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04 agosto 2010

A nota de um dólar dos Estados Unidos e as teorias da conspiração (IV - conclusão)

Nos três textos anteriores, expliquei detalhadamente como a pirâmide de 13 degraus e o Olho da Providência foram incluídos no Grande Selo dos EUA e, ulteriormente, na nota de um dólar americano, demonstrando que essa inclusão nada tem a ver com Maçonaria e que a simbologia ali utilizada nada teve a ver com a mesma.

Mas afinal os ditos símbolos são maçónicos ou não?

O Olho da Providência é uma ancestral representação da Divindade. Na mitologia egípcia, encontramos o "Olho de Ra", também chamado de "Olho de Hórus".

No Budismo, Buda é frequentemente referido como o "olho do Mundo".

Na iconografia cristã medieval e da Renascença, o símbolo é representado através de um olho inscrito no interior de um triângulo e é utilizado como representação da Santíssima Trindade.

Na iconografia maçónica original, este símbolo não existia. A mesma resumia-se ao compasso, ao esquadro, a outras ferramentas da Arte da Construção e a pouco mais.

Mas não olvidemos que a Maçonaria nasce cristã. Só mais tarde, em resultado de todo um percurso de prática da Tolerância evolui para a presente configuração aberta que admite todos os crentes, qualquer que seja a sua religião ou crença particular, num sincretismo que balança entre o teísmo e o deísmo (no meu entender, sendo originariamente teísta e assim se mantendo, mas evoluindo para incluir também as conceções deístas).

Originariamente os maçons eram todos cristãos. Católicos, da Igreja de Inglaterra, luteranos, ou calvinistas, mas todos cristãos. Não admira, assim, que, seja por influência cultural, seja pela crença religiosa, todos os maçons conhecessem e interiorizassem os símbolos cristãos, incluindo o Olho da Providência, símbolo da Santíssima Trindade.

A primeira aparição do Olho da Providência na iconografia maçónica surge apenas em 1797 (já depois da criação do Grande Selo dos Estados Unidos), com a publicação do Freemasons Monitor por Thomas Smith Webb. Ali foi incluída a representação do Olho Que Tudo Vê ou Olho da Providência, como forma de recordar a todos os maçons que os seus pensamentos e atos são observados por Deus, o Grande Arquiteto do Universo. E, a partir daí, foi-se expandindo, também nos meios maçónicos, a utilização do Olho da Providência, como representação e símbolo da Divindade.

Resumindo: o Olho da Providência é ancestralmente um símbolo da Divindade. Desde a Idade Média e Renascença que foi utilizado como símbolo cristão da Santíssima Trindade e nessa aceção foi incluído no Grande Selo dos Estados Unidos e, por essa via, mais tarde, na nota de um dólar americano. Só posteriormente a essa inclusão no Grande Selo é que, pela primeira vez, foi utilizado em ambiente maçónico. Hoje, é correntemente utilizado como símbolo maçónico. Mas essa utilização atual corresponde a uma apropriação pela Maçonaria do símbolo cristão pré-existente.

Quanto à pirâmide de 13 degraus, não tem qualquer significado ou simbologia maçónicos. A iconografia maçónica baseia-se nas ferramentas do ofício da construção e no Antigo Testamento. Particularmente importante nessa iconografia é o Templo de Salomão e a Lenda associada à sua construção. Nada na Maçonaria remete para a Tradição egípcia ou suméria, nem para as pirâmides egípcias (bem vistas as coisas, meros jazigos de gente rica e poderosa...) ou sumérias (tidos como artefatos destinados a favorecer a observação astronómica).

Referências a pirâmides maçónicas? Só no romance de Dan Brown, O Símbolo Perdido! Mas essa não é, de modo algum, uma referência relevante! Por três razões: 1. Trata-se, assumidamente, de uma obra de ficção; 2. Trata-se de uma obra, assumidamente, escrita por alguém que não é maçom; 3. Trata-se de um romance escrito já no século XXI, insuscetível de criar qualquer tradição, e, obviamente, impossível de ter servido de fonte a um qualquer eventual símbolo maçónico existente no século XVIII nos Estados Unidos da América!

Resumindo e concluindo: os badalados símbolos maçónicos do Grande Selo dos Estados Unidos da América e da nota de um dólar americano nem sequer são... símbolos maçónicos! O mais perto que lá se chega é da verificação que, depois da inclusão do Olho da Providência no Grande Selo dos Estados Unidos da América, a Maçonaria apropriou-se e passou a usar também o símbolo, até aí essencialmente cristão do Olho da Providência.

