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04 maio 2015

1º de Maio, Dia do Trabalhador ( e do maçom, digo eu!)...


Depois de ter publicado no texto anterior uma reflexão sobre o 25 de Abril, hoje venho publicar outro texto mas desta vez motivado pelo “1º de Maio”.

O que poderá  aparentar que transformei este espaço de liberdade com politiquices e afins… Mas nada de mais errado!

Quem não leu o texto anterior e apenas viu as letras do título poderia supor tal, aceito isso. 
Mas quem leu o texto anterior na integra e se for ler este texto também, no final constatará que “politiquismos” não existem, mesmo que a Política seja um conceito necessário para a vida das civilizações e seu progresso.

Mas o que me importa abordar neste texto é o contexto de trabalho que se pode assacar da celebração do feriado do “ 1º de Maio”.

Festeja-se esse dia por este mundo fora para celebrar o Dia do Trabalhador, logo de todos nós.

Mas num sentido mais estrito da palavra “trabalhador”,  também aqui os maçons podem considerar esse dia com um dia seuE passo a explicar.

O maçom considera-se alguém que labora o seu interior – o seu íntimo – para o bem da sociedade em geral. Logo utiliza geralmente como metáfora ou alegoria do seu trabalho pessoal a construção de um templo em si mesmo, lapidando e burilando a “pedra bruta” que é ele próprio.
 E este trabalho não é nada fácil por sinal. 

Posso até afirmar que para algumas pessoas é uma tarefa bastante árdua e com algum sacrifício pelo meio.
Moldarmos o nosso carácter, a nosso postura, o nosso comportamento e os nosso pontos de vista habituais, que geralmente apenas estão visados para nós próprios e raramente para os outros, é bastante difícil. Talvez seja uma tarefa tão hercúlea como a construção das pirâmides do Egipto ou a Grande Muralha da China… 
Pois nunca foi fácil para ninguém perceber que poderá estar errado em relação a algo ou que tem se “mudar” a si próprio se quiser evoluir como ser pensante.

Evoluir nunca foi fácil para o Homem, logo ele teve de trabalhar para isso suceder.

Instruíu-se, educou-se, formou-se, fez múltiplas coisas para que lhe fosse possível alcançar o que hoje em dia tem e experencia. Mas neste conjunto de ações que fez, algo é aceitável por todos, o Homem “trabalhou”; umas vezes com maior proveito outras vezes nem tanto, mas aprendeu com isso e soube ultrapassar esses momentos que aconteceram pelo meio. 
O Homem unicamente pelo seu trabalho, prosperou…

- E é isso que deve ser também festejado num dia como este.-

E o maçom sendo ele também um trabalhador no mundo profano e principalmente no meio maçónico, deve ele sentir também a homenagem em causa efetuada neste dia, nesta celebração.

No interior das suas Respeitáveis Lojas, os maçons trabalham nas suas Pranchas, trazendo alguma "luz" aos seus irmãos, debatem as suas ideias e aprendem  - neste caso, reitera - um conjunto de princípios que deverão empregar no mundo profano, por forma a que possam ser  válidos cidadãos no local onde vivam ou para o país que os acolham.

Pode a generalidade da população desconhecer o trabalho maçónico que se faz em prol da sociedade, mas o maçom não o descura porque o conhece e sabe que muitas vezes o que foi conquistado pela sociedade deve-se ou deveu-se ao trabalho dos seus irmãos. E por isso mesmo compete ao maçom preservar esse trabalho feito e se possível levá-lo a uma fasquia superior, caso tenha condições para isso.

Pode a sociedade (dependendo dos países em questão) não conhecer o que fazemos, mas temos de o continuar a fazer, nem que seja por nós próprios e pelos outros que pensam e vivem tal como nós…

O que nos espera será sempre: trabalhar, trabalhar e trabalhar…


PS: Texto escrito ao fim da tarde do “primeiro de Maio” e publicado hoje por opção editorial minha.

16 março 2015

Perspetivas “reais”…


Quem já teve a oportunidade de ler algum texto que eu vou escrevendo, porventura já terá reparado que algumas vezes costumo afirmar que na mais simples coisa se pode encontrar a presença da Arte Real.

Naturalmente que só vislumbramos algo se o conhecermos, bem como reciprocamente, que só poderemos encontrar aquilo que efetivamente  procuramos.

Aliás, existe até mesmo um silogismo religioso e iniciático que diz que “quem procura, encontra”.
E eu acrescento que pode mesmo encontrar!

Pode é nem sempre ser tão lesto como se poderia desejar, mas com trabalho, empenho, paciência e muita perseverança, tal poderá ser concebível.

Mas por vezes é possível encontrarmos algo mesmo que não estejamos à procura de alguma coisa e essa descoberta, algumas vezes fascinante, é algo que nos pode motivar e impelir para ir mais além, demonstrando de certa maneira, que o caminho que escolhemos tomar é o que melhor se nos aplica.

