18 janeiro 2016

Os maçons e os filhos (atualização)


Como recordou o Nuno, corria o "longínquo" ano de 2007 quando o profano Simple, já na altura candidato à admissão na Loja Mestre Affonso Domingues, teve esta dúvida de como e quando revelar às suas filhas a sua condição de maçom. Ao longo desses anos, as filhas foram crescendo, e estando presentes em alguns almoços com uma data de "tios" que só viam de vez em quando.

Como bem disse o Rui Bandeira, preocupavam-se mais com a presença dos "primos" de idades parecidas com as delas - se bem que, ao longo do tempo, tivessem conhecido melhor um ou outro "tio", e mesmo manifestado saudades de o rever.

Foram-se também apercebendo de que em certas quartas-feiras o pai saía antes da hora do jantar, e quando voltava já tudo dormia. E faziam perguntas: "Onde é que vai a esta hora? A algum sítio chique?" - pois ia de fato... que entretanto já não usava diariamente. Lá lhes respondia que ia trabalhar, doutras vezes que tinha uma reunião - as perguntas tinham respostas preparadas havia anos.

A mais velha quis, a certa altura, saber mais, e vendo que estava preparada para perceber alguma coisa, lá expliquei - teria ela uns 11 ou 12 anos - que o Iluminismo (que ela estava a estudar na escola) ainda tinha seguidores, e que havia uma antiga organização de pessoas que perpetuavam ainda hoje os seus princípios.

Contei-lhe dos construtores de catedrais e dos "engenheiros" da altura. Contei-lhe das guerras religiosas. Contei-lhe que uns quantos acharam que podiam fazer a diferença e promover uma sociedade mais fraterna e mais tolerante. E que o pai pertencia a essa organização, e como se chamava. Ficou fascinada, foi procurar mais coisas à Internet, e fizemos disso um nosso pequeno segredo.

Ao longo do tempo fui-lhes explicando - a ambas - porque ajo desta ou daquela forma, e como é que isso encaixa nestes ou naqueles princípios. A mais velha "encaixa", claramente, o que ouve nos princípios que ouviu antes. A mais nova apreende, mas ainda não sabe o contexto todo. Coisas de ser a mais nova!!!

Então deixei-a crescer até que atingisse a maturidade necessária. Há tempos, estava eu a sair, e lá perguntou: "Reunião do quê?" "Reunião de uma associação de que o pai faz parte", respondi. "Um destes dias explico-te o que é." A mais velha piscou-me o olho, e assim ficámos. Um dia destes - ou talvez antes num destes serões de inverno, ao fim de semana - vou sentar-me com a mais nova. Tenho uma história de coisas antigas para lhe contar...

Paulo M.

Sem comentários: