Mostrar mensagens com a etiqueta Fernando Pessoa. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Fernando Pessoa. Mostrar todas as mensagens

27 outubro 2014

Reflexão sobre o " Livre Associativismo" e a sua relação com a Maçonaria…

(imagem proveniente de Google Images)
De tempos a tempos e em vários países do mundo, é posta em questão a obrigação da assumpção da pertença dos cidadãos em alguns tipos de associações, sejam de carácter privativo ou não. E por estes dias o assunto veio novamente a debate a nível parlamentar.

Naturalmente que apenas irei dar a minha opinião sobre o que à Maçonaria concerne, pois é geralmente em relação à Maçonaria que  este tipo de situações se torna mais evidente.

A Lei Portuguesa na sua Constituição da República,  afirma nos seguintes Artigos:
  •  Artigo 41º, sobre a "Liberdade de Consciência, Religião e de Culto":
    1. A liberdade de consciência, religião e de culto é inviolável.
   3. Ninguém pode ser perguntado por qualquer autoridade acerca das suas convicções ou prática religiosa, salvo para recolha de dados estatísticos não individualmente identificáveis, nem ser prejudicado por se recusar a responder. 
  •  Artigo 45º, sobre o "Direito de Reunião e Manifestação":
 1. Os cidadãos têm o direito de se reunir, pacificamente e sem armas, mesmo em lugares abertos ao público, sem necessidade de qualquer autorização.
  •  Artigo 46º, sobre a  “Liberdade de Associação”:
  1. Os cidadãos têm o direito de, livremente e sem dependência de qualquer autorização, constituir associações, desde que estas não se destinem a promover a violência e os respectivos fins não sejam contrários à lei penal.
2. As associações prosseguem livremente os seus fins sem interferência das autoridades públicas e não podem ser dissolvidas pelo Estado ou suspensas as suas actividades senão nos casos previstos na lei e mediante decisão judicial.
3. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação nem coagido por qualquer meio a permanecer nela.
4. Não são consentidas associações armadas nem de tipo militar, militarizadas ou paramilitares, nem organizações racistas ou que perfilhem a ideologia fascista.
E como a Instituição Maçónica não promove a violência, não tem qualquer desígnio contrário à lei do país (aliás um maçom no seu juramento assume a concordância e o dever de respeitar as leis do país onde se encontra!), não faz proselitismo nem obriga ninguém a aderir à mesma (quem a ela adere, fá-lo de livre consciência e vontade), não é uma Ordem militar nem a tal se propõe, objeta contra o racismo e a xenofobia em todas as suas formas e é acima de tudo uma Ordem de caractér iniciático e filantrópico, que defende os valores da Liberdade, Igualdade e da Fraternidade e que promove a evolução da sociedade e do seu progresso através do auto-aperfeiçoamento dos seus membros e da sua ação no mundo profano.
Logo, a Maçonaria e os seus membros podem e devem ser encarados como englobados nestes artigos da nossa legislação.
Desta forma, é uma “falsa questão” se tentar obrigar os maçons a assumirem ou não a sua condição maçónica, uma vez que a mesma não decorre de nada que seja considerado ilegal pelas leis portuguesas.
Não obstante, o que me parece que é o real problema de quem tenta obrigar os maçons, membros de alguma Obediência Maçónica a declarar a sua pertença a esta Augusta Ordem não seja apenas por desejar conhecer o nome dos seus membros, até porque a maioria é gente anónima do conhecimento público, não ocupam cargos importantes nas empresas onde trabalham ou nas associações e agremiações profanas a que pertencem.
Quem quer legislar contra a Maçonaria no que toca a cercear o direito ao livre associativismo e  à privacidade dos seus membros, quer saber acima de tudo, se os  membros de alguma Loja Maçónica nas suas profissões e nas suas relações profanas poderão cometer alguma ilegalidade em virtude dos seus juramentos e/ou relações fraternais.
Quero acreditar que tal não acontece e se tal efetivamente acontecer, a pessoa ou pessoas em questão não podem ser consideradas realmente como sendo maçons, uma vez que agem contráriamente àquilo a que a Maçonaria se propõe fazer e atentam contra os valores morais da própria Ordem e contra aquilo que juraram cumprir.
Mas, quem deseja criar leis e condições que permitam a obrigatoriedade de ser assumida a filiação maçónica para justificar também a sua ignorância e a sua curiosidade sobre o que se passa no seio de uma Loja Maçónica, será também para se informar sobre quem  esteve presente e o que se debateu nessas reuniões maçónicas.  Pois em relação ao povo em geral, estes o que querem conhecer é saber se o fulano” X” ou “Y” é reconhecido como maçon e com isso justificar a opinião que poderão ter sobre essa(s) pessoa(s). Tanto que comparo isso com a mesma avidez com que a generalidade da população lê  revistas “cor-de-rosa” para saberem o que se passa na vida de fulano “A” ou “B”. No fundo meros fait-divers, porque na prática o conhecimento de tais informações não lhes trarão qualquer mais valia e apenas servirá para “matar” a sua curiosidade sobre a vida dessas pessoas, pois essas informações serão irrelevantes para a sua vida em particular.
Mas o que é para mim o mais relevante a reter, é o ataque que se faz aos direitos e garantias dos cidadãos, uma vez que o livre associativismo e a liberdade de um cidadão pertencer a qualquer tipo de agremiação ou associação num futuro quiçá talvez não tão longínquo assim, irá ser posta também em causa.
Para já, o assunto apenas aborda quem pertencer a associações secretas ou de carácter discreto, mas basta se aceitar que tal possa ser exequível, também qualquer outro direito de pertença e militância poderá também ser posto em questão e com toda a legitimidade por quem o fizer.
Para quê e para quem importará saber quem pertence a uma Obediência Maçónica se também não nos é possível saber o que se passa no interior de outras  associações e conhecer a identificação dos seus membros?
Não terão essas mesmas associações o mesmo direito que a Maçonaria se arroga a ter?!  
O direito dos seus membros poderem reunir em privacidade, sem ter de assumir a sua filiação publicamente e com isso não serem incomodados por tal?