Por isso, não são raras as vezes que encontro a presença da minha(/nossa) arte, em coisas tão simples como em frases ditas por alguém que nem sempre está identificado com os princípios de vida que observo, ou em canções ou músicas que nem sempre são aquelas intemporais ou mais comerciais que é usual conhecermos ou outras que poderíamos relacionar com algo mais místico ou metafísico até, ou inclusive até mesmo em simples construções onde a presença da Maçonaria poderia ser assumidamente dada como inexistente.

Quando encontro algo que relaciono direta ou indiretamente com a Arte Real é porque detenho um conhecimento que me permite reconhecer essa presença, ou pelo menos, a supor.

Mas tudo isto, apenas pode ser feito através da minha perspetiva, da minha visão, dos meus princípios morais e da minha experiência de vida. É a perspetiva que tenho sobre tal, que me permite esse facto.
Pois as mesmas coisas, os mesmos objetos, as mesmas músicas, poderão na perspetiva de outrem, pouco ou nada ter a ver com a opinião que tenho sobre essas mesmas coisas. Tudo na vida depende da nossa perspetiva e da nossa opinião e é a nossa perspetiva que tudo define.

Aquilo que eu vejo e sinto, podem outros também o ver e sentir, tal como outros poderão nunca o fazer…

Mas aquilo que eu vejo, sinto, saboreio ou toco, apenas poderá acrescentar mais valias à minha vida se eu tiver a noção disso mesmo, caso contrário apenas serão meras sensações que sentirei e que pouco ou nada me trarão de novo ou de positivo para o que eu espero da vida.

Todavia, enquanto eu olho para algo através da vista de alguém reconhecido como maçom, um estudante de Teosofia, um Rosa-Cruz, um membro de outra via iniciática qualquer ou que tenha alguma perspetiva espiritual diferente da minha, encontrará outras coisas que não me serão possíveis encontrar.

Primeiro, porque não as procuro, mas principalmente porque não as conheço. E sem as conhecer, nunca me será possível as reconhecer…  

Todavia, alguém não iniciado nestas “andanças”, também não o conseguirá fazer  porque não as conhece, e também porque sem as conhecer,  também não as poderá identificar.

O que poderá fazer no entanto, é tentar perceber o que é aquilo que observa, e quanto muito, se auxiliado corretamente, é apreender, através da boca de quem lhe vai debitando noções ou percepções daquilo que estará à sua frente.
O que é sempre diferente de reconhecermos algo e aquilo que nos dizem que será ou que poderá ser na realidade…

- Existem sensações que são necessárias vivê-las, experimentá-las, para se saber verdadeiramente o que são… As nossas experiências, as nossas vivências são determinantes na nossa vida, pois elas são responsáveis por aquilo que somos, por aquilo que pensamos e por aquilo que fazemos…-

Quantas vezes não estivemos nós em excursões ou em visitas a museus, castelos, igrejas, espaços culturais, etc, onde fomos guiados por alguém?

E em ocasiões em que tal era a primeira ou a segunda vez que visitávamos esses locais?

E que à medida em que íamos ouvindo o nosso guia, íamos adquirindo novas percepções sobre o que estávamos a ver?

Ou em visitas posteriores aos mesmos lugares, em que observávamos já com olhos diferentes aquilo que estávamos a contemplar, fruto dos conhecimentos que fomos ganhando entretanto?!

A nossa opinião bem como a nossa perspetiva sobre algo é mutável, evolui.

Já alguém dizia que só “os ignorantes não mudam de opinião” e quem não muda, não consegue progredir. E sem progredir, o Homem estagna, definha…

Por isso é tão importante a perspetiva que temos das coisas e quanto menos ambígua for essa perspetiva mais depressa poderemos definir aquilo que encontramos ou aquilo que observamos como sendo (o) verdadeiro e/ou o mais correto.

E a nossa experiência de vida, o nosso empirismo, terá um papel fulcral no auxílio de validar aquilo que se nos é apresentado pela vida.

Através da nossa experiência é nos possível adquirir uma visão das coisas, que sem ela, não nos seria possível obter.

Não basta se olhar alguma coisa simplesmente olhando, há que se olhar com olhos de quem quer ver
E isso é o mais importante, porque só agindo assim poderemos alcançar o conhecimento, atuando de forma deliberada e tendo a noção do que (o) estamos a fazer .

A nossa perspetiva será sempre a “nossa”. Outros terão as “deles”.

Devido a diferentes experiências de vida, diferenças culturais, sociais, económicas e educacionais, existem várias formas de se olhar e analisar a mesma coisa.

Tanto que na maioria das vezes, temos como opinião que, se as perspetivas dos outros forem semelhantes à nossa, facilitam-nos o nosso inter-relacionamento humano, e que se forem contrárias ou divergentes às perspetivas que temos, possibilitam-nos outras novas aprendizagens e também a comunhão e partilha de diferentes pontos de vista, originando o debate dessas diferentes  ideias. Sendo isto, algo que considero também como bastante necessário para o progresso humano.

E é para o progresso do ser humano que os maçons trabalham! Seja através da sua ação no mundo profano, seja através do seu trabalho nas suas lojas maçónicas…

Por tudo isto, dependendo apenas da perspetiva que se poderá ter acerca de algo, foi-me possibilitado fazer esta reflexão que convosco partilhei.

Foi apenas a minha perspetiva que enunciei e nada mais.

