11 setembro 2017

O Vigésimo Sexto Venerável Mestre


No ano maçónico de 2014/2015, a Loja Mestre Affonso Domingues teve como seu Venerável Mestre o Irmão Luís N. C..

Luís N. C. é um gentleman, de uma polidez a toda a prova. mantendo sempre uma calma olímpica e uma impertubável serenidade que, no entanto, não prejudicam uma segura determinação no cumprimento das tarefas que se propõe realizar. Tomou conta do leme da Loja após um período anómalo na sua gestão, pois, no ano anterior, a Loja tivera um Venerável que, muito pouco tempo após a sua instalação, teve que se ausentar, um largo período de substituição assegurada interinamente e, por fim, um novo Venerável para um mandato reduzido. Havia que procurar retomar a normaliddade e foi isso que Luís N. C. providenciou.

A Loja retomou as suas rotinas. Foi dada atenção à regularização da situação administrativa e financeira. Retomaram-se as tarefas de formação dos mais recentes elementos da Loja. Tudo isso Luís N. C. assegurou e assegurou bem. Aparentemente, a Loja retomava a sua normal evolução. E a todos, então, isso pareceu.

Visto agora, à distância de algum tempo - e conhecendo a evolução futura... -, porém, algo subtilmente estava em mudança. Como sempre acontece, as pequenas alterações passam despercebidas e vão-se acumulando e interagindo até que chega o momento em que uma mudança se manifesta.  Visto agora, à distância de algum tempo, acumulavam-se desde os tempos dos Vigésimo Quarto e Vigésimo Quinto Veneráveis Mestres os indícios e sinais de mudança a caminho e prosseguiu, ainda impercetivelmente, tal processo no decurso do mandato de Luís N. C..

Da geração dos primeiros tempos da Loja restavam já apenas uns quantos elementos. A Loja era agora essencialmente constituída por uma nova geração, que não vivera os tempos da implantação da Loja e, sobretudo, não passara pelo ordálio da cisão de 1996/1997. Todo um conjunto de formas de trabalhar, de equilíbrios, de cuidados eram agora praticados e vividos por quem não vivera os tempos e não passara pelos acontecimentos que forjaram essas formas, esses equilíbrios, esses cuidados. E seguramente não é o mesmo ter vivido situações e, por saber de experiência feito, ter a noção da razão de ser de certas escolhas, de determinadas práticas, ou apenas ouvir a informação do facto ou da ocorrência que subjaz a uma escolha ou à implantação de uma prática. Acresce ainda que os tempos passam, as memórias são falíveis e certamente haverá opções tomadas há mais de vinte ou vinte e cinco anos que agora nem sequer se sabe muito bem porquê... Para além de os tempos mudarem e as coisas evoluirem...

Por esta altura, era assim evidente que se aproximava um tempo em que seria necessário rever opções, refrescar práticas. A Tradição da Loja preza-se e é mantida, mas não pode deixar de se atender à evolução e é sempre preciso ajuizar serenamente se e quando há que mudar algo e como.

Mas o que parece óbvio em teoria é mais complicado na prática das coisas. É fácil dizer-se que devemos estar atento à necessidade de mudanças, de atualizações. Mais difícil - muito mais! - é decidir que concretas mudanças e atualizações são convenientes e como e em que sentido devem ocorrer...

Após o ano atípico anterior, claramente que a Loja precisava de um retomar da rotina que simultaneamente constituísse um tempo de pausa para clarificação de ideias em relação à efetiva necessidade de mudanças de práticas e ou de objetivos, e quais. Isso garantiu-o, e bem, Luís N. C..

O diagnóstico que então se fazia era que a Loja estava adaptada às rotinas e aos entendimentos dos mais antigos, da Velha Guarda, práticas e rotinas essas com que os mais novos - os mais recentes na Loja - não se identificavam totalmente. Havia uma transição de gerações a fazer, necessariamente com algumas mudanças. Nesse sentido, era necessário que os elementos da Velha Guarda se fossem paulatinamente afastando da primeira linha das decisões, dando lugar aos mais novos. A transição ir-se-ia então naturalmente fazendo e as mudanças aconselháveis surgiriam também tranquilamente.

Este era o estado da arte da Loja Mestre Affonso Domingues no ano em que Luís N. C. a dirigiu Fê-lo bem., fê-lo a contento e deixou ao seu sucessor a Loja pronta para continuar a sua natural evolução.

Rui Bandeira

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