAMA tem a sua sede e instalações de assistência, guarda, ensino, apoio, formação e reabilitação de cidadão inadaptados, designadamente em consequência de serem afetados pela trissomia 21 (vulgo: mongolismo) ou outras doenças ou insuficiências do sistema cognitivo, na R. Mestre Roque Gameiro nº 12, 2700-578 AMADORA e está reconhecida como instituição de utilidade pública (DR, II Série. n.º 152, de 03/07/1984). No seu blogue , a CERCIAMA faz o seguinte apelo, que temos todo o gosto em aqui reproduzir e secundar:

A partir da declaração de IRS, respeitante ao Ano 2008, a tributar em 2009, informa-se que pode consignar 0,5% do Imposto Liquidado (Lei nº16/2001 de 22 de Junho, Art. 32º e Portaria nº 80/2003 de 22 de Janeiro) à CERCIAMA.

Basta inscrever no Anexo H, caixa 9, coluna 901, o número de IDENTIFICAÇÃO DE PESSOA COLECTIVA, neste caso da CERCIAMA.

A CERCIAMA tem como Número de Identificação de Pessoa Colectiva (NIPC), o seguinte:

500 636 826

Quer no modelo de IRS electrónico, quer no modelo de IRS entregue em suporte de papel à vossa Repartição de Finanças, a vossa consignação deve ser assinalada no Anexo H, caixa 9, coluna 901, marcando um X no quadradinho com que termina a linha que refere:

-INSTITUIÇÕES PARTICULARES DE SOLIDARIEDADE SOCIAL ou PESSOAS COLECTIVAS DE UTILIDADE PÚBLICA (art. 32º, nº4 e 6).

Recorda-se que não assinalando nada na Caixa 9, … todo o benefício será directamente consignado à Fazenda Pública!

A CERCIAMA AGRADECE o vosso gesto de solidariedade pessoal, sem descurar que outra possa ser a entidade destinatária do donativo.

Seja Solidário uma vez mais!

Ajude a CERCIAMA

Obrigado

Meio por cento é quase nada! Mas lembrem-se que muitos meios por cento ajudam - e de que maneira! - quem, muitas vezes, é a única ajuda de quem dela absolutamente precisa!

Portanto, meus caros leitores sujeitos passivos de IRS em Portugal, é assim: basta ter o cuidado de guardar estes dados e, quando preencherem a vossa declaração de IRS, colocar o número de pessoa coletiva da CERCIAMA e o tal "X" no quadradinho da caixa 9 do Anexo H e, sem custos para vós, 0,5 % do IRS que vos é liquidado é entregue pela fazenda Pública à CERCIAMA. Se nada fizerem, se nada cuidarem, se não quiserem ter o pequenininho esforço de se recordarem de assim fazerem e de efetivamente o fazerem, a Fazenda Pública, em vez de ficar apenas com 99,5 % do vosso IRS e entregar 0,5 % dele à CERCIAMA, fica com os 100 % todinhos do vosso IRS.

A escolha é vossa!

Mas para quem reclama, resmunga ou murmura que o Estado podia aplicar melhor o dinheiro dos nossos impostos, convenhamos que prescindir de determinar-lhe que entregue a pequenina parte do nosso IRS que ele, Estado, aceita que nós determinemos a quem deve entregá-la, não será muito coerente...

E a CERCIAMA merece que nos lembremos dela e que tenhamos para com ele este gesto pequeno, fácil e sem custos para nós: determinar à Fazenda Pública que lhe entregue 0,5 % do nosso IRS! Quem porventura duvidar, tem uma maneira muito fácil e rápida de tirar as dúvidas: é ir visitar a CERCIAMA e ver, com os seus próprios olhos, o fantástico trabalho que ali é feito!

Leitor de Portugal: não guarde para amanhã o que pode fazer hoje! Imprima este texto e guarde-o na pasta dos documentos que precisará consultar quando fizer a sua declaração de IRS. Assim não se esquece!

Rui Bandeira

09 fevereiro 2009

Casa Emanuel

A crise está aí! Vejo e sinto que as pessoas estão cada vez mais inquietas, temerosas. Vejo e sinto crescer a tendência para que cada um se feche nas sua concha, se abrigue até que a tempestade passe, em cada dia assumindo que ela será de maior duração do que lhe parecia no dia anterior. Vejo e sinto as pessoas a retraírem-se, a adiar ou anular despesas ou investimentos, por receio de arriscar um mínimo que seja. Enfim, vejo as pessoas a fazerem crescer a crise...

