28 fevereiro 2007

O Segredo em Maçonaria

Sobre este assunto já foi escrito um post pelo Rui Bandeira, mas como é assunto muito vasto retomo-o agora publicando uma adaptação de um trabalho (prancha) que apresentei há alguns meses em sessão ritual da Loja Affonso Domingues.

Comecemos pela minha definição de Segredo.

“ Segredo é aquela coisa que se diz baixinho a uma pessoa de cada vez “ precedido da instrução de “ Isto é segredo não podes contar a ninguém “.

E é verdade, nunca contei um segredo a ninguém, foi sempre a Alguém!!!

Sobre este tema devem já ter sido escritos pelos menos uma prancha e um capítulo (seguramente pequeno) de um livro. O que me deixa uma certa latitude para elucubrar sobre o tema.

Confesso que não li nem essa prancha nem esse capítulo, por isso apresto-me a produzir um inédito qualquer.

Penso que temos que separar planos e assim o vou fazer. Imaginem em quantos planos? Pois claro 3 (deve haver uma razão qualquer para isso mas é seguramente Segredo!)

Temos então em meu entender:

O Segredo Maçónico

O Segredo dos Maçons

O Segredo Intimo


O Segredo Maçónico no seu mais puro significado esotérico, é o Indizível. É algo que se perdeu e que se procura, e que por ter sido o Segredo de UM (e ele não dizia baixinho a alguém) e se ter perdido se manteve mesmo como Segredo.
Este é um tema que pela sua natureza me deixa pouca latitude para falar pelo que manterei segredo daquilo que sei.

Ao manter segredo daquilo que sei passo para o segundo plano.

O Segredo dos Maçons. Este é constituído por tudo o que nos é transmitido pelos nossos mestres no que a assuntos rituais diz respeito.
Em cada juramento é referido e repetida a promessa de sigilo sobre tudo o que nos for transmitido.
Este Segredo assume importância na diferenciação entre os vários graus.

Mas assume maior relevância quando se trata de revelar ou não revelar nomes. Não nos é permitido revelar nomes dos nossos Irmãos sem estarmos a coberto. Isto quer dizer que do lado de fora do Templo e face a profanos os Irmãos não têm nome, ou se têm não podem ser referenciados como Irmãos. O melhor exemplo que encontro para vos ilustrar é este Blog feito por Mestres desta Loja. Nele há “blogueiros” com pseudónimos sendo que os gestores do Blog sabem quem eles são mas têm o cuidado de publicamente os tratarem pelo pseudónimo.

E chegamos ao segredo Intimo.

À nossa decisão de revelar ao Mundo que somos ou não somos Maçons. Esta é uma decisão individual e a revelação não constitui uma quebra do Segredo, mas sim o assumir publicamente de uma qualidade.
Este processo de aparecimento público, puramente individual, tem vários níveis. Desde o Simples alfinete de lapela (PIN) que é em si pouco revelador, até ao assinar textos enquanto Maçon ou aparecer publicamente em representação da Loja ou da Grande Loja.


Escrever sobre o Segredo Maçónico, para mim que não sou um esotérico é de facto um pouco complicado por isso tentei, de uma forma ligeira, deixar aqui apenas uns pensamentos não muito profundos, mas que permitam a cada um de vós progredir na procura, se esse for o vosso desejo.

O verdadeiro segredo da Maçonaria é tão somente tornar melhores homens Bons.

O resto é Segredo.
JoseSR

ANTIGOS DEVERES: Das Lojas

O terceiro tema dos Antigos Devers é dedicado às Lojas:

Uma Loja é o local onde se reúnem e trabalham maçons. Portanto, toda a assembleia ou sociedade de maçons, devidamente organizada, é chamada loja, devendo todo o irmão pertencer a uma e estar sujeito ao seu regulamento e aos regulamentos gerais. Uma loja é particular ou geral e será melhor entendida pela sua frequência e pelos regulamentos da loja geral ou Grande Loja, adiante apensos. Nos tempos antigos, nenhum mestre nem companheiro se podia ausentar dela, especialmente quando avisado para comparecer, sem incorrer em severa censura, a menos que parecesse ao mestre e aos vigilantes que a pura necessidade o impedira.
As pessoas admitidas como membros de uma loja devem ser homens bons e leais, nascidos livres e de idade madura e discreta, nem escravos, nem mulheres, nem homens imorais ou escandalosos, mas de boa reputação.

Note-se como desde os tempos da Maçonaria Operativa já estavam definidos os critérios de admissão de maçons a uma Loja, correspondendo ao que, nos dias de hoje, é definido como "homens livres e de bons costumes". Em termos de evolução, nos tempos presentes o antigo requisito da "idade madura" corresponde agora à maioridade, altura a partir do qual pode ser considerada a candidatura de um profano à Iniciação. No entanto, não basta ser maior, é necessário possuir uma maturidade que possibilite o interesse pelo aperfeiçoamento espiritual. A "idade madura" dos tempos de antanho é hoje avaliada em termos de desenvolvimento pessoal e não tanto em termos cronológicos.

Rui Bandeira

27 fevereiro 2007

" Ele há coisas ..... "

Nao podia deixar de vir aqui contar uma curiosidade.

Há dias atrás um Irmão, membro de uma loja da GLLP/GLRP, que eu nao conheço pessoalmente, ligou-me e pediu-me que encontrasse quem fizesse ou que fizesse eu um palestra sobre um tema determinado, numa escola secundaria de Lisboa, pois tinha recebido um pedido dessa escola.

Procurei quem fizesse, mas nao consegui encontrar. Para nao deixar o Irmão sem resposta, telefonei e disse-lhe que embora nao fosse a minha especialidade que faria a palestra.

Ontem recebo uma chamada de um senhor que se indentificou como professor e que me contactou por indicação do tal Irmão. Simpaticamente deu-me mais dados sobre o que era pretendido, bem como sobre as datas que lhe davam jeito etc.

Até aqui nada de especial, mas quando lhe perguntei qual era a escola a resposta foi :

Escola Secundaria AFONSO DOMINGUES, em Marvila.

Ora e apenas para relembrar, a minha ( nossa dos escritores deste blog) Loja, a de origem e Unica é a Loja Mestre Affonso Domingues.

como diria o saudoso Fernando Pessa - " E esta hein !!!!"

JoseSR

ANTIGOS DEVERES: Do Poder Político


O segundo tema dos Antigos Deveres respeita ao relacionamento que o maçon deve ter com o Poder Político e respectivas autoridades.

Eis o seu teor:

Um Maçon é sempre um súbdito pacífico, respeitador do poder civil, em qualquer lugar que resida ou trabalhe. Jamais está implicado em conspirações ou conluios contra a paz e a felicidade da nação, nem se há-de rebelar contra a autoridade, porque a guerra, os derramamentos de sangue e as perturbações, têm sido sempre funestas à Maçonaria. Assim, os antigos Reis e Príncipes sempre estiveram dispostos a proteger os membros da corporação posto que sua tranquilidade e fidelidade, que refutavam praticamente as calúnias de seus adversários, realçavam a Honra da Fraternidade, que sempre prosperou em tempos de paz. De modo que, se um Irmão se rebelasse contra o Estado, não deveria ser sustentado em seus actos. Todavia, poderia ser confortado, como um infeliz, e se não for reconhecido culpado de nenhum outro crime, embora a fiel Confraria deva desaprovar sua rebelião para não dar ao governo motivo de descontentamento e para evitar que alimente suspeitas, não se pode excluí-lo da Loja, suas relações com ela permanecendo invioláveis.

A Tradição Maçónica, mantida pela Maçonaria Regular, enfatiza, assim, o respeito da maçonaria e dos Maçons pelo Poder constituído. É no quadro da organização social existente e da Legalidade vigente que a Maçonaria se move e que os maçons se procuram aperfeiçoar e, pelo seu exemplo, contribuir para a melhoria da sociedade. Mas a Maçonaria não tem intervenção directa na Política.

Como sabemos, esta não é a orientação da Maçonaria Liberal, que entende poder e dever intervir politicamente e, mesmo, se necessário, activamente contribuir para mudanças revolucionárias na estrutura do Poder, na linha da orientação assumida pelo Grande Oriente de França na época da Revolução Francesa.

A observância estrita ou o entendimento de que caiu em desuso este Antigo Dever constitui uma das linhas de fractura entre as duas grandes tendências da Maçonaria.

Rui Bandeira

26 fevereiro 2007

ANTIGOS DEVERES: De Deus e da Religião

Já anteriormente, a propósito do Segundo Landmark, aqui referenciei os Antigos Deveres (Ancient Charges), que devem ser respeitados pelos maçons. Tendo sido compilados nas Constituições de Anderson de 1723, estão divididos em seis temas, o primeiro dos quais o respeitante a Deus e à Religião e que é do seguinte teor:

Um Maçon é obrigado, pela sua condição, a obedecer à lei moral. E, se compreende correctamente a Arte, nunca será um ateu estúpido nem um libertino irreligioso. Mas, embora, nos tempos antigos, os maçons fossem obrigados, em cada país, a ser da religião desse país ou nação, qualquer que ela fosse, julga-se agora mais adequado obrigá-los apenas àquela religião na qual todos os homens concordam, deixando a cada um as suas convicções próprias: isto é, a serem homens bons e leais ou homens honrados e honestos, quaisquer que sejam as denominações ou crenças que os possam distinguir. Por consequência, a Maçonaria converte-se no Centro de União e no meio de conciliar uma amizade verdadeira entre pessoas que poderiam permanecer sempre distanciadas.

Desde os tempos da Maçonaria Operativa que este princípio é seguido. Pode, assim, dizer-se que integra o núcleo verdadeiramente essencial do ideário maçónico.

