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05 outubro 2015

5 de Outubro, revolução e maçonaria (republicação)

O texto que hoje  republico para Vossa leitura celebra hoje 5 anos e foi escrito pelo Paulo M. e pode ser consultado no seu original aqui;  sendo que  na data da sua publicação teve um agradável debate de ideias na sua "caixa de comentários".

Assim, aqui fica o respetivo texto:

"5 de Outubro, revolução e maçonaria

Não pode deixar-se passar a data de 5 de Outubro - aniversário da implantação da República em Portugal - sem se falar na Maçonaria. É público e conhecido o papel que a maçonaria teve neste evento. De facto, a revolução não só terá sido promovida, arquitetada e executada - pelo menos em parte - por maçons, como a maçonaria terá na mesma participado ativamente de forma institucional.

O que poucos saberão é que tal modo de atuação é daqueles que distingue a Maçonaria Regular da Maçonaria Liberal. Não se questiona o mérito da causa, mas a forma e os meios utilizados. De facto, as razões invocadas para a revolução - o despotismo político-religioso, a ausência de liberdade de culto e da liberdade de consciência que se viviam no regime de então - são válidas e meritórias, e pode mesmo dizer-se que pertencem ao ideário maçónico. Todavia, algumas questões de fundo separam inexoravelmente as duas correntes da Maçonaria - Regular e Liberal - e podem ser apreciadas neste contexto.

Por um lado, tomemos a questão da discussão de política e religião em loja. Pelo que se sabe, esta revolução - como outras - foi preparada durante sessões de loja. Forçosamente se discutiu o mérito desta política sobre aquela e - sabendo-se que havia maçons quer na fação republicana quer na monárquica - certamente houve vozes minoritárias que viram os seus Irmãos, a sua Loja, e mesmo a sua Obediência, agirem como um corpo na prossecução de objetivos e de ideias contrários aos seus. Por fazer prevalecer, na escala dos valores, a harmonia fraterna, é que a maçonaria regular proíbe essas discussões, para que não se estabeleçam partidos opostos dentro das lojas, para que estas não escolham lados, e para que as grandes lojas não manifestem preferências que poriam, em qualquer dos casos, uns "de dentro" e outros "de fora".

Por outro lado, atente-se a que a maçonaria regular exige dos seus membros que sejam cidadãos cumpridores das leis do país. Ora, esta questão tem duas consequências. Por um lado, de forma mais imediata, implica que caso um maçon seja condenado pelo sistema judicial civil por um crime que tenha cometido, sofrerá quase que por certo uma sanção disciplinar no seio da sua Obediência, sanção essa que poderá mesmo constituir a sua expulsão (mas, evidentemente, ninguém é expulso por algo como uma multa de estacionamento). Por outro lado, esta exigência reflete-se nas Obediências, não sendo reconhecidas a nível internacional aquelas que, para existirem, impliquem que os seus membros cometam alguma ilegalidade; por exemplo, se as leis do país passarem a proibir a Maçonaria, e mesmo assim uma Grande Loja continue a existir - cometendo uma ilegalidade - ser-lhe-á retirado o reconhecimento internacional por parte das outras Grandes Lojas regulares. 

Tais condicionantes - a proibição de discussão política e religiosa, e a obrigação de cumprimento da lei do Estado - não se verificam na Maçonaria Liberal. Cada maçon que pertença a uma Obediência da Maçonaria Regular é livre de agir como a sua consciência lhe dite e continuar a ser maçon - desde que não cometa nenhum crime. Participar de  - e, especialmente, promover - uma revolução, atentando contra os órgãos do Estado, é um crime contra o mesmo Estado, e não é considerado pela Maçonaria Regular uma forma aceitável de se agir. Entendimento diametralmente oposto tem a Maçonaria Liberal, que argumenta que uma lei injusta não tem legitimidade, que crime seria observá-la, e que promove o seu derrube.

Dois pontos de vista.
Duas formas de agir.
Duas Maçonarias."

Paulo M.

