12 março 2009

Loja ao ar livre

As Lojas maçónicas costumam reunir em local "a coberto da indiscrição dos profanos", isto é, em instalações onde só maçons têm acesso.

Mas a Maçonaria americana - já o disse várias vezes - tem caraterísticas distintas da europeia. Nos Estados Unidos, ser maçon é integrar um dos pilares da comunidade local. Os maçons americanos gostam de proclamar publicamente a sua condição de maçons. É usual que o Mestre maçon americano use um anel com o esquadro e o compasso, muitas vezes o mesmo anel que pertenceu a seu pai, seu avô e seu bisavô. É também frequente verem-se veículos automóveis com autocolantes anunciando que o proprietário da viatura é maçon. Enfim, outra mentalidade e outra abertura da sociedade americana, em relação à maior parte das europeias.

Ao contrário do que por aí por vezes se clama, os maçons não se escondem nem assumem posturas de discrição, por se considerarem elite ou por conspirarem contra a sociedade ou o que quer que seja. Muitas vezes, os maçons são obrigados por prudente cautela a não divulgarem a sua condição, porque têm razões para temer que, aberta ou subrepticiamente, sofram represálias pela sua condição. Efeitos de uma antiga e ainda subsistente antipatia por parte da hierarquia da Igreja Católica... Nada que me preocupe especialmente. Na minha opinião, tudo evolui, as antipatias hão de acabar por se dissipar e tudo há de ficar no são. É só uma questão de tempo. Mais duzentos, menos duzentos anos, a coisa resolve-se...

Da parte da Maçonaria, a postura é de abertura e esclarecimento. Todos aqueles que concluem poder, sem receios de maior, identificar-se publicamente como maçons, fazem-no. É o caso, por exemplo, do José Ruah, de mim próprio e de já um apreciável número de muitos outros. A melhor prova de que a Maçonaria se abre à sociedade é este blogue. Aqui se discute, abertamente e com acesso livre de todos os interessados, sejam ou não maçons, todos os temas maçónicos. Aqui se regista e divulga, abertamente e sem pruridos, o que reservamos para nós próprios e porque o fazemos (conferir os textos A propósito do segredo maçónico, Porque se guarda o segredo maçónico, Reserva de identidade, Reserva sobre as formas de reconhecimento, Reserva sobre rituais e cerimónias, Reserva sobre trabalhos de Loja e O segredo maçónico esotérico). Acusar-nos de secretismo, hoje e por hoje, só tem cabimento no âmbito de desonestidade ou cegueira intelectual. Porque o pior cego é aquele que não quer ver.

Também nos Estados Unidos as Lojas maçónicas se reúnem em privado. Mas toda a regra tem exceção! A fotografia que encima este texto ilustra uma reunião, ocorrida em 14 de maio de 2005, da Plymouth Lodge - A. F. & A. M. (Maçons Livres, Antigos e Aceites). E a fotografia é elucidativa. A reunião não ocorreu no interior das paredes de um Templo maçónico. Pelo contrário, trouxeram-se os artefatos do Templo maçónico para o exterior e aí, ao ar livre, em campo aberto, os maçons orgulhosa e fraternalmente se reuniram, em Camp Squanto, Miles Standish State Forest!

Para ver mais fotografias do evento, seguir este atalho.

Com o glorioso clima de que desfrutamos a maior parte do ano no nosso País, esperemos que não esteja longe o dia em que a Loja Mestre Affonso Domingues possa reunir-se sem ser necessariamente em local a coberto da indiscrição dos profanos, mas possa fazê-lo num campo aberto à curiosidade de todos!

Rui Bandeira

11 comentários:

Diogo disse...

«... esperemos que não esteja longe o dia em que a Loja Mestre Affonso Domingues possa reunir-se sem ser necessariamente em local a coberto da indiscrição dos profanos, mas possa fazê-lo num campo aberto à curiosidade de todos!»


É vergonhoso que homens que cultivam a filantropia, a justiça social, a aclassismo, a humanidade, os princípios da liberdade, a democracia, a igualdade, o aperfeiçoamento intelectual e a fraternidade (Wikipédia), sejam obrigados a reunir-se a coberto da indiscrição dos profanos! Portugal (tal como outros), continua a ser um país medievo.

Lindemann disse...

Acho que Diogo ainda não entendeu o motivo das lojas trabalharem a coberto, ou não leu bem o texto. Definitivamente não conhece nada da história da Maçonaria.

Diogo disse...

Confesso que tenho alguma dificuldade em compreender que uma fraternidade que se dedica ao bem-estar da sociedade, tenha de o fazer de forma encoberta.

A luz que nasce a Oriente não deveria precisar de reuniões secretas, de entrelinhas, de imagens encriptadas, de apertos de mão esquisitos e de textos misteriosos. A luz deveria abrir as suas portas e iluminar toda a gente, para que todos beneficiassem do aperfeiçoamento intelectual. Não é assim?