A Maçonaria regular, deísta, costuma fundar a sua recusa de admissão de ateus ou agnósticos, só admitindo quem seja crente num Criador (independentemente da religião professada ou da forma como essa crença é vivida) na frase de que o maçon, se "compreende correctamente a Arte, nunca será um ateu estúpido nem um libertino irreligioso".

A Maçonaria Liberal, que admite ateus e agnósticos, preferirá enfatizar que "um Maçon é obrigado, pela sua condição, a obedecer à lei moral" e que o ideário maçónico apenas obriga os maçons "a serem homens bons e leais ou homens honrados e honestos, quaisquer que sejam as denominações ou crenças que os possam distinguir".

Dois caminhos, dois estilos, uma mesma raiz comum, uma similar exigência de rigor e elevação.

Rui Bandeira

25 fevereiro 2007

Homens de bons costumes !


Tenho estado afastado do "A Partir Pedra" por causa do tempo.
Não tem a ver com a chuva... não, tem a ver com uns diazitos fora do sítio (Carnaval) em que andei com o Rui por aí... e depois uma quantidade de coisas que estavam por fazer e era necessário dar-lhes solução.
Sei que tem sido um intervalo muito util, porque assim dei oportunidades ao Rui e ao José de abrilhantarem este espaço, mas não me parece bem deixá-Los sózinhos e hoje, que é Domingo, está a chover e o Benfica não joga, cá estou a chutar umas bolas para canto...
Já "postei" o Zeca e agora pego noutro assunto, assaz importante para todos nós... bem, pelo menos para 6 milhões de nós !

Uma das razões dos nossos, chamados, bons costumes está relacionada, sem dúvida, com o facto de sermos os 3 (eu, o Rui e o José) indefectiveis do Benfica (é, òbviamente, um bom costume !)
Pois ontem aconteceu algo importante que quero partilhar com todos.
O meu sogro, simpático velhote com 91 anos de idade, recebeu o anel dos 75 anos de sócio dos "lampiões".

E isto é caso para festejo (!) familiar, mas também dos que (eu estou aí) não acreditando nem um bocadinho neste "restling" vêm que ainda resta uma migalhinha de atenção para quem passou 75 anos a pagar quotas, mas muito mais do que isso, a viver um ideal que desapareceu, vendido a patacos e nem sequer a quem desse mais.

Como nada é completamente bom, este festejado acabou sentado lado a lado com "uma espécie de personagem importante", Manuel Damásio de seu nome, e que segundo parece mereceu também ser homenageado.

Parece-me bem.

Poucos como ele fizeram tanto mal em tão pouco tempo, coitado, vivendo com o ordenado mínimo nacional e desfazendo o Benfica tão desinteressadamente.

Mereceu ser homenageado, claro.

Como dizem os Felinos Fedurentos, foi... "uma espécie de homenagem" a "uma espécie de gajo importante", mas foi uma cerimónia fedurenta !

Valha-me o meu Velhote com os Seus 75 anos de esperança (91 de idade) e teimosia em tornar o mundo melhor e mais limpo, e se o Benfica pudesse ser incluido seria bom ! Mas é crer demais.

JPSetúbal

Andam á procura de um Português GRANDE ?

Com o atraso de 2 dias, isto de disponibilidade de tempo tem andado algo atrapalhado, trago-Vos a recordação de um Português GRANDE.
Fez 20 anos que passou ao Oriente Eterno (anteontem, 23) e Portugal recordou José Afonso, quem foi, o que nos legou, o que é ainda hoje, 20 anos após ter deixado o mundo que o insultou e a humanidade que Ele defendeu como muito poucos.
Para os da geração de "40" o "Zeca" foi, em determinado momento da vida de Portugal, verdadeiramente "a luz ao fundo do tunel" teimando em brilhar contra quase tudo.
Na sua preocupação central de defender a Liberdade, de espalhar Fraternidade, de promover Igualdade, "Zeca" foi único em dimensão, em sentido de futuro, em projecto de vida para a humanidade, na forma que adoptou para o fazer.
Há 20 anos "Zeca" Afonso deixou o mundo, mas não deixou a humanidade.
Ele continua vivo na recordação dos que Lhe devem "enormes" momentos de abertura de esperança e, tal a Sua dimensão, em muita juventude actual, que havendo nascido muito após a Sua morte retomou os seus temas e os seus motivos.
Parte importante da música de intervenção urbana actual, hip-hop tão em voga, foi confessadamente buscar ao "Zeca" muita da inspiração com que combate a descriminação e aponta um rumo de esperança, particularmente aos jovens, ensinando que há saídas possiveis e que vale a pena lutar por elas.
Em muito dessa música é evidente o grito solidário e o protesto pelo mundo fraterno que devia estar instituido... e não está !
Esse foi o tema do "Zeca", e foi a Sua luta, e foi a Sua prisão, e foi a Sua alegria, finalmente, quando em 25 de Abril de 1974 viu o dia amanhecer ao som da Sua música e o Sol a brilhar na esperança da luta que tinha travado durante toda a vida.
Recordo-me que a primeira edição do "Vampiros" (... eles comem tudo, eles comem tudo e não deixam nada...") tive de a pedir ao meu cunhado que estava em medicina em Coimbra, para me arranjar um exemplar (vinil e 45 r.p.m. ...), só possível no circuito clandestino das Academias e das Associações de Estudantes (numa tarde qualquer do início dos 70's entrei na Sasseti, na altura ficava numa esquina da R. do Carmo, para comprar um disco do José Mário Branco. A cara do jovem, tão jovem quanto eu próprio, desconfiado a olhar para mim assim como que "é desta que vou dentro..." ficou-me inesquecível, e lá me vendeu o disquinho, "long play 33 r.p.m.", metendo-o num saco de papel debaixo do balcão e pedindo-me para não o abrir na rua !).
Era assim a vida portuguesa e devemos ao Zeca muito do que foi feito para a alterar.
Azeitão 1979-1987
"Curioso é que nós passamos 40 ou 50 anos de uma vida a fazer determinadas coisas e um dia mais ou menos de repente, sem que renunciemos a nada do que fizemos, apercebemo-nos de que tudo deveria ter sido diferente. É apenas uma vaga sensação que se instala, sem que saibamos defini-la muito bem. No fundo sou muito mais contraditório e supersticioso do que quis admitir ao longo dos anos."
"Eu sempre disse que a música é comprometida quando o músico, como cidadão é um homem comprometido. Não é o produto saído desse cantor que define o compromisso mas o conjunto de circunstâncias que o envolve com o momento histórico e político que se vive e as pessoas com quem ele priva e com quem ele canta.
"Não me arrependo de nada do que fiz. Mais: eu sou aquilo que fiz. Embora com reservas acreditava o suficiente no que estava a fazer, e isso é o que fica. Quando as pessoas param há como que um pacto implícito com o inimigo, tanto no campo político como no campo estético e cultural. E, por vezes, o inimigo somos nós próprios, a nossa própria consciência e os alibis de que nos servimos para justificar a modorra e o abandono dos campos de luta."
" Admito que a revolução seja uma utopia, mas no meu dia a dia procuro comportar-me como se ela fosse tangível. Continuo a pensar que devemos lutar onde exista opressão, seja a que nível for."

José Afonso

José Afonso está vivo e continua a cantar para todos nós ! (http://www.aja.pt/biografia.htm)



JPSetúbal


23 fevereiro 2007

O maçon Mozart

Wolfgang Amadeus Mozart é talvez o maçon mais famoso. Para se ter uma ideia, se se fizer uma busca no Google utilizando a palavra chave Mozart, encontra-se nada mais nada menos do que 42 milhões de páginas referenciadas; pesquisando nestes resultados com a palavra chave maçon, obtém-se, para o conjunto Mozart maçon o número de 213.000 páginas referenciadas; se, em vez de maçon, efectuarmos, nos resultados obtidos com a pesquisa Mozart, outra pesquisa, agora com a palavra chave mason, em inglês, para este conjunto Mozart mason o número de páginas referenciadas sobe para 1.030.000!

Em resumo, não é segredo para ninguém que Mozart foi maçon e mesmo os mais distraídos podem facilmente tropeçar com essa informação na Rede. É assim evidente que uma galeria de Maçons célebres não pode deixar de conter um texto sobre o mais célebre dos célebres maçons! Eis então um breve retrato do maçon W. A. Mozart.

Mozart tinha onze anos quando, atingido pela varíola, foi tratado por um médico vienense de apelido Wolff, que era um conhecido maçon. Em agradecimento pela sua cura, Mozart compôs uma melodia que ofereceu ao Dr. Wolff, que intitulou An die Freude (À alegria). O texto musicado era claramente de inspiração maçónica e o jovem Mozart não poderia ter composto a melodia sem conhecer o seu sentido.

Um ano mais tarde, Mozart travou conhecimento com o célebre Dr. Messmer, também maçon.

Aos dezasseis anos de idade, Mozart compôs O heiliges Band (Ó Sagrada Escritura), sobre um texto de Lens existente num conjunto de textos maçónicos, reservado apenas aos maçons e a que, naturalmente, era suposto nenhum profano ter acesso...

Um ano mais tarde, um maçon importante, von Gebler, encomendou a Mozart dois coros e cinco entreactos para acompanhar um drama heróico, Thamos, rei do Egipto (prefigurando o que mais tarde virá a ser uma ópera intitulada A Flauta Mágica).

Ou seja, entre os 11 e os 17 anos o contacto de Mozart com maçons e a sua forma de pensar e ver o Mundo foi frequente.

Em 1783, tinha então Mozart 27 anos de idade, o famoso Gemmingen, que conhecia o compositor, instala a sua própria Loja Maçónica em Viena e convida Mozart para se juntar a ela e aí exercer o ofício de Mestre da Harmonia. Mozart reflecte. Em Novembro do ano seguinte, apresenta a sua candidatura à Loja Zur Wohlthätigkeit (Beneficência). Foi aí iniciado em 14 de Dezembro de 1784.