Se correta, se errada, apenas outrem a poderá sufragar e dar-lhe o valor que considerar que ela valha.
Quanto a mim e para aquilo que pretendo da vida, por enquanto, vai servindo perfeitamente…

09 março 2015

Uma pequena história, um grande e fraterno significado!

A Respeitável Loja Mestre Affonso Domingues, como todas as outras lojas maçónicas, recebe, na qualidade de visitantes, Ir:. das mais diversas e variadas nacionalidades. Por aqui, na Loja Mestre Affonso Domingues, temos gosto em fazê-lo e, segundo dizem os Ir:. que o GADU faz questão de colocar no nosso caminho, fazemo-lo bem.

Assim aconteceu, com um Ir:. oriundo da IIr. da Loja Fênix, n. 4053 do Grande Oriente do Brasil – GOB que, na sua “despedida”, brindou os obreiros da Respeitável Loja Mestre Affonso Domingues nº 5, com a prancha hoje aqui transcrita na íntegra.

Ainda em sessão, solicitei autorização ao Ir:., pois é ainda Aprendiz e, como tal, não pode publicar textos, nem utilizar da palavra em sessão, o qual aceitou prontamente.

Como seu Ir:. é uma honra o poder publicar em seu nome, esta belissima prancha, como obreiro da Respeitável Loja Mestre Affonso Domingues, foi compensador tê-lo por cá e, estou certo que o GADU, irá proporcionar novamente que os nossos caminhos se cruzem.

Portanto, a prancha que aqui vão ler, foi lida em loja, em sessão ritual, por um Ir:. visitante que assina a autoria da mesma, eu Daniel Martins apenas proporciono ao universo do A Partir Pedra, a sua leitura em âmbito alargado.

Meu querido Ir:., obrigado, mais uma vez pelas tuas palavras, bem hajas e, estou certo, até breve.

Uma pequena história, um grande e fraterno significado!


Vou contar uma história para vocês, meus IIr. Serei breve, serei leve. Uma história ainda em reflexão, uma história que ainda está sendo vivida e que foi possibilitada pelo G.A.D.U.

Quando se fala em projeto logo se indica qual o seu âmbito: profissional, pessoal, familiar, e por ai vai. Embora indicando e dividindo nossos projetos, aqueles de maior importância tem inserção e interação direta com nossas vidas pessoal e profissional, profana e fraterna. Afinal, o que é de mais importante é (ou deveria ser) partilhado.

E essa pequena história foi compartilhada com vocês.

No dia 01 de novembro de 2014 cheguei em Lisboa, Portugal, para uma estadia de 120 dias, foco profissional, meu Estágio de Doutoramento em Direito, foco pessoal, uma experiência familiar certamente inesquecível. Não cheguei só. Cheguei com minha família: esposa e filho.

A viagem começou muito antes da chegada em Lisboa no dia 01 de novembro. Iniciou de certa forma quando constituímos os laços familiares, 12 anos atrás, e com a chegada do nosso filho.

Quero dizer com isso que 120 dias distante do nosso meio comum, ao mesmo tempo em que um sonho, uma perspectiva maravilhosa que seria vivida, seria um grande desafio para 3 pessoas. Afinal, estaríamos sozinhos vivendo a experiência de estar em um continente, um país, uma cidade, muitas milhas além de casa.

Assim que decidimos pela viagem anunciei em minha Loja, perante meus queridos IIr. da Loja Fênix, n. 4053 do Grande Oriente do Brasil – GOB. De imediato VM, 1 e 2 Vig., IIr. Mestres indicaram: “Deves procurar nossos IIr. em Portugal! Contate o Grande Oriente para te indicar o caminho dos IIr.”

Contatei o Grande Oriente do Brasil e em pouco tempo recebi uma resposta: “Meu Ir. Somente é permitida a visitação a Ir. MM., como és Ap.’.M.’. não pode realizar visitas. Mas como li em seu pedido que irá com sua família, por longo período, necessitará estar em ambiente fraterno, por isso, autorizo e encaminharei sua documentação”.

Logo na semana de chegada a Lisboa, percebi que estaria seguro e em família. Fui recebido muitíssimo carinhosamente pelo Ir. José Ruah na GLLP/GLRP, o qual de pronto deixou as portas abertas e indicou a RL Mestre Affonso Domingues, n. 5 para que freqüentasse no período em que estivesse em Lisboa.

Na primeira oportunidade, dia 12 de novembro de 2014, visitei pela primeira vez a RL Mestre Affonso Domingues, n. 5. Fui recebido sem formalidades pelos IIr. Em seguida tive a oportunidade de visitar outras L. da GLRP, mas retornei somente a RL. Mestre Affonso Domingues, n. 5. 

E aqui esta pequena história passa a ter um grande e fraterno significado.

A RL Fênix, n. 4053, minha Loja Matter, tem uma verdadeira egrégora familiar. A egrégora que lá se firma é o mais puro sentimento e congregação de energias de pessoas que convivem em união fraterna, nos seus mais diversos graus e qualidades. Minha casa fraterna!