05 outubro 2010

5 de Outubro, revolução e maçonaria


Não pode deixar-se passar a data de 5 de Outubro - aniversário da implantação da República em Portugal - sem se falar na Maçonaria. É público e conhecido o papel que a maçonaria teve neste evento. De facto, a revolução não só terá sido promovida, arquitetada e executada - pelo menos em parte - por maçons, como a maçonaria terá na mesma participado ativamente de forma institucional.

O que poucos saberão é que tal modo de atuação é daqueles que distingue a Maçonaria Regular da Maçonaria Liberal. Não se questiona o mérito da causa, mas a forma e os meios utilizados. De facto, as razões invocadas para a revolução - o despotismo político-religioso, a ausência de liberdade de culto e da liberdade de consciência que se viviam no regime de então - são válidas e meritórias, e pode mesmo dizer-se que pertencem ao ideário maçónico. Todavia, algumas questões de fundo separam inexoravelmente as duas correntes da Maçonaria - Regular e Liberal - e podem ser apreciadas neste contexto.

Por um lado, tomemos a questão da discussão de política e religião em loja. Pelo que se sabe, esta revolução - como outras - foi preparada durante sessões de loja. Forçosamente se discutiu o mérito desta política sobre aquela e - sabendo-se que havia maçons quer na fação republicana quer na monárquica - certamente houve vozes minoritárias que viram os seus Irmãos, a sua Loja, e mesmo a sua Obediência, agirem como um corpo na prossecução de objetivos e de ideias contrários aos seus. Por fazer prevalecer, na escala dos valores, a harmonia fraterna, é que a maçonaria regular proíbe essas discussões, para que não se estabeleçam partidos opostos dentro das lojas, para que estas não escolham lados, e para que as grandes lojas não manifestem preferências que poriam, em qualquer dos casos, uns "de dentro" e outros "de fora".

Por outro lado, atente-se a que a maçonaria regular exige dos seus membros que sejam cidadãos cumpridores das leis do país. Ora, esta questão tem duas consequências. Por um lado, de forma mais imediata, implica que caso um maçon seja condenado pelo sistema judicial civil por um crime que tenha cometido, sofrerá quase que por certo uma sanção disciplinar no seio da sua Obediência, sanção essa que poderá mesmo constituir a sua expulsão (mas, evidentemente, ninguém é expulso por algo como uma multa de estacionamento). Por outro lado, esta exigência reflete-se nas Obediências, não sendo reconhecidas a nível internacional aquelas que, para existirem, impliquem que os seus membros cometam algume ilegalidade; por exemplo, se as leis do país passarem a proibir a Maçonaria, e mesmo assim uma Grande Loja continue a existir - cometendo uma ilegalidade - ser-lhe-á retirado o reconhecimento internacional por parte das outras Grandes Lojas regulares. 

Tais condicionantes - a proibição de discussão política e religiosa, e a obrigação de cumprimento da lei do Estado - não se verificam na Maçonaria Liberal. Cada maçon que pertença a uma Obediência da Maçonaria Regular é livre de agir como a sua consciência lhe dite e continuar a ser maçon - desde que não cometa nenhum crime. Participar de  - e, especialmente, promover - uma revolução, atentando contra os órgãos do Estado, é um crime contra o mesmo Estado, e não é considerado pela Maçonaria Regular uma forma aceitável de se agir. Entendimento diametralmente oposto tem a Maçonaria Liberal, que argumenta que uma lei injusta não tem legitimidade, que crime seria observá-la, e que promove o seu derrube.

Dois pontos de vista.
Duas formas de agir.
Duas Maçonarias.

Paulo M.

10 junho 2006

DIA DE PORTUGAL...

"Dia de Portugal, Camões e Comunidades Portuguesas"... porquê ?
Então Portugal não merece um dia só para si ?
De acordo com deputados da Nação até os cães merecem um "Dia do Cão" , e Portugal não merece um "Dia de Portugal", que seja isso mesmo apenas ? ou tal designação não é suficiente ?
Que raio de mania de complicar o que é simples...