Factos são factos!

Não que eu acredite que os teóricos da conspiração deixem os factos abalar os seus (pobres) argumentos...

Fontes das informações contidas neste texto:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Olho_da_Provid%C3%AAncia
http://en.wikipedia.org/wiki/Eye_of_Providence
http://www.masonicinfo.com/eye.htm

Rui Bandeira

28 julho 2010

A nota de um dólar dos Estados Unidos e as teorias da conspiração (III)


Nos textos anteriores, mostrei que as imagens do verso da nota de um dólar americano são, afinal, o verso e reverso do Grande Selo dos Estados Unidos e que os símbolos ali insertos nada têm a ver com a Maçonaria e tudo têm a ver com a independência daquele país. Nada que abale as "certezas" dos teóricos da conspiração, sei-o bem. Mas o meu propósito é esclarecer as dúvidas de quem as tem, não abalar "certezas" de iluminados por "verdades ocultas"... Os teóricos da conspiração, em síntese, clamam que, na nota de dólar, e no Grande Selo dos EUA, os maléficos maçons introduziram símbolos seus (não esclarecem para quê, mas isso são detalhes...). Não se comovem com as explicações demonstrativas de que os símbolos em causa não são maçónicos, sobretudo quando formuladas por um maçom - que, obviamente, faz parte da Grande Conspiração Maçónica e está a querer ocultar, disfarçar, esta ponta levantada do véu da Grande Conspiração Maçónica...

Não basta, portanto, a demonstração que já fiz. É preciso ir mais além. E ir mais além é divulgar o processo de criação do Grande Selo dos EUA - e deixar que cada um ajuíze, em função dessa informação e dos demais elementos fornecidos, a validade da teoria da conspiração!

Logo em 4 de julho de 1776, dia da Declaração de Independência, o então designado Congresso Continental nomeou a primeira comissão para desenhar o Grande Selo ou emblema da nova nação. Acabaram por ser necessários seis anos, três comissões e os contributos de catorze homens para que o Congresso finalmente viesse a aprovar tal símbolo dos Estados Unidos. O desenho aprovado incluía elementos das propostas de cada uma das três comissões sucessivamente designadas.

Compunham a primeira comissão Benjamin Franklin, Thomas Jefferson e John Adams. Dos três, só o primeiro foi maçom. E a sua proposta não foi aceite!

Franklin escolheu uma cena alegórica do Êxodo, que descreveu como "Moisés de pé à beira-mar, estendendo a sua mão sobre este e causando o afogamento do exército do Faraó". A divisa que propôs foi: "A Rebelião Contra Os Tiranos É Obediência A Deus". Jefferson sugeriu uma representação dos Filhos de Israel perdidos, guiados de dia por uma nuvem e de noite por uma coluna de fogo, para o verso do Selo; para o reverso, propôs a efígie de Hengest e Horsa, os dois irmãos que foram os lendários líderes dos primeiros colonos anglossaxões na Bretanha. Adams escolheu uma pintura chamada " Julgamento de Hércules", na qual este tem de escolher entre o florido caminho da Facilidade ou o rude carreiro do Dever e da Honra. Não sendo versados em heráldica, pediram a ajuda de um artista plástico de Filadélfia, Pierre Eugene du Simitiere (não foi maçom), que veio a elaborar uma proposta com um brasão com seis secções, simbolizando os seis países de onde eram originários os habitantes das colónias independentistas (Inglaterra, Escócia, Irlanda, França, Alemanha e Holanda), rodeado pelas iniciais dos treze estados. Suportavam o brasão uma figura feminina, a Liberdade, e um soldado americano. Sobre o brasão, o "Olho da Providência" inscrito num Triângulo Radiante e a divisa E plurubus unum.

A Comissão apresentou o seu relatório com as quatro propostas ao Congresso. Este escolheu a proposta de Pierre du Simitiere, mas pretendendo alterações. Insatisfeito, não deu a sua aprovação final, vindo a ser nomeada uma segunda comissão. Do conjunto de propostas desta primeira comissão, foram incluídos no desenho final do Grande Selo a divisa, o "Olho da Providência" e a inclusão da data 1776.

A segunda comissão nomeada foi constituída por James Lovell, John Morin Scott e William Churchill Houston. Tal como os anteriores nomeados, procuraram a ajuda de alguém mais versado em heráldica, Francis Hopkinson, que foi quem fez a maior parte do trabalho. Nenhum dos quatro foi maçom. Embora tal tenha sido alegado quanto a Hopkinson, não existe qualquer prova ou registo disso. Hopkinson, um dos signatários da Declaração de Independência, ajudara a desenhar a bandeira americana e foi autor dos Selos de vários Estados. Apresentou duas propostas, com temas de guerra e paz. A primeira continha um escudo com treze barras diagonais, alternadamente vermelhas e brancas, suportado num dos lados pela Paz, uma figura feminina com um ramo de oliveira, e no outro por um guerreiro índio, com arco e flechas. Por cima, uma constelação radiante de treze estrelas. A divisa era "Preparado Para A Guerra E Para A Paz". No verso, a Liberdade, sentada numa cadeira, segurando um ramo de oliveira, com a divisa "Perene pela virtude" e a data 1776. Na segunda proposta, o guerreiro índio foi substituído por um soldado segurando uma espada e a divisa foi encurtada para "Para A Guerra Ou Para A Paz". A Comissão escolheu a segunda proposta e apresentou-a ao Congresso. Mais uma vez, o Congresso não deu a sua aprovação, vindo a nomear uma terceira comissão. Da proposta desta segunda comissão, transitaram para o desenho final as treze listas no escudo e respetivas cores, a constelação de estrelas rodeada por nuvens, o ramo de oliveira e as flechas (da primeira proposta de Hopkinson).

A terceira Comissão nomeada foi constituída por John Rutledge, Arthur Middleton e Elias Boudinot. Rutledge veio a ser substituído por Arthur Lee, mas a nomeação deste nunca foi oficialmente formalizada. Tal como sucedera com as duas comissões anteriores, o grosso do trabalho foi delegado num especialista em heráldica, Willam Barton. Nenhum destes homens foi maçom. A proposta de Barton, que a Comissão veio a submeter ao Congresso, continha um escudo ladeado por uma jovem, representando o Génio Da República Americana Confederada" e por um soldado americano. Ao alto, uma águia. No escudo, um pilar com uma Fénix Em Chamas. As divisas eram "Em Defesa Da Liberdade" e "Só Virtude Invicta". No reverso, uma pirâmide de treze degraus encimada por um "Olho da Providência" radiante (da primeira comissão) e as divisas "Com O Favor De Deus" e "Perene". Ainda uma terceira vez, a proposta não mereceu a aprovação do Congresso. Da proposta da terceira comissão, transitou para o desenho final a pirâmide de treze degraus.

Em 13 de junho de 1782, o Congresso entregou ao seu Secretário, Charles Thomson (não foi maçom) os projetos das três comissões e encarregou-o de elaborar um novo desenho. Thomson, utilizando elementos das propostas das três comissões, elaborou o que veio a ser o projeto finalmente aprovado. De seu, as divisas Annuit Coeptis (Ele aprova o nosso empreendimento) e Novus ordo seclorum (Nova Ordem Dos Séculos). Antes da submissão final ao Congresso, solicitou a Barton que efetuasse uma revisão final, tendo este alterado o sentido das listas para vertical e a posição das asas da águia. O projeto final assim resultante foi submetido ao Congresso em 20 de junho de 1782 e nesse dia finalmente aprovado!

Como se vê, uma conceção detalhadamente analisada, feita, refeita e feita de novo, com a participação de catorze homens, dos quais apenas um maçom - e cuja proposta em nada contribuiu para o resultado final!

E é perante estes factos - comprovados, registados! - que os teóricos das conspirações brandem as suas "certezas"! Mais palavras para quê?

Fontes das informações contidas neste texto:

http://en.wikipedia.org/wiki/Great_Seal_of_the_United_States#History
http://en.wikipedia.org/wiki/Great_Seal_of_the_United_States#Speculation_and_conspiracy_theory

Rui Bandeira

22 julho 2010

A nota de um dólar dos Estados Unidos e as teorias da conspiração (II)

No verso da nota de um dólar dos Estados Unidos figuram duas imagens, uma com uma pirâmide inacabada e o "olho que tudo vê" e a outra com a "águia americana". Particularmente a primeira das duas imagens é apontada pelos teóricos da conspiração como a demonstração da cabala maçónica, que logrou introduzir dois dos seus símbolos na nota de dólar - sem que se perceba bem o que é que se ganharia com isso (mas isso nunca fez hesitar um teórico da conspiração que se preze...).

Pois bem: estas duas imagens foram introduzidas, em 1935, na presidência de Franklin D. Roosevelt, pela simples, evidente e clara razão de que... são o verso e o reverso do Grande Selo dos Estados Unidos!