Embora com somente 6 visitas a RL Mestre Affonso Domingues, n. 5, me senti em uma verdadeira egrégora familiar. E aqui, meus IIr., sinto que a egrégora que se firma é, também, o mais puro sentimento e congregação de energias de pessoas que convivem em união fraterna.

Durante este período de 120 dias tive mais vínculo com alguns IIr. do que outros, o que é normal, mas sem dúvida sempre muito bem recebido por todos, realmente me senti em casa.

Algo que reparei e senti é que os IIr. que aqui estão querem estar aqui, realmente estão aqui além da presença física. Isso faz da RL Mestre Affonso Domingues uma verdadeira Loja. Para quem chega a RL Mestre Affonso Domingues isso faz toda a diferença.

Percebi que os IIr. que aqui estão, por óbvio, entraram na Maçonaria, mas, também, e o mais complexo, que infelizmente não acontece sempre, a Maçonaria também entrou nos IIr. Com isso não estou a dizer que a RL Mestre Affonso Domingues não tenha problemas, necessidades... afinal, se fosse perfeita, o que restaria?!

Quero dizer com essas poucas palavras que a convivência fraterna com os IIr. da RL Mestre Affonso Domingues fez a total diferença no decorrer dos 120 dias que aqui estivemos. A segurança que senti e sinto por estar entre vocês auxilia imensamente em fortificar a segurança que passei e passo para minha família durante a estada em Lisboa. Saber que possuímos uma família grande, com muitos IIr. Em pé e à Ordem, faz a total diferença.

Regressaremos ao Brasil no próximo sábado, dia 28. Retornarei ao seio fraterno de minha Loja Matter, estou com saudades dos IIr. que lá estão. O que também é certo é que sentirei saudades de todos vocês, assim como serei eternamente agradecido pela forma que fui acolhido pela RL Mestre Affonso Domingues, n. 5.

Fica o registro de que sempre estarei Em pé e à Ordem para todos os IIr. da RL Mestre Affonso Domingues, e que o referido registro não seja um Adeus, mas um até breve.

Afinal, não se está distante quando se mantém perto no coração, e todos vocês estão em meu coração.

São palavras simples, porém sinceras, e assim me despeço de todos.

Que o GADU ilumine todos os IIr. e suas respectivas famílias.

Ir. José Carlos Kraemer Bortoloti
Passo Fundo, Rio Grande do Sul, Brasil.
Lisboa, Portugal, 25 de fevereiro de 2015


Daniel Martins

02 março 2015

"Jornal-i-smos..."


Durante este fim de semana numa edição de um jornal diário que tem como título uma letra vogal do alfabeto, encontra-se uma reportagem que apesar de contar alguns erros, naturais  de quem não percebe ou anda nestas andanças de maçonarias e afins…, é totalmente diferente e divergente do outro "artigo" que inspirou o meu texto anterior.

De facto, esta reportagem que veio a público este fim de semana, tenta ter um perfil informativo e não conspirador, tenta demonstrar o que é a Maçonaria e mostrar um pouco o que existe para lá do véu da discrição e do secretismo.

Naturalmente que não estou a fazer a apologia desta reportagem nem do respetivo jornal, mas quando se quer informar realmente, a atitude a tomar é sempre diferente de quando se tenta impregnar na mente de alguém algo que poderá estar longe da realidade.

Aliás algumas das personalidades que  foram abordadas no contexto desta reportagem são pessoas com responsabilidades na Maçonaria em geral, pelos cargos que envergam ou que já ocuparam. E isto traz uma credibilidade extra para os artigos que compõem esta reportagem, que ela não teria se fosse feita de outra forma.

- Quem sabe falar de Maçonaria, serão os maçons. Porque a vivem, porque a fazem e a constroem dia após dia. Os outros apenas podem tentar especular sobre o assunto, com os erros e as lacunas na informação que poderão surgir dessa atitude.-

A reportagem no seu geral não está isenta de alguns erros, que considero superficiais e de quem tenta num curto espaço abordar muita coisa ao mesmo tempo. O que por norma acaba por sempre acontecer quando queremos compilar muita informação e temos pouco espaço para o fazer. Falar da História da Maçonaria, dos seu Rituais próprios, Processo de Recrutamento  e demais temas abordados por esta reportagem, nunca será fácil para quem não viveu os mesmos e apenas os pode especular ou basear-se no que outrem lhe possa contar.

Mas apesar dos erros existentes, gostei da fluidez dos artigos e com a preocupação - assim me o parece - –que o jornalista responsável pela elaboração dos textos teve em não opinar transversalmente sobre o tema da reportagem.

Mais reportagens deste género houvessem e as pessoas não andariam sempre tão curiosas sobre o que é e o que a Maçonaria faz

Apesar deste tema ser sempre um tema bastante comercializável, desta vez, tenho a ideia que não foi este o mote para a reportagem, mas uma consequência da mesma… 

23 fevereiro 2015

"Curiosidade, voyerismo, ou simplesmente, requintes de malvadez…?!"


Hoje infelizmente trago à baila um tema que me causa algum amargo de boca, daqueles amargos criados por um qualquer espinho purulento que se possa ter na garganta...