José Carlos Soares disse...

o segredo apenas serve para impedir os diogos deste mundo de lá entrarem.

Paulo M. disse...

Conta-nos Esopo:
Um Galo comilão andava pela quinta à procura de comer. De repente, viu uma coisa a brilhar no chão.
- Olá! Isto é para mim – pensou ele enquanto desenterrava o que encontrara.
Mas o que era aquilo? Nada mais, nada menos, do que uma pérola que alguém perdera. Desdenhoso, o Galo murmurou:
- Podes ser um tesouro para as pessoas que te apreciam. Mas, no que me diz respeito, trocava de bom grado uma espiga de milho por um punhado de pérolas iguais a ti.

Por mim, dispenso o milho. Esta nossa pérola não é para galos...

Simple

A. Jorge disse...

Caro Diogo,

Por curiosidade, estive a tentar visitar todos os Blogs a que está ligado e cheguei à conclusão de que, com uma excepção, todos os restantes são de acesso condicionado, ou seja "devolvem" uma mensagem do tipo "aberto apenas a leitores convidados".

A fazer fé na sua teoria que pretende associar tais comportamentos a "conspirações malévolas", então o Diogo, conspira muito mais do que nós.

Talvez isto lhe dê para relectir e chegar à conclusão que associar "reserva" com "intenções menos correctas" é no mínimo um disparate.

Jà agora, aproveito para lhe dizer que não sou judeu, e que portanto não faço parte dessa "conspiração" que parece ver em todo o lado.

Lindemann disse...

Diogo!
No seu perfil não vemos a sua profissão. Mas na empresa que você trabalha as reuniões são abertas ao público? E para compreender melhor pesquise, que assim como eu um profano mas filho de um Maçom, achará as respostas.
Abraço! Lindemann

Diogo disse...

josé carlos soares disse... «o segredo apenas serve para impedir os Diogos deste mundo de lá entrarem. »

Diogo: Se não existissem segredos, não haveriam abelhudos (como os Diogos).


Simple disse... «Por mim, dispenso o milho. Esta nossa pérola não é para galos... »

Diogo: Vocês têm portanto uma pérola que não desejam partilhar. Isso não vai um pouco contra os conceitos de filantropia, justiça social, aclassismo, humanidade, liberdade, democracia, igualdade, aperfeiçoamento intelectual e fraternidade, etc., que vocês defendem tão porfiadamente?


A. Jorge disse... «Caro Diogo, por curiosidade, estive a tentar visitar todos os Blogs a que está ligado e cheguei à conclusão de que, com uma excepção, todos os restantes são de acesso condicionado, ou seja "devolvem" uma mensagem do tipo "aberto apenas a leitores convidados". A fazer fé na sua teoria que pretende associar tais comportamentos a "conspirações malévolas", então o Diogo, conspira muito mais do que nós. Talvez isto lhe dê para reflectir e chegar à conclusão que associar "reserva" com "intenções menos correctas" é no mínimo um disparate. Já agora, aproveito para lhe dizer que não sou judeu, e que portanto não faço parte dessa "conspiração" que parece ver em todo o lado. »

Diogo: Caro Jorge, o único leitor convidado aos meus blogues condicionados sou eu. São blogues onde guardo links interessantes, artigos interessantes, anedotas que me enviam, etc. Coisas que posso vir a utilizar mais tarde nos meus blogues. Ou seja, não são blogues, são arquivos. Não há segredos nenhuns. Posso disponibilizá-los quando você quiser.


lindemann disse... «Diogo! No seu perfil não vemos a sua profissão. Mas na empresa que você trabalha as reuniões são abertas ao público? E para compreender melhor pesquise, que assim como eu um profano mas filho de um Maçom, achará as respostas. »

Diogo: Na empresa onde trabalho, as reuniões não são abertas ao público porque, provavelmente, não haveria ninguém interessado nelas. Mas poderiam ser todas transcritas e publicadas. Quanto à maçonaria eu continuo a ler, a investigar, mas quanto mais pesquiso, menos compreendo.

Lindemann disse...

Diogo: Para entender, pesquise com intuito de construir e não destruir.
Leitores: Alguém se habilita à argumentar com alguém que sempre tem uma resposta na ponta da língua?

Acrescenta Pacifico Espirito disse...

Caro Lindemann e demais co-leitores.

Diz-me a experiência que com algumas pessoas que pensam ter resposta para tudo mas que no fundo não têm para nada a melhor forma de lidar é:
Conceder uma oportunidade de dialogo construtivo e/ou uma chamada de atenção.

Não havendo resposta nesse sentido e continuando a senda que se propuseram, então a indiferença deve ser aplicada.

Lindemann disse...

Prezado Acrescenta Pacífico Espirito!
Sábias palavras! Quem só quer falar e não sabe ouvir, deixamo-os falando sozinho! Um grande abraço e uma ótima semana à todos.
Josiel Lindemann