Ah! - gritam triunfantemente os teóricos da conspiração -, então a conspiração maçónica vem de trás e é muito mais grave. Conseguiram colocar símbolos maçónicos no símbolo por excelência da República americana!

Não é minha preocupação vir agora com os factos perturbar as teorias com que se entretêm aqueles senhores mas... os factos são os que seguidamente apresento.

O Grande Selo dos Estados Unidos é usado para autenticar documentos emitidos pelo Governo Federal dos EUA. Esta designação aplica-se não só ao artefacto físico utilizado para essa autenticação, como para designar as imagens que constam do seu verso e reverso. Foi publicamente usado pela primeira vez em 1782.

No verso, está o brasão de armas americano (a águia segurando 13 flechas - figurando os 13 Estados originais da União - e um ramo de oliveira com 13 folhas e 13 azeitonas - de novo em representação dos 13 Estados originais -, a divisa E pluribus unum (com 13 letras), que significa "De Muitos, Um" - também utilizada por um popular clube desportivo português, ó teóricos da conspiração! Aproveitai para elaborar mais uma teoriazinha... -, no peito da águia um escudo com 13 - de novo - faixas verticais e sobre a sua cabeça uma glória com 13 - sempre! - estrelas).

O reverso tem a pirâmide (de 13 degraus, de novo simbolizando os 13 Estados originais) inacabada, encimada pelo "olho que tudo vê". tendo inscrita na sua base, em carateres romanos, a data 1776 (data da Independência dos EUA) e as inscrições Annuit Coeptis (13 letras...), que significa "Ele Aprova O Nosso Empreendimento" e Novus ordo seclorum, "Nova Ordem Dos Séculos".

O simbolismo do Grande Selo dos Estados Unidos é, assim, dominado, pelo número 13 (que nenhum significado particular tem em Maçonaria), em referência, repetida, às 13 colónias que declararam a Independência. A própria pirâmide inacabada tem 13 degraus e é inacabada porque os 13 Estados originais estavam abertos a que outros se lhes juntassem.

O "olho que tudo vê", também designado por "Olho da Providência" é uma evidente representação de Deus, como sem dúvida alguma resulta da legenda que o rodeia (Ele - Deus, obviamente - aprova o nosso empreendimento - de declarar a independência).

Note-se que o "olho que tudo vê" está inserido no interior de um triângulo, representação cristã do símbolo, em alusão à Santíssima Trindade. Esta representação cristã simbolizando o Criador está presente, por exemplo, na catedral de Aachen, na Alemanha, a mais antiga catedral do norte da Europa, cuja construção se iniciou por volta de 790, no reinado de Carlos Magno, que nela está sepultado - muito antes de haver Maçonaria...

O simbolismo do verso do selo foi oficialmente apresentado por Charles Thomson perante o Congresso dos Estados Unidos, aquando da apresentação do projeto final do Grande Selo para aprovação por aquele órgão do Poder Legislativo americano (no século XVIII, note-se...), da seguinte forma (tradução livre minha):

A pirâmide significa Força e Perenidade. O Olho sobre ela e a divisa aludem aos muitos sinais da Providência em favor da causa americana. A data na parte de baixo é a da Declaração da Independência e as palavras por baixo significam o princípio da Nova Era Americana, que se iniciou naquela data.

Factos são factos. Calculo que, por muito perturbadores que sejam para as teorias dos teóricos da conspiração, não será por isso que as vão abandonar e vão deixar de insistir que os símbolos da nota de um dólar e do Grande Selo dos Estados Unidos são maçónicos, porque os maçons (melhor dizendo: os maçons de um determinado rito, nem sequer presente nos Estados Unidos), dizem eles - e, se o dizem, passa, segundo eles, a ser verdade... - também usam uma pirâmide como símbolo (e a questão de a pirâmide do selo ter 13 degraus, como os Estados originais e ser inacabada, em alusão à aceitação de mais Estados que se juntassem à União - e agora são cinquenta... - é um mero detalhe que não impede a insistência na tese da cabala maçónica...) e o "olho que tudo vê " é, só pode ser, e "toda a gente" o reconhece como símbolo maçónico, apesar de ser uma secular representação do Criador (desde o tempo dos egípcios, então sob a forma do "olho de Hórus"), especificamente cristã quando inserido num triângulo (simbolizando a Santíssima Trindade) e mostrar-se presente, por exemplo, numa antiquíssima Catedral, construída quando não havia Maçonaria.