Obviamente que sim, a vida interna de uma associação apenas deve interessar aos seus membros ou a quem vive dessas e para essas associações. É uma questão de justiça social!
E numa época em que os cidadãos têm visto os seus direitos e garantias serem limitados, independentemente de quem os governa (pois acontece assim no mundo inteiro em virtude das crises financeiras e guerras que vão se sucedendo) , abrir-se mão de um direito tão básico e ao mesmo tempo tão importante como este, será o abrir de uma “Caixa de Pandora” que depois dificilmente será fechada. Porque neste momento a preocupação infundada que existe sobre a Maçonaria facilmente se poderá alargar a outra associação qualquer, independentemente do seu tipo ou classificação profana.
E uma vez que é natural ao ser humano se associar a algo ou a outrém - isso está na nossa natureza e no nosso ADN, pois o Homem é um animal gregário -,  ao criarem-se condições para que tal suceda, parece-me a mim que, para além de ser anti-natura, é regressar-se a tempos em que mal se podia abrir a boca ou simplesmente olhar outrém nos olhos sem que se tivesse o receio de o fazer... Tempos esses que não deixaram grande saudade nos portugueses.
Seria isso quanto a mim, um retrocesso civilizacional impensável para os dias de hoje!
Aliás, já no tempo do Estado Novo, o deputado à Assembleia Nacional, José Cabral (16/09/1885 – 10/06/1950) apresentou em 19 de janeiro de 1935 e posteriormente aprovado cerca de quatro meses depois, a 12 de maio, um projeto-lei para extinguir as “Sociedades Secretas” – este projeto-lei  foi até hoje um dos mais vis ataques que a Maçonaria sofreu no nosso país – que teve como réplica por parte do poeta e jornalista do Diário de Lisboa,  Fernando Pessoa (13/06/1888 – 30/11/1935), um artigo bastante conhecido ainda hoje, denominado por “"As Associações Secretas: Análise Serena e Minuciosa a um Projecto de Lei apresentado ao Parlamento”, no qual Fernando Pessoa faz uma certa apologia da Augusta Ordem Maçónica e em que confronta a Assembleia Nacional, na pessoa do deputado José Cabral, em que o exorta a deixar cair este projeto-lei atroz para a liberdade dos portugueses. Liberdade esta, que mais tarde veio a ser limitada quase na íntegra como todos nós o bem sabemos…
Por tudo isto, não quero acreditar que os  direitos e garantias que atualmente existem e que promovem a Liberdade dos cidadãos e que foram conquistados com lutas e algum sangue derramado, sejam perdidos assim tão irresponsavelmente e de uma forma tão irrefletida como o aparenta ser .
Seria muito triste para mim, que defendo os valores da Liberdade e da Igualdade, assistir às consequências desse hipotético cenário que alguns se propõem a criar.
É que não basta se pensar que este é um problema exclusivo dos maçons, este é um problema que afetará a todos nós como cidadãos livres que somos. Pois se “agora toca-me a mim, amanhã te tocará a ti”…