A 7 de Janeiro de 1785 (apenas 24 dias depois da sua iniciação!), Mozart é, na Loja Zur wahren Eintracht (Verdadeira Concórdia), passado ao grau de Companheiro. A 10 de Janeiro, termina o Quarteto de Cordas em Lá Maior (K 464), no qual o movimento Andante se refere ao ritual de Iniciação Maçónica. A 13 de Janeiro (6 dias depois da passagem a Companheiro, 30 dias depois da sua Iniciação!), Mozart é elevado ao grau de Mestre. Quatro dias mais tarde, compõe um Quarteto de cordas em Dó Maior (K 465), que se refere ao grau de Companheiro. Em Março de 1785, termina o Concerto em Dó Maior (K 467), cujo Andante faz claramente alusão ao terceiro grau, o de Mestre.

A 6 de Abril de 1785, participa na cerimónia de Iniciação do seu próprio pai, Leopold Mozart.

Mozart participa em inúmeras reuniões de Loja e compõe numerosas obras destinadas a serem tocadas em sessão. Visita as Lojas Zu den drei Adlern (Três Águias) e Zur gekrönten Hoffnung (Esperança Coroada).

Entretanto, a doença que lhe virá a ser fatal (o síndroma de Schönlein-Henoch) progride. Mozart compõe as suas três grandes obras com simbologia maçónica: A Clemência de Tito, a Flauta Mágica e o Requiem.

A morte de Mozart origina uma reunião de exéquias fúnebres de seus Irmãos. Uma oração fúnebre proferida na ocasião foi impressa. Hoje, dela resta apenas um exemplar. Eis a sua tradução:

O Grande Arquitecto do Universo acaba de retirar à nossa Cadeia Fraternal um dos elos que nos era mais caro e mais valioso. Quem não o conhecia? Quem não amou o nosso tão notável Irmão Mozart? Há poucas semanas ainda, ele encontrava-se entre nós, glorificando com a sua encantadora música a inauguração deste Templo. Quem de nós imaginaria que seria tão rapidamente arrancado do nosso seio? Quem poderia saber que três semanas depois choraríamos a sua morte? É o triste destino imposto ao homem, de deixar a vida deixando a sua obra inacabada, e tão excelente ela é. Mesmo os réis morrem deixando à posteridade as suas intenções inacabadas. Os artistas morrem depois de terem devotado as suas vidas a melhorar a sua arte para atingirem a perfeição. A admiração de todos acompanha-os ao túmulo.No entanto, se os povos choram, os seus admiradores não tardam, muito frequentemente, a esquecer-se deles. Os seus admiradores talvez, mas não nós, seus Irmãos! A morte de Mozart é para a arte uma perda irreparável. Os seus dons, reconhecidos desde a infância, tinham feito dele uma das maravilhas deste tempo. A Europa soube-o e admirou-o. Os príncipes gostaram dele e nós, nós poderíamos chamá-lo: “meu irmão”. Mas se é óbvio honrar o seu génio, não nos devemos esquecer de comemorar a nobreza do seu coração. Foi um membro assíduo da nossa Ordem. O seu amor fraternal, a sua natureza inteira e devotada, a sua caridade, a alegria que mostrava quando beneficiava um de seus irmãos com a sua bondade e o seu talento, tais eram as suas imensas qualidades, que nós louvamos neste dia de luto. Era simultaneamente um marido, um pai, o amigo de seus amigos e o irmão de seus irmãos. Se tivesse tido fortuna, faria todos tão felizes como ele desejaria.

As informações para elaborar este texto foram recolhidas aqui.

Rui Bandeira

22 fevereiro 2007

Loge Nationale de Recherche Villard de Honnecourt

Já foi referenciada neste blogue a principal Loja de Investigação da Grande Loja Unida de Inglaterra (UGLE), a Loja Quatuor Coronati.


Agora é a vez de dar conta da principal Loja de Investigação da Grande Loja Nacional Francesa, a Loge Nationale de Recherche Villard de Honnecourt, n.º 81 daquela Obediência Regular.

A Loge Villard de Honnecourt foi fundada em 1964, entre outros por Jean Baylot (1897-1976), autor de diversas obras de História da Maçonaria, e é reconhecida em todo o Mundo maçónico pela qualidade das suas conferências e dos seus trabalhos, constituindo as obras que publica referências da Maçonaria e da investigação espiritual contemporânea.

Publica a colecção CAHIERS DE VILLARD DE HONNECOURT, na qual se inserem os volumes, semestralmente publicados, dos TRAVAUX DE LA LOGE NATIONALE DE RECHERCHE VILLARD DE HONNECOURT.

A designação da Loja homenageia o Mestre de Obras Villard de Honnecourt, que viveu e trabalhou no século XIII, célebre por ter deixado documentos repletos de projectos arquitectónicos, actualmente guardados na Biblioteca Nacional de França.

As duas últimas iniciativas públicas da Loja tiveram lugar, respectivamente, em 12 de Dezembro e 13 de Fevereiro últimos e consistiram em conferências, a primeira sobre o tema A LEI E O SAGRADO (conferencista: Christian Charrière-Bournazel, Bastonário da Ordem dos Advogados de Paris) e a última subordinada ao tema A NATUREZA E O SAGRADO (conferencista: Jean-Marie Pelt, Presidente do Instituto Europeu de Ecologia).

Rui Bandeira

21 fevereiro 2007

Medalhas de identificação maçónicas

Aqueles que, nos últimos dias, têm visitado este blogue, ter-se-ão, porventura, interrogado: então agora que dizem que "isto está a ficar mesmo a sério" é que deixaram de actualizar o blogue? Não se tratou de um súbito ataque de pânico. Apenas e tão só o aproveitar coincidente, por todos os autores habituais de textos, de uns dias de férias, por ocasião do Carnaval. O JPSetúbal e eu fomos até à Serra da Estrela verificar a temperatura da neve. O JoséSR também aproveitou para descansar. Mas o bem-bom acabou e hoje já se volta a actualizar o blogue.

Após um período de descanso, nada como um recomeço ligeirinho. Vamos lá então a mais uma curiosidade maçónica.

Todos certamente se recordam de ter visto em filmes de guerra a utilização por soldados de fios com umas medalhas de identificação. Tais medalhas destinam-se a facilitar a identificação dos militares tombados no eufemisticamente chamado "campo da honra".

Pois os nossos Irmãos do continente americano vão mais longe e utilizam tais medalhas de identificação também para afirmarem a sua condição de maçons. A imagem de uma delas está reproduzida no início deste texto. Há mais modelos, todos custando 10,99 dólares americanos. Os fabricantes informam poder fornecer, mediante encomenda, outros modelos, com individualização da Loja ou da Unidade do cliente.

Mas não são só medalhas de identificação de combatentes que aquele fabricante fornece.

Fazendo jus à denominação deste produto em inglês (dogtag, literalmente, etiqueta de cão), o mesmo anuncia também uma medalha destinada a ser colocada ao pescoço do melhor amigo do Homem, igualmente demonstrativa do orgulho de ser maçon: uma medalha com o esquadro, o compasso e a letra "G" e, no verso, a inscrição O meu dono é maçon. Note-se que, no original em inglês, a inscrição permite um trocadilho, já que a palavra Master significa "dono", mas também "Mestre" (Maçon, obviamente).

Onde encontrei eu isto? Aqui!

Rui Bandeira

16 fevereiro 2007

Mais um Marco no Blogue

Pois é isto está a ficar mesmo a sério.

O dia 15/2/2007 é o primeiro dia em que o nosso blog regista mais de 100 visitantes num so dia.

A média de visitas diárias quase duplicou de Janeiro para Fevereiro.

Aos leitores que nos honram - muito obrigado.

A nós blogueiros iniciantes uma responsabilidade acrescida de continuar a merecer a confiança dos leitores.

JoseSR

15 fevereiro 2007

O Quatuor Coronati Correspondence Circle

A admissão na Loja Quatuor Coronati, n.º 2076 da Grande Loja Unida de Inglaterra (UGLE) ocorre exclusivamente por convite formulado a maçons regulares que se tenham distinguido no campo dos estudos maçónicos ou em outro campo das artes, letras ou ciências. Porém, o resultado do trabalho desta elite de especialistas não interessa apenas a estes, nem sequer apenas aos maçons. A Loja Quatuor Coronati criou, assim, uma estrutura destinada a acolher todos os que se interessem pelos temas objecto de estudo dos seus membros: o Círculo de Correspondência da Quatuor Coronati (Quatuor Coronati Correspondence Circle, ou, abreviadamente, Q. C. Correspondence Circle, ou ainda mais sinteticamente, QCCC). Até há alguns anos, podiam aderir ao mesmo apenas Mestres Maçons Regulares. Presentemente, qualquer interessado, maçon ou não maçon, pode ser admitido.

O Círculo de Correspondência é administrado pela Q.C. Correspondence Circle, Limited, uma sociedade comercial constituída por todos os membros da Loja, gerida por um Conselho de Gestão. A jóia de inscrição é de 5 Libras para o volume normal ou de 6 Libras para o volume encadernado, dando de imediato direito à recepção, gratuita, do último volume das Ars Quatuor Coronatorum, o volume onde se publicam todas as pranchas apresentadas no ano anterior e a reprodução dos comentários e críticas que as mesmas mereceram, além de outros elementos.

A quota anual é de £ 20.00 para o volume normal ou de£ 22.00 para o volume encadernado.