Bem vem ao caso o "Dia de Portugal" assim e só assim, porque quem está a escrever sou eu e eu quero que seja assim !

Se é dia de condecorações e homenagens pois façamos então referência ao que de melhor, mais verdadeiro, mais real a nossa história tem, no desconhecimento do grande povo e no esquecimento dos historiadores (pelo menos da maioria dos historiadores!).
Claro que os livros de ensino das escolas, oficialmente aprovados, não têm espaço para tudo, e para os editores incluirem "o que está a dar" ('Morangos com Açucar' e outras obscenidades) não podem ter espaço para estas referências de menor importância.
Façamo-lo nós !

No dia 30 de Janeiro de 1943 o navio "NRP LIMA" da armada portuguesa, navegava em águas dos Açores sob violentíssima tempestade, tentando resgatar ao mar os náufragos dos barcos americanos que os submarinos alemães se entretinham alegremente a tropedear e mandar ao fundo.
Nessa missão ocorreu um acontecimento que, se não é único na história de todas as marinhas, de todas as nações, certamente é raríssimo.
Em manobras de salvamento, o "Lima" fez 67 graus de inclinação, só tendo recuperado a estabilidade porque os marinheiros que o guarneciam foram HERÓIS (com muita sorte também, evidentemente, mas esta protege os audazes...).
Desse feito junto uma colecção de textos que oportunamente completarei, mas que hoje, especialmente no "Dia de Portugal", quero deixar ao conhecimento de quem se interessar por estas coisas menores.
Então aqui vai:

TEXTO TRANSCRITO DO CURRICULUM DO VICE-ALMIRANTE SARMENTO RODRIGUES
Em 1941 decorria a II Grande Guerra – onde Portugal não participou – e com ela a terrível batalha do Atlântico caracterizada pelos constantes ataques de submarinos alemães aos comboios aliados que vinham dos Estados Unidos para a Grã Bretanha. Um desses ataques foi levado a cabo nas águas açorianas e vitimou os navios de transporte "Julia Ward Howe" e "City of Flint". As condições de mar eram terríveis e Sarmento Rodrigues comandava o contratorpedeiro "Lima" que foi encarregue de dar ajuda aos náufragos em perigo. Foi uma acção dramática onde o navio registou um adernamento de 67º (o maior que alguma vez foi registado a bordo de qualquer navio), deixando toda a tripulação perplexa e assustada, contudo a missão foi completamente cumprida.

Na sequência surgiram os documentos seguintes:

1 – Telegrama recebido de Sua Ex. o Major-General da Armada Portuguesa em 1 de Fevereiro
de 1943:
“Sinto contrariedade sua comissão e sobretudo ferimento nossa Praça por cujo restabelecimento íntegro faço votos ao mesmo tempo congratulando-me pelo resultado pesquisas e maneira como esse comando, oficiais, guarnição conduziu missão tão árdua; As preocupações aqui foram grandes pela natureza missão, mau tempo e largo espaço de tempo sem notícias.”

2 – Telegrama recebido de Sua Ex. o Comodoro da Força Naval da Metrópole em 2 de Fevereiro
de 1943:
“Imprensa relata salvamento destacando condições dificeis perigos corridos. Congratulo-me mais outra valorosa acção realizada “Lima” felicitando guarnição especialmente prestigioso Comandante fazendo votos melhoras ferido.”