Seja por mesquinhez humana, seja meramente por curiosidade ou simples voyerismo sobre o que se passa na vida de outrem, os tugas são uns “cuscos” por natureza…

A curiosidade sobre a forma de como o seu amigo, vizinho ou colega de trabalho vive ou age, geralmente faz parte do imaginário coletivo do povo português.

Saber o que aqueles fazem nas suas vidas, nas suas profissões, quais as  suas amizades, os seus gostos e “desgostos”, levaram a que as redes sociais crescessem de forma exponencial ao longo dos últimos anos e não apenas em Portugal, mas no resto do mundo também.

Quantos de nós aderiu ou  ainda pertence a uma rede deste tipo?
Quantos de nós fomenta e desenvolve a suas amizades e conhecimentos nestas redes sociais?

Uns porque querem de facto interagir com os seus amigos, outros apenas por quererem conhecer a vida que essas pessoas levam…

Como seres humanos, somos competitivos por natureza - essa faceta animal está intrincada no nosso ADN - e isso leva-nos a comparar o que fazemos com o que os outros fazem.

E algumas vezes nessa “competição”, a comparação entre estilos de vida é geralmente o que mais acontece. Saber que alguém tem uma vida “melhor” ou “pior” que a sua, para alguns, é o que de mais  gratificante têm na sua vida, o que só demonstra a sua pequenez de espírito.

E quando esta curiosidade abrange não exclusivamente os conhecidos, mas que se alarga a outras pessoas, sendo estas personalidades conhecidas na sociedade, tal propicia a existência de um “género literário” que tem vários seguidores não só em Portugal como também por esse mundo fora. Geralmente tal é designado por literatura “cor-de-rosa”, até porque habitualmente quem seriam os maiores consumidores deste género literário eram as mulheres. Coisa que está a mudar na atualidade.

Quem não costuma folhear algumas páginas deste tipo de revistas? 
Nem que seja meramente para ajudar a passar o tempo de espera num consultório médico ou numa paragem de autocarro? Mesmo que não seja necessariamente para cuscar sobre a vida de alguém…

Mas não é particularmente sobre este género literário que eu quero elucubrar, mas sobre outro género, o do tipo informativo. Daquele que serve mesmo para informar e não o contrário.

Assim, durante a passada semana, uma publicação supostamente mediática e de cariz hipoteticamente informativo – será?! - com um título suis generis de  dia da semana e que curiosamente nem sequer é publicada nesse dia cujo o nome enverga, - opção editorial ou marketing, quiçá?- voltou à carga com o tema Maçonaria e a vida interna das principais Obediências do nosso país, nomeadamente a GLLP/GLRP da qual faço parte, e logo como manchete principal e como sendo o tema capa de revista.

Naturalmente que neste texto, bem como em outro qualquer, apenas posso expressar a minha opinião, sendo apenas por ela que sou responsável. 
Sou um cidadão adulto e livre, mas acima de tudo cumpridor das regras cívicas e das leis do meu país.
E como tal, se tenho deveres a cumprir, também por sua vez, terei direitos que me são adstritos. 
E um deles é o direito a associar-me e a reunir-me com quem eu bem entender, desde que tal não seja criminalmente punível. 
E a expressar o que por bem eu entender, desde que tal não ofenda ou comprometa o bom nome de algo ou de alguém.

E se falei assim anteriormente, é porque quero que fique inculcado na mente de quem me lê, o que eu penso e sinto sobre este assunto em particular.

E uma vez que, sendo reconhecido como maçom e principalmente porque faço parte da Maçonaria Regular, - apenas posso falar daquilo que vivencio -, sei que nada se passa no seu interior que atente a nossa república nem a nossa democracia legitimamente eleita. Até porque tal nunca poderia ocorrer, porque qualquer Obediência Regular compromete-se em honrar e respeitar as regras do país onde se insira, bem como os maçons seus filiados, juram sempre submeter-se às leis desse país em concreto. E nem o poderiam de fazer de outra forma, pois antes de serem maçons, são cidadãos, tal como os outros, com as mesmas obrigações e direitos. 
Nem acima nem abaixo, mas ao mesmo nível…

Logo, porque “carga de água” é assim tão importante saber o que se faz no interior de uma Loja Maçónica?

Não vou rebater esta questão com  os habituais argumentos e que são já por demais conhecidos, mas vou salientar principalmente o caso do voyerismo sobre a vida particular de alguém.

Não temos todos nós direito à nossa privacidade e a respeitar também o direito à privacidade dos nossos pares?
Não incorreremos nós em alguma forma de crime por usurpar esse direito a alguém?

O direito à privacidade é algo do mais importante que um ser humano poderá ter, e inclusive está resguardado na nossa Constituição da República no seu Artigo 26º, Ponto 1.

Alguém poder fazer na sua intimidade o que entender, partilhar a sua vida com quem bem entender, é algo que não deve estar dependente da curiosidade de ninguém.

Por isso, qualquer coisa que se faça na nossa intimidade/privacidade, será apenas do nosso entendimento. Nós é que sabemos se queremos tornar público ou não o que fazemos. Quem se quer resguardar, tem sempre essa possibilidade e esse direito.