Para aderir ao Círculo de Correspondência, pode-se imprimir e preencher o formulário para tal existente no sítio do Círculo, ou, para os residentes em Portugal, simplesmente contactar-me a mim, pois asseguro a sua representação em Portugal. Após o preenchimento da documentação e a entrega da quantia correspondente em Euros ao montante em Libras fixado para a modalidade escolhida, enviarei todos os elementos para Londres e, após aceitação, o nóvel membro receberá o volume gratuito. Ulteriormente, todos os contactos com o Círculo de Correspondência podem ser feitos directamente através dos respectivos serviços em Londres ou por meu intermédio.

A adesão será válida a partir da data da reunião seguinte do Conselho de Gestão do Círculo de Correspondência após a recepção da candidatura.

Os membros do Círculo de Correspondência, se Maçons Regulares, terão os mesmos direitos que os membros da Loja Quatuor Coronati, excepto os direitos de voto e de exercer cargos na Loja ou na Sociedade QCCC, Ltd.

Os membros do Círculo de Correspondência recebem também as convocatórias das reuniões da Loja, às quais os membros que forem Maçons Regulares podem assistir e participar nas discussões que se seguem à apresentação das pranchas. Os membros que não sejam Maçons Regulares podem assistir às reuniões que sejam anunciadas como estando abertas a eles. As datas das reuniões são a terceira quinta-feira de Fevereiro, a segunda quinta-feira de Maio, a quarta quinta-feira de Junho e as segundas quintas-feiras de Setembro e de Novembro , nesta última ocorrendo a instalação do Venerável Mestre para o ano subsequente. Os membros do Círculo de Correspondência têm direito a adquirir qualquer das outras publicações da QCCC, Ltd., as quais, tal como o volume anual das Ars Quatuor Coronatorum, estão exclusivamente reservadas aos membros. Têm também direito a colocar as questões que entenderem, relativas a história, costumes, rituais, etc., da Maçonaria à secretaria, que providenciará para que as respostas, por membros abalizados, sejam emitidas. Podem participar nos ágapes da Loja subsequentes às reuniões, mediante marcação prévia.

As Ars Quatuor Coronatorum anuais registam o trabalho da Loja Quatuor Coronati desde 1886. Contêm os estudos de muitos especialistas em vários campos do estudo e da pesquisa maçónicos. Os primeiros números são hoje extremamente raros, mas cópias de algumas edições, bem como as edições mais recentes estão agora disponíveis em CD-ROM. A QCCC, Ltd. publica ainda reproduções dos trabalhos maçónicos raros e valiosos, que ficam desse modo acessíveis aos estudiosos de todo o Mundo.

É possível marcar conferências sobre temas maçónicos, sendo os conferencistas providenciados pelo Conselho de Gestão do Círculo de Correspondência. Nenhum pagamento é exigido, excepto os reembolso de despesas de viagem e alojamento, o qual deve ser providenciado pelos organizadores da conferência. Os pedidos para conferências (em Inglês...) devem ser dirigidos à secretaria, directamente ou por meu intermédio.

Rui Bandeira

14 fevereiro 2007

Do Encerramento das Urgencias

Nos últimos tempos muito se tem falado do Encerramento das Urgências. Temos ouvido alguns discursos mais ou menos inflamados de autarcas e de entendidos afirmando que nem que ….. , aquela urgência sairá dali. O argumento mais interessante que ouvi numa entrevista na rádio foi “porque sim e mais nada”. Hoje de relance vi no noticiário que populares estavam a fazer uma vigília com cartazes dizendo “… não tirem daqui o Centro de Saúde …”

Antes de vir aqui escrever fui ler o tal relatório que tanto se fala e que poderá ser lido Aqui

Encontrei um relatório que me pareceu correcto e lógico, assentando sobre factos concretos e mensuráveis. Com objectivos a atingir que me parecem lógicos e coerentes com a política de racionalização de serviços que o Ministério da Saúde está a seguir.

O chavão “Encerramento” transmite a ideia imediata que depois da medida tomada o país ficará com menos serviços de urgência. Depois de lido o relatório podemos perceber que na verdade de 73 pontos de rede de urgência e depois de encerrados 15 ficamos com 83 pontos de rede. Que aritmética a minha! Pois toda a gente sabe que 73 menos 15 dá 58.
O que ninguém fala é que este relatório prevê a abertura de 25 pontos de rede. Ou seja temos assim o tal saldo de 10 pontos.

Fecham uns abrem outros. E porque razão é preciso fechar uns a abrir outros, se para ficarmos com mais 10 seria mais lógico abrir só esses.

Na verdade não é preciso pensar muito para perceber que foram aplicados critérios demográficos e de distância ao ponto de rede. A ideia geral é diminuir o tempo médio de chegada à urgência para 45 minutos para 90 % da população. Sendo que o que entendi é que actualmente este tempo está em 60 minutos para menos de 90 % da população. Ora nestas coisas dos valores médios há algumas cautelas a ter. De facto para algumas populações o tempo de chegada ao ponto de rede será aumentado, mas para outras será diminuído. O resultado final é mais positivo para mais gente, ou seja há mais gente melhor, sendo que alguns ficaram um pouco pior.

Quando se falam de serviços de Urgência, temos que separar 3 tipos de instituições. Os hospitais com Serviço de Urgência Polivalente (SUP), os com Serviço de Urgência Médico-cirúrgica (SUMC) e os com Serviço de Urgência Básica (SUB).

Os SUP estão associados a Hospitais Centrais ou agrupamento de Hospitais Centrais, onde são disponibilizados meios técnicos e humanos altamente diferenciados onde existem por exemplo aquilo que se chama hoje de “trauma room” ou uma Unidade de Queimados, os SUMC são serviços com alguma diferenciação, onde é possível atender casos com gravidade mas todavia com meios muito inferiores aos SUP. Quanto aos demais são serviços que atendem casos muito menos graves e que em muitos casos não servem sequer para estabilizar o paciente antes deste ser transferido para outro sitio, pois essa triagem é feita a montante pelo próprio INEM que encaminha logo o paciente para o serviço apropriado, e bem, em vez de perder tempo num ponto de rede que não tem os meios necessários.
Ora os centros que fecham são essencialmente os SUB sendo substituídos por outros SUB e por alguns SUMC.

Não nos esqueçamos também que os centros de Saúde existentes não fecham, apenas o serviço de Urgência o que quer dizer que na realidade só durante um horário especifico é que a cobertura normal de cada zona que deixa de ter um ponto de rede fica inferior à actual.

Fecham as Urgencias porque como disse há que conseguir o tal número médio. Mas podemos perguntar porquê fechar, se abrindo os tais mais 25 ficaríamos com mais 25 e com uma cobertura melhor (talvez passasse para 45 minutos para 95% da população). Aritmeticamente até talvez fosse verdade, mas economicamente seria catastrófico. Basta ver que no relatório um dos pressupostos é que nos SUMC para serem considerados como tal é necessário um mínimo de 3 cirurgias oriundas das urgências por dia.

Entendamos que não é possível equipar pequenos hospitais com tecnologias de ponta, para depois serem usadas uma vez por cada 2 anos, sempre assumindo que haveria os técnicos qualificados para o fazer.

Apenas por curiosidade, para poder garantir cirurgias de urgência na especialidade de Cirurgia Geral num período de 24H e considerando apenas a equipa de Bloco Operatório ( sem mais) são precisos em números absolutamente mínimos, 2 Cirurgiões com qualificação mínima de Especialista, 4 Cirurgiões no Internato de Cirurgia sendo que um poderá ser de primeiro ano, 2 Médicos Anestesistas, 2 Médicos Internistas, 3 enfermeiros de anestesia (1 por turno), 3 enfermeiros instrumentistas (1 por turno), 3 enfermeiros circulantes (1 por turno), 3 enfermeiros Chefe/Responsavel (1 por turno), 3 enfermeiros de assistência no Recobro Pos Operatório ( 1 por turno), 4 auxiliares de acção médica por cada turno.
Somando temos 10 Médicos, 15 Enfermeiros e 12 Auxiliares, ou seja 37 pessoas sem contar os administrativos e todo o restante pessoal necessário para manter uma Unidade Cuidados Intensivos, assistência medica e de Enfermagem no internamento etc.
E isto para um dia, é preciso contar que o ano tem 365, e que dado que estas pessoas também têm férias, folgas por trabalho nocturno etc.
Os custos de uma estrutura destas são imensos e só fazem sentido se forem rentabilizados, entendendo-se por rentabilização casos cirúrgicos urgentes para resolver.

A propósito relembro aqui o caso da Maternidade de Elvas. Para haver Maternidade e este serviço tem que estar aberto sempre 365x24, é necessário pelo menos 2 obstetras, 2 pediatras, 2 anestesistas, enfermeiros, parteiras, auxiliares, etc. Ora em Elvas nasciam no Hospital por ano 250 crianças. Assumindo por absurdo que só nascia um por dia isto quereria dizer que em 115 dias do ano esta equipa de profissionais ficava apenas a cumprir horário.

Que empresa (e o Estado é uma empresa) pode aguentar ter profissionais altamente qualificados parados durante 4 meses por ano.

Ora nos serviços de urgência o princípio é o mesmo. Há que racionalizar.

Desta forma inclusivamente recolocando os médicos e os outros profissionais nos novos serviços, (porque evidentemente não se vão descartar estes profissionais) os tempos de atendimento poderão ser reduzidos e as valências aumentadas, melhorando substancialmente a qualidade do atendimento.

À guisa de conclusão, tendo em conta o meu conhecimento do sector da saúde, parece-me que esta medida poderá ser benéfica para as populações e para os cofres do Estado. Todavia este é um relatório inicial, pelo que agora há que estudar a operacionalidade da solução, tanto no factor humano, quanto logístico e financeiro.
E como já ouvi o Ministro dizer que as coisas ocorrerão de forma faseada e com as garantias necessárias, nomeadamente a afectação de meios de transporte de urgência de melhor qualidade nas localidades que tinham um ponto de rede e que deixam de ter, bem como em outras que actualmente registam menos meios.
Aqui fico a aguardar o desenvolvimento do projecto para depois o poder analisar
JoseSR

13 fevereiro 2007

Os "bons velhos tempos"... e viva a tecnologia.