Mas factos são factos. E, para que não restem dúvidas (senão as "certezas" dos teóricos da conspiração), ainda dedicarei um terceiro texto ao processo de criação do Grande Selo dos Estados Unidos. Assim se verá se este processo foi público e transparente ou encoberto e conspirativo, como juram os ditos teóricos...

As informações do texto de hoje foram recolhidas nos seguintes artigos da Wikipedia:

Great Seal of the United States
Annuit coeptis
Olho da Providência
Catedral de Aachen

Tudo locais de muito difícil acesso e de evidente controlo maçónico, como se vê...

Rui Bandeira

14 julho 2010

A nota de um dólar dos Estados Unidos e as teorias da conspiração (I)


A propósito do simbolismo presente na nota de um dólar americano, e particularmente do "olho que tudo vê", o nosso amigo Diogo comentou:

O facto de George Washington ter sido Grão-Mestre da Grande Loja do seu Estado não lhe dá o direito de colocar um símbolo da Loja na nota. O símbolo era uma imagem de uma sociedade a que ele pertencia (ainda por cima secreta). Parece-me uma impertinência

E, mais adiante:

A Maçonaria Americana pode ter sido ou ser CRENTE. Mas isso não lhe dá o direito de impor os seus símbolos a uma esmagadora maioria que não é maçónica.

Quanto à afirmação de George Washington ter sido Grão-Mestre da Grande Loja do seu Estado (Virgínia), já tive oportunidade de a corrigir no texto Retomando o curso... Quanto à afirmação do Diogo que George Washington não tinha o direito de colocar um símbolo maçónico na nota... a resposta é: não colocou! Pela simples razão de que a nota de um dólar americano foi concebida e fabricada muitíssimo depois do tempo de vida de George Washington - que faleceu em 14 de dezembro de 1799!

A primeira nota de um dólar americano foi criada e fabricada no ano de 1862 (mais de sessenta anos depois da morte de Washington) e nem sequer tinha a configuração atual: apresentava a imagem de Salmon P. Chase, que foi Secretário de Estado do Tesouro na Administração de Abraham Lincoln.

A primeira efígie de George Washington só aparece na segunda nota de dólar, criada em 1869. Também esta versão era diferente da atualmente existente: a imagem de George Washington, ao centro, estava acompanhada, à esquerda, de uma imagem de Cristóvão Colombo avistando terra...

Em 1886, é criada a nota de um dólar "Silver Certificate", com a imagem de... Martha Washington, a mulher do primeiro Presidente norteamericano!

Em 1896, imprimiu-se a nota de dólar denominada de "série educacional", em cuja frente figuravam os retratos de George e Martha Washington, constando no verso uma imagem alegórica da História instruindo a Juventude.

Em 1899, a nota de dólar passou a apresentar as imagens de Abraham Lincoln e Ulysses S. Grant, sob uma imagem contendo o Capitólio, a águia careca (animal símbolo dos Estados Unidos) e uma bandeira americana.

Todas estas notas (e outras versões que foram emitidas, mas que aqui não refiro, por menos interessantes ou curiosas) apresentavam uma dimensão superior à nota de dólar atual.

A primeira nota de dólar com a dimensão da atual foi introduzida em 1929, com a efígie de George Washington.

Só em 1957 foi introduzida na nota de dólar a divisa IN GOD WE TRUST.

A introdução, no verso da nota de dólar da frente e verso do Grande Selo dos Estados Unidos (que tem a tal imagem com a pirâmide inacabada e o "olho que tudo vê" que alimenta as disparatadas teorias da conspiração que por aí circulam) só ocorreu em 1935, durante a Presidência de Franklin D. Roosevelt.

Portanto, nem George Washington, nem nenhum dos "Pais Fundadores" dos Estados Unidos tiveram nada a ver com a introdução dos símbolos que as teorias da conspiração acusam os maçons de subrepticiamente terem feito introduzir na nota de dólar...

As informações contidas neste texto, para além das obtidas nos locais para onde apontam os atalhos supra colocados, foram obtidas na entrada da Wikipedia em inglês United States - one dollar bill. Tão simples como isso! Desmontar as disparatadas teorias da conspiração requer apenas um pouco de informação, que nem sequer dá um grande trabalho a obter...

No próximo texto, tratarei dos símbolos incluídos no Grande Selo dos Estados Unidos (a tal pirâmide inacabada e o "olho que tudo vê"), sempre apontados como "provas" pelos inefáveis teóricos da conspiração.

Rui Bandeira