O que me leva a recordar o poema "A Indiferença" de Bertold Brecht (10/02/1898 - 14/08/1956), que foi baseado num sermão proferido pelo pastor luterano Martin Niemöller (14/01/1892 - 06/03/1984), que irei aqui partilhar convosco dada a contemporaneadade que o mesmo tem para este assunto em particular:
"Primeiro levaram os comunistas,
Mas eu não me importei
Porque não era nada comigo.
Em seguida levaram alguns operários,
Mas a mim não me afectou
Porque não sou operário.
Depois prenderam os sindicalistas,
Mas não me incomodei
Porque nunca fui sindicalista.
Logo a seguir chegou a vez
de alguns padres, mas como não sou religioso, também não liguei.
Agora levaram-me a mim
E quando percebi,
Já era tarde."
Concluindo, esta visão que tenho sobre este assunto pode parecer demasiado pessimista, mas basta se analisar o que se fez noutros tempos e noutros lugares e se depreenderá com alguma facilidade que tal não será tão irrealista assim…
Urge cada vez mais acabar com “falsos moralismos” e com os preconceitos ignobeis  de quem atenta indisplicentemente contra a Maçonaria.
Tudo o que há para ver, à vista está! Tudo é que é passível de ser conhecido, poderá ser conhecido.
Se dá trabalho obter tal conhecimento? Sim, dá trabalho! Mas nada nesta vida é obtido sem trabalho.
Por isso deixem lá os maçons com as suas lojas e as suas reuniões, que também eles não se importarão com os outros que também têm o direito de se reunir em privado nas suas associações…
Em democracia, o direito de uns é o direito dos outros!
É o direito de Todos Nós!

21 setembro 2008

19/21 de Setembro


19 de Setembro




Na 6ª feira passada, 19 de Setembro, estive no velhinho "Martinho da Arcada" no jantar comemorativo dos 20 anos da nossa Loja Irmã "Fernando Pessoa".

Como era de esperar a sala estava muito bem composta, fraternalmente ocupada, tendo a noite sido preenchida por 2 sessões, uma de "comeres" e outra de "dizeres", sendo que a segunda seria sempre a mais importante, e foi ! Os "dizeres" por sua vez tiveram 3 intervenientes:

- NNF que contou a história da RLFernando Pessoa, a primeira a surgir na Obediência em que nos integramos e portanto a Nº 1 da Grande Loja Legal de Portugal/GLRP;
- FQ que falou de Fernando Pessoa, da vida dos desassossegos, da obra, dos amores e desamores com a "Ofélinha" e por aí fora...;
- DR que disse alguns poemas de Fernando Pessoa.

A reunião terminou por volta da meia-noite mas, pelo menos para alguns (eu incluido), se durasse a noite toda não se teria perdido nada.

Daqui vão os PARABÉNS da redação do "A-PARTIR-PEDRA" para os nossos Manos em festa.

Mais ano menos ano (mais 2) também nós na Mestre Affonso Domingues comemoraremos os nossos 20 aninhos.

21 de Setembro

Talvez por esta aproximação Pessoana resolvi lembrar na data de hoje, 21 de Setembro, um dos momentos mais extraordinários da poesia, ela toda, universal, transportadora de sentimentos, panfletária de revoltas, o mais possível desassossegada, que Fernando Pessoa nos legou.

Faz hoje anos (45) que um barco grande, teria sido um magnifico navio de cruzeiros se não lhe tivessem adulterado a função, partiu do Tejo direito "às Áfricas", na altura longinquas, misteriosas, desconhecidamente perigosas.

É na recordação dessa partida, desse navio e principalmente de quem lá ia dentro, que copio para aqui as palavras de Fernando Pessoa.
Na época o slogan era algo diferente do actual:

- "Há mar e mar, há ir e não voltar"

Para muitos foi assim !


O Menino da Sua Mãe

No plaino abandonado

Que a morna brisa aquece,
De balas trespassado
-Duas, de lado a lado-,
Jaz morto, e arrefece.

Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.

Tão jovem! Que jovem era!
(agora que idade tem?)
Filho unico, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino de sua mãe.»

Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lhe a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.

De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço… deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.

Lá longe, em casa, há a prece:
“Que volte cedo, e bem!”
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto e apodrece
O menino da sua mãe

Fernando Pessoa

Um belo Domingo para todos e preparem a semana que aí vem.
Que seja alegre de muito e bom trabalho.

NOTA EXTRA - Para os nossos visitantes que não conhecem Lisboa, ou conhecem mal, vale uma explicação extra sobre o Martinho da Arcada.
O “Martinho da Arcada” é actualmente um restaurante de Lisboa, situado no antigo “Terreiro do Paço”, hoje Praça do Comércio, a oriente da praça e sob as arcadas que a rodeiam. Bem junto ao Rio Tejo.

Inaugurado em 1782 e situado sob as arcadas da Praça do Comércio, foi um dos cafés mais emblemáticos de Lisboa. Um dos seus mais distintos clientes foi o poeta Fernando Pessoa, que aqui gostava de fazer as suas refeições ou passar longas horas escrevendo. As paredes encontram-se decoradas com fotografias do poeta, a par de bonitos azulejos antigos (transcrição de “lifecooler-Guia de Boa Vida”)

Paiva Setúbal

12 setembro 2007

“Os Grandes Portugueses” - 2

Após estimulante conversa com o meu Irmão Aprendiz Maçon A. D., também obreiro na minha estimada loja, na qual me deu nota que via no sítio electrónico em tópico, uma estimulante via de aprendizagem, e não dispensava o seu acesso numa base diária.

Tendo já escrito um artigo para o mesmo e sabendo que os escrivães de serviço são poucos (apenas 3), eu solidariamente, proponho-me de quando em vez, dar o meu contributo.


De resto é esta também uma forma de estar ligado, não só espiritualmente, mas pela forma da letra aos meus irmãos.


Terminada a conversa acedi ao sitio e percorri os artigos, por temas, e um, cuja autoria é do Rui Bandeira, que procurou responder a um leitor cuja curiosidade o levou a querer saber quantos, dos grandes portugueses elencados no conhecido programa televisivo, teriam sido Maçons.


Na sua habitual facilidade com que explana os temas, o Rui Bandeira, de forma brilhante teceu os seus considerandos sobre o caso, pese embora, se note que só a custo aceita ter sido o Marquês de Pombal um Maçon, com facilidade vê em Fernando Pessoa um irmão, e com gosto conjectura sobre o preenchimento de requisitos de Aristides Sousa Mendes, para como tal ser reconhecido.


Compreendo isso. Afinal as acções do Marquês de Pombal não se compaginam com os valores maçónicos – perseguiu de forma impiedosa os jesuítas, mandou para a forca a nobreza de quem desconfiava, entre outras atrocidades, de quem o Intendente Geral da Policia – Pina Manique – era o braço direito.


Quanto a Fernando Pessoa, o Rui Bandeira reconhece premissas que sendo válidas para o “fazer” Maçon também o são para o considerar Mágico, pois também estudou esta via esotérica, e não me parece que o tivesse sido, só porque estudou a magia, tendo-se dado até com o conhecido “Mago” Allister Crowlley.


Mas no essencial aquilo que me leva a escrever estas linhas é o facto de o Rui Bandeira ter eliminado, logo á partida, com um bom argumento diga-se, pessoas como D. Afonso Henriques, Infante D. Henrique, D. João II, Vasco da Gama, e Camões.


Não resisto a pensar numa linha, ainda que ténue, não perceptível a “olho nu” ligando estas figuras, entre outras não mencionadas ou retratadas, e cujos pontos de contacto à Maçonaria, são bem defensáveis.


Passo a explicar. Para início de conversa Portugal é um País de génese iniciática e esotérica. Isso está patente pelo seu principal mentor – S. Bernardo de Claraval – figura maior do seu tempo no seio da cristandade, primo do Conde D. Henrique, este pai do nosso primeiro Rei.


Foi Bernardo de Claraval quem, enviando um seu tio para a Palestina, fomenta a criação dos templários, ordem de cavalaria iniciática que haveria de ter em D. Afonso Henriques como frater.


Os Templários criados para a demanda do Santo Graal, enclausuraram-se durante 7 anos no antigo templo do Rei de Salomão, e surgem como um braço armado da cristandade temido em todo o oriente.