Para quem entrou nas T.I.'s' há pouco tempo é bom que dê uma olhada ao "boneco" que vai abaixo.

Podem avaliar, de facto, o que foi a evolução da tecnologia em 50 anos.

A fotografia mostra o carregamento (ou descarregamento, de facto não sei qual o sentido do movimento) de uma unidade de disco rígido de... 5 Mb, 1000 (mil) vezes menos do que o mais vulgar dos actuais computadores portateis, que pesam 1.5 kg a 3 kg (de facto discos de 50 Gb também já passaram à história, substituidos por 80, 120, 260 Gb e mais !).

Bom, não é saudosismo, é mesmo apenas curiosidade para quem não passou por isto.

E garanto-Vos que se fazia tudo, com muito mais suor, mas fazia !

Disco IBM de 5 Mb em 1956

Pesava 1 tonelada e pertenceu à configuração do "305 RAMAC", comercializado pela IBM em Setembro de 1956.

JPSetúbal

A Loja de Investigação Quatuor Coronati

Na Maçonaria existem diversas Lojas de Investigação A mais antiga é a Loja Quatuor Coronati, n.º 2076 da Grande Loja Unida de Inglaterra (UGLE).
Foi fundada em 1884 por um grupo de nove maçons: Sir Charles Warren (então Coronel, mas mais tarde General), W. Harry Rylands, Robert Freke Gould, o Reverendo Adolphus F.A. Woodford, Sir Walter Besant, John P. Rylands, o Major Sisson C. Pratt, William James Hughan e George W. Speth. Todos eram académicos e alguns foram altamente reconhecidos no campo do estudo da Maçonaria.

A carta patente da Loja foi emitida pela Grande Loja Unida de Inglaterra em 28 de Novembro de 1884, mas, porque o Venerável Mestre designado, Sir Charles Warren, tinha sido enviado em missão diplomática e militar a África, só em 12 de Janeiro de 1886 ocorreu a respectiva Cerimónia de Consagração.

Os objetivos dos fundadores foram o desenvolvimento do interesse dos maçons pela investigação, designadamente histórica, o incentivo ao estudo da Maçonaria, a apresentação de pranchas e a sua discussão e crítica e a atracção da atenção e da cooperação de investigadores maçónicos em todo o Mundo.

Para tal, estabeleceram um estilo novo de investigação da Maçonaria, ignorando as conclusões sem fundamento derivadas da escrita imaginativa de alguns autores anteriores e, devido a isso, a Loja veio a ser considerada o paradigma da investigação histórica da Maçonaria. Graças aos esforços dos seus membros, os trabalhos dos historiadores anteriores foi colocado sob atento escrutínio e muito do que tinha sido anteriormente aceite passou a ser rejeitado.

Criaram o que viria a ser uma importante biblioteca, a qual, em tempos mais recentes, veio a ser integrada na da Grande Loja Unida de Inglaterra. Porém, a Loja mantém o controlo dos seus livros e originais. Foi promovida também a publicação de fac-símiles e a republicação de livros, manuscritos e papéis raros e valiosos.

O nome da Loja, Quatuor Coronati, foi escolhido em homenagem aos “quatro coroados”, que foram martirizados em 8 de Novembro de 302 e foram considerados santos patronos dos pedreiros em toda a Europa entre os séculos V e XVI. A sessão de instalação do Venerável Mestre da Loja ocorre na segunda quinta-feira de Novembro, por esta ser a data praticável mais próxima à do seu martírio.

Desde o início da Loja que a admissão de seus membros se faz exclusivamente por convite, que só é dirigido a maçons regulares que tenham dado contribuições importantes no campo do estudo da Maçonaria ou que se tenham distinguido de outra maneira na arte, na literatura ou nas ciências.

Anualmente são publicadas as Ars Quatuor Coronatorum, registo da actividade da Loja, que inclui as pranchas lidas nas reuniões da Loja, bem como a discussão que geraram. Muitos outros assuntos, tão variados quanto possível, são também incluídos, designadamente recensões de livros de interesse maçónico e perguntas que foram formuladas ao editor e que por este ou pelo membro da Loja mais bem qualificado para o efeito são respondidas. Todos os volumes, desde o primeiro, estão disponíveis na biblioteca da Grande Loja Unida de Inglaterra.

Os elementos para a elaboração deste texto foram por mim daqui seleccionados, recolhidos, traduzidos e adaptados.

Rui Bandeira

12 fevereiro 2007

Carta a um Irmão


Meu caro Irmão,

sei com que ansiedade e júbilo tu e a tua mulher esperavam o nascimento da vossa pequena princesa!

Como todos na Loja, alegrei-me com a notícia do seu nascimento, sobressaltei-me com a nova de que havia alguns problemas com os olhos da menina, sosseguei-me com a informação de que não era nada de especialmente grave, resolúvel com rotineira intervenção, alarmei-me com o relato de que afinal mais e mais preocupantes problemas há com os olhos da bebé.

Não tenho procurado contactar-te, porque calculo que te encontrarás assoberbado, além da normal azáfama de um recém-pai, com as diligências necessárias ao adequado tratamento das maleitas encontradas e certamente não te sobra tempo nem disposição para conversas mais ou menos de circunstância, ainda que interessadas e solidárias. Tenho, no entanto, procurado saber notícias e fico tranquilizado por saber que a tua disposição, e a da tua cônjuge, é de serena confiança, que estão cientes que a luta será talvez grande, mas que cada vitória será um patamar na escalada da recuperação, todos esperamos e desejamos que total, da tua pequenina.

Quero aqui reafirmar-te o que certamente já sabes, mas que te confortará que seja reafirmado: conta com toda a nossa, de todos os elementos da Loja, disponibilidade PARA O QUE FOR PRECISO, seja a que título for: se o problema for dinheiro (e tomara que tudo se resolvesse apenas e só com dinheiro...), não é problema, resolve-se! Se necessitares de ajuda a qualquer outro nível, é só dizeres. Se a questão for obter informação, lembra-te que umas dezenas de nós conseguiremos procurar e seleccionar bastante mais do que a que lograrás reunir sozinho. E se for preciso mais apoios, contamos com a solidariedade dos visitantes do blogue! Meu caro, em relação a qualquer coisa que necessites dos teus Irmãos, a mensagem é só uma: USA À VONTADE, QUE NUNCA ABUSAS!

É obviamente natural que tu e nossa cunhada se sintam inquietos quanto à total recuperação da vossa pequerrucha. Seria estulto pretender o contrário. Mas que essa inquietação seja temperada com a esperança de que tudo acabará por evoluir para a melhor recuperação possível. E, se porventura, não se vier a revelar possível a recuperação total, tenham presente que a Natureza raramente tira algo sem nada dar em troca. Alguma dificuldade que porventura reste para a vossa filha será compensada, estou certo, com um aumento de capacidade que nesse caso obterá.

Mas, meu caro, nem sequer é tempo de pensar em tais possibilidades. Agora, o tempo é de lutar, de fazer o impossível, para que a tua filha recupere o melhor possível, desejando que esse melhor seja a total recuperação. Sei que o farás; sabe tu que todos nós desejamos, tanto quanto tu, que o sucesso coroe os vossos esforços.

Deveria talvez isto ser dito de viva voz. Mas, meu caro, sabes bem que nós, homens, não somos bons a falar destes problemas, destas inquietações, destes desejos: a língua entaramela-se, as ideias atropelam-se e perdem-se antes de conseguirmos verbalizá-las, ficamos atrapalhados, quer o que quer falar e não consegue fazê-lo direito, quer o que ouve e fica algo constrangido. Nisso de verbalizar preocupações e angústias e solidariedades, elas são realmente bem melhores do que nós. Embora nunca elas alguma vez consigam compreender o mundo de emoções e cumplicidades que nós, homens, conseguimos transmitir simplesmente com um abraço e uma palmada na espádua!

Por isso, meu caro, com toda a nossa solidariedade e cumplicidade, aqui te deixo estas linhas de esperança e os votos de que tu e a tua companheira na Vida e no Amor ao vosso rebento mantenham a Força para ultrapassarem este momento difícil com a Sabedoria indispensável para que brevemente ambos desfrutem sem esta inquietação da Beleza da vossa filhota.

Com a certeza de que assim será, recebe um abraço e uma palmada na espádua do

Rui Bandeira

09 fevereiro 2007

Thayendanegea o Chefe Maçon




O Indio (Americano Nativo - no dizer politicamente correcto) Thayendanegea da tribo Mohwak, tambem conhecido por Joseph Brant, e que foi lider das Seis Naçoes Indias para além de missionario anglicano, era também Maçon.


Nasceu em 1742 no Ohio e o significado do seu nome mohwak é " o que coloca duas apostas ", tendo herdado a chefia da tribo de seu pai. Estudou latim e grego, tendo traduzido para Mohawk literatura religiosa.

Ajudou o exercito Ingles a combater os "Americanos" na guerra de independencia.

Foi iniciado em 1776 na Hiram’s Cliftonian Lodge No. 47

Elevado April 26, 1776 Lodge No 417 at the Falcons, Leicester Fields, London

Mestre Fundador em 1798 da Brantford Lodge No. 31 - Affiliated: Barton Lodge, now No. 6, Hamilton, Ontario.

O texto original poderá ser lido em ingles aqui

Como se pode ver o Universalismo da Maçonaria já vem de há muito tempo.