3 – Tradução do telegrama enviado em 3 de Fevereiro de 1943 ao Exmo. Sr. Consul Americano
de Ponta Delgada pelo Ministro dos Estados Unidos da América em Lisboa, Ex. Sr. Robert
Fish:
“Segue o texto da nota entregue por mim ao Exmo. Secretário do Ministério das Relações Exteriores, hoje: ‘Em cumprimento das instruções do meu Governo desejo expressar a V.Exa., e por intermédio de V.Ex ao Exmo. Sr. Presidente do Conselho e membros do Governo Português, o profundo reconhecimento do Governo dos Estados Unidos pelo acto de heroísmo praticado pela tripulação do “destroyer” português ‘Lima’, salvando uma quantidade de sobreviventes de navios americanos afundados há alguns dias na região dos Açores. Este acto, praticado com tanta bravura dadas as condições bastante dificeis devido ao temporal, impressionará bastante o povo americano logo que dele tomar conhecimento, e tenho a certeza que será considerado por toda a parte um brilhante exemplo da grande tradição portuguesa, em que o génio de bom marinheiro se junta à concepção de socorrer o sofrimento e a dôr. Muito apreciaria que o Governo Português fizesse com que aos oficiais e praças que participaram neste feito brilhante fossem reiterados os sentimentos de gratidão e admiração que o seu acto despertou no meu Governo, sentimentos que eu próprio e o pessoal desta legação sentimos no mais elevado grau.”

4 – Transcrição do ofício nº 73 que em 8 de Fevereiro de 1943 enviou ao Exmo.Sr Comandante
da Defesa Marítima dos Açores, o Exmo.Sr. Governador do Distrito Autónomo de Ponta
Delgada:
“Tendo conhecimento, por comunicação do Consul americano nesta cidade, da mensagem que o Ministro dos Estados Unidos em Lisboa entregou ao Governo Português com os agradecimentos do seu Governo pelos serviços prestados pelo contra-tropedeiro ‘Lima’ no salvamento de tripulantes de navios americanos afundados recentemente no mar dos Açores, venho manifestar a V.Ex. o grande prazer que senti ao ler os termos elogiosos em que está redigida. É mais uma bela e justa homenagem prestada à bravura da Marinha de Guerra Portuguesa, que em todos os lances, por mais díficeis e perigosos que sejam, se mostra sempre digna das suas gloriosas tradições de heroísmo. Por ela felicito V.Exa., como representante da Marinha de Guerra Portuguesa, pedindo-lhe o favor de ser intérprete das minhas felicitações junto da oficialidade e praças do Contra-Tropedeiro ´Lima’.”

5 – Tradução de parte de um ofício que em 3 de Fevereiro de 1943 foi enviado ao Comando
deste navio (“NRP LIMA”) pelo Consul dos Estados Unidos em Ponta Delgada:
“... Também desejo aproveitar esta oportunidade para outra vez lhe exprimir a profunda gratidão de todos os 118 oficiais e marinheiros dos navios “City of Flint” e “Julia Ward Howe”, tão heroicamente salvos do mar depois dos seus navios terem sido afundados. Para indicar a sua sincera gratidão, transcrevo uma carta que aqueles homens escreveram e me entregaram para enviar ao Governo dos Estados Unidos:
“Nós, os abaixo assinados, oficiais e tripulantes dos infortunados navios “City of Flint” e “Julia Ward Howe”, rspeitosamente pedimos que o Governo dos Estados Unidos, em nosso nome, agradeça oficialmente ao Comandante, oficiais e guarnição do contra-tropedeiro ‘Lima’. Sabemos que eles se colocaram acima e além do cumprimento do dever, procurando, salvando e acarinhando os náufragos daqueles navios. Sepultaram um dos nossos mortos com todas as honras e trataram os sobreviventes com o melhor que possuiam em comidas, vestuário e outras comodidades. Nós respeitosamente pedimos que estes bravos e galhardos marinheiros sejam oficialmente agradecidos e recomendados pela sua devoção ao ‘código do mar’, por terem prestado um inestimável serviço aos seus semelhantes e à Marinha Mercante e ao Governo dos Estados Unidos”.
Eu também estou a fazer um relatório completo do salvamento e da nobre acção de V.Ex., seus oficiais e guarnição, para enviar para o Governo em Washington e para o Ministério dos Estados Unidos em Lisboa, de maneira a eles poderem estar perfeitamente conhecedores dos perigos e riscos que o ‘Lima’ correu ao fazer aqueles salvamentos.”

JPSetúbal