O que eles lá encontram não se sabe, supõe-se apenas, como se supõe terem-no trazido para um porto seguro, na Europa, o Porto do Graal, ou como assinava o nosso primeiro Rei, o Portugral, hoje Portugal. Mais tarde, aí uns 400 anos, haveria, digo eu, de ser levado para a terra da Verdadeira Cruz, ou vera cruz como lhe chamou Pedro Alvares Cabral.


É sabido que a arte Gótica surge de repente na Europa, trazida pelos templários da palestina. Os construtores dos templos, isto é a maçonaria operativa, trabalhava para e com os Templários. Os pontos de contacto eram pois muito fortes.


Isto para dizer que D. Afonso Henriques pode não ter sido, e creio que não, um maçon, mas com eles teve próximo contacto, até pela sua condição de frater de uma ordem iniciática, como a dos Templários.


Quanto ao infante D. Henrique, recordo que foi Governador da Ordem de Cristo, logo também ele um iniciado nos mistérios templários, de quem a Ordem de Cristo era a fiel depositária.


Lembremo-nos ainda que esta Ordem foi uma criação do Rei D. Dinis que lutou arduamente durante 7 anos, para obter confirmação Papal, após o papado ter extinto a Ordem dos Templários.


E este Rei é importante, porque também ele era um iniciado. Não na Ordem do Templo não na de Cristo (pelo que se julga saber) mas sim numa Ordem iniciática Trovadoresca, conhecida como “Os Fieis do Amor”. Faz sentido ter sido este nosso Rei Poeta tão ilustre no seu tempo pelas suas “cantigas de amor”.


Acontece que se supõe ter o nosso Luís Vaz de Camões e Fernando Pessoa, ambos pertencido a esta Ordem Iniciática tão pouco conhecida entre nós.


O Rei João II um iniciado, tendo sido um dos mais destacados Grão-Mestres da Ordem de Santiago, e vários dos grandes navegadores foram cavaleiros desta Ordem. De referir ainda que D. Dinis não se limitou a criar a Ordem de Cristo, a ele se deve a desanexação da Comenda Portuguesa da Ordem de Santiago, através de Bula Papal de 1290.


Vasco da Gama tendo sido um ilustre Almirante, obrigatoriamente seria um iniciado, pois só assim possível capitanear uma embarcação Portuguesa.


Portanto, admitindo como boa a argumentação para o facto de todos estes não terem sido Maçons, foram pelo menos iniciados, e tiveram pontos de contacto importantes, com a Ordem Maçónica e a Maçonaria, que no entender de Fernando Pessoa não seriam a mesma coisa … para ele a Ordem Maçónica era ancestral (anterior mesmo à lenda que os portadores do avental com 3 rosas conhecem) e a maçonaria a que ele se refere é a especulativa surgida no XVIII. Quando Fernando Pessoa dá a entender, nos seus escritos, ser “Maçon” a qual das duas se referiria? Penso que à primeira …


Uma última nota para chamar à atenção do logótipo estilizado do Município de Odivelas que ostenta um coração e um curso de água.


Sabendo que o Rei D. Dinis é a principal figura deste município, foi ele o criador do lugar de Odivelas, não deixa de ser uma muito feliz coincidência ter sido adoptado o símbolo do Amor – o coração – fazendo juz ao facto de ter sido um iniciado dos “Fieis do Amor”.


Como sei que o criador do logótipo não sabia disto, não tenho dúvidas que foi o G.:A.:D.:U.: quem guiou a sua mão.


Bem Hajam.


Templuum Petrus

15 março 2007

"Os grandes portugueses"

A forma privilegiada de interacção entre os autores do blogue e os visitantes deste é, obviamente a caixa de comentários, pelas possibilidades de diálogo entre uns e outros a propósito de qualquer tema, de qualquer texto, que a mesma propicia. Neste aspecto, já o JoséSR deixou cair, há tempos, num dos seus textos, um pequeno lamento quanto ao reduzido número de comentários que são colocados no blogue. Não é algo que me espante, quer porque, ao contrário dos hábitos anglo-saxões de participação, os nossos hábitos latinos não nos incitam a sair dos respectivos casulos e compartilhar opiniões. Normalmente lemos, gostamos ou não, concordamos ou não, mas raramente achamos que vale a pena dar - ainda por cima publicamente... - a nossa opinião. Acresce que neste blogue optámos por não permitir comentários anónimos, o que obriga aquele que, ocasionalmente, sinta o impulso de comentar um texto, a fazer um registo prévio no serviço de blogues para o poder então fazer, o que, frequentemente, faz extinguir o impulso...