JoseSR

O maçon Kit Carson

Quando eu era miúdo, a banda desenhada chamava-se "histórias aos quadradinhos". Na época, as publicações eram a preto e branco e grande parte delas era dedicada às "cobóiadas". Desse tempo, recordo que um dos meus personagens preferidos era o Kit Carson. Mas Kit Carson não é apenas um personagem de banda desenhada. Kit Carson existiu mesmo. Nasceu no Kentucky, no condado de Madison County (não confundir com o local a que se refere o filme realizado e protagonizado por Clint Eastwood, As Pontes de Madison County, que se situava no Iowa) e... foi maçon!

Christopher (Kit) Carson nasceu em 24 de Dezembro de 1809. Quando tinha aproximadamente 1 ano, a família mudou-se para o condado de Howard, no
Missouri, onde cresceu, frequentando a escola somente até à terceira classe.

Aos 17 anos, fugiu de casa e juntou-se a uma caravana que se dirigia para o Novo México, onde a sua história maçónica começou, tinha ele 44 anos de idade.


Foi iniciado a 22 de
Abril de 1854, passado ao grau de Companheiro em 17 de Junho de 1854 e elevado ao grau de Mestre Maçon em 26 de Dezembro de 1854, na Loja Montezuma, em Santa Fé, Novo México. Na década de 50 do século XIX, havia pelo menos 10 Maçons que viviam na vizinhança de Taos. Em 16 de Novembro de 1859, pediram e obtiveram autorização da Grande Loja do Missouri para o levantamento de colunas da Loja Bent, em Taos. Kit Carson foi o primeiro 2.º Vigilante e, no ano seguinte, exerceu o ofício de 1.º Vigilante. Com o abatimento de colunas da Loja Bent, em 1865, Kit Carson regressou à Loja Montezuma, de Santa Fé, Novo México.

Kit Carson foi proclamado herói nacional dos Estados Unidos em 1854. Passou ao Oriente Eterno em 23 de Maio de 1868, em Fort Lyon, Colorado. Os seus restos mortais repousam, juntamente com os de sua mulher, no cemitério de Taos.

Como é que sei isto tudo? Porque o li no sítio da Grande Loja do Novo México, mais precisamente aqui!

Rui Bandeira

08 fevereiro 2007

Regularidade em Maçonaria

Há dias lancei um repto e um comentador solicitou mais informações sobre um tema determinado, ou melhor sobre uma questão associada a um tema.

De então para cá foram já publicados vários textos sobre este assunto e vários comentários feitos. De qualquer forma e com algum atraso aqui vai.

O tema : Regularidade
a questão :

"Caro josesr, o que me deixa triste é a maioria das obediências deste país, não todas, proíbam, a palavra é esta, o contacto entre maçons de outras obediências que não a sua. Não faz para mim sentido, de todo, que me possa reunir institucionalmente com um irmão australiano e não o possa fazer com um de Coimbra. A Maçonaria é só uma, uma questão administrativa não devia servir para dividir irmãos que almejam apenas trabalhar em conjunto, há luz de um Ideal Maior.
comentário assinado por Escriba "

O leitor pergunta essencialmente sobre questões de politica relacional e institucional maçónicas, do que sobre a regularidade.

No Inicio não havia regularidade ou irregularidade, havia Maçonaria. Com os ideais de 1789, inicia-se um movimento maçónico em França que abdica da imprescindibilidade de crença num ente superior - Grande Arquitecto.

Os movimentos maçónicos entretanto constituídos por esse Mundo fora regiam-se todos pelos mesmos princípios, pelo que o aparecimento desta nova corrente, que aos olhos do Maçonaria de então cometera uma irregularidade, provocou a necessidade de decidir o alinhamento. Ou seja manter como estava ou aderir à nova forma.
Aparecem as cisões, porque dentro de cada obediência havia pessoas que queriam uma coisa e outras, outra.

Aparece então o movimento irregular, sendo que o seu nome deriva apenas da Irregularidade original.

Por oposição as Obediências que se mantêm fiéis aos princípios iniciais passam a ser denominadas Regulares.

Estão então criados dois movimentos alimentados por fundos comuns, mas com filosofias distintas.

É normal, creio eu, que os movimentos privilegiem as relações com os da “sua cor”. E tão normal é que ganhou corpo uma nova figura, a do reconhecimento.

O reconhecimento não é mais que ser aceite pelos seus pares como um igual, dentro da linha filosófica seguida, seja ela Regular ou Irregular.

Segundo a minha opinião criaram-se, emergiram melhor dito, 2 pólos centralizadores do reconhecimento, a Grande Loja Unida de Inglaterra (regular) e o Grande Oriente de França (irregular).

Com o andar do tempo, e o aparecimento da Maçonaria Americana, USA, apareceu um terceiro pólo de reconhecimento. A Maçonaria Americana sendo regular, articula as suas políticas de reconhecimento com a Inglaterra, sendo que todavia pode reconhecer Potencias que a Inglaterra ainda não tenha reconhecido (geralmente a Inglaterra é a ultima a reconhecer).

Feita esta pequena introdução, importa aqui clarificar o que são relacionamentos institucionais.

Poderão haver dois tipos de relacionamento institucional. Os de ordem politica e os de ordem filosófica/ritual

Os de ordem politica (chamemos-lhe assim), a ocorrer, ocorrerão normalmente entre as mais altas esferas das instituições, de forma mais ou menos explícita. Este tipo de contactos não tendo qualquer repercussão para a vida interna da organização, pode fazer muito sentido na preservação da imagem pública da Maçonaria, pois quem ataca não faz distinção entre correntes filosóficas.

Os de ordem ritual. Ora penso que é mais sobre estes que o leitor está interessado.

OS rituais seguidos pelas obediências, independentemente dos ritos, estão de acordo com a linha filosófica que optaram. Regular ou Irregular conforme seja requisito a crença num Ente Superior – Grande Arquitecto ou não seja requisito.

Mas interliguemos aqui a Maçonaria com a história das religiões. Considerando um Cisma o advento da Irregularidade, poderemos compara-lo com os variados cismas que foram existindo ao longo dos séculos.

Comecemos pelo primeiro, o advento do Cristianismo. O aparecimento do Cristianismo rompe com a religião Judaica. E apesar dos fundamentos serem muito similares, um Judeu não pode pregar numa Igreja nem um Padre pode fazer as vezes de um Rabino.

Alguns anos mais tarde aparecem as Igrejas Anglicana e Protestante. Mais recentemente temos as confissões Evangélicas. Todas estas são Cristãs, seguem um principio de base similar, mas são todas diferentes.

Os Oficiantes de cada uma apenas Oficiam na respectiva Igreja/confissão.

As hierarquias de cada uma são definidas por métodos próprios, e cada qual tem a liberdade de interpretar os mesmos livros de forma distinta, pregando coisas diferentes. Sendo mais ou menos tolerantes.

As concelebrações são coisas muito raras e apenas em ocasiões especificas, sendo que na verdade não são concelebraçoes, mas sim celebrações paralelas justapostas no tempo e espaço.

Ora a Maçonaria não é diferente.

Todavia a pergunta é, porque razão não se juntam ritualmente, ou melhor porque razão é proibido que isso aconteça.

A resposta é minha, e confesso que não fui ler nada sobre este tema, e como tal obriga-me a mim. Pode até ser um erro colossal, mas é a minha e penso que tem lógica.

Saber a razão inicial da proibição parece-me tarefa ciclópica, e só possível se pudéssemos viajar no tempo e ir ouvir o que foi dito pelos dignitários que a decretaram. Entre o que é dito publicamente e a verdadeira razão pode ir uma diferença substancial.

É certo que o objectivo era marcar a diferença. Mas a diferença primordial se bem que importante era ténue. Os espíritos da altura, época de revoluções e de descobertas de princípios que para nós hoje são dados adquiridos, eram talvez menos contemporizadores.

A forma tradicional de evitar, foi sempre a proibição. E ainda hoje voltando atrás as religiões o fazem de forma discreta mas fazem ao exigirem processos de conversão (mais ou menos complicados) para celebrarem casamentos de acordo com a “verdadeira fé”.

Ora em períodos conturbados, as indicações dadas pelas “chefias” devem ser claras.
“Não é permitido” é substancialmente mais claro do que , “ poderão eventualmente estar presentes desde que salvaguardados …… “ sem contar que desta forma ao proibir se preservava o poder de Reconhecer.

A não miscigenação preservaria os valores impolutos, e permitiria claramente considerar os grupos como dissidentes.

Ora hoje quase 3 séculos depois, a proibição passou a questão filosófica e cimentou a diferença.

Hoje não creio que seja possível, sem grandes modificações, que a junção das correntes acontecer. Todavia no futuro quem sabe.

Todavia e como Rui Bandeira mencionou, há algumas coisas a serem tidas em conta. Do ponto de vista da Regularidade é aceite como Maçonaria embora diferente a praticada pelos movimentos Irregulares, no caso português o GOL.

E na prática, há uma circunstância em que Maçons Regulares e Irregulares se reúnem ritualmente e é aceite (na generalidade) pelas estruturas. Esta circunstancia é infelizmente a Cadeia de União Fúnebre quando efectuada publicamente.

E por aqui me fico por enquanto. Sei que não disse nada de muito diferente do que o Rui Bandeira já escreveu, mas talvez a abordagem seja algo distinta.
JoseSR

Blogue francófono

O IFSF - Blogue francophone de la FM Internationale é um verdadeiro "Mason's Digest", isto é, trata-se de um blogue que recolhe e cita muito do que é publicado, na Imprensa e na Rede, blogosfera incluída, sobre a Maçonaria.

Para quem domina a língua francesa e pretende manter-se informado sobre a (rica e variada) informação sobre a maçonaria que se publica nos países francófonos, é um endereço a incluir nos Favoritos.

Mas o blogue não se limita a recolher informações na Imprensa e na Rede de língua francesa. O nosso A Partir Pedra também é escrutinado pelos seus autores!