Quantos de nós, reserva apenas para si, para a sua família ou para as suas amizades o que faz?
Quantos de nós também poderá ter uma vida pública, e por isso estar menos resguardado, mas que tal, foi uma decisão que tomou, uma opção que fez?!
Muitos com certeza. 
Mas muitos também optaram por manter a sua vida “secreta”.

Por isso, o secretismo ou a discrição em relação a algo, não deveria comprometer quem desta forma prefere viver.

Porque será que quando não sabemos o que alguém faz, ocorre-nos a ideia que estará a fazer algo de errado ou a conspirar?
Apenas porque não conhecemos a sua vida? 
E com que direito temos, para conhecer a sua vida? Se não fomos escolhidos ou convidados para tal?

É sobre isto que interessa refletir.

Os maçons não são melhores nem piores que os outros cidadãos, membros ou não de associações conhecidas ou que não integrem até sequer qualquer associação.

O que os maçons tentam fazer é melhorar a sua vida através de uma via espiritual, num contexto iniciático, por forma a que leve em ultima instância a um progresso geral social e ao seu aperfeiçoamento pessoal em concreto. E isto não tem nada de mais.

Se o maçom cumpre determinado ritual ou ritualística inerente à prossecução deste seu caminho, tal apenas lhe diz respeito a si mesmo.
O que interessa saber se faz este ou aquele gesto, se tem esta ou aquela postura corporal? Se apenas a quem o pratica, é importante o conhecer?!

Para mera cultura geral, será?! E porquê? 
Que vantagens esse conhecimento trará a quem tem acesso de forma incorreta a esses conhecimentos? 
Apenas conhecer, será?! Porque nada poderá fazer com eles…

Comparo isso à situação de estarmos com fome e termos diante de nós uma mesa farta e que estamos impedidos de lhe aceder. Sabemos que os alimentos estão lá, mas não os poderemos saborear. E é isto que acontece a quem acede a conhecimentos que não lhe dizem diretamente respeito. Conhecem, mas não compreendem nem tiram partido disso. São conhecimentos vazios de conteúdo e de sensação.

E mais uma vez, volto eu à carga

Porque é assim tão importante saber o que os maçons fazem?

Terão de reunir de porta aberta? E porquê? Com que motivo? Se nada de errado estarão a fazer?

Pode acontecer por vezes, e não estou a assumir que tal assim seja ou que ocorra, que certos desentendimentos possam existir. Somos seres humanos e nem sempre concordamos ou gostamos das atitudes que outros possam ter para connosco. E ter atitudes menos próprias e menos nobres poderão ocorrer por isso. 
O que é importante fazer é tentar evitar tais comportamentos através do uso do diálogo e de uma sempre presente tolerância e sensatez.

- Não somos robots, logo somos feitos de carne e sentimentos...-

Mas questiono, terão essas situações de vir ao conhecimento do público?
Qual será a sua relevância?

Quando nos chateamos com amigos e colegas, também vamos a correr por a “boca no trombone”? 
Vamos informar meio mundo que aconteceu isto ou aquilo
Não resguardamos essas situações para a nossa privacidade?

Então porque teriam de os maçons, nos seus hipotéticos desentendimentos, agir dessa forma?
E qual o interesse real que tal teria para a comunidade? Senão apenas por mera cusquice ou exibicionismo?!

Mas o pior que eu considero que sucede, é que exista gente que aufira algo com essas situações. Quando violar a privacidade de alguém se torna numa fonte de rendimento.

Naturalmente que não critico quem trabalha honestamente nem qual seja a sua fonte de rendimento, desde que justa e honesta, mas também não posso deixar de criticar quem à conta da vida privada de outrem, governa a sua vida. 
Será tal legítimo?!

E quando essa forma de trabalhar, menos válida no meu entender, tenta criar a ideia na generalidade das pessoas de que quem se resguarda da vida pública e que se reúne discretamente, que conspira, que corrompe, que age de forma deliberadamente imprópria ou com uma conduta marginal, para mim, roça quase a criminalidade. 
Até porque quem trabalha desta forma, com as assumpções que faz, impregna na mente da generalidade das pessoas de que quem se resguarda, independentemente de ser um grupo de pessoas ou uma somente, estará a fazer algo de errado. O que nem sempre é a verdade!

O problema é que estes temas do secreto e do discreto vendem… E por venderem, existe sempre alguém interessado em comprar… Independentemente de comprar “gato por lebre” ou da legitimidade com que tal lhe é dado a conhecer.

E uma vez que tal é recorrente, seria interessante a quem assim o faz, fazer a devida reflexão se a sua atitude é a mais correta ou se o fator-dinheiro é  mais importante que a dignidade e a privacidade do ser humano.
Para mais, quando repisa constantemente sobre os mesmos assuntos, muitos dos quais nem sempre corretos  ou verdadeiros. 
E resguardarem-se na sombra das fontes também não será a melhor atitude. Até porque com esse argumento poderão especular o que quiserem e sobre o que quiserem, com as consequências que conhecemos para as personalidades cujos nomes possam ser referidos. 
Até porque existe gente que poderá ser prejudicada na sua vida profissional ou no seu seio familiar por apenas ter o seu nome referido ou associado a algo, mesmo que tal não seja verídico.