Mas outra forma há de interacção, para quem pretenda opinar ou sugerir algo: o uso dos endereços de correio electrónico dos vários autores de textos, disponíveis nos respectivos perfis (excepto no caso do JPSetúbal; mas, para esse, podem comunicar comigo, que eu depois retransmito para ele...).

Foi o que sucedeu com um dos nossos visitantes, que me enviou uma mensagem de correio electrónico, em que, além do mais, escreveu o seguinte:

"a razão pelo e-mail, prende-se pelo facto de me ter surgido uma ideia/curiosidade, talvez que o Sr. ate possa esclarecer ou ate mesmo escrever no Blog:
Dos dez nomeados no concurso do "Melhor Português"
http://www.rtp.pt/wportal/sites/tv/grandesportugueses/index.php) quantos e quais foram maçons?
Pelo que li no livro de José Braga Gonçalves o Marques de Pombal foi um dos primeiros maçons em Portugal e dos nomeados Fernando Pessoa também tinha alguma ligação com a maçonaria. Mais alguém?"

Esta mensagem resolveu pela alternativa positiva uma dúvida com que me debatia: fazer ou não um texto a propósito deste programa televisivo? Por um lado, estava tentado a fazê-lo, pela temática histórica do programa e pela sua potencialidade de, pela via lúdica da "eleição" do "maior", reinteressar os portugueses pela História; por outro, o desagradável e infantil "campeonato" de cultores de ideologias representadas por dois dos "nomeados" em que publicamente se transformou o programa e a escolha, fez desaparecer instantaneamente o meu interesse pelo programa. Aquilo deixou de ser um programa lúdico-didáctico, passou a ser um banal pretexto para uma pueril pugna entre saudosistas de Salazar e cultores da personalidade de Cunhal, qual pseudo Benfica - Sporting de baixo nível, que nem Cascalheira - Carcavelinhos chega a ser. Enfim, tacanha mediocridade transformou uma ideia que até era interessante em reality show de baixo nível, como todos o são!

Mas se alguns assim estragaram o que indiscutivelmente era uma boa ideia, muitos - felizmente! - continuam fiéis à boa ideia e aproveitam o pretexto do programa para se interessar pela nossa História. É o caso do meu correspondente electrónico, e será o caso de muitos e muitos, e ainda bem! É, assim, com todo o gosto que vou procurar responder à questão colocada: quantos e quais dos dez nomeados no dito concurso foram maçons?

Os dez nomeados são, por ordem cronológica: D. Afonso Henriques, Infante D. Henrique, D. João II, Vasco da Gama, Camões, Marquês de Pombal, Fernando Pessoa, Aristides de Sousa Mendes, Salazar e Cunhal.

Em primeiro lugar, recorde-se que a Maçonaria Especulativa, a Maçonaria tal como a entendemos hoje teve o seu início em princípios do século XVIII. Antes disso, o que existia era o o que designamos por maçonaria operativa, isto é, a organização profissional dos construtores em pedra, que se organizavam em Lojas de trabalho operativo. A construção em pedra abrangia não só a elaboração dos projectos e planos de construção (actividade hoje associada à profissão de arquitecto), como a direcção da execução da mesma (engenheiro), como ainda a execução da obra (pedreiro, canteiro) e a elaboração das peças decorativas (escultor, gravador, pintor). A partir da segunda metade do século XVII, as oficinas de construção, as Lojas, passaram a admitir também elementos estranhos à arte da construção em pedra, mas nela interessados, particularmente nobres e intelectuais, assim iniciando a transição da maçonaria operativa, organização profissional com ética e princípios próprios, para a Maçonaria Especulativa, sistema de aperfeiçoamento ético e espiritual, independentemente da profissão de cada um.

Portanto, anteriormente ao século XVII, a inclusão de alguém na maçonaria só enquanto operativa, e, portanto, só se tratando de alguém que trabalhasse a pedra.

Dos dez nomeados ficam, assim, automaticamente excluídos dessa hipótese cinco: D. Afonso Henriques, Infante D. Henrique, D. João II, Vasco da Gama e Camões. Vejamos então os restantes cinco.

Cunhal é público e notório que não foi maçon. Dedicou-se à luta política, dedicou-se à ideologia que abraçou.