Prova disso mesmo é esta referência de 16 de Janeiro último, a propósito da Grande Loge Nationale Française e da filatelia, que nos deixa obviamente satisfeitos.

Rui Bandeira

Fernando Pessoa versus Hiram

Nas voltas da "net" encontrei a referência a um
documento que me parece ser uma preciosidade.
Sob dois aspectos essenciais:
- Pela raridade
Creio tratar-se de uma obra só possível encontrar em
antiquários e alfarrabistas e mesmo assim só por
grande acaso;
- Pela actualidade
Pelo pequeníssimo excerto que apanhei é de uma
actualidade espantosa, bom, ou talvez não "espantosa" !
Tratando-se de um documento datado de 1935 pode
constatar-se que, para ser notícia de hoje, basta trocar
nomes e data...
Então cá vai:

FERNANDO PESSOA
As associações secretas
JPSetúbal

07 fevereiro 2007

Relacionamento entre Corpos Maçónicos

Como resulta do texto publicado ontem, a posição da Grande Loja Unida de Inglaterra (UGLE) relativamente aos Corpos Maçónicos que considera que não preenchem as normas para que possam ser por ela considerados Regulares é a de, embora os reconheça como Maçonaria, os qualificar de Irregulares e interditar o contacto maçónico com eles. As Obediências Regulares, em todo o Mundo, devem seguir - e por norma seguem - idênticos critério e procedimento. Este procedimento aplica-se em relação, quer colectivamente ao Corpo Maçónico considerado Irregular, quer individualmente aos obreiros desse corpo.

Por contacto maçónico deve entender-se exclusivamente o respeitante à actividade maçónica stricto sensu, isto é, a participação, integração ou recepção em sessões RITUAIS, exclusivamente destinadas à participação de maçons e, assim, realizadas, como os maçons referem, a coberto dos profanos.

Tudo o resto não está coberto pela interdição. Não estão nela incluídos os ágapes brancos (isto é, em que é admitida a participação de profanos) ou mesmo as sessões cerimoniais brancas, pela simples razão de que, se tais eventos são abertos a profanos, por maioria de razão não são interditos a maçons de diversa tendência; não estão incluídos pela dita interdição quaisquer eventos organizados ou dinamizados ou participados por Corpos Maçónicos, Regulares ou Liberais, destinados ou abertos a profanos; não estão cobertos pela mencionada interdição os actos, organizações, projectos, etc., organizados pelas associações cívicas profanas que constituem o suporte legal ou que são participadas pelos Corpos Maçónicos, Regulares ou Liberais, porque, por definição, são eventos profanos.

Concordo com esta orientação. Conforme escrevi no texto A Regularidade Maçónica, reconhecer as diferenças, assumir a diferente natureza destas duas grandes tendências, admitir que não há UMA Maçonaria, antes DOIS tipos de Maçonaria - e que não há mal nenhum nisso! - é, no meu entendimento, essencial para que os elementos de cada uma das tendências viva proveitosamente aquela em que está inserido e se relacione fraternalmente com a outra. Admitido isto, sem complexos, facilmente entendemos que cada uma das tendências tem algo de único, de próprio, de íntimo. Esse algo deve ser reservado a ela própria e aos seus membros. Tal como cada um de nós preserva a sua vida íntima para si próprio e para com quem a compartilha. Em Maçonaria esse nível de intimidade corresponde às sessões rituais e respectivos ágapes. Faz-me, assim, sentido que essas sejam reservadas a quem compartilha comigo exactamente os mesmos princípios. Com maçons de outras orientações, o nível de relacionamento é diverso, mas seguramente diferente e mais próximo do que em relação ao Mundo Profano. Logo, excluído o ambiente exclusivamente destinado a meus Irmãos compartilhando comigo os mesmos princípios, é gratificante, é valioso, será porventura útil, ter um relacionamento especial também com maçons de outras orientações, mas respeitando o seu espaço próprio e preservando o meu. Assim, terei oportunidade de conviver e beneficiar dos ensinamentos de meu Irmão maçon de outra tendência em ágapes brancos, em sessões cerimoniais brancas (na sua casa, ou na minha), em organizações ou eventos de carácter profano, quiçá conjuntamente organizados (porque não?).

Em termos de imagem: com os conhecimentos normais, convivo fora de minha casa; aos meus familiares e amigos, recebo-os em minha casa e com eles compartilho a minha sala; o meu quarto, esse, reservo-o para quem é meu íntimo! E os meus amigos e familiares não se ofendem por eu reservar esse Santo dos Santos para mim e com quem partilho a minha intimidade. Igualmente não é razão de tristeza para meus Irmãos maçons de tendência diferente da minha que idêntica reserva eu faça na minha Vida Maçónica e que, similarmente, respeite tal reserva em relação a eles!

Tal reserva - que apenas distingue entre íntimos e próximos, mas que a ambos privilegia em relação a todos os demais - traduz apenas a aceitação da Realidade, das Similitudes e Diferenças que existem, de forma alguma um menor respeito ou consideração para com o Maçon de tendência diversa da minha.

Do meu ponto de vista, não há que nos lamentarmos por existir um pequeno espaço reservado unicamente aos maçons da mesma Obediência; há que aproveitar o enorme espaço de convivência, de cooperação, de afirmação dos princípios comuns, de que a Maçonaria e os maçons, independentemente das suas orientações, dispõem.

Rui Bandeira

06 fevereiro 2007

Reconhecimento de Corpos Maçónicos

Freemason's Hall - Londres

A existência de diversos Corpos Maçónicos, desde logo em termos internacionais - mas não só -, mas também a existência de organizações para-maçónicas ou que, nada tendo a ver com a Maçonaria, se reclamam dela, ou de esoterismo, ou de similares conceitos, implica a necessidade da Maçonaria distinguir entre o que é Maçonaria e o que não é e, dentro desse conceito, entre quem postula idênticos princípios e quem segue diferente caminho. Criou-se, assim, o mecanismo do Reconhecimento.

Na Maçonaria Regular, particularmente importante é o Reconhecimento da Grande Loja Unida de Inglaterra (UGLE), por ser essa a Grande Loja original da Maçonaria Especulativa. Daí que seja dada especial atenção aos critérios instituídos por essa Grande Loja para o Reconhecimento de Corpos Maçónicos. Tais critérios estão publicados aqui e a sua versão em português está publicada no sítio da GLLP /GLRP, mais precisamente no capítulo sobre o Reconhecimento, de onde é para aqui transcrita. São, pois, os seguintes os critérios que é necessário preencher para que um Corpo Maçónico seja reconhecido como integrando a Maçonaria Regular:

1. Regularidade de origem, isto é, que cada Grande Loja tenha sido criada regularmente por uma Grande Loja devidamente reconhecida ou por três ou mais Lojas regularmente constituídas.

2. Que a crença no Supremo Arquitecto do Universo e na sua vontade revelada seja condição essencial para admissão dos membros.

3. Que todos os iniciados prestem o seu compromisso sobre o Livro da Lei Sagrada ou com os olhos fixos nesse Livro, aberto à sua frente, livro pelo qual se exprime a revelação do Ser Supremo ao qual o individuo que acaba de ser iniciado fica, em consciência, irrevogavelmente ligado.

4. Que a composição da Grande Loja e das Lojas particulares seja exclusivamente de homens e que cada Grande Loja não mantenha quaisquer relações maçónicas, seja qual for a sua natureza, com Lojas mistas ou com corpos que admitem mulheres como membros.

5. Que a Grande Loja exerça jurisdição soberana sobre as Lojas submetidas à sua obediência, isto é, que seja um organismo responsável, independente e inteiramente autónomo, possuindo uma autoridade única e incontestada sobre a Arte ou os graus simbólicos (Aprendiz, Companheiro e Mestre) colocados sob a sua jurisdição, e que não esteja de forma alguma subordinada a um Supremo Conselho ou qualquer outra Potência reivindicando controle ou supervisão sobre esses graus, nem partilhe a sua autoridade com esse Conselho ou essa Potência.

6. Que as Três Grandes Luzes da Maçonaria (isto é, o Livro da Lei Sagrada, o Esquadro e o Compasso) estejam sempre expostos durante os trabalhos da Grande Loja ou das Lojas na sua obediência, sendo o principal dessas luzes o Volume da Lei Sagrada.

7. Que as discussões de ordem religiosa e politica sejam estritamente proibidas em Loja.

8. Que os princípios dos Antigos Landmarks, costumes e usos da Arte sejam estritamente observados.

A Grande Loja Unida de Inglaterra precisa ainda, sob o título

Grandes Lojas Irregulares e Não Reconhecidas

Existem alguns Corpos Maçónicos com regras próprias que não preenchem estas normas, por exemplo, não exigem a crença num Ser Supremo, ou que autorizam ou encorajam os seus membros a desenvolver, enquanto tal, actividade política. Esses Corpos são reconhecidos pela Grande Loja de Inglaterra como sendo Maçonicamente Irregulares e o contacto maçónico com eles é interdito.

Note-se que a Grande Loja Unida de Inglaterra, com esta formulação, embora enfatize que tais Corpos Maçónicos não são Regulares (e portanto os designa de Irregulares), reconhece-os como Maçonaria.

A GLLP/GLRP é o único Corpo Maçónico português reconhecido como Regular pela Grande Loja Unida de Inglaterra, como se pode conferir aqui. De notar que, ao contrário do que muitos pensam, não é exacto que a Grande Loja Unida de Inglaterra apenas reconheça necessariamente um Corpo Maçónico por país; designadamente, no Brasil reconhece como Regulares o Grande Oriente do Brasil e as Grandes Lojas do Estado de Mato Grosso do Sul, do Estado do Rio de Janeiro e de S. Paulo, como se pode conferir aqui.