 - As piores condenações são geralmente as que são feitas na "praça pública" e bem sabemos que nem sempre serão  julgamentos corretos ou assertivos -.

Não me importa se o assunto é um tema importante ou não, o que me interessa de facto é saber se a obtenção da (provável) informação foi obtida com o consentimento do interveniente e se a mesma é a verdadeira. Isso sim é que é relevante!
Para além de que uma informação argumentada pelo próprio interveniente terá sempre um valor que não teria se a informação fosse simplesmente especulada ou contendo alguma subjetividade relativa.

É por isso que creio que na maioria das vezes em que o tema “Maçonaria” vem à baila do conhecimento público, será quase sempre por algo que não tem interesse para a comunidade, mas apenas com o sentido de se “vender manchetes” e de se obter receitas à custa da vida particular de outrem.
Assim, continuo sem perceber se é por mera curiosidade, se por voyerismo ou se por algum requinte de malvadez, este tipo de atitude persecutória que alguns supostamente informantes terão.
Sei é que se não houvessem determinados curiosos, não haveria lugar para tanta (des)informação…

02 dezembro 2014

A Maçonaria na Ilha da Madeira

No âmbito das publicações de autores convidados, aqui fica um texto sobre a Maçonaria na Ilha da Madeira.






A   Maçonaria   na   Madeira

Em 1727, foi constituida a primeira Loja Maçónica em Lisboa composta por comerciantes ingleses e que seria apelidada pelo Santo Ofício de “Hereges Mercadores”, em 1733 uma segunda Loja denominada “Casa Real dos Pedreiros Livres da Lusitânia” com uma  predominância de obreiros católicos portugueses e irlandeses e uma terceira fundada pelo suíço John Coustos em 1741. Todas elas sofrerão uma grande perseguição por parte da Inquisição no ano de 1743, onde alguns destes Irmãos foram torturados e sentenciados a duras penas.
Uma segunda fase acontece a partir dos anos sessenta desse mesmo século, como consequência de uma tolerância ideológica por parte do Marquês de Pombal, que fora um homem iniciado no estrangeiro (Inglaterra ou Áustria), onde residiu algum tempo como diplomata da coroa Portuguesa.

É precisamente durante esta segunda fase acima referida que se erguem as colunas da primeira Loja Maçónica na Ilha da Madeira em 1768.
Esta Loja que foi fundada por elementos da nobreza Madeirense tais como:
Aires de Ornelas Frazão, Leal de Herédia, Joaquim António Pedroso e Francisco Alincourt.

Alguns destes Irmãos teriam sido mesmo iniciados em Londres, destacando-se o caso de Aires de Ornelas Frazão, 1º Venerável Mestre da Loja e que casou com Mary Phelps, uma sra de famílias inglesas  que também residiu na Ilha.

No ano de 1770, consta de um ofício dirigido ao Marquês de Pombal a 3 de Dezembro desse ano pelo governador José António de Sá Pereira de que os Irmãos acima referidos teriam sido presos por este nas Cáceres do Santo Ofício e enviados para Lisboa, onde foram libertados pelo Marquês de Pombal.

No ano de 1780, haviam poucos Obreiros devido à continuada perseguição movida pelo governador Sá Pereira, mas com a chegada à Ilha da Madeira de Barthelemy Andrieu du Boulaiy, a nossa Ordem retoma o vigor inicial devido ao seu empenho e ao recrutamento de novos elementos.

Em 1790, acontece uma cisão na Loja onde Ornelas Frazão envereda pelo reconhecimento britânico e uma Loja denominada de “S.Luís” que segue o reconhecimento francófono.

Nessa altura na Ilha da Madeira estavam a trabalhar cerca de três Lojas e o numero de Maçons ultrapassava os 100, destacando-se os nomes do Padre Alexandre José Correia que tinha um diploma maçónico inglês, Miguel Carvalho que mais tarde iria para os Barbados (Antilhas Inglesas) e de Tomás de Ornelas Frazão, filho de Aires e que ergueu colunas no ano de 90 na cidade da Horta, Ilha do Faial, Açores.
Recuando cerca de um ano, mais precisamente 1789, chega á Ilha da Madeira, por nomeação do governo de D.Maria I e com a missão de estudar a flora Madeirense e seus efeitos terapêuticos, Jean Jacques de Orquiny, que era grande comendador do Grande Oriente de França e que não só levantou colunas de uma Loja como também formou uma Academia de Ciências e Artes.

Em 1792 foi movida uma segunda grande perseguição contra os pedreiros livres, liderada pelo Bispo D. José da Costa Torres e pelo governador à época de nome Diogo Forjaz Coutinho, que à imagem do seu antecessor Sá Pereira, prendeu todos os Maçons nas Cáceres do Santo Ofício, e através de um edital incentivou toda a população a denunciar perante a própria Inquisição (cito):
TODO AQUELE QUE SOUBESSEM PERTENCER À MALDITA SEITA, QUE TINHA PACTO COM SATANÁS E ERA EXCOMUNGADA.