Salazar é também evidente que não foi maçon, antes se opôs à Maçonaria e contra ela usou o seu poder, tendo feito publicar diploma legal proibindo-a.

Aristides de Sousa Mendes podia perfeitamente ter sido maçon. Os seus princípios, a sua ética, os seus actos, qualificavam-no abundantemente para tal. Os maçons sentir-se-iam honrados em tê-lo na sua companhia! Aliás, na GLLP/GLRP existe uma Loja que homenageia a sua memória, a R:. L:. Aristides de Sousa Mendes, n.º 32. Mas não existe qualquer registo de entrada na Ordem Maçónica. Mas sem dúvida que o seu comportamento, a sua postura e os seus ideais permitem que, sem objecções, dele se diga que foi um autêntico "maçon sem avental".

Fernando Pessoa esteve muito ligado ao mundo do esoterismo - o que, aliás, é perceptível na sua obra - e obviamente que teve contactos com a Maçonaria, seus textos e princípios. Defendeu publicamente a Maçonaria, no artigo "As Associações Secretas: Análise Serena e Minuciosa a um Projecto de Lei apresentado ao Parlamento", publicado em 1935 no Diário de Lisboa. Mas nenhuma evidência ou registo existe que permita concluir que alguma vez foi iniciado maçon. Certamente porque não teve interesse em tal. Se o tivesse desejado, não haveria, sem dúvida, dificuldade na sua admissão às provas da Iniciação. Também em relação à sua memória a GLLP/GLRP dedicou e dedica uma Loja, a primeira, a R:. L:. Fernando Pessoa, n.º 1.

Quanto a Sebastião José de Carvalho e Melo, Conde de Oeiras e Marquês de Pombal, existem efectivamente indícios de que terá sido iniciado maçon. A época, as viagens, as ligações pessoais e o sentido de modernidade autorizam essa ideia. José Braga Gonçalves, designadamente no seu livro O maçon de Viena sustenta essa tese com abundância de pormenores, alguns dos quais talvez um pouco forçados (estou a pensar na tese de que os planos da Baixa Pombalina reproduzem a disposição de uma Loja Maçónica: só com algum esforço e alguma dose de boa vontade se pode concluir pela afirmativa). Mas, apesar dos pesares, o conjunto de indícios apontados por Braga Gonçalves é de considerável peso. No entanto, até agora não se encontraram provas irrefutáveis que confirmem essa forte possibilidade. O Marquês de Pombal também é homenageado por uma Loja da GLLP/GLRP, a R:. L:. Marquês de Pombal, n.º 19.

De referir, ainda, que a GLLP/GLRP dedica à memória do Poeta dos Lusíadas a R:. L:. Camões, n.º 15, e à do Navegador a R:. L:. Infante D. Henrique, n.º53.

Rui Bandeira

08 fevereiro 2007

Fernando Pessoa versus Hiram

Nas voltas da "net" encontrei a referência a um
documento que me parece ser uma preciosidade.
Sob dois aspectos essenciais:
- Pela raridade
Creio tratar-se de uma obra só possível encontrar em
antiquários e alfarrabistas e mesmo assim só por
grande acaso;
- Pela actualidade
Pelo pequeníssimo excerto que apanhei é de uma
actualidade espantosa, bom, ou talvez não "espantosa" !
Tratando-se de um documento datado de 1935 pode
constatar-se que, para ser notícia de hoje, basta trocar
nomes e data...
Então cá vai:

FERNANDO PESSOA
As associações secretas
JPSetúbal

01 fevereiro 2007

O Verdadeiro Segredo Maçónico


O verdadeiro Segredo Maçónico...
É um segredo de vida
E não de ritual
E do que se lhe relaciona.
Os Graus Maçónicos comunicam àqueles que os recebem,
Sabendo como recebê-los,
Um certo espírito,
Uma certa aceleração da vida
Do entendimento
E da intuição,
Que actua como uma espécie
De chave mágica dos próprios símbolos,
E dos símbolos
E rituais não maçónicos,
E da própria vida.
É um espírito,
Um sopro posto na Alma,
E, por conseguinte,
Pela sua natureza,

Incomunicável

Fernando Pessoa

O Poeta escreveu com uma tal lucidez, uma tão esclarecedora clareza, um tão ofuscante brilho, que um simples escrevinhador de textos nada mais tem para acrescentar. Limita-se a extasiar-se e a partilhar com os demais o seu encantamento!

Rui Bandeira