A GLLP/GLRP é reconhecida pelas seguintes Potências Maçónicas:

District Grand Lodge of Gibraltar
G. L. de la Republica Dominicana
G. L. de los Andes (Bucaramanga)
G. L. Nationale Guinéenne (Conakry)
Gran Loggia Repubblica Di San Marino
Gran Logia "Benito Juarez"
Gran Logia "Cosmos" del Estado de Chihuahua
Gran Logia "Cuscatlan"
Gran Logia "Occidental Mexicana"
Gran Logia "Unida Mexicana"
Gran Lògia D' Andorra
Gran Logia de AA:. LL:. Y AA:.MM:. de Sinaloa
Gran Logia de Chile
Gran Logia de Costa Rica
Gran Logia de Cuba
Gran Logia de Guatemala
Gran Logia de Honduras
Gran Logia De La Argentina
Gran Logia de la Republica de Venezuela
Gran Logia de Nicaragua
Gran Logia de Peru
Gran Logia de Tamaulipas
Gran Logia de Uruguay
Gran Logia de York de México
Gran Logia Del Ecuador
Gran Logia del Estado de Chiapas
Gran Logia del Estado de Hidalgo
Gran Logia del Estado de Nuevo Leon
Gran Logia del Pacifico
Gran Logia Simbolica del Paraguay
Gran Logia Soberana de Puerto Rico
Gran Logia Valle de México
Grand East of the Netherlands
Grand Lodge Alpina of Switzerland
Grand Lodge of A.F. & A.M. of Ireland
Grand Lodge of Austria
Grand Lodge of Bolivia
Grand Lodge of Bulgaria
Grand Lodge of Denmark
Grand Lodge of F. and A.M. of Japan
Grand Lodge of Finland
Grand Lodge of Greece
Grand Lodge of Iceland
Grand Lodge of India
Grand Lodge of Iran
Grand Lodge of Moldova
Grand Lodge of Norway
Grand Lodge of Panamá
Grand Lodge of Philippines
Grand Lodge of Russia
Grand Lodge of Slovenia
Grand Lodge of South Africa
Grand Lodge of Spain
Grand Lodge of Sweden
Grand Lodge of the Czech Republic
Grand Lodge of the State of Israel
Grand Lodge of Turkey
Grand Lodge of Ukraine
Grand Loge du Congo
Grand Loge Nationale de Madagascar
Grand Orient D' Haiti
Grande Loge de Côte D' Ivoire
Grande Loge de Luxembourg
Grande Loge Du Benin
Grande Loge Du Burkina Faso
Grande Loge Du Cameroun
Grande Loge Du Gabon
Grande Loge du Royaume du Maroc
Grande Loge du Sénégal
Grande Loge Nationale Française
Grande Loge Nationale Togolaise
Grande Oriente D' Italia
Grande Oriente de Pernambuco
Grande Oriente do Brasil
M. R. G. L. Nacional de Colombia
Marea Loja Nationala Di Romania
National Grand Lodge of Poland
Regular Grand Lodge of Belgium
Regular Grand Lodge of Yugoslavia
Sino Lusitano Lodge of Macau Nº 897 - Hong Kong
Symbolic Grand Lodge of Hungary
The G. L. of British Columbia & Yukon
The Grand Lodge of Alberta
The Grand Lodge of Croatia
The Grand Lodge of F. and A.M. of Estonia
The Grand Lodge of Scotland
United Grand Lodge of England
United Grand Lodge of New South Wales and Australian Capital Territory
United Grand Lodge of Victoria
United Grand Lodges of Germany.

Rui Bandeira

05 fevereiro 2007

A Regularidade Maçónica

No seu texto Breve análise do Blogue, JoséSR sugeriu aos visitantes do mesmo que, no espaço para comentários, indicassem assuntos que gostassem de ver aqui tratados. Escriba não se fez rogado e escreveu: Gostaria de por aqui ver abordada e participada pelos internautas, a questão da regularidade. É com enorme tristeza e pesar que constato o que no nosso país se passa neste dominio. Instado a esclarecer a razão da tristeza, acrescentou: o que me deixa triste é a maioria das obediências deste país, não todas, proibam, a palavra é esta, o contacto entre maçons de outras obediências que não a sua. Não faz para mim sentido, de todo, que me possa reunir institucionalmente com um irmão australiano e não o possa fazer com um de coimbra. A Maçonaria é só uma, uma questão administrativa não devia servir para dividir irmãos que almejam apenas trabalhar em conjunto, há luz de um Ideal Maior.

A prioridade no desenvolvimento cabia ao JoséSR, já que o assunto fora suscitado em comentário a um texto seu. Porém, o JoséSR não terá tido ainda disponibilidade para o fazer. Como não é conveniente deixar passar mais tempo sem desenvolver o assunto proposto, sob pena de o Escriba ficar defraudado na sua expectativa, avanço já eu.

Uma advertência, porém, não quero deixar de formular, talvez desnecessariamente: todas as opiniões que neste blogue deixo consignadas vinculam-me apenas a mim, maçon livre de uma Loja livre, e a mais ninguém, pois sou porta-voz apenas de mim mesmo.

Escriba levantou, não uma, mas três questões diferentes: a Regularidade, o Reconhecimento e o Relacionamento das e entre as Obediências Maçónicas. Interligar-se-ão, influenciar-se-ão, sem dúvida. Mas são questões diferentes e assim devem ser tratadas. Hoje, tratarei apenas da primeira.

Denomina-se de Maçonaria Regular a Maçonaria que segue os princípios da Maçonaria Inglesa, especificamente da Grande Loja Unida de Inglaterra (UGLE). Tais princípios estão definidos nos doze Landmarks já neste blogue apresentados e comentados. Deles se retira estarmos perante uma Maçonaria deísta (é elemento essencial a crença num Ente Criador), independente de e aceitando todas as religiões, com o objectivo do aperfeiçoamento moral e espiritual dos seus membros através do método maçónico e da interacção individual com o grupo em que se está inserido e só mediatamente influenciando a Sociedade, através do exemplo dos maçons, isto é, sem intervenção política directa e organizada. Em Portugal, esta tendência está corporizada na Grande Loja Legal de Portugal / Grande Loja Regular de Portugal (GLLP / GLRP). Outras organizações de menor expressão, originadas de cisões desta Obediência se reclamam do mesmo ideário.

À falta de melhor designação, designa-se por Maçonaria Liberal (evito aqui o adjectivo de Irregular, que pode ser interpretado como tendo uma carga negativa) a tendência que prossegue o ideário desenvolvido pelo Grand Orient de France desde a época da Revolução Francesa, assente sobretudo na trilogia de princípios Liberdade-Igualdade-Fraternidade, na promoção da Democracia e das Ideias Democráticas. Esta tendência não considera essencial a crença num Criador, admitindo agnósticos e ateus. Busca o aperfeiçoamento da Sociedade através da acção dos seus membros, que devem, para tal, aperfeiçoar-se moralmente. Não rejeita, antes favorece, a intervenção política. Em Portugal, esta opção é a seguida pelo Grande Oriente Lusitano (GOL).

Estas duas correntes são realidades e organizações diferentes e com diferentes propósitos. É certo que em muito os respectivos caminhos são comuns (o método de evolução, o tipo de organização, as raízes simbólicas, a proactividade pelo aperfeiçoamento). Mas também de forma não despicienda tais caminhos divergem: enquanto uma baseia todo o seu ideário na crença num Criador, como base e enquadramento para o aperfeiçoamento dos seus membros, objectivo essencial buscado (sendo tudo o resto, incluindo a evolução da Sociedade uma consequência mediata), a outra prescinde dessa crença (mas não a hostiliza, aceitando sem problema crentes e, tal como a Maçonaria Regular, integrando a tolerância perante as várias opções religiosas no seu ideário) e prossegue o aperfeiçoamento dos seus membros como meio para atingir o objectivo essencial, a transformação da Sociedade, a sua evolução e aperfeiçoamento, de acordo com a matriz democrática.

Ambas as tendências são igualmente respeitáveis. Têm - repito - muito em comum, quer na forma, quer na substância. Têm, no entanto, princípios essenciais diferentes e objectivos diversos. São, pois, realidades diversas, embora em muito semelhantes. Percorrem e partilham o mesmo caminho, ao longo de grande parte da jornada. Mas querem chegar a pontos diferentes. Ambas são romeiras. Só varia o destino de romagem.

No meu ponto de vista, não é melhor nem pior uma do que outra. São, simplesmente, diferentes. Ambos os caminhos são louváveis. Um convirá mais a uns; o outro a outros.

Não há, assim, uma mera questão administrativa a dividir Irmãos. Reconhecer as diferenças, assumir a diferente natureza destas duas grandes tendências, admitir que não há UMA Maçonaria, antes DOIS tipos de Maçonaria - e que não há mal nenhum nisso! - é, no meu entendimento, essencial para que os elementos de cada uma das tendências viva proveitosamente aquela em que está inserido e se relacione fraternalmente com a outra.

Eu insiro-me na Maçonaria Regular, prossigo e aceito os seus princípios. É este o meu caminho, o que se adequa a mim. à minha mentalidade, à minha maneira de ser, de pensar, de reagir. Outros inserem-se noutra tendência maçónica. O seu caminho é igualmente meritório e, porventura, para a mentalidade, a maneira de ser, de pensar e de reagir de quem o trilha, será mais profícuo.

Se os maçons, de qualquer tendência, souberem assumir a sua própria individualidade e as dos demais, se aplicarem a si próprios e aos demais maçons, qualquer que seja a sua tendência, os princípios que professam, ser maçon Regular ou Liberal não será nunca um factor de divisão, antes e tão só o que é: um adjectivo caracterizador da forma que escolheu para procurar ser melhor e ajudar a Sociedade a ser melhor.

Rui Bandeira