Como é óbvio, esta manobra ditatorial e absolutista contra homens livres, de bons costumes e anti-dogmáticos, iria instalar o pânico nas suas famílias, levando a que uma grande parte dos Irmãos “fugissem” da Ilha da Madeira para sítios onde a sua condição não fosse um constrangimento.

Os destinos principais foram o Brasil e os Estados Unidos da América onde foram muito bem recebidos.

A Maçonaria voltou a reorganizar-se enquanto a Madeira esteve ocupada por tropas britânicas entre 1801 a 1802 e 1807 a 1814, tendo à época levantado colunas uma Loja de nome Unidos, da qual nasceram outras duas.

É precisamente nesta terceira fase que a nossa Ordem na Madeira começa a deixar uma postura filosófica e cultural para ter uma mais valia política e social.

Com o liberalismo implementado no país, o cenário com certeza era favorável para que estes princípios começassem a implodir.

No entanto, a alçada do governo absolutista de D. Miguel começou com as suas intervenções inquisitórias no ano de 1823, dispersando novamente os Maçons.

Com a devida persistência já denotada, no ano de 1825 formou-se uma sociedade que se denominava de “Os Jardineiros”, organizada por estudantes universitários e bacharéis.

A pressão exercida por parte daqueles que o seu modus operandis é o controlo social pela força, pelo dogmatismo e pelo não desenvolvimento intelectual da maioria, os Maçons à época eram obrigados a um sigilo absoluto.

Sendo assim, reuniam-se nas quintas e propriedades dos seus membros para que a descrição fosse cumprida.

Entre outras, é de referir a quinta do Til, a quinta da Carne Azeda, a quinta de St. Filipa, uma das quintas no Monte e a de um inglês de nome Gran que também era pedreiro-livre.

A Maçonaria volta a ressurgir robusta em 1826, tendo como personagem principal João do Carvalhal.

No entanto e novamente, a alçada do governo de D. Miguel volta em 1828 onde pronuncia duzentas e dezasseis pessoas, entre os quais cerca de cem Maçons.

Esta perseguição provocou um novo surto de emigração, e os que não partiram, sofreram durante cinco anos sanguinária pressão, tendo muitos morrido pelas suas crenças e convicções.

A 5 de Junho de 1834, as instituições liberais foram restabelecidas, onde os poucos Maçons ali existentes puderam recomeçar os seus trabalhos.

Entre 1847 e 1872 a atividade Maçónica na Ilha da Madeira teve mais uma quebra acentuada, mas a 11 de Março do ano de setenta e dois e pela mão do Tenente-Coronel José Paulo Vieira, ergue colunas a Loja Liberdade, com uma postura apolítica e muito mais filosófica.

Nos anos posteriores, constituíram-se outras três Lojas, que se fundiram pouco depois de 1880.

A implementação da República Portuguesa no princípio do sec. XX proporcionou o constituir de outras Lojas formadas por membros Portugueses e a Britanic Lodge por membros ingleses.

Esta fase da Maçonaria na Madeira terminou, bem como em todo o Portugal, com a implementação do Estado Novo, onde a “Inquisição” volta a ter um papel castrador, com a devida conivência do estadista António Oliveira Salazar a partir de 1932.

Depois do maior interregno desde a formação da primeira Loja em 1768, a Maçonaria na Madeira volta a acordar cerca de 75 anos depois, mais precisamente no dia 2 de Maio do ano simples de 2009.

O objetivo atual da Maçonaria Regular na Madeira é claro:

1-    Continuar o legado dos Irmãos que já partiram para o Oriente Eterno.
2-    Fundar e desenvolver instituições que apoiem o desenvolvimento social e filosófico através da ciência e da cultura
3-    Praticar a filantropia.
4-    Colaborar no estreitamento dos laços de amizade na Maçonaria Lusófona.

Conclusões:

Este trabalho é baseado em vários relatos históricos e que descrevem as nossas raízes na Ilha da Madeira, as perseguições e as dificuldades impostas por quem sempre quis privar-nos de um princípio anti-dogmático e fundamental para a evolução sociológica que é o livre pensamento.

A quem nos provocou e a quem nos continua a provocar, a eles dedico-lhes e a vós recito meus Irmãos uma frase do ilustre poeta Fernando Pessoa, e que relata o seguinte:
EXISTE NO SILÊNCIO TÃO PROFUNDA SABEDORIA QUE ÀS VEZES ELE SE TRANSFORMA NA MAIS PERFEITA RESPOSTA.

Em bom rigor, esta é uma postura de homens livres e de bons costumes que, por e simplesmente sonham como outros tantos sonharam, como Aires de Ornelas Frazão e com grande coragem, partilhamos este brilhante legado que nos deixaram e que nos constitui honrosamente Irmãos da Lusofonia.

Que estes factos sejam exemplo para que a Maçonaria de expressão Lusófona esteja cada vez mais unida e mais forte, e para que estas palavras se completem, todos juntos, devemos nos empenhar profundamente na construção de uma sociedade mais justa, mais iluminada, em suma, a caminho de uma 4ª dimensão ortogonal.



Octávio Pimenta Sousa

(M.·.M.·. da R.·.L.·.João Gonçalves Zarco nº 71, a Oriente do Funchal)