Se bem me recordo dos meus já longínquos estudos sobre os rudimentos de Economia que aprendi, uma das razões de aprofundamento de uma crise / recessão é precisamente o efeito psicológico que gera nas pessoas, levando-as a encerrarem-se no seu casulo que pensam protetor e a tentar passar pelos intervalos da chuva. E aí instala-se o ciclo vicioso de que é trabalhoso sair: o medo gera retração do consumo e do investimento, esta leva à diminuição da atividade económica e ao excesso de capacidade instalada, diminuição de vendas e de faturação, redução de pessoal, desemprego, nova diminuição de consumo, e por aí fora...

Ainda por cima aqui no hemisfério norte o tempo está de chuva, cinzentão, frio e desagradável - não ajuda nada à boa disposição. Suspeito, cá por mim, que os primeiros a sair da crise havemos de ser os portugueses, mas só quando o Sol voltar a brilhar, o tempo aquecer e a praia apetecer. Aí, sim, o pessoal vai decidir que já basta de estar sempre a pensar nas dificuldades, um cidadão também tem direito ao sol, mar e descanso, esta vida, afinal, são só dois dias e... quando dermos por nós já estamos a achar que afinal isso da crise é para os islandeses... E, por incrível que pareça, isso será bom e será um dos remédios para efetivamente ajudar à saída da crise...

Mas, entretanto, importa que mantenhamos a cabeça fria, os pés bem assentes na terra e não embarquemos em pânicos ou derrotismos. E, sobretudo, que tenhamos sempre bem presente que, por difíceis que as coisas estejam para nós, há sempre quem tenha muito maiores dificuldades, mais fundas, mais graves.

Os tempos de crise não devem por nós ser encarados como época de medos, cautela e caldos de galinha.Devem ser encarados como épocas em que aumenta a necessidade de SOLIDARIEDADE. Da nossa solidariedade. Do nosso menos, bem vistas as coisas, ainda podemos retirar uma migalha que, junto com miríades de outras migalhas, serão algo de indispensável a quem está com muitíssimo menos do que nós, quase nada.

Crise não pode, não deve ser sinónimo de egoísmo, antes de solidariedade.

Por isso, aqui se divulga um apelo à solidariedade formulado pelo secretário-geral da Fundação Sousa Pedro:


No dia 19 de Janeiro teve início a campanha
"Coração na Guiné" que visa a angariação de bens de primeira necessidade para enviar para o orfanato Casa Emanuel, na Guiné-Bissau, a única instituição do país que recebe crianças órfãs, com deficiências e HIV.

Esta terá a duração de três semanas e contará com uma divulgação diária no programa da RTP1 "Portugal no Coração" onde serão apresentadas imagens e depoimentos relacionados com este projecto e onde podem também contribuir ligando para o número 760307307, pois o custo desta chamada (0.60€) reverte a favor do Orfanato Casa Emanuel.

Imaginem que
com apenas 0.60 € conseguimos pagar a alimentação de uma criança por dia!

Todas as semanas surgem novos pedidos para o acolhimento de crianças órfãs e em situação de risco e é com a nossa ajuda que é possível à instituição aceitá-los. (Desde que este projecto arrancou a Casa Emanuel já "adoptou" mais 8 bebés...).

É por isso que mais uma vez apelo para esta causa pois todas as ajudas e donativos que queiram dar terão que ser feitos até ao dia 16 de Fevereiro, altura em que o contentor terá que ser fechado e enviado para a Embaixada de Portugal na Guiné-Bissau.

Agradeço-vos em nome de todas aquelas crianças e peço que reencaminhem os contactos que disponibilizo em baixo:

Links com mais informações sobre o projecto

http://www.casaemanuel.org/pt/missaocasaemanuel_ficheiros/frame.html ( em Português)

http://www.casaemanuel.org ( Geral)

CONTAMOS CONSIGO! Juntos podemos fazer a diferença!

Um telefonema. Sessenta cêntimos. Uma criança alimentada durante um dia.

Simples, não é?


Portanto, meus caros amigos, colaborem na campanha e ajudem a CASA EMANUEL.


De caminho, pensem um pouco e vejam como isto da crise é uma coisa muito relativa, afinal...!


Rui Bandeira