28 março 2008

Conhece-te a ti mesmo


Esta pequena história foi-me enviada pelo Simple há alguns meses. Guardei-a, aguardando a oportunidade de aqui a publicar. É hoje! Não sei quem é o seu autor - o Simple não mo disse. Ilustra um dos objectivos básicos buscados pela Maçonaria: o auto-conhecimento. Como condição necessária para ir mais além. Um bom motivo de reflexão para o fim de semana!

Um homem idoso está sozinho junto um caminho, não sabendo que direcção tomar, pois não se recorda nem de onde veio nem para onde ia. Senta-se um momento para repousar as suas pernas cansadas, quando olha para cima e se depara com uma mulher velha como a História. Ela dirige-lhe um sorriso sem dentes e pergunta-lhe:

Então, diz-me lá qual o teu terceiro desejo."

"Terceiro desejo?" - pergunta o homem estupefacto - "Mas como posso eu ter um terceiro desejo sem ter tido um primeiro e um segundo?"

"Já te concedi dois desejos," - diz a velha - "mas o teu segundo foi que pusesse tudo como estava antes de teres pedido o teu primeiro desejo. É por isso que não te recordas de nada, pois tudo está como antes de teres pedido o teu primeiro desejo. Resta-te, por isso, apenas mais um."

"Seja," - diz o homem - "não acredito nisto, mas mal não há-de fazer. O meu desejo é este: quero conhecer-me a mim mesmo, e saber quem sou."

"Curioso," - responde a velha, antes de desaparecer para sempre - "Esse foi o teu primeiro desejo."

Esta pequena história adverte-nos também para o facto de o auto-conhecimento não ser necessariamente fácil. Pelo contrário, pode ser um fardo. Daí que o segundo desejo tivesse sido o da reversão do resultado do primeiro. Mas mostra-nos também que o Homem sabedor anseia antes e acima de tudo conhecer-se a si mesmo, pois intui que só com esse auto-conhecimento estará preparado para ir mais além. Daí que o terceiro desejo não pudesse deixar de ser o primeiro... E, no fundo, tudo tem um preço. E, para se obter o que se pretende, há que pagar o seu preço. O preço do auto-conhecimento é a responsabilidade acrescida que traz a quem o atinge. Sem desculpas. Sem descontos. Mas vale a pena pagá-lo. Pelo menos, como escreveu Pessoa, se a alma não é pequena...

Rui Bandeira

1 comentário:

Paulo M. disse...

@Rui:
A história, encontrei-a num artigo da Wikipédia sobre... anedotas e histórias com três desejos! Não lhe conheço o autor, mas achei-a mais do que uma simples anedota - apesar de não deixar de ter piada.

O Rui soube - e bem, como quase sempre - contextualizá-la e mostrá-la sob uma luz mais profícua do que a de um simples chiste. Obrigado!

Um abraço,
Simple Aureole